Choices. escrita por rpm


Capítulo 10
Hogwarts.




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POV. Harry Potter.

 

Draco Malfoy! O que seria que ele nos queria dizer? Bem, sentamo-nos na sala dos Weasley. E esperei que ele começasse a falar.

                -Desculpem ter interrompido, vim porque sabia que vos ia encontrar e porque tenho mesmo de vos dizer algumas coisas.

                -Força, idiota! – Disse Ron.

Malfoy ignorou o comentário.

                -Eu quero agradecer-vos. Salvaram-me a vida uma vez e eu ignorei-o. E voltaram a salva-la. Se não fossem vocês estava morto de certeza. – Disse.

Tive um pressentimento que não estava acordado, estava a sonhar, ou num mundo completamente paralelo. Fiquei perplexo com uma cena que não pensei voltar a acontecer.

                -Porque isto agora. Malfoy? – Perguntou Ron.

                -Porque vamos voltar a Hogwarts. E… Bem não quero ter razões para que algo corra mal, e sinceramente acho que tanto um pedido de desculpas como um obrigado vos devia. Estou muito melhor agora, quando o Senhor das trevas me deu a missão eu mal podia acreditar que teria de matar o Dumbledore, entrei em paranóia, e tornei-me em alguém… Muito receoso. E agora quero deixar de ter a vida que tinha.

Não encontrava associação entre Hogwarts, agora reconstituída, e isto tudo, mas compreendi que ele quisesse disfarçar o caso. De facto íamos voltar a Hogwarts daqui a dois dias, para fazer o sétimo ano, cuja oportunidade nos foi dada, a nós e a todos, por causa dos incidentes que aconteceram. O que queria dizer que todos os que já lá tinham andado até no ultimo ano iriam repetir o mesmo ano em que andavam. Recebemos a carta hoje de manha, esqueci-me de avisar Ron e Hermione – as cartas deles também tinham chegado, claro que Hermione ia aceitar ir, nem pensaria duas vezes, além disso era o nosso ano de Exames de Feitiçaria Barbaramente Extenuantes e a professora McGonagall tinha assumido o cargo de directora, o que me deixava muito feliz.

                -Vamos voltar a Hogwarts? – Perguntou a Hermione. – Mas?

                -Depois explico. – Disse Harry – Malfoy, o teu pedido está aceite.

Levantei-me e estendi a mão para ele. Ele apertou-ma.

                -Só mais uma coisa, Granger, tem cuidado. – Disse num tom amargo.

Malfoy abandonou-nos e eu expliquei tudo o que ia acontecer e que tínhamos a oportunidade de voltar a fazer, ou no nosso caso faze-lo pela primeira vez, o sétimo ano.

 

POV. Hermione Granger.

 

Íamos voltar a Hogwarts! Era das melhores noticiam que podia ter recebido. Mas aquele «tem cuidado» do Malfoy não me saia da cabeça. Voltamos para a festa e continuamos a divertir-nos, bem daqui dois dias íamos para Hogwarts, portanto tinha de me divertir naquele momento. Dancei com praticamente toda a gente, incluindo Viktor Krum. Peter desaparecera, não me preocupei porque quanto a isso já tinha tomado uma decisão, ia a casa dele. E assim foi. No dia seguinte acordei, tomei o meu habitual banho e a manhã passou rapidamente. Chegou finalmente a altura de ganhar coragem e ir. Vesti-me e peguei na minha bolsa onde meti o livro. Antes de sair fui ter com Ron.

                -Não te preocupes. – Disse.

                -Por favor, por favor se acontecer alguma coisa conta-me! – Disse Ron andando de um lado para o outro no quarto.

                -Não te preocupes. – Repeti – Eu deixei bem claro que não há nada entre mim e ele.

                -Eu sei mas… Ó, vai lá antes que arrependa.

