Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 128
sete vidas epílogo vida 2 capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

ANTES:
Ash usando sua habilidade de hacker descobre a identidade do homem que se faz passar pelo agente Jensen Ross.
Sam invade o quarto de Ash e, sem dizer uma palavra, aponta uma arma com silenciador para sua cabeça.



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Sasquatch ?!

– Oi, Ash. Melhor falarmos baixo .. ou vamos acordar a sua mãe.

– Como descobriu onde eu moro?

– Eu também sou um hacker, esqueceu? Claro, não sou nem de longe um tão bom quanto você. Você é bom. Muito bom. Estou realmente impressionado. Aprendi muito com você.

Ash desvia o olhar para a arma apontada em sua direção. Sente um nó na garganta e a boca subitamente seca.

– E agora vai me matar. Escuta, estou pedindo .. pedindo não .. implorando .. que você não mate .. a minha mãe. Por favor. Ela não merece morrer só porque o filho foi um idiota .. e se meteu com quem não devia.

Ash estava de pé em frente a Sam e falou de cabeça baixa, olhando fixamente para os grandes pés do interlocutor. Sua voz estava embargada, mas ele não ia chorar. ‘Dignidade, Ash. Se vai morrer, morra com dignidade’, pensou. Naquele momento, o que ele sentia era não propriamente medo. Ele estava estranhamente sereno, quase que resignado. Como um jogador que finalmente aceita uma grande derrota.

– Naquela sala, no meio daqueles agentes todos, eu me senti especial. Eu sempre me achei melhor que todo mundo. Ali, eu me senti melhor que os melhores. Eu sempre fui muito sozinho, sabe. Sempre fiz tudo sozinho. Naquela sala, pela primeira vez, eu quis ser parte de algo. Eu quis ser um deles. Sei que estou falando demais. Deve ser porque estou nervoso. Devo estar deixando você nervoso também. Você deve estar com pressa de fazer o que veio fazer aqui.

– Ash. Eu não vim aqui para matar você.

– Não?

– Não. Desculpe pela arma. Foi só para você não se sentir tentado a fazer uma besteira. Eu vim para conversar. Vim para pedir sua ajuda. Veja, estou guardando a arma.

– Minha ajuda?

– É, sua ajuda. Tem a ver com o motivo d’eu estar me passando por Jensen Ross, um cara que eu nem conheço.

– É algo ilegal?

– É. Completamente ilegal. Mas, não vai prejudicar ninguém. Também não vai colocar o país em risco. É algo pessoal. Uma garota. Eu quero o endereço dela.

– Uma .. garota?? Você invadiu o FBI para conseguir o endereço de uma garota? Cara, você é maluco? Desculpa. Sei que não é muito sábio chamar de maluco alguém que invade seu quarto de madrugada com uma arma, mas ..

– Vejo que recuperou rápido seu senso de humor. Mas, você está certo. Eu devo ser mesmo maluco. Mas eu quero .. Eu preciso encontrá-la.

– É alguém especial para você?

–É. Mas é difícil explicar o porquê dela ser especial para mim. Eu nem a conheço pessoalmente. Não sei nem mesmo se ela está viva. Ela, com certeza, nunca soube da minha existência. Mas eu não consigo parar de pensar nela um segundo. Eu preciso saber se ela está viva e, se estiver, falar com ela.

– Agora eu tenho certeza que você é realmente maluco. Tem certeza que não vai mesmo me matar?

– Tenho. Também não vim ameaçar, nem quero pressionar você a tomar uma decisão. Eu vou estar amanhã cedo no curso, como se nada tivesse acontecido. Estou me colocando em suas mãos. Se você me der um voto de confiança, e não me denunciar, eu volto aqui amanhã à noite e a gente conversa. Ok?

– Yeah!

– Uma coisa. Você me deu o apelido de Sasquatch?

– Por causa dos sapatos. Pés grandes. Sacou, né?

– Você já descobriu meu nome, mas, mesmo assim, creio que devo me apresentar: Samuel Winchester. Sam.

– Brock Kelly. Ash.

– Prazer, Ash. Pense no meu pedido.



POUCO DEPOIS


– Como foi com o Ash?

– Creio que vou descobrir amanhã.

– Sam, não seja louco. Sai daí agora. Se não vai matar o rapaz, e não estou dizendo que deva matá-lo, o melhor a fazer é sumir.

– Ele me rastrearia. Ele já sabe meu nome. Sabe da Diana. Basta que ele informe o FBI e eu nunca mais vou ter paz.

– Ele vai acabar chegando também a mim. Matá-lo talvez seja a melhor solução. Ainda está em tempo. Você volta lá e faz o serviço.

– Não, Ed. Não posso fazer uma coisa dessas. E ainda acredito que ele não vai me denunciar.

– Acredita MESMO nisso?

– Certeza absoluta? Não.

– Devo fugir?

– Acho que deve fazer o que achar melhor.

– Não vou fugir, Sam. Não deixando você para trás. Somos parceiros, não somos?

– Somos, Ed. Obrigado por me apoiar nesta loucura. Obrigado por me manter informado sobre os progressos do Ash. Só assim pude chegar na hora certa. Quando a minha presença causasse o maior impacto.

