Kagome seguia para casa apressadamente, estava muito brava com suas amigas que naquela manhã não paravam de falar no dia dos namorados. Houjo havia convidado ela para ir ao cinema e tinha lhe dado um cartão lindo, que até tocava uma musiquinha ao ser aberto. Suas amigas ficaram lhe enchendo, dizendo que ela deveria aceitar o convite dele. Quando ela retrucou e disse a elas que já tinha um namorado, que inclusive elas já conheciam, sua amiga Yuka lhe disse que achava que o Houjo era o cara perfeito pra ela e não o tal de Inuyasha, que, apesar de lindo, vivia magoando Kagome. Eri lhe perguntou se ela e Inuyasha haviam programado alguma coisa para comemorar aquele dia, ou se ele lhe havia dado um presente, ou um cartão como o de Houjo.

_ “É claro que ele não me deu cartão algum, nem vai me dar, ele só é meu namorado nos meus sonhos. Nem sabe que eu vivo dizendo à minhas amigas que ele é meu namorado. Mas ele não é. Nunca foi, nem nunca vai ser. Se soubesse que o dia dos namorados existe provavelmente iria dar um presente a Kikyou, e não a mim. Ela foi a namorada dele. Ele ainda gosta dela. Eu sou apenas a detectora de fragmentos dele.”

O semblante de Kagome ficou triste. Era sempre assim, sofria muito ao se lembrar que o hanyou não a via como ela gostaria. Hoje estava sendo um dia insuportável. Houjo, suas amigas, o dia dos namorados, a eterna indecisão de Inuyasha e agora ela estava vendo um casalzinho abraçado no parque, logo adiante mais um, na esquina tinha outro se beijando.

_ “Por que todo mundo resolveu namorar agora. Não acredito, mais nisso. Será que não podem pedir outra música”?

Na rádio que Kagome ouvia através dos fones do diskman, começou a tocar uma música romântica, a música “Kiss me”. A música era linda, mas só a fazia se lembrar do que nunca iria ter. Mudou a estação e de novo outra música romântica, agora era “First Love”. Trocou, de novo música romântica, “Every Heart”, novamente trocou e lá veio “Wherever will go”. Todas as rádios estavam tocando músicas românticas, as que não estavam tinham ouvintes declarando seu amor ao vivo. Com mais raiva ainda Kagome mudou o diskman da posição “rádio” para o CD e começou a ouvir o CD que ela havia deixado ali esquecido há alguns dias. Era um CD do Evanescence, começou a tocar “My Immortal” e ela desistiu de ouvir música. Desligou o aparelho e o jogou de modo brusco dentro de sua mochila.

_ “Eu odeio o dia dos namorados! Vou pra outra era. Lá ninguém sabe que esse dia existe. Não vou ouvir músicas melosas, não vai ter o Houjo pra me cortejar, nem minhas amigas para ficarem falando de namorados. Mas vai ter o Inuyasha pra me lembrar que ele não é meu namorado. Será que vou conseguir ficar lá, nesse dia? De qualquer forma se eu ficar aqui vou acabar enlouquecendo. Pelo menos se eu for pra lá vou poder estar do lado do Inuyasha. Mesmo sem poder ser a namorada dele. Mesmo sem poder beijá-lo. Gomo eu gostaria de sentir os lábios dele novamente!” – Kagome se lembrou daquela vez em que enfrentaram Kaguya, quando para impedi-lo de se transformar em youkai completo Kagome lhe dera um beijo. – “Foi só um selinho, eu sei. Meu primeiro beijo. Nosso primeiro beijo. E talvez nosso único beijo. Mas ele correspondeu. Por um segundo. Talvez tenha sido mais um devaneio da minha cabeça... Mas, no que eu estou pensando? Olha só o que esse dia está fazendo comigo. Eu vou pra outra era e assim que chegar lá vou sair atrás da jóia e do Narak, ai do youkai que atravessar meu caminho hoje!”.

Ao chegar no templo encontrou o irmão na sala absorto com vários papéis vermelhos que estavam espalhados pelo chão. Havia vários coraçõezinhos espalhados também.

_Oi Mana. Olha só, minha sala vai fazer uma apresentação hoje à tarde na festa da escola para comemorar o dia dos namorados Me incumbiram de cortar os corações, ainda falta tanto. Você vai à apresentação me ver, não vai mana? Eu ganhei um cartão da minha namorada e vou dar flores para ela. Você ganhou algum cartão de dia dos namorados? Mana, você não está me ouvindo? Não vai me ajudar a terminar isso daqui?

