A Minha Maneira escrita por angelicola


Capítulo 16
Um cafajeste muito baixo


Notas iniciais do capítulo

DEIXEM REVIEWS NO FIM DE TODO CAPÍTULO, POR FAVOR. QUERO SABER SE VOCÊS TÃO GOSTANDO E TAMBÉM TER NOÇÃO DE QUANTAS PESSOAS ANDAM ACOMPANHANDO A HISTÓRIA.
BEIJOS E OBRIGADA!!



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— Você conhece alguma sorveteria por aqui? - perguntei enquanto ainda estávamos no carro.

— Já vim aqui algumas vezes...

— Hmm. - comecei a olhar para fora do carro.

 

Ele nos levou na sorveteria Bariloche que fica no bairro Perequê. Nem tinha tanta gente ali, pois já escurecia naquela hora. Lá, sentamos numa mesinha do lado de fora, onde tinha vista para o mar. Ele pediu um simples café e eu, como não sou nada boba e tenho bastante "apetite".

 

— Boom... eu quero um sorvete de chocolate e... menta. - pausei. - Dois sabores de cada, por favor! Coloca bastante cobertura de chocolate e morango, guloseimas de todos os tipos e muita castanha... - terminando minha pequena listinha, Gustavo arregalou os enormes olhos azuis e coçou o queixo.

— Mais alguma coisa? - perguntou o garçom, sendo educado e fazendo as anotações do meu pedido em seu bloquinho.

— Ah, trás também um Guaraná, por favor!

 

O garçom retirou-se e Gustavo começou a fitar-me, enquanto eu observava os poucos carros que passavam na avenida. Tentei ficar calma, relaxada ou agir normal, mas isso começou mesmo a me incomodar.

 

— O que foi? - perguntei incrédula.

— Você tem bastante apetite, hein?

— É só uma sobremesa pós almoço! - o garçom chegou com a minha tigela de sorvete e a latinha de Guaraná, e o agradeci antes que se retirasse.

— Acho melhor você tomar um pouco de cuidado...

— Com o quê? - falei enchendo a colher com um pouco do sorvete de menta e o colocando na boca. - Não tenho nada com que me preocupar.

— Se você continuar comendo tanto assim, e principalmente besteiras, vai acabar engordando e nem vai ficar com o corpão que sua mãe tem, no futuro. Não quero te ver gorda.

— Serve academia pra quê? - pausei. - Então por quê me trouxe aqui? Aqui é um lugar cheio de besteiras...

— Eu vi no seu Orkut, que você adora sorvete, por isso pedi pra sua mãe, pra ela pedir pra você, pra virmos aqui!

— Então era você o tal de Guga, fuçando meu Facebook?

— Éeerr... - pausou. - Me fala mais de você... do que mais curte...

— Pensei que você tinha revirado meu Facebook inteiro... - levantei uma das sobrancelhas o encarando, e ele tentou disfarçar desviando o olhar para o meu sorvete.

— Vai derreter!

— Valeu por avisar!

— E seu pai? Ele vem te ver sempre?

— Ah, meu pai é um otário. Quase nem nos vemos direito. Só vou pra Caraguá de vez em quando... - falei tudo sem pensar e resolvi parar pra raciocinar com o que falei. - Acho melhor a gente mudar de assunto.

— Hmmm. Tudo bem.

— E você... o que faz? Do que trabalha?

— Bom... - abriu um largo sorriso - Eu sou empreendedor. Mas meu pai tá ficando doente, fraco... e como sou filho único, ele vai passar a presidência da empresa dele pra mim!

— Empresa do quê?

— Artigos esportivos.

— Ahh...

 

Continuei com a minha sobremesa e percebi que ele estava meio tenso depois disso, batendo seu pé no chão muitas e muitas vezes.

É. Até que ele era legalzinho, parecia ser um cara gente boa mesmo. Mas só para atiça-lo, tentei cutucar a onça.

 

— Já começou a agradar minha mãe?

— Como assim? - ajeitou-se melhor na cadeira.

— Tipo... com promessas, conversinhas e tals... Todo cara faz isso. Principalmente virtualmente.

— Nem preciso tentar agradar a sua mãe... - sorriu - o meu esquema é... mais te agradar.

— Continue tentando, viu? Que vai ser uma missão impossível de se conseguir.

— Já percebi isso... esse seu jeito rebelde, inteligente... mesmo me interessando mais na sua ficha. - lançou um olhar estranho para mim.

— Hãm? - meus dentes cerraram-se e o sorvete fez meu corpo estremecer-se por completo. De repente, senti uma mão bem calorosa sobre a minha, do nada - Que isso?

— Você acha que saí de São Paulo por estar apaixonado pela sua mãe, né?

— Mas é claro...

— Mais uma vez está enganada - interrompeu-me, apertando minha mão mais ainda sobre a mesa, com a dele - O pior é que eu não tô conseguindo mais me segurar... - falou mais para si - Mas vim aqui por sua causa... Apesar da sua mãe ser muito boa na cama....

— Pera aí, já transaram? - o interrompi, quase cuspindo as palavras.

— E por quê não? Consigo fácil o que eu quero. - pausou. - Mas quando eu vi as suas fotos no Facebook, pensei comigo: "Caralho, que garota gata. Essa eu levo pra cama de qualquer jeito..." Daí continuei conversando com sua mãe, ela foi se apaixonando por mim, ela queria ir pra São Paulo por minha causa e decidi vim pra cá, que não ía pesar tanto pro meu lado se... - pausou - Bom, e quando te vi pessoalmente... não consegui tirar os olhos de você... do seu corpo!

