Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 67
vida 5 capítulo 16




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CATHERINE

Quando escutou o telefone tocar, a Sra. Hayden se apressou em atender da extensão. Ela escutou com crescente desespero a narrativa do investigador Robinson sobre o ataque ao hospital por uma horda de criaturas demoníacas a mando da bruxa Nathalie Helms.

Catherine Hayden nascera em Portland e viera para La Grande para cursar direito na Eastern Oregon University. No primeiro dia de aula, um colega de turma, que depois soube ser o filho do delegado da cidade, sorriu para ela e ela correspondeu ao sorriso. Foi o início de uma linda história de amor.

Sempre tivera medo que um dia a vida cobrasse um preço por tantos anos de felicidade. E a conta finalmente chegara. Muita mais alta do que ela jamais imaginara. Ela esperou, com a mesa posta, o filho adorado chegar do treino de football para jantar e ele não chegou. Já estava ficando tarde e ela, como qualquer mãe faria, ligou para todos os amigos do filho e nenhum sabia dele. Tinha treinado normalmente, tomado banho e dito aos companheiros de time que estava vindo para casa. Mas as horas passaram e ele não chegou. Um novo tempo começava para ela. Um tempo de espera, choro e angústia. Noites não dormidas e momentos de puro desespero.  

O marido era superprotetor e ela se acostumara a ser protegida. Mas ela sempre fora muito mais forte do que qualquer um que a visse no seu papel de esposa e mãe exemplar poderia imaginar. Ela somente nunca fora posta à prova antes. Por isso o espanto paralisado do marido quando ela desceu a escada armada, deu um sorriso triste de despedida para ele, entrou no carro da família estacionado na frente da casa e seguiu de encontro ao destino que decidira escrever para si mesma.

O marido mandaria seus policiais para o hospital. Eles fariam o possível para proteger Kyle e ela rezaria para que tivessem sucesso. Mas a missão dela era outra. Garantir que nenhuma outra mãe sofresse o que ela sofrera nas últimas seis semanas. Ela mataria Nathalie Helms. Com as próprias mãos, se necessário.

HAROLD

Hal Levine olhava para o copo de whisky pousado no longo balcão do Hot Machine Bar, enquanto aguardava a chegada de Nathalie Helms. Mexia as pedras de gelo com o dedo e sua mente se perdia na lembrança de montanhas cobertas de gelo e mares congelados. Um mundo de paz e um silêncio só quebrado pelo vento cortante.

Quando foi que abrira mão dessa paz e aceitara viver no mundo caótico que os homens construíram para sua própria infelicidade? A presença do irmão fazia aquilo parecer ter um sentido, mas, agora que ele se fora, esse sentido começava a se perder.

Sentia muita falta do irmão. Parecia que a dor aumentava com o tempo, ao invés de diminuir. Estava cada vez mais difícil manter a farsa que era sua vida de agente da lei de uma cidadezinha esquecida pelos deuses. Estava na hora de ser novamente ele mesmo.

Gostaria de poder cobrir os céus com densas nuvens que escondessem o sol por séculos. Perdera o irmão e queria que o mundo compartilhasse do seu luto. Gostaria de poder cobrir o mundo com uma camada de gelo tão espessa que forçaria a vida mais uma vez a hibernar. Até o dia que o irmão voltasse a caminhar pelo mundo, trazendo de volta o verde. Estava sofrendo e isso deveria ser o suficiente para fazer o chão estremecer e as construções desabarem. Quando foi que se tornara apenas um homem?

O celular tira o policial Levine de seus pensamentos sombrios. O delegado Hayden conta que Samuel Winchester e John Robinson seguiram quatro furgões da propriedade de Nathalie Helms até uma rua próxima ao Hospital Distrital e que os furgões transportavam dezenas de ghouls. O delegado o estava convocando para proteger o hospital, mas pedia que passasse antes em sua casa para pegá-lo.

Suspirou fundo e engoliu o resto de bebida do copo. Tinha um dever a cumprir. A destruição do mundo teria que esperar.

ADAM

Adam recebeu surpreso uma ligação do policial Levine dizendo que uma emergência na cidade exigia a atenção dele. Mas, que não se preocupasse e levasse o plano em frente. Que mantivesse Nathalie Helms no bar o máximo que pudesse, que ele, Levine, retornaria assim que fosse possível para lhe dar cobertura.

Mesmo antes de receber a ligação, Adam estava inquieto. Pressentia que Sam estava em perigo. A vontade que tinha era largar tudo ali e ir ao encontro do irmão. Se alguma coisa acontecesse com Sam, a culpa seria inteiramente do Dean-ghoul. O que era um caçador sem seu carro? Estava ali preso, dependente da boa vontade de outros, uma peça num esquema do qual não tinha o comando.

Era o seu primeiro contato com ghouls. O que sabia vinha da caderneta de anotações do pai, da biblioteca do Bobby e das pesquisas na internet do Sam. Não se sentia o especialista que o delegado Hayden fez seus policiais acreditarem que era. Matara os ghouls que mataram o casal Milligan e isso lhe deu uma autoconfiança que se mostraria perigosa. Fora derrotado com humilhante facilidade pelo Dean-ghoul. Não estava preparado para um adversário que reunia habilidade acrobática e uma técnica desenvolvida de combate. Já começava a acreditar que os ghouls também eram capazes de planejamento estratégico.

Tinha que reformular seus conceitos. Seria fácil derrotá-los se fossem apenas feras irracionais. Mas pareciam ter uma inteligência comparável à humana. As evidências não mostravam que o Dean-ghoul fora capaz de obter informações do laptop do Sam? Se os ghouls passassem a planejar suas ações, estavam todos em perigo mortal.

JAN

O investigador Robinson alertou às demais equipes que estavam seguindo quatro furgãos sem placa que viram deixando a propriedade Helms.

O policial Jan Pawloski escutou o alerta com preocupação. Tinha que avisar sua senhora o mais rápido possível. Ela confiara a ele uma missão importante: informá-la de qualquer ação da polícia distrital que a envolvesse. E ele vinha correspondendo à confiança de sua senhora. Graças a ele, a senhora soubera que o filho do delegado tinha sido levado ao hospital pelo ghoul que assumira a forma do garoto Milligan.

Ele tinha que impedir que os policiais chegassem ao hospital. O filho do delegado não podia viver para depor contra a sua senhora.

- Smith? É Pawloski. Falei com o delegado Hayden. Ele ordenou que mantivéssemos o plano original.

- Pawloski. Que história é essa de ..

Um tiro na testa cala o policial com quem fazia dupla.

- Delegado Hayden? É Pawloski. Sim, escutei o alerta do Robinson. Ficaremos a postos para seguir para o hospital, caso as suspeitas do Winchester se confirmem. É só me avisar, que eu retransmito imediatamente as ordens para as outras equipes. Fique tranqüilo, senhor.

- Senhora? É Pawloski. Uma equipe policial seguiu o comboio até o hospital. O delegado está sabendo. Mas eles não receberão reforços. Isso eu posso garantir.


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