Mais tarde, passei na casa dos Vorgers de novo, Alex não estava no jardim, apenas Cameron tentando pegar um pacote de adubo do chão.

  -Oi. – falei sorridente

  Ela saltou, havia tomado um susto.

  -Oh, me desculpe – continuei

  -Não, tudo bem, tomo sustos maiores com o Alex.

  Eu dei uma risadinha.

  -Tudo bem? – perguntou Cam

  -Eu estou bem, e você?

  -Bem... Eu acho – falou ela olhando para os adubos e depois para mim. –Nossa. Vai levar um tempo para me acostumar. Você é filho do Ned?

  -Sou, sou! Ned deu a luz a mim. Bem, ele não deu a luz né? Você entendeu.

  Ela começou a rir, a risada abafada quando eu beijava o pescoço dela. Esse pensamento me fez parar do tempo, a olhando.

  -Ahn, Mike? – perguntou ela quebrando o pensamento

  -Ah, desculpe. – olhei para o adubo – E você? Tá trabalhando no jardim?

  -Tô dando uma renovada.

  -Uau, você faz o quê? Paisagismo?

  -Como adivinhou?

  -Sou vidente. – caçoei a fazendo rir de novo.

  -É claro. Quer ver?

  -Claro, claro! Eu tenho... Bastante tempo.

  Eu peguei um adubo e levei até o jardim dos fundos aonde ela havia cortado a grama recentemente pelo que havia reparado.

  -Uau. – arfei

  -É... Ainda tem muita coisa pra fazer. Pode colocar isso ali. – ela apontou para abaixo de uma árvore.

  Eu coloquei o adubo lá.

  -Obrigada. – falou ela sorridente, depois se virando para o jardim –Então é isso.

  -Então é isso... – repeti maravilhado

  -Se quer saber tava bem pior antes.

  Dei uma risadinha.

  -Bom, o que eu quero fazer, basicamente é... – continuou ela –Colocar um laguinho, fazer com que saia água dos 2 lados e então colocar um deck na saída da sala para o jardim e daí um pátio de laje com um gramado no meio, ficaria bonito, e daí ter luzinhas piscantes sobre tudo para que toda noite seje estrelada.

  -Ah... Vai ficar incrível Cam. – falei

  -Do que você me chamou? – falou ela curiosa

  Eu corei.

  -Ah... É... Eu só disse que... Ia ficar incrível.

  -Me chamou de Cam... Meu namorado... Ex,era o único que me chamava assim.

  -Você precisa de ajuda? – perguntei mudando de assunto -Um voluntário? Eu sou jovem... E forte.

  Lancei o meu sorriso, o sorriso que ela amava, o sorriso charmoso.

  -Oh.- arfou ela corando –Tá legal... Saquei, tudo bem. – ela deu uma risadinha –Eu tô percebendo uma certa caça a irmã do melhor amigo... As irmãs que eu queria ter... Puf, você sabe né? Sei lá, isso é importante para vocês garotos, mas isso não vai acontecer entre nós dois.

  -Mas eu não tava falando disso – bem que queria –De verdade, eu tava pensando mais na questão de... Experiência profissional para a faculdade, mas se você quer partir pra esse lado...

  -Tá bom, então eu vou pegar uma pá pra você. – falou ela sem graça

  -Tá, tá. – falei sorrindo ainda, mas agora de verdade.

  Os dias inteiros fiquei ocupado, treinando Alex nos arremessos, ajudando Cameron no jardim, ás vezes acabava mais como diversão um jogando areia no outro do que mais um trabalho, e livrava os 2 de Duncan, pelo menos tentava. Quando ele ia irritar qualquer um dos dois, soltava o freio do carro e ele descia rua abaixo, o retardado corria atrás dele em desespero. Ned ainda corria atrás da Diretora Masterson, dando flores e até ônibus escolares chiques, ela negava todos eles ou simplesmente tentava fugir de meu pai-irmão. Nos treinos de Alex, não tirava os olhos de Cameron que se ocupava com o jardim ao lado da cesta de basquete, ele com certeza havia percebido, mas o mínimo que fazia era me dar um soco no braço.

