Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 27
vida 3 capítulo 10




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— Sam, creio que meu pai está caminho.

— Sei disso. O Trickster me avisou.

— Aquele FDP. Sempre manipulando. Ele quer que matemos um ao outro.

— Vou ficar e enfrentar John.

— Sam. Esse é o jogo do Trickster. Ele quer que voltemos a nos enfrentar. A gente deixa esta cidade antes que John chegue. É melhor assim.

— Eu falei que vou ficar e enfrentar John. Não podemos ficar brincando de gato e rato para sempre. Precisamos resolver essa história de uma vez por todas.

— Eu não vou deixar que faça qualquer mal a meu pai.

— Você não pode me impedir.

Os olhos de Sam mais uma vez escurecem. Sam fixa o olhar em Dean e o lança com força contra a parede. Dean fica preso à parede como se esta estivesse magnetizada. Dean mal consegue movimentar os dedos.

Sam apanha as chaves do Impala na mesa de cabeceira e sai, fechando a porta. Dean se debate, tentando em vão se libertar. Ainda está preso firmemente à parede.

Dean já havia enfrentado demônios antes e não era a primeira vez que se via naquela situação. Mas, escutou quando o motor do Impala foi ligado, escutou quando o carro se afastou e ele permanecia imobilizado. Sam Harvelle era muito mais poderoso que qualquer demônio que tinha enfrentado antes.

Seu receio que Sam acabasse matando John aumentou.

Não. Tinha que confiar em Sam. O Sam que saíra atrás de John era o mesmo Sam que o abraçara como irmão, momentos antes. Sam falara em ENFRENTAR John, não em matá-lo.

Neste momento, a porta se abre e um velho inimigo que vira morrer em uma outra realidade o encara.

— Olá, garoto Winchester. Bom ver você de novo.

— Gordon Walker?!

— Eu mesmo, garoto. A última pessoa que você vai ver na vida.

— Como nos encontrou aqui?

— Foi você mesmo quem deu as coordenadas. Eu trabalho com seu paizinho.

— Mas acabou de dizer que vai me matar.

— Eu disse que trabalho COM seu paizinho e não que trabalho PARA o seu paizinho. E você merece morrer. Um viadinho que dorme com o demônio que matou a própria mãe.

— Isso não é verdade. Eu não durmo com Sam.

— Só se for porque ELE não quer. Porque você, BAMBI, não engana ninguém.

— Miserável. E para quem você trabalha. Quem quer me ver morto?

— Matar você é algo que eu faria, mesmo que tivesse que PAGAR para ter esse prazer. Mas vou dar a você uma chance de provar que é macho. É só não gritar como MULHERZINHA quando eu começar a cortar você em pedacinhos.

Walker apanha a faca de caça do próprio Dean, deixada na mesa de cabeceira por Sam.

— E tudo que eu preciso está aqui mesmo.

Walker pega em seguida um rolo de fita adesiva prateada e a usa para tampar a boca de Dean.

— Isso é porque eu tenho certeza que ia gritar como MULHERZINHA e não quero ter que matar todos os seus vizinhos de quarto.

Imobilizado e impossibilitado de falar, Dean pensa que tudo que lhe resta é não demonstrar o medo que Gordon pensa arrancar dele. Morrer com dignidade.

Então, Dean vê, incrédulo, o rolo de fita ganhar vida. A fita se desenrola e envolve Gordon Walker. Primeiro, prendendo seus braços ao corpo. Depois, unindo suas pernas e derrubando-o. Finalmente, tampando sua boca e nariz, sufocando-o.

Gordon se debate por longos minutos até, finalmente, ficar imóvel.

Estava morto.

Só então Sam Harvelle entra.

Ele pára junto ao corpo do caçador morto e o encara com um sorriso triste. Seus olhos voltam a clarear. Ele se agacha junto ao corpo e checa se ainda há sinais vitais.

Os olhos de Dean denunciam o que ele está pensando. Jamais imaginou que Sam Harvelle tivesse tamanho poder. O poder de matar à distância. John não teria qualquer chance.

— Dean, sei o que está pensando. O medo em seus olhos é que eu faça o mesmo com John Winchester. Esqueceu rápido que acabei de salvar sua vida. Nunca vai confiar realmente em mim.

Dean baixa os olhos, envergonhado. Não podia negar a verdade daquilo que Sam dissera.

— É por isso que não vou soltá-lo, Dean. Pelo menos não até confrontar seu pai. Se ficar livre antes que eu abra essa porta novamente, saberá que estou morto.

Sam, coloca o corpo morto de Gordon Walker sobre o ombro, olha demoradamente para o irmão adotivo da soleira da porta e sai, trancando a porta por fora. Seus olhos claros estavam indecifráveis, mas havia uma grande mágoa neles.

Uma certeza toma conta de Dean. Era a última vez que via Sam Harvelle, quer ele sobrevivesse ou não.

Se ao menos fosse somente não ver. Dean teme pelo pior. John ou Sam. Ou até mesmo os dois. Novas e dolorosas perdas.

Pouco menos de 1 hora depois, o policial Levine abre a porta do quarto 212 e se depara com Dean preso à parede, amordaçado. Ele se aproxima e toca com gentileza a testa de Dean, que imediatamente adormece. Ao adormecer, Dean descola da parede e é carregado e deitado na cama pelo policial.

O policial, quebrando as normas, chama o irmão pelo celular.

— Mark, venha ao Blue Mountains Motel, quarto 212. Fica na Rodovia 84. Quero que veja uma coisa.

Mark chega rápido. Vê Dean adormecido, mas o que chama sua atenção é o próprio ambiente em que se encontram.  

— Está sentindo a atmosfera do quarto?

— Estou. Aqui é o epicentro. Foi aqui que tudo começou.

— Não propriamente AQUI. Mas foi certamente no lugar correspondente a esse de onde quer que esse sujeito tenha vindo.

— O que conseguiu descobrir?

— Ele ao mesmo tempo É e NÃO É daqui. É como uma possessão. A diferença é que quem está possuindo o corpo é uma versão dele próprio vinda de uma outra realidade. Mais estranho ainda é o espírito ter vindo de uma realidade material e não, como seria esperado, de um plano espiritual.

— Mas não é o homem que está afetando o ambiente. É outra coisa. Diferente das coisas desta realidade de uma forma sutil. Mas não consigo localizar ou precisar o que seja.  

— Isso é o mais estranho. Deveria ser fácil para os nossos sentidos localizar algo fora do padrão.

— Como rastreou o lugar? Eu não senti nada de diferente até estar dentro do quarto.

— O engraçado é isso. Não rastreei. Vim aqui porque alguns hóspedes viram uma movimentação estranha e ligaram para a delegacia. O sujeito se chama Dean Winchester. O Impala Chevy 67 no estacionamento está em nome dele. No entanto, o quarto foi registrado para Jensen e Jared Lawrence, irmãos.

— Estive com esse Dean Winchester não faz nem três horas atrás.

— Como é que é?

— Foi com ele. O lance no vestiário da universidade. E tem mais: ele me chamou de Trickster.

— É uma bela ironia estarmos novamente às voltas com um trickster. Da primeira vez, acabou muito mal para nós dois.

— Estamos mais experientes agora.

— Já sabe o papel de Dean Winchester nisto tudo?

— Ele é uma peça importante, não há dúvida. Está no centro de tudo. Mas ele não é a fonte da perturbação. É mais como se fosse o agente ativador, o gatilho. Ou, pelo menos, um dos gatilhos.


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