Utopia escrita por dastysama


Capítulo 39
Capítulo 39 - Mais uma memória


Notas iniciais do capítulo

NÃO ME MATEM PELA DEMORA. É, eu sei, demorei demais, sou uma péssima pessoa ): Mas vou compensar e tentar postar pelo menos dois capítulos. Esse vai ser o primeiro, não vai ter imagem no começo, porque a imagem não importa e sim o conteúdo. Achei que o capítulo ficou chocho porque escrevi em um momento sem inspiração (sou cheia desses colapsos), maaaas os outros capítulos vão estar melhores.



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– Onde está Gustav? – Tom perguntou, estirado no sofá de couro vermelho, que de tanto pularem nele, já estava com um furo enorme – Era para ter chegado há meia hora.

– Ele está com um probleminha – Georg disse, encostado em uma mesa de madeira antiga.

– Que tipo de problema?

Eles haviam marcado de se encontrarem às duas da tarde, na garagem da casa de Georg para ensaiarem. No próximo fim de semana, eles teriam uma apresentação em um pub ao norte do centro de Magdeburg. Gustav falara que iria se atrasar para o ensaio, mas até agora, não dera nenhum sinal de vida.

– A prima dele, Sabine, vai embora de Magdeburg. Os dois estão bastante tristes.

– Sorte dela – Bill exclamou – Se eu pudesse, também sairia dessa cidade.

– Mas ela vai para uma cidade com menos habitantes que aqui. Não parece ser tão legal – Georg comentou, dando de ombros.

– Tudo bem, não vou ficar parado aqui sem fazer nada. Vamos atrás do Gustav – Tom disse, pulando do sofá e saindo da garagem.

A casa de Gustav era a dois quarteirões dali, e segundo Georg, a casa da prima dele, era vizinha. Mal chegaram à rua certa, acharam Gustav sentado na sarjeta de uma casa, acompanhado de uma garota com cerca de doze anos de idade, loira igual ao primo e com os olhos azuis manchados por lágrimas. Quando ela viu que algumas pessoas se aproximavam, tratou de enxugar os olhos rapidamente.

– Está tudo bem, Gustav? – Georg perguntou, percebendo que o amigo também estava com os olhos lacrimejando.

– Não muito – ele disse tristemente – Biene vai embora.

– Mas ela pode voltar nas férias para cá, ou você pode ir até lá – Bill disse, olhando para Biene.

Ele já a vira algumas vezes na escola local, sempre acompanhada de livros e usando óculos. Biene também usava roupas estranhas, que lembravam vagamente algo hippie. Mas Bill não podia falar sobre roupas, quando ele mesmo não era nada normal. Se ele tinha alguma compaixão por ela, era por que ambos sofriam bullying. Quantas vezes Gustav já batera em garotos que a atormentavam?

– Mesmo assim é muito longe – ela disse com a voz embargada – Não quero ir embora, vivi a maior parte da minha vida aqui.

– Você vai ficar livre daquelas pessoas que te atormentam na escola – Bill respondeu, tentando encontrar alguns motivos para que ela parasse de chorar.

– Isso é o de menos. Não vou poder mais ver as pessoas que amo.

– Quando você vai embora? – Georg perguntou.

– Semana que vem. Só tenho quatro dias.

**************************

– Não acredito que você vai embora amanhã, Biene – disse Leonie, a melhor amiga de Biene, sentada ao seu lado durante o intervalo.

– Nem eu, tentei de tudo para fazer com que meus pais mudassem de ideia – Biene disse tristemente, apoiando o queixo em seus joelhos – Nunca mais vou poder vê-la, a não ser que eu consiga vir para cá nas férias.

– E você nem falou para ele.

– O que? Está louca? Não posso contar, ainda mais agora. Além do mais, ele está namorando a Ina. E ele só me conhece há pouco tempo.

– Eu pensei que já que você vai embora, poderia pelo menos contar ele.