_ Olhe Souta, eu estou por aqui com esse dia. Vou pra outra era.- Kagome já estava subindo a escada, olhando para o irmão quando de repente trombou com alguém que não esperava estar ali, na sua casa.

_Kagome. Você já voltou. Que bom. Quer mesmo ir pra outra era hoje? Seu irmão me disse que nessa tal festa de logo mais vai ter muita coisa para comer. Eu posso ir com vocês?

_O que está fazendo aqui?

_Eu vim buscar você. – Inuyasha tinha nas mãos um monte de papel e uma tesoura.

_ O que é isso?

_ O Inuyasha está me ajudando mana. Ele disse que quer ir a festa na escola também. A mamãe disse que ele pode ir, desde que se comporte.

_Prometo que não vou fazer nada de errado Kagome.

_ O que aconteceu com você pra querer ir a essa festa? É uma verdadeira chatice. Se for só pela comida, nem compensa.

_ Mas você vai estar lá. Não acho que vá ser tão chato.

O coração de Kagome deu um salto ao ouvir o que Inuyasha dizia. Mas ela estava decidida a não ir a nenhuma festinha para comemora ro dia dos namorados. Ela não tinha o que comemorar, afinal de contas.

_ O que faz você pensar que eu vou estar lá?

_Souta me disse que garotas gostam dessas festas.

_Já ocorreu a vocês dois que posso não gostar.

_ Mana, você sempre vai.

_Mas esse ano eu não quero ir. Estou farta disso. Não quero nem ao menos me lembrar que hoje é dia dos namorados. Inuyasha, espera um pouquinho que eu vou pegar minhas coisas pra gente ir para a outra era. O QUE FOI? Não me olha com essa cara. Eu não vou ficar aqui pra ir nessa festa. Você veio me buscar pra ir com você para outra era e é isso que eu vou fazer.

Kagome passou por Inuyasha apressada e subiu em direção ao quarto. Antes encontrou o avô no corredor que perguntou se ela havia ganhado algum cartão do dia dos namorados. Todos ouviram o grito dela.

_EU ODEIO O DIA DOS NAMORADOS!

Souta fez um dar de ombros para Inuyasha.

_Acho que ela está assim porque não tem namorado. Toda garota que não tem namorado fica assim nesse dia. Vai ser uma pena você não poder ir a minha apresentação na festa da escola. Te desejo boa sorte, já que vai ter que agüentar a minha irmã junto com o seu mau humor.

Uma hora depois Inuyasha e Kagome estavam atravessando o poço. Ao sair de lá e sentir o ar limpo e fresco daquela era Kagome respirou fundo e sorriu. Pensou consigo mesma “aqui não tem dia dos namorados”.Inuyasha vinha logo atrás dela carregando a enorme mochila que ela sempre fazia questão de trazer. Ao sair do poço ele deixou a mochila no chão, parou e procurou por algo no bolso.

_ O que foi Inuyasha? Vamos logo.

_Por que você não quis ficar. Não precisava ter vindo hoje. Quando fui pra lá eu não pensei que era um dia especial. Se soubesse não teria pedido pra você vir comigo. Você poderia ter...

Kagome interrompeu Inuyasha.

_Eu não queria ir mesmo. Era uma festa boba de uma escola de crianças. Souta provavelmente iria ficar nos enchendo o saco pedindo para ajudarmos ele a dar o presente para a sua namoradinha. Eu ia ficar mais irritada ainda. Estou melhor aqui. Sem festas. Sem músicas românticas, sem dia dos namorados.

Inuyasha corou de repente. Mas Kagome não notou, pois estava olhando para um casal de passarinhos que estavam juntos num ninho, em uma árvore ali perto. “Até aqui!” pensou. A pergunta de Inuyasha a acordou de seus pensamentos.

_Você ganhou...algum p...pr...presente de dia dos namorados?

_Bom...”Por que quer saber disso?” Houjo me deu um cartão muito bonito por sinal e me convidou para sair, mas eu disse que não iria.

_P...por que?

_Porque eu só gosto dele como amigo e sair com ele seria como dar falsas esperanças. Ainda mais num dia como esses.

_Eu sei. Dia dos namorados, seu irmão e sua mãe me explicaram o que significa.

_ Sério!? “Ótimo, agora ele vai querer arranjar um presente pra Kikyou. Estou começando a achar que eu devia ter ficado em casa”.