Abracei Ron e saí. Eu sabia que tinha de fazer aquilo. E… Fui. Finalmente tinha chegado. Chegado ao local que mudara a minha vida, diria por completo. E será que ia voltar a mudar? Não no mesmo sentido, obviamente. Não cairia na mesma armadilha. A tarde estava fria, senti o vento frio a bater contra a minha pele. O céu estava escuro, olhei à minha volta e não vi ninguém na rua, senti-me sozinha e desprotegida. Decidi abrir o portão e inspirei e expirei antes de bater à porta. Fui imediatamente recebida por Peter que pareceu bastante surpreso. Mas o meu olhar deu a entender tudo.

                -Entra.

Entrei, olhei à minha volta e estava tudo na mesma. Olhei para a sala e lembrei-me… Peter estava em frente à lareira acesa e fita-la intensamente. Sentei-me no sofá e respirei fundo antes de dizer algo. Peguei no livro e com calma abri-o na página. Levantei-me e dei-lho sem comentar. Vi a fúria nos seus olhos e tive tanto medo que me afastei. Peter fechou violentamente o livro e atirou-o violentamente contra a mesa de vidro – que por momentos parecia que ia estalar. Peter agarrou-me pelo pulso. Já não me tocava desde a última vez que ali estivera, violentamente obrigou-me a subir as escadas com ele. Finalmente chegamos ao lugar que conclui ser o quarto dele, estava super arrumado, decorado de uma maneira clássica em tons escuros, não havia nenhuma fotografia nas paredes, para além de uma em tamanho grande de uma mulher de cabelos claros e olhos azuis extraordinariamente bonita, que sorria para a foto. Peter largou-me e vasculhou uma gaveta que parecia já não ser aberta à muito tempo. Pegou num livro que mais parecia um álbum de fotografias enorme, sentei-me na ponta da sua cama e ele sentou-se na ponta oposta e abriu violentamente o livro, nunca o vira tão alterado, senti mais medo do que nunca. A página dizia “Família Anderson”.

 

POV. Peter Anderson.

 

Naquele momento sabia que talvez tivesse de mentir. Sabia que vinha tudo ao de cima.

Virei a folha violentamente. A foto da minha querida mãe, com olhos azuis, e cabelos claros, apareceu.

                -Amanda Sophia Anderson. 1956.

Vi Hermione a olhar para a fotografia desviando o olhar para a parede coincidia com a que estava fixada na parede do meu quarto. Voltou a fixar os olhos no álbum de fotografias que já não era aberto à muito tempo. Voltei a página e senti-me prestes a rasgar aquela fotografia daquele homem que me metia nojo só de olhar para a cara, tinha o cabelo até aos ombros e uns olhos verdes claros. Mantinha um ar sério na fotografia. Tinha de o dizer rápido, e virar logo a página antes de perder o controlo.

                -Joshua James Anderson. 1953.

Voltei a página mal disse o nome, ainda me senti pior ao ver... O rapaz igualzinho a mim, numa versão mais velha.

                - Matthew James Anderson.1977.

A rapariga estava perplexa, era exactamente igual a mim.

Outra página. Nesta estava a minha mãe com o Josh nos seus trajes de Hogwarts.

                -Amanda obviamente Hufflepuff, contrariamente Josh Slytherin. Tu mais do que ninguém deves perceber porque Slytherin.

Ela olhou-me e acenou com a cabeça.

Outra página. O casamento.

                -Casados. Sangue puro. Ambos. O meu pai não suportava alguém com sangue…

                -De lama. – Completou a rapariga.

A expressão na cara dela mudara completamente ao dizer aquilo.

Outra página. E lá estava toda a nossa família. Eu com dois anos e Matt com quatro, juntamente com a nossa mãe e com Josh. Todos sorriamos para além dele.

                -Uma família normal. Tudo bem até aqui.

Outra página e agora eu e o meu irmão no uniforme da escola, eu aos onze anos, e ele aos treze.