– Você o balançou. Você saiu de lá há uma hora e, até agora, ele não tomou nenhuma medida para denunciá-lo. Ele continua pesquisando sobre você. Está pesquisando também sobre o seu pai, John.

– Achei que ele faria isso. Na verdade, estava contando com isso. E o Jensen?

– Agora é Jensen? Daqui a pouco, você está chamando o cara de Jen. Posso até imaginar a cena. Ele chega para você dando voz de prisão e você responde 'Por favor, Jen, não me prenda’.

– Engraçadinho. Como estão as coisas aí?

– Ele descobriu que as credenciais de repórter são falsas.

– O quê!!

– Calma. Não sou tão panaca assim. Não me pegou de surpresa. Já estava preparado para isso. Sabia que se ele ficasse desconfiado, ia buscar respostas. Facilitei a vida dele. Ele fez uma investigação rápida e achou o site do Ghostfacers. Eu alterei alguns arquivos do site e acrescentei outros. Acreditou que sou apenas um maluco interessado em ocultismo.

– Bom. E o que mais. Conseguiu entrar no quarto e instalar o programa espião no laptop do .. Jen?

– Sim e não. Sim, entrei no quarto. Não, não consegui instalar o programa. Pelo menos não no laptop. O laptop não tem portas externas e tem uma espécie de lacre que acredito que destrua o conteúdo do disco rígido se for rompido. Mas ele usa um teclado flexível e troquei o dele por um igual com um dispositivo que reproduz o texto teclado no meu laptop. É como se escutássemos somente um lado de uma conversa.

– E o que descobriu?

– Ainda não chequei o que ele escreveu hoje. Até ontem, nada de senha. Mas, ele vem atualizando diariamente o relatório sobre a investigação. Ele é bem detalhista. E escreve bem, tem estilo. Pesquisou sobre gente aqui da região. Uma lista enorme de moradores. E também sobre costumes dos mórmons. Assassinatos rituais. Pentagramas. Seitas satânicas.

– Me repassa os arquivos. Se eu não for preso, eu sigo para aí breve.

– Eu interceptei três mensagens que ele enviou, mas não consegui quebrar a criptografia. É criptografia de primeira linha, não acredito que consiga quebrar sem um equipamento poderoso e muito tempo.

– Muito bom, Ed. É questão de termos paciência.

– E tem mais. Ele faz algumas observações em voz alta enquanto está no computador.

– Ele fala sozinho?

– Não a ponto de ser tachado de louco. O importante é que instalei um amplificador na parede que dá para o quarto onde ele está hospedado ligado a um gravador digital. Facilita ele não ser do tipo que vive escutando música.

– E o que mais? Como é o sujeito?

– Ele lembra sua irmã.

– Como assim?

– Ele é parecido com a Diana.

– Peraí. Ele tem uma aparência feminina ou você está insinuando que a minha irmã tem um jeito masculinizado?

– Nem uma coisa nem outra. Eles se parecem assim como se fossem irmãos. Ele parece muito mais com a Diana do que você, que é irmão.



MENOS DE MEIA HORA DEPOIS


– Sam, desculpe mas é urgente. Acordei você?

– O que foi, Ed? O Ash me denunciou?

– Não, ainda não. Mas o Ross descobriu que tinha alguém se passando por ele. Ele sabe de você.

– Droga!

– Mas não precisa se preocupar quanto a isso. Antes que ele tivesse a chance de te denunciar, ele foi seqüestrado. Creio que pelo serial killer.

O QUÊ?

– Pelo menos isso livrou sua cara. Ele ia te denunciar.

– Ed, temos que fazer alguma coisa. Não podemos deixar que ele morra.

– Você não existe, sabia?

– Me conta com detalhes essa história.

– Eu estava aqui no meu quarto, monitorando as atividades do Ash. Com isso, deixei o Ross completamente de lado. Neste meio tempo ele descobriu sobre você através de um e-mail de confirmação de matrícula no curso.

– Droga.

– Tem mais. Ele acessou registros de uma câmara que existe no auditório em que o curso acontece e identificou você pelas imagens.

– Inferno. Não percebi essa câmara. Preciso destruir esses registros.

– Há pouco, logo depois que nos falamos, eu escutei um barulho no quarto do Ross. Ruído abafado de alguma coisa caindo. Acho que o próprio Ross. Depois vi quando ele foi colocado desacordado na traseira de uma pick-up que estava estacionada numa ruela ao lado do hotel, coberto com uma lona e levado embora.

– E você não seguiu o carro?

– Eu não estou de carro.

– Não acredito.

– Espera. Escuta. Eu lembrei que tinha visto um rastreador GPS da primeira vez que entrei no quarto do Ross. O seqüestrador deixou a porta do quarto aberta. Eu entrei, apanhei o rastreador, liguei o aparelho, envolvi com uma camisa do Ross que estava na cadeira e segui o seqüestrador até a pick up. Quando a pick-up arrancou, eu joguei o rastreador na traseira da pick-up.

– Ed, você merece um beijo. Está me saindo muito melhor que a encomenda.


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Notas finais do capítulo

30.12.2011
O ano está acabando e nada da fic acabar.
Bom ano novo para vocês, queridos leitores.