Assim que chegamos a minha casa, Jonathan me puxou para sentar-mos no sofá.

Jonathan sorriu, levando a mão ao bolso e retirou uma pequena caixa recorbeta de veludo vermelho. Entregou-me e disse:

- Espero que goste...

Abri a caixa e me deparei com um anel de minúsculos brilhantes, com uma safira no centro.

-Oh, como é lindo – exclamei surpresa.

- Jonathan, você quer que nos tornemos noivos?

- Sim- ele respondeu, como uma expressão solene – Este anel simboliza o meu pedido.

O beijei de leve nos lábios.

- Você ainda não deu sua resposta. - ele constatou.

- Sim, minha reposta é sim querido

P.O.V Marcos.

- NÃO – gritava – Não ouse tocar sequer num fio de cabelo de Liza. Caso contrário...

- Caso contrário?...- George repetiu, com desprezo, puxando-me a cabeça para trás.

Movi minhas mãos desesperadamente, tentando livrar-me das cordas que prendiam meus pulsos. Mas como estava muito fraco,não conseguia me soltar.

- Ora, tenha paciência, Marcos! Você não esta em condições de exigir nada...

- Por enquanto... completei,desafiando-o com o olhar.

George aproximou-se do meu rosto, com uma expressão ameaçadora e me deu um tapa.

- Marcos, preste atenção você esta em uma sinuca e nunca mais vai sair dela. Entendeu?

Não disse nada, apenas continuei a fitá-lo.

-Responda – ordenou.

Fechei os olhos por um instante, numa tentativa de reunir as ultimas fontes de energia. e falei:

- Quando isso terminar trate de se esconder num lugar onde eu não possa lhe encontrar. Pois se for humanamente possível de encontrá-lo eu o farei.Então você se arrependera de ter nascido.

George afastou- se de mim rindo.

- Já lhe disse e vou repetir. Se você cometer a tolice de nos denunciar,seja hoje,seja daqui a um ano ou cem anos...Liza pagará por isso. A propósito recebi notícias da pobre Liza, ela caiu em depressão profunda, a coitada esta sofrendo não acha?

- Cretino! – exclamei indignado.

George respondeu com um tapa e novas ameaças.

- Cretino! – Repeti indiferente aos golpes de George. - Você não tem o direito de fazer mal a Liza.

- Covarde! – Repeti, abrindo meus olhos, onde ainda pairava expressão de pavor.

Levei alguns instantes para compreender que havia tido apenas, uma vez mais aquele terrível pesadelo... Um pesadelo que era o retrato perfeito da realidade que vivi a dois anos atrás.

Peguei o copo de água que tinha costume de deixar na mesinha perto da cama, tomei águas em pequenos goles. Depois coloquei o copo de volta ao lugar.

Precisava me acalmar, mas sabia que levaria tempo. Era sempre assim quando,em sonhos,revivia os dias mais aterradores de minha vida.

Mas como apagar os fatos responsáveis por minha tristeza, e por estar longe do meu imprinting?

Como num filme assistido tantas vezes, as imagens do que acontecera na véspera do meu casamento, desfilaram por minha mente com uma nitidez cruel...

Tantas coisas mudaram na minha vida desde os últimos anos, primeiro me afastei do meu amor, segundo descubro que as lendas contadas por meu avó eram reais, depois volto para reconquistar o meu amor e ela esta namorando outro.

Recostei-me no travesseiro, passei a mão pelo meu cabelo num gesto de angústia e cansaço, tentando esquecer tudo.