Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 65
vida 5 capítulo 14




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Owen e Ashley correram para o hospital assim que ficaram sabendo que Kyle reaparecera. Felicidade, de reencontrá-lo vivo. Choque, de ver o estado em que se encontrava. Revolta, contra quem fora capaz de fazer aquilo. Ashley abraça Owen e chora, mas era um choro de raiva. A vontade que tinha era de matar quem fora capaz de fazer aquilo com o amigo. E nada a convenceria que a bruxa não era a culpada por tudo aquilo.

A febre tinha passado e Kyle dormia profundamente. Lentamente, seu corpo começava a vencer a infecção. Com as esperanças renovadas, o delegado Hayden finalmente convenceu a esposa a descansar por algumas horas em casa. Owen passaria a noite no hospital e os avisaria se houvesse alguma mudança no quadro clínico de Kyle.

Adam e o policial Levine decidiram manter o plano inicial de tentarem refazer o contato com Nathalie Helm no Hot Machine Bar.

O policial Levine chegaria primeiro, em roupas civis, e faria o reconhecimento do lugar. Não era um habitué, mas ia com alguma freqüência no local. Sua presença não chegaria a levantar maiores suspeitas. Nathalie Helms nunca chegava antes das 22:00. Tinham bastante tempo para um banho e para a troca de roupas.

Adam aguardaria do lado de fora e se manteria fora de vista até o policial Levine sinalizar a chegada de Nathalie Helms e o melhor momento para ele entrar. Os dois preferiram manter Owen e Ashley afastados do caso para sua própria segurança. E acreditavam que o lugar mais seguro para eles era o hospital.

Sam e quase todo o efetivo da delegacia convergiriam para o cemitério pelas diferentes estradas, algumas de terra, que cruzavam o norte da cidade. Estavam divididos em duplas e somavam quatro veículos. No caminho, vasculhariam qualquer construção suspeita de abrigar o ninho e buscariam evidências da presença de ghouls na região. O grupo jantaria reunido próximo à delegacia e seguiria para o norte da cidade logo após o jantar. Estavam planejando dar início à operação às 20:30.

Dean já estava faminto. Fazia mais de 12 horas que comera e as manchas de sangue em seu casaco o lembravam disso constantemente. Rasgara a camisa para fazer os torniquetes e não podia dispensar o casaco por conta do frio. Tomara um congelante banho de rio após deixar Kyle no hospital. Devia ter arriscado o motel. A possibilidade de enfrentar Adam o assustava menos que a perspectiva de outro banho gelado.

Chegou ao depósito de lixo às 18:30, hora que encerrava o expediente dos envolvidos no descarte do lixo gerado na cidade. O cheiro forte característico de caminhões de lixo não lhe era desagradável. Muito pelo contrário. Com certeza, encontraria ratos ali. Mas o primeiro bicho que avistou foi um corvo. Era sua chance de variar o cardápio.

Dean interrompe a refeição para olhar o relógio. 20:58. Percebeu que estava ansioso. 21:00. Apesar do que o Trickster lhe dissera, alimentava uma esperança. 21:01. Percebeu que involuntariamente prendera a respiração. 21:02. Forçou-se a segurar a corrente de prata, apesar dela queimar-lhe a pele. 21:03. Nada. 21:04. Nada. Respirou fundo, resignado. O pesadelo continuava.

Lembrou da bruxa dizendo que podia transformá-lo em humano. Se fosse possível, ele a obrigaria a fazê-lo. Talvez ela guardasse um Livro de Feitiços na Mansão. Precisava voltar lá. Faria o que fosse preciso para não morrer como um monstro.

Ao saltar do carro do policial Levine, Adam amaldiçoou mais uma vez o pequeno monstro de olhos verdes por ter levado o Impala. O SEU BEBÊ. Não conseguia imaginar sua vida sem aquele carro. Seu pai o comprara antes mesmo dele nascer. Crescera dentro dele. O dia que o pai lhe dera o carro de presente fora um dos mais felizes da sua vida. Decididamente, não nascera para andar no banco do carona. 

Passara o dia na delegacia, depois fora ao hospital. Não tivera tempo de caçar a criatura. Pelo menos, o carro continuava inteiro. O ghoul devia manter lembranças de outros que matara antes. Dean era um garoto. Não fora dele que obtivera a perícia na direção. Dean Milligan era apenas o último de muitos que a criatura matara sem piedade. Não matara Sam, mas talvez apenas porque ele chegara a tempo de salvar o irmão. Quanto a Kyle Hayden, ainda era cedo para dizer que o que fizera tinha motivação nobre.

E se não fosse realmente Kyle Hayden? E se, como no caso de Dean Milligan, fosse um ghoul infiltrado? Não, bobagem. Estava ficando paranóico. Vira o estado do rapaz. Mas talvez não devessem ter deixado o hospital desprotegido.