                -Obviamente entramos numa escola, mas o meu pai era totalmente contra a nossa presença em Hogwarts ao contrário da minha mãe. E isso só acontecia por uma única razão, o meu pai sabia que se eu entrasse na escola não iria pertencer a Slytherin, pertenceria a Gryffindor, Hufflepuff ou Ravenclaw nunca a Slytherin, mas o meu irmão seria obviamente um Slytherin. E claro que Josh não suportaria a humilhação de ter um filho que não fosse de Slytherin. Então entramos para um local que não tinha essa opção. Fomos óptimos alunos. Extraordinários. Tanto eu como Matt éramos os melhores da turma, e também nos desportos.

Outra página. Eu e o meu irmão abraçados.

                -Ele era o meu melhor amigo. Até termos entrado na escola, e começar-mos a perceber que havia dois tipos de magia: a negra, e a digamos “boa”. No que toca a isso não concordávamos, e desde aí deixamos de nos dar.

 

- Flashback –

 

Estávamos ambos sentados na relva do jardim, eu estava deitado a olhar para as nuvens com as mãos por de trás da cabeça o meu irmão continuava sentado.

                -Nós podíamos ser fantásticos sabias? – Perguntou.

                -Podíamos? Não te achas já fantástico que chegue? Melhor da turma. Melhor no desporto. Temos tudo o que queremos.

                -Podemos ter ainda mais, podemos fazer a diferença. Podemos ser mais fortes ainda que o senhor das trevas, juntos.

                -O quê? – Disse levantando-me rapidamente.

Não podia acreditar que o meu irmão tivesse ideias tão obscuras.

                -Estive a estudar mais a fundo a magia negra e…

                -NÃO! Não contes comigo. E acredita que nunca serás como o senhor das trevas.

 

- Fim do flashback –

 

 

                -O meu irmão tinha muitas semelhanças com Josh. E eu tinha mais semelhanças à minha mãe. Nunca me interessei por magia negra, apesar dos meus conhecimentos. Tal como deves supor o meu trabalho nunca era apreciado pelo Josh, apesar das minhas notas e de tudo mais, o meu irmão era o menino do papa. O meu trabalho era valorizado apenas pela minha mãe. O meu irmão, tal como Josh eram fanáticos, por magia negra, e eu como nunca mostrei interesse por isso, Josh mal me considerava seu filho.

 

 

 

- Flashback –

 

Pelas poucas vezes que íamos a casa, esta era a que mais ansiava, queria ver a cara do meu pai quando soubesse que tinha superado o meu irmão nas notas que ele tinha tido quando andava no meu ano. Mas mais uma vez ele nem para as notas olhou, limitou-se a olhar para o seu menino. Mais uma vez a minha mãe foi a única a importar-se.

                -Olha Joshua, o teu OUTRO filho teve melhores notas que o Matt teve no ano dele.

Josh limitou-se a olhar para a minha mãe seriamente. E voltou a abraçar o meu irmão.

 

- Fim do flashback –

 

                -Deves concluir então que eu sentia falta de ter um pai. Mas as coisas continuavam assim.

Hermione estava com os olhos em lágrimas. Conti-me.

                -Então havia mais coisas estranhas, ele chegava sempre muito tarde a casa dando desculpas esfarrapadas, então um dia decidi segui-lo.

 

- Flashback –

 

Eram as férias de verão. O meu pai vestiu-se todo arranjadinho, e saiu, eu fui nada mais nada menos que atrás dele. Caminhei imenso até chegar a um local bem longe da minha casa, era escuro e não se via quase ninguém. O meu pai estava encostado a uma parede arranjando a camisa, fiquei ao longe num local onde a visão era perfeita para onde ele se encontrava. De repente chegou uma mulher magnífica, dentro de um vestido azul-escuro, tinha cabelos loiros compridos e olhos verdes.

                -Ó, Anne! Estás deslumbrante. – Exclamou o meu pai.

Não hesitou e beijou-a, de uma maneira naturalíssima.

