Para cada momento de minha vida, eu tenho você em meu pensamento. Agora mesmo, acordei de madrugada depois de sonhar com você. Foi um dos melhores sonhos de minha vida. Sonhei que você estava comigo, me abraçando. Como é bom sentir um abraço bem forte, ainda mais vindo de meu amor.

         Apaixonei-me por Jeniffer há pouco tempo, mas foi como uma flecha que atingiu meu coração. Sua beleza, seus olhos, tudo me encanta. Sua voz doce me inspira. Apenas sua presença me faz sentir um aperto no peito. Nunca me senti assim em apenas olhar para alguém. Sei que Jeniffer é especial para mim e não deixarei esse momento passar.

         Agora, em meio à noite estrelada, escrevo um bilhete para ela. Um bilhete onde meus mais sinceros sentimentos lavam o papel. Coloco o pequeno bilhete dentro de um botão de rosa. Olho mais uma vez pela janela as estrelas que iluminam a noite. Posso ouvir a música de meu coração pulsar ao vento. Quem sabe ela também possa escutá-la. O vento toca meu rosto fazendo meus cabelos balançarem. Vejo somente sua face perdida em minha mente. Como é bom sonhar vê-la.

         Seguro a rosa que entregarei amanhã. Coloco-a no bolso do casaco para que não possa esquecê-la. Nunca fiz nada parecido em minha vida. É a primeira vez que vou me declarar a alguém. Rezo para que ela aceite meus sentimentos, porque não suportaria viver sonhando com seu amor. Eu quero é tornar realidade o que sinto. Quero poder abraçá-la como no meu sonho. Eu a amo mais que qualquer coisa no mundo.

         Deito mais uma vez em minha cama. Desta vez, quero dormir até o amanhecer. Talvez sonhar com Jeniffer mais um pouco. Quero descansar, para que amanhã, meu sonho se torne realidade. Deitei minha cabeça contra o travesseiro, fechei os olhos e cai no mundo dos sonhos.

         De manhã cedo, meu relógio despertou. Levantei-me muito animado. Finalmente havia chegado o grande dia. Nunca tomei café e me aprontei com tanta rapidez. Não via a hora de encontrar com meu amor. Peguei o casaco com o botão de rosa e fui para a escola.

         Quando cheguei, logo vi Jeniffer do outro lado da rua, antes da entrada da escola. Fiquei muito feliz. Não podia segurar meu sorriso. Estava nervoso em me aproximar e entregar o presente. Pensei em desistir na hora, mas aquele rostinho não me deixava. Eu tinha de dizer a ela que a amo. Minha vontade de tornar o sonho realidade era muito maior que o nervosismo. Peguei o botão de rosa do bolso e fui logo atravessando a rua. Como eu estava ansioso para saber a resposta dela.

         De repente, tudo mudou. Meu sorriso deu lugar a uma expressão de desanimo total. Parei e não acreditei em que meus olhos viam. Um rapaz, que se aproximou dela, beijou-a na minha frente. Senti um forte aperto no peito. Meu coração se partiu naquele momento. O mundo parecia ter parado. Aquela cena acabou com minhas esperanças, com o meu amor. Minha amada Jeniffer estava agarrada a outro. Senti uma gota de lágrima escorregar em meu rosto. Não podia mais olhar aquilo, eu tinha de sair dali. Meus sonhos foram arruinados.

         Tentei correr dali, mas antes que pudesse virar, algo veio em minha direção. Pude ouvir apenas o barulho de freadas seguido de uma pancada forte. O mundo girou diante de meus olhos. Quando finalmente os abri, percebi que não podia mover-me. Não sentia meu corpo. Apenas via, com dificuldades, o asfalto e várias pessoas gritando ao fundo. Longe de mim, o botão de rosa, que carregava, estava caído no chão. Tentei mover meu braço para alcançá-lo, mas foi em vão. Não podia alcançá-lo. Não conseguia mover meus braços. Não conseguia aguentar a dor em minha cabeça. Tudo o que eu queria era entregar aquela flor a ela.

         Minha mente foi ficando fraca. Eu via várias pessoas se aproximando. Logo vi o botão de rosa ser pisoteado por uma delas. Possivelmente sem intenção. Eu tentei dizer algo, mas nenhuma parte de meu corpo obedecia. Jeniffer. Só queria que soubesse o quanto te amo. Só queria isso...

