Morta estás,

Dentro de rosas escurecidas

Pelo tempo endurecidas

Pálidas sobre o Luar

Estava tão linda; Nem a Morte conseguira estragar sua pura beleza.Envolta por uma mortalha negra que realçava seus alvos traços, olhos azuis fechados para sempre e mãos, doces mãos, delicadamente posicionadas para o abraço à Eternidade.  

O sorriso teu,agora macabro,

Sugere rancor

Melancolia e temor

Com cinismo amargo

Sua expressão, apesar de bela, traduzia com precisão o sofrimento que passara até chegar ao seu estado atual. Shikamaru sofria a amargura de vê-la jazer sobre aquele caixão trabalhado em madeira nobre. Era tudo perfeitamente belo; apenas o futuro contradizia essa beleza.  

A Noite encontra-a aflita

Pois ela nem sequer acredita

Na esperança maldita

De ter um sentimento vago.

Já não mais sentiria;já não mais existiria; já não mais viveria. A poesia que estava compondo enquanto a observava seria seu último resquício verdadeiramente existente.  

Encontra-se em profunto letargo

Chorando sangue podre

Em um sagrado odre

Jazendo inerte em profundo lago.

O poeta aproximou-se de Ino; cuidadosamente deu-lhe o último beijo, selando completamente a existência da amante que se findara cedo.