 

- Fim do flashback –

 

                -Ele traia a minha mãe. Com Anne, uma rapariga solteira que andara com ele na escola. Aí passei um mau bocado. Como deves concluir. Mas nada ficou por aí. Eu não resisti a falar com ele mas ele ameaçou-me de morte, se abrisse a boca ao meu irmão e à minha mãe. De facto, quase o fez, pois eu disse-lhe que só estava com a minha mãe porque ela era rica.

 

- Flashback –

 

Estávamos agora em casa, ele estava na sala sentado no sofá, e eu aproximei-me nervoso.

                -Eu sei que andas a trair a minha mãe. – Disse num tom de voz rude.

O olhar dele ficou perplexo. Ele levantou-se violentamente e encostou-me à parede com a varinha apontada ao meu queixo. Senti o medo a percorrer-me como nunca antes.

                -EU JURO QUE TE MATO RAPAZINHO! SE ABRES A TUA BOCA, VAIS PARA A CAMPA MAIS CEDO!

                -Estás com a minha mãe porque? Pelo dinheiro?! Sabes que ele é rica! Dá-te jeito.

                -AVADA… - Parou.

 

-Fim do Flashback –

 

                -Mesmo assim eu respeitava o meu pai e ansiava a morte mas sabia que a minha mãe não estava feliz, ele quase não passava tempo nenhum com ela. Seguir o meu pai tornou-se então um hábito, até que chegou o dia em que…

- Flashback –

 

Lá estava eu, encostado à mesma parede, com o mesmo sentimento de repugnância de sempre. Mas desta vez algo estava errado, a rapariga nunca mais aparecia e o meu pai começava a ficar nervoso. Olhou para todos os lados possíveis a procura dela. Mas antecipei-me e olhei para uma rua vazia onde ela estava com outro homem. E tinha medo da reacção do meu pai quando a visse com outro. Escondi-me novamente e o meu pai acabou por dar com ela, vi a fúria nos seus olhos e senti-me tão assustado que era capaz de fugir dali. Ele avançou até eles e respirou fundo.

                -SUA CABRA! – Berrou.

Vi a rapariga a estremecer e a agarra-se ao braço do outro indivíduo.

                -Tenha calma! – Exclamou o homem.

                -Calma? – Perguntou o meu pai sarcasticamente. – Eu digo-te a calma. Crucio!

                -PARA! – Gritou-lhe a mulher escandalizada.

Meu pai dirigiu-lhe um olhar frio e enfurecido.

                -Ele é assim tão importante? – Perguntou a rir-se.

                -É! – Exclamou ela com os olhos em lágrimas. – Muito mais que tu alguma vez foste.

                -Avada Kedavra! – Disse Josh apontando para o homem.

O jovem caiu, morto. Uma morte simples e pouco dolorosa. Senti ainda mais pena da rapariga e mais nojo do meu pai. A rapariga dobrou-se sobre o corpo do amado. O homem que não a fazia sentir medo sempre que se aproximava. Uma gargalhada soltou-se do meu pai.

                -PODIA TER SIDO EU! MATAVAS-ME ANTES A MIM SEU ORDINÁRIO! – Exclamou enfurecida.

                -Tens assim tantos desejos de morrer? – Perguntou Josh arrogantemente.

                -Morreria por ele.

                -Então morre em paz. AVADA KEDAVRA!

Furioso, Josh saiu daquele local, onde dois corpos jaziam. Duas almas que nunca mais voltariam à vida. Um amor e uma traição que os matou. Senti-me percorrido de medo do meu próprio pai.

 

- Fim do Flashback –

 

                -Foi então que ele apanhou a amante com outro, - Continuei – e matou-os aos dois.

Hermione parecia-me chocada e as lágrimas caiam-lhe pela face suavemente. Vê-la chorar fazia-me extremamente triste, dava-me vontade de chorar com ela, mas felizmente controlei-me.

