Me sentei na penúltima carteira. Ao meu lado, Arthur. Atrás dele o Kiko e atrás de mim o Marco.

Tirei meu caderno vermelho da bolsa, meu estojo colorido e peguei meu celular. Tinha esquecido de deixar no silencioso.

-Celulares não são permitidos na sala de aula. – foi tudo o que ouvi.

Em segundos, meu celular, aquela coisinha linda que eu tanto amava, estava na mão da professora megera.

Engraçado como em segundos, medo se transforma em raiva...

-Desculpe. Eu não sabia que... – Ótimo, boa hora pra vergonha tomar conta de mim.

Todos os alunos da sala riram. Ótimo. Adoro isso.

-De que escola você veio? – uma garota loira, com o rosto cheio de espinhas perguntou.

-Colégio do Estado.

Pois é. Eu estava vermelha, quase sem voz e com raiva da tal professora megera. Parece que o dia começou bem!

-De qual cidade? – a professora revirou os olhos.

Revirou os olhos. Acredita nisso? Que raiva!

-Pouso Alegre.

-Você é mineira? – Kiko perguntou com uma risada maliciosa.

Ótimo , já querem me zuar por algo que não sou.

-Não! – ok, respondi rápido de mais. – Eu cresci aqui. Me mudei pra lá quando eu tinha 6 anos.

-Hm.. Espero que consiga acompanhar a matéria... – percebi que a professora queria saber algo.

-Alex. Alexandra. – respondeu Arthur.

-Alexandra. Normalmente os alunos que vem de escolas públicas não conseguem acompanhar. O sistema aqui é bem rígido. Você era boa aluna em sua antiga escola?

-Sim. – mudei de opinião ao lembrar das vermelhas do último bimestre. – Depende.

Todos deram risada. DE NOVO! Virei palhaço agora!

-Bem. Se precisar de ajuda, ou tiver dúvidas. Sou a professora Márcia, dou aula de Artes de segunda e sexta. Você tinha aula de artes em sua antiga escola?

AH MEU DEUS! Eu não acredito que essa megera é a professora de artes! MORRI!

-Infelizmente não.

Ainda estou em choque. Olhei para o Arthur com cara de desespero, e a única coisa que ele fez foi entortar a boca.

Ok, ele ficou bonitinho daquele jeito... MAS, preciso de uma solução! Espera! Eu disse bonitinho? LINDO, essa é a palavra certa! PARA, concentra Alex!

Quando me dei conta, a professora estava passando a matéria na lousa. Pelo visto, vamos ter que nos reunir em grupos, problema, fazer uma maquete, fácil, e entregar semana que vem.

-Vamos. Temos que superar a maquete dos nerds. – ouvi o Arthur dizer para o Kiko e pro Marco.

-A Alex é boa de artes? – o Marco perguntou.

-Se é boa eu não sei, mas ela gosta, não é Alex?

-É! – me virei o mais rápido possível.

O Arthur estava me pondo no meio da conversa! Ah... Que fofo! Concentra caramba!

-Então. Vamos fazer a maquete sobre o que? – percebi que os meninos estavam se apressando pra separar quem compraria o que.

-É... A gente não pensou nisso. – Kiko disse.

Ao mesmo tempo todos eles pararam, preocupados.

-Porque não fazemos uma escola? É prático, fácil... E professores gostam de escolas! – ótimo, estou boa de idéias hoje.

-Gostam? – Kiko perguntou. Já percebi que ele é um tanto... Burro.

-Eles trabalham nela! – Arthur explicou por mim.

-Ok. Vamos fazer a maquete sobre a escola... Mas quando? – Marco parecia preocupado.

Será que eles não tinham tempo livre?

-Quando você pode? – Arthur perguntou.

-Só na quarta, por volta das 3 horas.

Errado. O Marco é que não tinha tempo livre.

-Tudo bem pra você Alex? – Arthur perguntou.

Estava tão perplexa com o jeito como ele resolvia problemas, que acabei demorando um tanto pra responder.

-Sim. Ótimo, perfeito! – isso, se enrola e faz todo mundo rir.. DE NOVO

Eu não disse? Todos riram!