Uma Mão Para Segurar escrita por Isabel the Ace


Capítulo 1
Uma Mão Para Segurar




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"Você está confuso. Só pense em si mesmo, por enquanto. E nada mais."

Essas foram as únicas palavras trocadas entre eles durante a viagem de volta para... "casa"? Essa talvez fosse a palavra errada, mas apesar de seu coração protestar, o gosto era bom. Tinha gosto de comida coreana.

A coxa de Ga-on ainda doía onde ele se batera. A dor desaparecera no tambor de suas veias, no sangue em seus ouvidos, mas ainda estava lá, enraizada. A única coisa que o lembrava que ele ainda tinha um corpo, naquele carro, indo para casa. Com Yo-han dirigindo ao seu lado.

Yo-han dissera algo sobre o Diabo. Os pensamentos errantes de Ga-on trouxeram apenas ódio. Ele sabia o que estava fazendo. Tudo o que Ga-on acreditava, tudo em que ele se agarrara depois de perder seus pais, era a justiça e o conhecimento de que o assassino de seus pais estava atrás das grades. E por capricho do Juiz, aquele tesouro, aquela segurança, tudo desmoronara sob seus pés. Ele nunca se sentira tão sozinho.

E o tempo todo, Yo-han mantivera a mesma expressão despreocupada enquanto dirigia pelo túnel.

"Ele usaria o sofrimento dos outros para alcançar seu propósito." Ga-on pensou. "Isso seria o Diabo se ele existisse neste mundo."

Ele olhou para o homem ao volante. Olhou para suas mãos.

Em seu estado frágil, perdido numa buraco cada vez mais fundo, ele se amaldiçoou pelo pensamento: queria que elas o segurassem mais uma vez.

As mãos de Yo-han cuidaram dele até que se recuperasse após a bomba, apenas para, minutos depois, atingi-lo em seus ferimentos sensíveis. Suas mãos o ajudaram a vestir o casaco, apenas para mais tarde agarrar seu terno e jogá-lo de lado. Ele ainda sentia seu toque no braço e nas costas, na cela, no corredor, no pátio. Ele perseguia aquele calor, o fantasma dele.

Qualquer conforto que aquelas mãos pudessem trazer, logo tirariam. Como esfregar sal na ferida.

"Por que estou pensando nisso?" Ga-on pensou, com um suspiro.

As lágrimas ainda manchavam seu rosto. Sua mente ainda se voltava para seus pais. Na cara do assassino, no velho na cela.

Mas ele se sentia tão sozinho e tudo o que queria era uma mão para segurar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!



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