Agora a parte pior. Levantei-me e fui buscar a uma gaveta duas fotografias. Uma delas muito estragada, já rasgada, onde estava Jane, a rapariga de cabelos castanhos encaracolados, e de olhos verdes que em tempos fora a minha melhor amiga, e o meu primeiro verdadeiro amor.

                -Está é a Jane. – Dei as fotos a Hermione. – Uma das duas únicas duas pessoas que amei. Ela andava comigo na escola, e o meu irmão notou na nossa proximidade. Mas não se ralou muito, até que descobriu que o sangue dela não era puro…

 

- Flashback –

 

Finalmente estávamos sozinhos. Eu e ela. Sem nada que nos impedisse. Esqueci-me de todas as minhas preocupações incluindo o meu pai, agora nada importava para além de Jane. Tudo se resumia a ela. Acreditava, portanto que a minha única razão de ali estar, ainda a respirar, ainda vivo, era por ela. A rapariga que me fazia ver que a minha vida não era assim tão miserável como eu pensava. Jane, aproximou-se de mim, e beijou-me suavemente. Os meus batimentos cardíacos aceleraram. De repente a porta abriu-se e o meu irmão entrou por lá dentro.

                -Que bonito! O meu irmão e uma sangue de lama.

Levantei-me rapidamente e coloquei-me em frente a Jane.

                -CALA-TE. Vai embora. – Pedi.

Um riso exactamente tanto assustador como o de meu pai ecoou entre as paredes.

                -Não a escondas. Ela nem é feia de todo. Diria apetitosa, se não fosse uma sangue de lama.

                -Não-te-atrevas! – Apontei-lhe a varinha.

                -CRUCIO!

Jane soltou um grito agudo. Tentei atingir o meu irmão, mas não consegui. Senti a raiva a dominar-me.

                -NÃO MATT POR FAVOR NÃO!

Uma batalha travou-se entre mim e o meu irmão. Já não me aguentava em pé, mas tinha de o fazer por ela.

                -Avada Kedavra.

E a rapariga caiu, mal a maldição a atingiu. Uma gargalhada soltou-se pelo meu irmão e eu levantei a varinha rapidamente, mas quando o fiz ele já desaparecera. Não podia acreditar, ela morrera.

 

                - Ele… - Fiz uma pausa para ganhar coragem para continuar. – Ele matou-a mesmo à minha frente.

Olhei para a fotografia, e em seguida para Hermione que chorava imenso, não me consegui conter, e ao lembrar-me de tudo, e senti uma lágrima a cair-me suavemente. Hermione olhou-me provavelmente não acreditando no que viu. Não me lembrava da última vez que tinha chorado em frente a alguém.

POV. Hermione Granger.

 

Houve várias vezes, que tive pena de Peter, mas agora mais do que nunca. A história dele era super-triste. Não podia imaginar tal coisa a acontecer comigo, era demasiado doloroso. Não sei se aguentaria. Peter prosseguiu mostrando agora uma foto de ele, apenas ele. Sem nenhuma companhia, sem nenhum familiar.

                -Uma tarde, contei à minha mãe tudo o que sabia, e ela não hesitou a falar com Josh, insultou-o de tal maneira que ele limitou-se a matar a mulher. Senti-me horrível por lhe ter contado, ainda me culpo, mas sei que ela iria saber, em seguida o meu irmão entreviu, e morreu também, então eu fugi, e ao momento que o fiz, entrou um homem, o melhor amigo do meu pai, Jason Stewart e matou-o.

Não conseguia dizer nada. Limitei-me a sentir-me mais do que desesperada. O significado de estar uma foto de Peter sozinho ali, matou-me por dentro. Abri a minha mala, e de lá dentro tirei uma fotografia minha. Coloquei-a ao lado da de Peter. Vi a expressão dele a alterar-se e mais uma lágrima a cair, tal a ele como a mim.

                -Não tens de estar sozinho. – Disse.

Levantei-me e abracei-o com todas as forças que tinha.

                -Só não te contei antes porque…

                -Não era fácil, eu sei.