 

Meu corpo todo ficou congelado conforme ele acrescentava cada palavra na sua explicação. Dava vontade de vomitar na cara dele. Que nojo, meu. Eu não acredito que ela tá fazendo isso...

 

— Você... você é nojento, cara. - tirei minha mão debaixo da dele e levantei-me da cadeira. - Nunca mais toca em mim... Noooossa, vou contar tudo pra minha mãe, seu... seu TARADO!

— E você acha que ela acreditaria em você? - ele levantou-se da cadeira e aproximou-se de mim, segurando firmemente meu braço direito. Como não tinha movimento na sorveteria aquela hora e todos estavam dentro dela, senti medo dele - Olha aqui garota, ela me ama e duvido muito que me dispensaria, depois de tudo o que prometi a ela... E muito menos acreditar nas palavras de uma garota rebelde e egoísta como você... É a minha palavra contra a sua! - falou num tom mais baixo, perto do meu ouvido.

— Que palavra?

— E se eu disser que você tá começou a dar em cima de mim?...

— Eu não tô e nem vou...

— Ah, mas eu vou fazer sua mãe perceber isso... - interrompeu-me - E o seu namoradinho? O que ele vai achar disso, hein?

— Você... você é um cafajeste muito baixo, seu otário.

— Tô percebendo seu medo em seu olhar... Sei que não vai contar pra ninguém, muito menos pra sua mãe. Caso ao contrário, na primeira chance que eu tiver... eu te estupro! - segurou mais forte ainda meu braço, quase machucando-me.

— Algum problema, moça? - perguntou um senhor bigodudo.

— Não! - respondi, depois de repensar em tudo Gustavo havia me contado. Mas aquilo nem entrava direito na minha cabeça.

 

Soltei-me de sua enorme mão máscula e saí correndo dali. De longe o escutei gritando ao entrar na sorveteria com a carteira na mão: "Te vejo lá em casa, meu anjo!" Aaaaaiiii que hipócrita.

Minha casa era um pouco longe da sorveteria, e como eu estava correndo pra caralho, consegui chegar em menos de 15 minutos em casa. Já exausta, ainda subi as escadas quase tropeçando e fui pro meu quarto. De lá, ouvi minha mãe falando com Gustavo que tinha acabado de chegar.

 

— O que aconteceu, Gustavo?

— Coitada dela... Tá decepcionada com o namorado, aquele tal de Rodrigo, porque flagrou ele com outra...

— Nooosssa, nunca imaginei que o Rodrigo seria capaz de fazer isso com a Déborah... vou lá ver como ela tá...

— Não, não, não.... Éeerrr, deixa ela sozinha! Sei que ela quer isso!

 

QUE FILHO DA PUTA!

Além de enganar minha mãe, dá em cima de mim, e ainda queima a fita do Rodrigo com ela? Dá vontade de matar esse cara. Esfaqueá-lo que nem o Chucky mata suas vítimas. Mesmo estando com um pouco de medo dele - é difícil eu ter medo das pessoas -, estou sentindo um ódio profundo por esse inútil.

Peguei todas as minhas coisas, mais importantes e que eu mais precisava, e soquei tudo numa mala. O que não coube na mala, eu coloquei na mochila escolar e depois, logo tranquei meu quarto.

Em casa eu não fico mais. Vai que esse maníaco resolve entrar no meu quarto, enquanto minha mãe não estiver em casa, e me "estupra" como ele disse? Nem louca eu ainda continuo.

Desci as escadas lançando um olhar assassino para Gustavo, que estava ao lado de minha mãe, na mesa, e enquanto ela me fitava incrédula, ele piscou para mim na maior cara-de-pau.

 

— Déborah, aonde você pensa que vai com essa mala?

— Não importa. Qualquer coisa eu ligo pra você, mãe! - ainda continuei encarando Gustavo.

— Você ainda não tem 18 anos não, mocinha... Quero saber JÁ pra onde você vai.

— Escute sua mãe, Déborah...

— VAI SE FUDER, GUSTAVO. - gritei.

— DÉBORAH! - minha mãe chamou minha atenção e olhei para ela.

— Ah mãe.

 

Saí de casa batendo a porta da sala e percebi minha mãe dizer que não me entendia e tals.... além do silêncio tremendo que ficou lá dentro. Peguei minha bicicleta e fui pra casa de Rodrigo - mesmo com dificuldade em pedalar, por causa da mala. Pois ele é o único que podia me ajudar

Chegando lá, seus pais me receberam extremamente bem e o pai de Rodrigo - que também se chama Rodrigo - pegou a mala do meu colo colocando-a no chão e logo tirei minha mochila das costas, colocando-a também no chão.

 

— O Rodrigo foi pra academia, Déborah. Como ele sabia que você tinha treino de Jiu-Jitsu hoje, ele resolveu malhar enquanto isso...

— Ai, sério tia Nara? - é assim que gosto de chamá-la, me sinto mais da família. - Então, vou na academia atrás dele, preciso muito falar com ele!

— Vai sim... ele vai adorar te receber lá. Toma cuidado, hein? Acho que uma chuva forte tá pra chegar...

— E a sua mala? - perguntou o pai de Rodrigo, mostrando-a.

— Vou deixar aqui, por enquanto...

 

(...)


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Notas finais do capítulo

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