Duas das equipes de policiais já tinham chegado ao Cemitério Distrital e iniciavam os procedimentos para a operação de cerco. Sam estava no carro do investigador Robinson e seguiam pela estrada que passava pela frente da propriedade de Nathalie Helms. Naquele momento, estavam a cerca de trezentos metros do portão principal. Viram quando diversos furgões deixaram a propriedade na direção da cidade. Os instintos de Sam que diziam que deveriam seguir os veículos.

- Está louco? Não podemos abortar a operação. O pessoal já começou a executar o cerco.

- Quatro furgões sem identificação. Sem placas. Consegue pensar em algo mais suspeito que isso? Mesmo que não seja algo relacionado aos ghouls, com certeza é assunto de polícia. Não precisamos de provas que incriminem Nathalie Helms?

- Tá certo. Seguimos eles até a cidade e deixamos o pessoal de sobreaviso. Da cidade até o cemitério numa rota direta são apenas 15 minutos de estrada. A operação está prevista para durar a noite toda. Atrasar em 1 hora o início da operação não será tanto problema assim.

Sam e o investigador Robinson seguiram os furgões até uma rua de pouco movimento a duas quadras dos fundos do Hospital Distrital. Deixaram o carro e se aproximaram a pé, com o cuidado de se manterem fora de vista. Por pura sorte, estavam contra o vento. Viram quando seguranças de preto abriram as portas do furgão e os ghouls começaram a descer. O investigador Robinson gravou alguns minutos da cena no celular. Era uma prova importante contra Nathalie Helms.

Ghouls. Pelo menos, dez em cada furgão. Quarenta deles. A guarnição inteira da polícia mal chegava a dez. Estavam com revólveres e com rifles de médio alcance. Isso era nada. Sam amaldiçoou Dean por ter levado o arsenal que os Winchester guardavam no porta-malas do Impala. Ia fazer muita falta.

Não havia dúvidas sobre o que viria a seguir. Se Nathalie Helms estava por trás dos ghouls e eles iam atacar o hospital, Kyle Hayden era o alvo. O investigador Robinson resolveu avisar primeiro o inspetor Hayden. Uma vez ciente, ele coordenaria as ações. Quanto a ele próprio e a Sam Winchester, não havia o que pensar: era chegarem no hospital antes dos ghouls e impedirem a todo custo que os monstros entrassem.

A audição aguçada dos ghouls denuncia que estão sendo observados. Cinco deles se voltam e partem para cima dos dois homens. O investigador Robinson e Sam correm para alcançar o carro. Tinham uma vantagem de cinqüenta metros e isso quase não foi suficiente para entrarem no carro e trancarem as portas, antes de serem cercados pelos ghouls.

Apavorado, o investigador consegue arrancar de ré com o carro com um ghoul sobre o capô e outro agarrado à carroceria, obstruindo a janela do lado de Sam. Um forte freada e uma arrancada para frente, derruba o ghoul do capô. O outro quebra o vidro da janela com um murro, mas é derrubado por um tiro no peito dado por Sam. Mas não houve tempo nem mesmo para um respiro de alívio. Um forte baque denuncia que um terceiro ghoul saltou sobre o teto do carro. Um novo tiro, desta vez contra o teto do veículo, e mais um ghoul é posto fora de ação.

O carro invade o estacionamento do hospital e o investigador corre para dentro com armas na mão gritando para que todos se afastem das portas e janelas e busquem um lugar seguro. O hospital mantinha quatro seguranças no turno da noite. Eram as únicas outras pessoas armadas no hospital. Por sorte, o investigador era bastante conhecido pelos seguranças. Se fosse Sam a entrar daquela maneira, teria sido recebido a tiros.

O hospital tinha uma centena de janelas ou quase isso. As janelas eram de vidro duplo e o frio noturno fazia que fossem mantidas fechadas. Mas isso representava mais um incômodo que uma barreira para os ghouls. Além disso havia mais três portas para o exterior no andar térreo.

Sam toma posição em frente à porta da frente do hospital disposto a barrar os ghouls, mesmo ao custo da própria vida. E logo chegam os primeiros três. Os mesmos que cercaram o carro. Os três se posicionam num semicírculo cercando Sam e investem ao mesmo tempo vindos de direções diferentes. A forma de correr e saltar não era humana. Eles eram excepcionalmente rápidos. Anos de experiência deram a Sam o sangue frio necessário para mirar e atirar, sem se entregar ao pânico. Os tiros foram em rápida seqüência, mas o impulso do salto fez com que o terceiro ghoul, abatido em pleno ar pelo tiro certeiro de Sam, caísse diretamente sobre ele, jogando-o com força no chão e lançando longe o rifle. Os outros dois ghouls jaziam mortos a alguns metros de distância.

Os ghouls começavam a cercar todo o hospital. Estavam em vantagem numérica avassaladora. Sam, ainda atordoado, empurra o corpo do ghoul morto para o lado, mas vê que outros cinco estão vindo em sua direção. Olha, com a visão ainda turva, para o rifle caído próximo à porta giratória. Estava fora de alcance e precisava ser recarregado. Ele só sairia vivo daquela se acontecesse um milagre.


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