Limpei as lágrimas tal como ele.

                -Vim aqui também para te dizer que daqui a dois dias volto a Hogwarts. Sempre que puder gostava de passar um tempo contigo, agora que temos mais possibilidades de sair, não te prometo nada porque vamos ter E.F.B.E.s mas promete que me escreves.

                -Claro que escrevo. – Sorriu.

Decidi que estava na altura de ir embora, antes de sair do quarto dele decidi perguntar uma coisa, que tinha quase certeza que sabia a resposta.

                -Qual foi a outra pessoa que amaste?

                -Acho que sabes a resposta. – Disse com um sorriso.

Saí, com um sorriso na cara, aquilo tinha-me feito tão bem. Agora sabia toda a verdade. Voltei a casa dos Weasley, e mal cheguei Ron atirou-se para os meus braços. Só depois olhou para a minha cara.

                -Estiveste a chorar. O que é que se passou? – Perguntou nervoso.

                -Eu…

                -Não me digas que…? – Perguntou ainda mais nervoso.

                -Não, ele simplesmente me contou tudo. – respondi – O Harry está?

Ron olhou para as escadas e percebi que ele estava no quarto, eu tinha de lhe contar tudo, tinha de falar com alguém, não conseguia arranjar ninguém que me compreendesse como Harry, e queria saber se tinha feito bem em oferecer a minha ajuda. Claro que Harry me apoiou muito, e disse que sem dúvidas devia ajudar Peter, mas que tinha de mostrar que só estava interessada na amizade e nada mais.

                -Mas olha, porque é que o Malfoy disse para teres cuidado? – Perguntou Harry.

Era verdade, aquilo não batia de facto certo. Debati-me com aquela pergunta durante imenso tempo. O que é que ele queria dizer com aquilo?

 

 

O dia seguinte passou com muita agitação, não só da minha parte como de todos. Tivemos de preparar tudo para voltar a Hogwarts, estava super entusiasmada, e já me sentia menos em baixo, mas tinha decidido falar com o Malfoy, por muito que isso me fosse custar, mas continuava a achar que ele não me ia dizer nada de útil. O dia passou basicamente de uma forma normal, acabei por mandar uma carta aos meus pais a avisar que voltava para a escola, e que provavelmente agora só me viam no Natal. E assim o dia passou, no dia seguinte acordei com uma grande dor de cabeça, mas tentei sentir-me novamente entusiasmada, depois do pequeno-almoço, eu, os Weasley e Harry seguimos para a King’s Cross. Às onze horas certa, o comboio partiu, eu, Harry, Ginny e Ron fomos todos para um compartimento, nada que não acontecesse antes, mas desta vez tínhamos a companhia de Ginny, o que se tornava estranho mas não perturbador, sabia que este ano ia ser menos agitado, mas não sabia se devia ter esperanças totalmente optimistas. Vi novamente Luna Lovegood com Neville, e perguntei-me se realmente havia algo entre eles, o que me foi confirmado por Ginny, ela era muito mais amiga de Luna do que eu, não era que não gostasse dela, nada por aí, mas ela tinha umas ideias que não se encaixavam com as minhas. Mas por outro lado, não me podia sentir mais feliz por ela, o Neville era um rapaz espectacular para ela. Ao longe vi também Draco Malfoy que evitou ter de me olhar directamente, aí percebi que não ia ser nada fácil falar com ele, e que ele pensava de mim dificilmente ia mudar. Finalmente chegamos a Hogwarts, a viagem foi bastante calma, já com os mantos vestidos, dirigimo-nos todos para o salão principal. Divididos por equipas recebemos os novos alunos, as equipas não tinham perfeitos. Não haviam capitães de equipa no Quidditch nem sequer chefes de equipa. Tudo permanecia igual em Hogwarts. Antes da ceia, a professora McGonagall iniciou o discurso.

