Deadway City escrita por maze


Capítulo 2
01: the Deadway city




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So the house said, stay. The house said, mine. The house said, no more; I am staking my claim; this is my family and I have a right to them, and if they leave me they will leave bereft, for I am the house on the hill and this is my final testament
— Mabel Podcast

Há árvores, não importa para que canto da cidade você olhe. No prédio mais alto da universidade você consegue ver as estradas sendo engolidas pela mata que cerca a todos. De cima não há maneira de escapar da cidade, se você chegou até ali, você está preso e precisará de esforço para que a cidade lhe deixe partir, e se você nasceu ali, é um esforço ainda maior, a cidade já lhe marcava como propriedade, e a cidade se sentiria sozinha sem sua presença.

Alunos ricos iam e vinham, alunos bolsistas também vinham, e mesmo com movimentação constante e anual, a cidade parecia parada no tempo, interrompida em seu desenvolvimento, restaurantes eram abertos e então se estagnavam, pessoas se mudavam para uma casa em suas ruas silenciosas e pareciam nunca mais envelhecer, e a cidade parecia que a qualquer momento poderia ser apagada dos mapas existentes, e talvez nem mesmo seria lembrada em qualquer lembrança histórica, ela não tinha muito valor de qualquer maneira.

Uma placa pintada anunciava quando chegavam à cidade por qualquer uma das duas estradas, “Bem vindos a St Olga”, e você entraria, sem nem prestar atenção a seu redor, sem notar o carinho pela cidade de quem fez a placa.

E agora você está no topo da universidade, ela, alta e velha, é o centro da cidade de St. Olga, anteriormente nem mesmo havia a cidade, apenas a grande construção de pedra que havia no centro, construída com muros que a transformaram em fortaleza, ignorando a falta total de necessidade de tão grande proteção em um país como aquele, mas ao redor não havia nada. Nada além de árvores, montanhas mais antigas que a civilização que ali habitava e animais, cujos olhos brilhavam como ouro derretido na escuridão. Havia um tempo onde nem mesmo aquela construção ali existia.

Você está no topo da universidade, e ao redor dela você consegue ver as vilas que se assentaram ao redor, rodeando os altos muros como exércitos em cerco, uma cidade que não existia antes da construção central, solitária por anos até que o primeiro decidiu construir sua casa ali ao lado, e então a cidade se expandiu, e quando antes não tinha um nome, tomou para si o nome daquilo que havia antes, o que era de uma, foi tomada pela outra. 

E a cidade sem nome tomou o nome da universidade, e a universidade com nome, perdeu aquilo que tinha. Era parte da cidade ou era a cidade parte da universidade?

E mesmo assim, mesmo com parca expansão, a cidade ainda era uma pequena fortaleza no meio da mata, e a qualquer dia poderia ser engolida por ela novamente, você às vezes pensa, se as árvores abriram espaço para que entrassem e construíssem, ela também poderia tomar o que quisesse, e era apenas um dia de fome para que tudo aquilo desaparecesse.

O vento é agradável de onde você está, sem janelas o vento também é forte, e o ambiente era sujo, a subida era difícil e o caminho era cansativo, mas era uma pequena joia proibida, e muitos seriam barrados de chegar até ali, você mesma não tinha a permissão de estar ali, mas ali você está, um pequeno ato de rebeldia em sua vida sem graça, em sua vida regrada.

Você desce, a escada construída em espiral é íngreme e não muito segura e o ambiente é frio, mesmo no calor, a pedra clara ecoa seus passos, e ao redor outros passos parecem seguir os seus, você segura no corrimão tão inseguro quanto o chão, mas aquilo faz você sentir melhor, uma certa ansiedade aperta seu coração, o receio do som dos seus passos ser escutado por alguém se mistura com a emoção de ter feito aquilo e não ser pega, mas não teve coragem de descer mais rápido, não quando suas pernas tremem e se não tomasse cuidado seria encontrada com o pescoço quebrado depois de cair longos lances de escada.

A torre chegou ao fim, e você não quebrou o pescoço, e pelo menos também não foi pega, o que indica que é um dia de muita sorte.

Você continua pelo corredor vazio, a universidade tinha uma tendência a privilegiar as artes e aquele era um corredor de tecnologia, o que significava que não era muito bem cuidado, a tinta azul que pintava as paredes estava descascando, haviam cartazes mal colados nas paredes que foram colados em cima de outros cartazes que não haviam sido retirados totalmente e a cola deixava marcas brancas na parede.