Kagome desviou os olhos dele, para ele não notar seu semblante triste e voltou a olhar para os passarinhos na árvore. De repente viu surgir a sua frente uma pequena sakura, a flor estava um pouco amassada. Kagome olhou para a flor, depois para a mão que a segurava, tinha garras. E alguns calos. Viu a manga vermelha nos braços. Era Inuyasha. Ia perguntar o que significava aquilo, mas Inuyasha se adiantou e falou primeiro.

_Me desculpe se está meio amassada. Estava escondendo de você, dentro do bolso do meu quimono. Peguei do buquê do seu irmão. Não pensei que ele fosse notar. È para você. Ah! Antes que eu me esqueça, também fiz esse cartão.

Kagome pegou a flor e não pode evitar um sorriso ao olhar para o pequeno coração que Inuyasha lhe entregava onde ele tinha escrito, provavelmente com alguma das canetinhas de Souta, o nome dela junto com palavras que ela nunca pensou que ouviria dele um dia, a caligrafia era um pouco estranha, não estava escrito em kanji, mas em hiragana a expressão “ai shiteru”.

_ Por que você está me dando isso? Explicaram as coisas direito para você?

_Estou dando isso a você porque hoje é o dia dos namorados e ...você é minha namorada. Merece um presente.

_Não, eu não sou. Você não entendeu o que te disseram. Só pode ser isso.

_Eu entendi muito bem, namorados se gostam. Um gostar muito maior do que amizade. Eu sei o que você sente por mim, mesmo sem nunca ter me dito. E sinto a mesma coisa por você. Eu...amo você.

_...

Kagome ficou sem palavras. Sem ações. Esperara tanto para ouví-lo dizer aquilo, mas agora que tinha ouvido ela não conseguia acreditar. "Ele me ama, me ama. Acabou de me dizer e também escreveu no cartão. Oh! O cartão. Ele se deu ao trabalho de fazer um cartão para mim e eu não tenho nehum presente para dar pra ele." Ela olhou para o coração que tinha em suas mãos. A letra de Inuyasha não era das boas, mas isso não importava pra ela, naquele pequeno pedaço de papel ele havia confessado seu amor. Provavelmente ela iria emoldurar aquele cartão e pendurá-lo na parede. O cartão de Houjo tocava música, era escrito em letras douradas e tinha uma mensagem linda, mas não havia sido ele quem tinha escrito. Até a assinatura não era com a sua letra, ele tinnha carimbado o seu nome no cartão. Devia ter custado muito caro, mas para ela aquele cartão que Inuyasha havia feito aproveitando-se das sobras de papel do irmão era mil vezes mais bonito que o cartão de Houjo. Kagome estava absorta nesses pensamentos enquanto olhava para o cartão e para a flor. Inuyasha olhou para ela com um olhar triste e lhe dirigiu a palavra:

_O que foi? Não gostou do meu presente?

_É claro que eu gostei, mas eu não tenho nada pra te dar. Não comprei nada pra você, nem fiz.

_Você não precisa me dar presente algum, já está comigo, esse é meu maior presente, mas se quer tanto me dar alguma coisa, eu sei de algo.

Kagome olhou para Inuyasha sem entender nada, o hanyou se aproximou dela enlaçando a na cintura, Kagome sentiu a respiração dele bem próxima de seu rosto. Ele corou, mas fechou os olhos e lhe deu um beijo. Um beijo de verdade dessa vez. Um beijo cheio de paixão, carinho, amor. Ela levou um tempo para entender, mas depois de alguns segundos relaxou o corpo contra o dele e se entregou à carícia, deixando que Inuyasha aprofundasse o beijo. Não era como da outra vez, quando a situação não permitiu que eles se beijassem como queriam. Este era o beijo com o qual ela sonhava. Estava nos braços dele, como sempre quisera, sentia as mãos dele acariciarem as suas costas enqanto seus lábios não deixavam os dela. Ficaram assim, até que ele se separou dela para tomar fôlego e sussurou no ouvido dela:

_Então, ainda vai me dizer que não é a minha namorada.

_Não, eu não vou. Você é meu namorado, MEU namorado. É tão bom poder dizer isso. Nem acredito.

_Vou fazer você acreditar.

Eles se beijaram novamente. Kagome podia dizer agora que amava o dia dos namorados. Porque ela sempre iria se lembrar do dia em que começou a namorar Inuyasha.