                -Este ano, o discurso habitual é também uma maneira de vos avisar das alterações. As regras, serão quase todas iguais às do Professor Dumbledore. À excepção de uma ou duas coisas que serão referidas. Este ano as aulas começaram a dia 21 para haver uma total reconstituição da escola. Começo por dizer que os perfeitos já foram distribuídos, estão ao fundo do salão. E refiro também que apesar do meu cargo de directora, não deixarei de ser a chefe dos Gryffindor, e refiro também que o professor Slughorn é o novo chefe dos Slytherin.

Ouviram-se palmas.

                «…Também aproveito para dizer que as saídas aos domingos são permitidas aos quartos, quintos, sextos e sétimos anos. Entre a manha e as 6 da tarde. Se o destino for Hogsmead, podem ir sem problemas, mas se for outro local, têm de me perguntar primeiro, e acreditem que eu sei quem mente, e quem não voltar até as seis pede o privilégio de sair. No que toca ao Quidditch, os capitães serão os mesmos, tirando da minha equipa que o capitão voltará a ser Harry Potter, e aos Slytherin Draco Malfoy. Serão também disponibilizadas aulas extra, para quem perdeu matéria, principalmente para os sétimos e quintos anos.

                «Serão feitos três agradecimentos agora, a três pessoas, sem as quais não estaríamos aqui, agora, debaixo deste tecto, nesta escola maravilhosa. Ao Harry James Potter, o rapaz que sobreviveu, o eleito, e agora o rapaz que destruiu Voldemort.»

Novamente palmas. Harry fez um gesto de agradecimento a McGonagall.

                «Claro que ele não conseguiria sem duas grandes duas pessoas. Um aplauso, para Ronald Billius Weasley, um brilhante feiticeiro e acima de tudo uma brilhante pessoa.»

Outro aplauso.

                «E claro, para a feiticeira mais inteligente que Hogwarts alguma vez teve, Hermione Jean Granger.»

Sorri enquanto me batiam palmas.

                «E por fim, não uma salva de palmas, mas um minuto de silêncio para todos os mortos. Albus Dumbledore, Alastor Moody, Severus Snape, Ninfadora Tonks, Remus Lupin e Fred Weasley. »

Senti a mão fria de Ron a agarrar a minha quando a directora pronunciou “Fred Weasley”, por momentos senti a dor dele. Os olhos dele ficaram colados à mesa, até a Directora deu inicio à refeição. Ron, ficou muito abalado ao lembrar-se do irmão, mas acabou por esquecer. Depois da refeição, decidi tomar uma atitude que nunca me ocorrera. No corredor, já construído de novo, vi Draco Malfoy, e para espanto de todos aproximei-me dele. Vi o espanto dele quando me viu.

                -Draco! – Exclamei. – Por favor, só te quero perguntar uma coisa.

Ele olhou-me atentamente mas sempre com uma sertã repugnância e superioridade.

                -Rápido, Granger. – Disse friamente.

                -Porque é que me pediste para ter cuidado?

Ele olhou-me um pouco espantado pela pergunta, mas ao mesmo tempo, continuava com o olhar de sempre.

                -O que é que sabes sobre os Anderson? – Perguntou.

Começou a caminhar em direcção às masmorras, segui-o.

                -Sei a história da família. Do pai, da mãe, e do irmão.

                -Sabes? Bem não sabia que ele confiava em ti assim. – Fez uma pausa. – Mas, saber tudo sobre a família dele, não quer dizer que saibas tudo sobre ele pois não? Ou se calhar não implica saberes a verdade pois não?

Reflecti sobre as palavras dele, de facto ele tinha razão.

                -Mas o que queres dizer com isso? – Apressei-me a perguntar.

                -Directamente nada, teoricamente muito.

                -Continuo sem te perceber. – Confessei.

                -Não eras tu que eras esperta? – Perguntou friamente.

                -Não eras tu que eras burro? – Perguntei no mesmo tom.

                -Não eras…

                -É mesmo necessário isto? – Interrompi.