  Em seu último treino, Alex acertou 6 cestas seguidas de 3. No dia seguinte ele fez o teste para entrar no time, ele conseguiu, é claro. Chegamos em sua casa quando estava escuro, animados.

  -O que eu te disse? – falei convencido – Eu falei que a gente ia conseguir!

  Ele bateu em minha mão.

  -É! – disse Alex sorridente – Você viu a cara do Duncan?

  Ele se jogou em um sofá e eu em outro.

  Eu comecei a dar risadas.

  -Alex? – perguntou alguém da cozinha, com certeza era Cameron.

  Ela apareceu e fizemos caras tristes para fingir que não aconteceu nada de bom.

  -O que aconteceu no teste? – perguntou

  -Foi... Legal, o Mike jogou muito bem. – respondeu Alex desanimado

  -É. – falei sem vontade

  -Eu também! – continuou Alex, só que agora animado – Entrei pro time!

  -Jura?! – disse Cam com um imenso sorriso.

  Eles se abraçaram quando Alex se levantou.

  -Tô tão orgulhosa de você! – disse ela, quando eu vi eu estava abraçando-os também.

  -Eu também! – falei animado me aconchegando no ombro de Cameron –Ele foi muito bem.

  -Ahn, Mike? – falou ela abafada – Você já está exagerando.

  Eu a soltei imediatamente e me joguei novamente no sofá.

  -Bom trabalho! – continuou Cameron para Alex

  -Obrigado. – falou ele sorrindo

  -Ah! Eu quero mostrar uma coisa! – disse ela – Quero mostrar pro 2.

  Ela pegou a mão de Alex e a minha, começou a nos puxar para o jardim de trás. Abriu a porta de madeira e acendeu alguma luz.

  -Tará! – falou Cam animada

  Eu percebi que as luzes que ela havia aceso eram suas “estrelas” sobre o laguinho.

  -Você pendurou as luzes. – falei maravilhado, sabia que deveria ter falado alguma coisa de útil, mas foi só o que consegui dizer.

  Dei alguns passos e fiquei na ponta do deck.

  -Uau. – disse Alex sem piscar

  -Uau. – repeti

  -Queria que vocês dois fossem os primeiros a ver. – disse Cameron sorrindo

  -Cameron, ficou demais! – continuou Alex – Sério, ficou muito bom!

  -Jura?

  -Ai meu Deus, juro. – ele a abraçou

  Eu piscava meus olhos sem acreditar.

  -Mike. – chamou Alex – A gente precisa treinar cara, o jogo é na sexta.

  -É. – falei me virando para ele, depois voltando ao lago.

  -Cameron, ótimo trabalho.

  Ela deu umas risadinhas e vi os passos de tênis entrar sala adentro. Estávamos apenas eu e ela, que em 4 passos estava ao meu lado, eu a olhei.

  -O que você achou? – perguntou Cam

   Eu travei um pouco e respondi:

  -Ah! Ta incrível! Quando as pessoas virem isso... Quando elas virem o seu talento você vai fazer o paisagismo de todos os jardins da cidade!

  -Sério? – ela ainda sorria, seus olhos brilhavam. –Obrigada Mike! Que legal!

  Fiquei sem graça e voltei meu olhar para o lago. Ficamos em silencio durante 20 segundos.

  -Oh! – arfou ela me fazendo dar um pulinho –Eu tenho que ir, eu tenho um encontro.

  Então eu a olhei sem exitar.

  -O que? – perguntei desolado – Você tem um encontro?!

  Ela franziu a testa, mas respondeu:

  -É, tenho... Eu vou dançar, o que é ridículo por que eu sou uma péssima dançarina. Então...

  -Não, você é uma ótima dançarina. – falei a fazendo me encarar confusa

  -O quê?

  Engoli seco e mordi o lábio, sem reação. Falei o que veio na minha mente:

  -Não é que... é que... É que parece que você sabe mexer.

  Fechei os olhos e mechi no cabelo, havia falado besteira.

  -Tá legal. – falou ela ainda confusa, eu abri os olhos –Eu vou indo nessa, então divirta-se, Mike.

  Ela acenou e saiu.

  -Ah, que droga. – sussurrei