– Se eu contar, prefiro mil vezes que ele diga que não gosta de mim, assim poderia ir embora e não voltar nunca mais. Se eu descobrir que ele gosta de mim, o que vou fazer? Não conseguirei mais ir embora, sabendo que cometi um erro.

– Tudo bem, então não diga. Talvez seja o certo mesmo a fazer. Quem sabe você não acha alguém mais interessante na cidade aonde você vai?

– É, quem sabe – Biene disse tristemente, enquanto ao longe via ele, junto de sua namorada. Ela bem sabia, que agora, não teria mais chances nenhuma.

**************************

– Eu não vou – Gustav disse, sentado no sofá da garagem do Georg – Eu não vou conseguir dizer adeus para ela, por isso não vou.

– Você vai deixá-la ir embora assim? – Georg exclamou bravo, puxando Gustav do sofá – Que espécie de primo é você? E ela pode voltar nas férias, você vai revê-la.

– Mas se estivermos fazendo shows em outra cidade?

– Esquece essa besteira, vai logo se despedir dela! – Tom disse, puxando Gustav pelo outro braço e o levando porta afora.

Os quatro correram o mais rápido que podiam até a casa de Biene, tentando chegar a tempo. Quando chegaram lá, um homem estava acabando de fechar a porta do caminhão com todas as mobílias da família, mas não havia sinal nenhum do carro dos pais de Biene.

– Bitte, onde estão os Grünewald? – Georg perguntou ao homem.

– Eles acabaram de ir embora, viraram aquela esquina – O homem parrudo respondeu, apontando para o final da rua.

– Ela já se foi – Gustav disse tristemente.

– Não, você tem que se despedir dela – Bill exclamou, puxando a bandana do Tokio Hotel que ficava preso na calça de Gustav – Vem comigo, temos que correr muito se quisermos alcançá-los.

Os quatro correram o mais rápido que podiam, não importando o quanto seus músculos doessem, nem o quanto estava difícil de respirar. Quando eles decidiram criar aquela banda, eles sabiam que o problema de um integrante, era o problema de todo o grupo. Se Gustav precisava se despedir de Biene, os outros três o ajudariam, mesmo que o assunto não tivesse a ver com o resto da banda. Por isso, com todo o conhecimento que eles tinham de atalhos, conseguiram chegar à estrada que levava para fora de Magdeburg.

Nenhum dos carros que passava por lá parecia com o de Biene, todos estavam extremamente cansados para acreditar que não conseguiram chegar a tempo. Gustav deixou-se cair no chão, vencido pela fatiga e pela tristeza. Quando Bill estava para fazer o mesmo, olhou para trás e avistou um carro cinza que já vira antes, vindo em alta velocidade. Com a bandana em sua mão, começou a fazer sinal para o carro, tentando chamar atenção.

– Levante-se, Gustav! – Bill exclamou – É a sua prima!

O carro estacionou perto deles, e uma garota com longos cabelos loiros pulou de dentro e correu para um Gustav que tentava se manter em pé.

– Eu pensei que você não viria! – ela exclamou chorando.

– Se não fosse eles, acho que eu nunca conseguiria chegar aqui a tempo – Gustav respondeu, lançando um olhar de agradecimento para seus amigos.

– Ei, Biene – Bill disse, estendendo a bandana para ela – Queremos que fique com isso, para se lembrar tanto do Gustav quanto da banda. Um dia seremos tão famosos que os quatro cantos do mundo saberão sobre nós. Assim você sempre poderá ver Gustav em todos os lugares e saber sobre ele. Podemos até fazer um show na cidade aonde você vai morar! Vamos nos ver novamente.

Ela esticou a mão trêmula e pegou a bandana onde se podia ler Tokio Hotel e havia uma foto dos quatro componentes. Uma das pessoas que ela mais sentiria falta com certeza era seu primo Gustav, mas havia mais alguém que se lembraria sempre quando olhasse para a bandana, que ficaria do lado da sua cama pelos próximos cinco anos.

– Promete? – ela perguntou a eles.

– Prometo – foi o que Bill disse.


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