A Neblina Negra escrita por Sabrina Camillo


Capítulo 1
Capítulo 1




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É com a mão trêmula de pânico que escrevo o meu assombroso relato.

Não sou um homem covarde e creio que minha situação apavoraria qualquer um.

Nesta região fria, de vegetação densa e selvágem situa-se o pequeno vilarejo onde moro. Mas nada aqui é comum. Não depois daquele acontecimento sobrenatural...

O dia em que o céu cobriu-se de núvens escuras e uma noite inesperada iniciou-se.E nunca mais teve fim. Pareceu instalar-se permanentemente aqui uma força demoníaca na forma de uma estranha neblina preta que se ocultou na mata, sempre à espreita e em certas horas vinha sondar nossas poucas casas.A escuridão daquela nuvem cerrada tomava tudo à volta.Nada mais se conseguia enxergar.Ninguém ousava sair de casa e fechavam-se todas as portas e janelas. Depois de um certo tempo ela cessava... Mas não tardaria a voltar.

As pessoas começaram a agir como se de fato houvesse uma terrível ameaça pairando no ar, mesmo sem saber ao certo o que era.Ninguém tinha uma explicação para aquele fenômeno.Todos começaram a fazer mil especulações.A mais impressionante delas é que tratava-se de uma nuvem de demônios dirigida ao vilarejo para envolver no nevoeiro todas as almas e as levar para o inferno.Isso me pareceu, a princípio, apenas mais um dos absurdos que haviam sido mencionados.Porém, a essa altura dos acontecimentos é a explicação que me parece mais provável.

Então a vida aqui passou a ser movida pelo medo.Ninguém conseguia prever quando aquela cerração sinistra chegaria.Nem o que exatamente ela traria. Quando a fumaça negra vinha cobrindo os telhados das casas, não havia mais ninguém pelas ruas.As pessoas confinavam-se em suas casas e rezavam.Os poucos que se arriscaram, no início, fascinados pelo mistério, jamais foram vistos novamente.

Faz trinta dias que o nosso pesadelo começou.Agora algo mais fora do comum está acontecendo.Animais são mortos das mais horrendas formas.Depois os cadáveres dos mesmos são vistos vagando pelas ruas com aspecto monstruoso.Não se sabe como as mortes ocorrem.Mas quando um animal á encontrado morto, já se sabe que este se tornará brevemente um espectro ameaçador.

Não há como sair do vilarejo, pois infelismente este é um lugar isolado.Levaria muito tempo para se chegar no povoado mais próximo.Quem se lançar na estrada, sentenciará a própria morte.A neblina o cobrirá e em meio a ela os espectros surgirão.

Não sei que destino obscuro nos espera para além dessa neblina.Minha família e meus companheiros já se foram, como também muitos outros conhecidos, como se tivessem sido levados pelo nevoeiro de trevas. Restam apenas umas poucas pessoas trancadas aqui nesta casa, onde sem mais esperanças, sob a luz fraca de uma vela, resolví ao menos registrar o que vejo.Não com o intento de obter algum auxílio, pois sei que é impossível.Mas para que nossa história terrível possa ser conhecida um dia. Lá fora há somente a escuridão do nevoeiro.E em meio a ele, aquelas figuras descomunais. Pouco a pouco as pessoas estão desaparecendo misteriosamente daqui.As que ainda restam vivas, como eu, matém-se aguardando um milagre que talvez nunca virá ou por fim serem devoradas por aqueles seres que vagam lá fora no meio da neblina negra.                                                                                                                                              

 

 

                                                                                     Richard Springfield                                                                                                                                                   

                                                                                    15 de abril de 1630


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