Ele parou de caminhar tal como eu.

                -Não, tens razão. Mas não te vou dizer mais nada, sei que és esperta o suficiente para fazeres as tuas pesquisas. – Disse já num tom agradável, para o Malfoy claro.

                -Não me dirás nada, alem disso? – Perguntei num tom irritado.

                -Não, lamento Granger. Sou amigo do Peter, mas é porque sei que ele se arrepende de muitas coisas, mas já te disse algo muito importante, que é para teres cuidado, nunca se sabe. – Disse já novamente num tom frio, para não mostrar preocupação, simpatia, ou qualquer outro sentimento.

                -Sim, bem, obrigada, não te roubarei mas tempo. – Disse virando costas.

                -Sim, o tempo é precioso. – Ouvi Draco suspirar.

Não sabia por onde começar, por que ponto. Bem, de facto sabia que era capaz de haver ali mais alguma coisa, mas duvidava que Peter me fosse contar, porque se fosse, ter-lo-ia feito no dia em que me contou o resto. Tinha que arranjar informações dos Anderson e talvez, mais tarde dos Stewart. Mas como? Nos livros, a verdade era pouca. Talvez nos jornais, nos antigos «Profeta Diário», pensando melhor achava ter ouvido Luna a comentar que o seu pai agora também trabalhava na edição do jornal, sem dúvida podia-lhe pedir, ela era capaz de me ajudar, mas estava na hora de me ir deitar, ainda por cima amanhã iam começar as aulas, coisa que deixava ansiosa, não podia descer nenhuma das minhas notas, ainda por cima agora. Ao subir para a sala comum encontrei Ron e Harry à minha espera.

                -Draco Malfoy? – Riu-se Harry.

                -Uma fonte segura de informação quando queres saber alguma coisa de mal. – Ri-me.

                -Ele não te chamou nada, não te apontou a varinha, não te danificou nada? – Perguntou Harry a rir-se.

                -Não, também estranhei, e acho que ele consegui ser simpático, lá à maneira dele.

Harry e Ron desmancharam-se a rir.

                -Só podes ‘tar a gozar. – Disse Ron ainda a rir-se. – Mas o que querias saber? – Perguntou.

                -Nada de especial.

                -Mas foste lá por algo, e logo a ele é estranho…

Ron foi interrompido por alguém que entrou na sala comum, «ó não» pensei ao ver Lavender Brown a entrar pela porta.

                -Ron! – Exclamou.

                -Não me faltava mais nada. – Sussurrei.

Ron revirou os olhos e respirou fundo. Ocupei o lugar ao lado de Ron, para Lavender não se aproveitar dessa vantagem, e para além disso agarrei-lhe a mão.

                -Então é verdade! – Gritou ela à nossa frente.

                -Cala-te! Estão pessoas a tentar dormir! – Exclamei.

                -Só por seres perfeita não quer dizer que mandes em mim, Hermione! – Exclamou ainda mais alto.

                -Sou um perfeito? – Perguntei a Ron ignorando a rapariguinha histérica.

                -Si…

                -Sim, és! – Interrompeu-o - Tu e o Ron! Mais uma vez! Mas mesmo assim achas que mandas em mim? – Gritou.

Ia a levantar-me mas Ron impediu-me levantando-se ele.

                -Ela pode não mandar, mas eu mando. – Disse enervado.

Lavender riu-se.

                -Seu tolinho, por ti faço tudo! – Exclamou.

E continuou a rir-se ao subir pelas escadas. Harry começou-se a rir a bandeiras despregadas a partir do momento que Lavender desapareceu.

                -Ela tem sérios problemas. – Acabou por dizer.

                -Odeio-a. – Disse irritada.

Podia jurar que acabara de fazer beicinho como uma criança. Ron e Harry olharam-me, e começaram-se a rir, provavelmente da minha expressão. Acabei por me rir também, segui para o dormitório e acabei por adormecer rapidamente.


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