Você passa direto, ignorando panfletos colados de grupos de astronomia, e notas avisando de problemas encontrados nas salas, avisos de livros perdidos e outras coisas que não são tão interessantes, e chega aos corredores da biologia, que para você são um pouco mais interessantes, grupos de caminhadas e grupos de estudos sobre coleta na mata, aquilo era algo que talvez, se tivesse um pouco mais de coragem de se aproximar das pessoas, você participaria. Uma pena.

A tinta ainda estava descascando, o que talvez não dissesse muito é claro, se perguntava porque nenhum daqueles alunos de pais ricos não doou nenhuma quantia para a melhora daqueles prédios, os Love-Lockley pessoalmente haviam cuidado disso nos prédios deles, porque outros pais ricos não fizeram o mesmo? 

Mas é claro que nenhum pai de filho que ama as tecnologias iria deixar eles irem para St Olga entre todas as melhores universidades que teriam à sua disposição. Não porque St. Olga era ruim, mas porque St. Olga era dos estudos clássicos, só tinha o nome errado talvez, devia ser algum nome romano ao invés da santa russa vingativa que queimou uma cidade inteira após eles terem assassinado seu marido.

Era o fundador da universidade um devoto fervoroso? Ou talvez alguma coisa parecida? Não tinha tanta curiosidade assim para pesquisar sobre ele.

Você continua seu caminho, descendo uma escadaria de concreto reformada algumas décadas antes, St Olga era uma grande deformidade de estrutura velha como a torre, usada para ter certeza dos arredores em um período de primeira construção, e estrutura nova, que precisava aguentar a expansão dos alunos que chegavam aos montes todos os anos, era bonita, mas também poderia ser confundida com as peças montadas por um engenheiro louco que tentava se sentir um deus e apenas criou um monstro.

Quando saiu daquele prédio você respirou fundo, o ar fresco do lado de fora entrou em seus pulmões, era primavera, um dos primeiros dias mornos da primavera, e a maioria dos alunos estavam ali, espalhados pelo campus, aproveitando o dia enquanto estavam fora das aulas.

Os dormitórios da universidade poderiam estar vazios naquele dia tranquilo, aqueles que moravam na cidade também se encontrariam espalhados em cantos onde pudessem aproveitar o frescor do dia.

Você gostaria de encontrar alguém, algum de seus amigos, Lovelock talvez e sua protegida mais recente, mas você tinha que ir.

O caminho até o prédio de humanas foi curto, a frente, uma grande estátua de Santa Olga se estendia como uma protetora, escondendo as escadarias de quem a visse de frente.

Professora Copperfield com certeza estava esperando por você, você devia ter aparecido faziam 5 minutos, e ela sempre conversava com você por 15 para te dizer o que ela precisava.

Passou pela entrada, cujo chão ecoava seus passos no piso xadrez, preto e marfim, talvez nesse meio você seria o peão apenas, ou talvez a rainha se estivesse em um dia particularmente bom para sua própria autoimagem.

E então você chegou no corredor, ele havia sido retocado alguns dias atrás a tinta fresca já não tinha mais cheiro, ali estava sua mesa, e ali estava a porta fechada da professora que pagava sua mensalidade.

Bateu na madeira escura três vezes, ouviu vozes, uma breve risada alta e lenta e então a porta se abriu.

— Carrie — disse Lovelock, bonita, alta e provavelmente no lugar errado — Clarissa acabou de me dizer que você está atrasada.

Talvez bonita seja uma palavra que é muito simples para que você a use para ela, mas é uma palavra próxima.

Lovelock era um gato branco e preto, talvez assim fosse uma melhor descrição, e ela olhava para você como se você fosse um pequeno pássaro, decidindo se estava com fome ou se gostava de ouvir você cantar.

— Perdi a noção do tempo — Você responde, e ela sorri. Pequeno pássaro, ela quer ouvir o som de sua voz, você não vai morrer hoje — Saí para caminhar e esqueci do horário.

— Você realmente precisa de um tempo para você, Carrie querida — Ela sorriu e saiu da sala, a porta aberta atrás — Tenha um bom dia.

E ela partiu, o que ela faria, você não tinha ideia.

— Entre Carrie — A voz de senhorita Copperfield lhe tirou de seus sonhos.

Você entra na sala escura.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, críticas e comentários sempre são bem vindos



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