         Acordei com uma luz forte sobre minha cabeça. Minha vista ofuscada estava com dificuldades de perceber alguma coisa. Logo que fui tomando consciência, pude ver melhor onde estava. Tentei mover alguma parte de meu corpo, Porém não consegui novamente. Inferno, eu não conseguia sentir minhas pernas... Meus braços... Nada. Percebi que não estava sozinho naquela sala. Uma enfermeira se aproximava.

         — Pelo visto você já acordou.

         — O que aconteceu comigo? Eu fui atropelado, não foi? — Perguntei com dificuldades.

         — Sim, você foi — Disse a enfermeira com uma cara de triste — Sua mãe logo vai estar aqui. Ligamos para ela agora a pouco.

         — Enfermeira. Eu não consigo mover nenhuma parte de meu corpo. O que está acontecendo?

         Seus olhos se encheram de lágrimas nesse momento. Eu quase compreendia o que estava havendo comigo. Não queria acreditar que fosse mesmo verdade.

         — Tem uma pessoa que quer muito ver você agora — Disse a enfermeira enxugando o rosto com o braço — Ela disse que era muito importante.

         Olhei para a porta da sala. Uma garota se aproximava segurando uma rosa. Meus olhos se enchiam de lágrimas. Não podia acreditar no que eu via. Era Jeniffer que vinha em minha direção. Eu não conseguia virar direito o rosto para vê-la melhor. Quando chegou perto, pude ver que a rosa que segurava estava amassada. Era a minha rosa, que deixei cair. Ela sentou-se ao lado de minha cama e enxugou minhas lágrimas. Eu não sei se chorava de tristeza ou felicidade.

         — Vejo que encontrou seu presente — Esforcei-me para falar.

         — Sim... É lindo — Disse ela tímida e com o rosto abaixado.

         — Não tanto quanto você.

         Ela deixou escapar um sorriso. Então se virou para mim. Pude ver seus olhos cheios de lágrimas. Ao mesmo tempo pude a ver segurando e acariciando minha mão. Naquele momento eu comecei a chorar muito.

         — Eu não sinto você... Eu não consigo sentir sua pele — Falei entre soluços.

         Jennifer começou a chorar comigo. Ela me abraçou. O sonho de abraçar minha amada estava se realizando, mas não podia sentir seus braços em meu corpo. Não conseguia sentir sequer um toque dela.

         — Eu te amo — Falei perto do ouvido de Jeniffer.

         Ela se afastou e colocou a mão na boca. Pude ver as lágrimas escorrendo por sua face. Não conseguia me conter no desejo de dizer o quanto ela significava para mim. Confessei todo o meu amor naquele momento.

         — Eu nunca tive coragem de te mostrar meu amor. Sempre tive medo. Eu tentei tantas vezes, mas algo sempre me impedia. Ontem, eu colhi esse botão de rosa, pois tinha uma beleza que lembrava você. Escrevi um pequeno bilhete onde passei a noite pensando no que escrever. Meu amor por você é tão infinito, que nenhum texto ou poesia podia resumir. Procurei em todo o lugar. Nas estrelas, no meu coração. Procurei, mas não encontrei nenhuma frase que pudesse mostrar o quanto você é importante. Eu só queria te mostrar, de algum modo, que meu amor é verdadeiro. Que sem você minha vida não é nada. Eu preciso de você para viver. Eu te quero tanto... Tanto...

         Naquele momento, Jeniffer não disse uma só palavra. Apenas levantou-se, pegou em minha mão e a colocou junto com a rosa. Logo depois, pôs a mão e a rosa sobre meu peito. Olhei mais uma vez para seu rostinho lindo. Ela apenas balançava negativamente a cabeça. Fechei meus olhos e tentei suportar minha dor. Apenas senti um beijo. Quando abri os olhos novamente, ela não se encontrava mais ali. Apenas o botão de rosa. Não conseguia nem sequer sentir aquela dor no peito que sentia ao Vê-la. Meu corpo não tremia mais. Não sentia mais o arrepio na barriga. Eu sentia apenas o gosto salgado de minhas lágrimas. A única coisa que faltava era o bilhete que havia escrito, e nele, a única frase que encontrei para resumir meu amor. A mais simples e importante de todas. “Eu te amo”.