A Inquisição de Laurence escrita por Isabel the Ace


Capítulo 1
A Inquisição de Laurence




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Gehrman sentou-se e engoliu em seco, absorvendo o peso das palavras do Vigário. Laurence ainda olhava para ele do outro lado da mesa de estudo, imóvel, o rosto sério e delicado, pálido como se fosse feito de mármore. Apenas seus olhos sugeriam que o homem à sua frente não era uma estátua. Havia fogo naquela expressão taciturna, uma ambição que o Caçador não via há muito tempo.

Elevando-se atrás dele, Maria ficou em silêncio. Da janela, seus olhos refletiam a lua.

"É realmente necessário, velho amigo?" Gehrman perguntou, tímido. Uma parte dele ainda esperava escapar do derramamento de sangue ao qual fora confiado. "Que ameaça uma aldeia de pescadores nos arredores de nossas terras poderia nos oferecer? Não deveríamos nos concentrar em Yharnam? Nas bestas?"

"Tenho razões para acreditar que a maldição das bestas veio daquela mesma aldeia." Laurence respondeu. Não havia sentimento em sua voz. A cadência monótona não traiu nenhum sinal de arrependimento. Nenhuma menção foi feita à forma como suas ordens poderiam pesar em sua alma.

"Vamos precisar de mais informação que isso se for para cumprir um pedido desses." Maria retrucou. Ela olhou para Laurence, um ódio profundo nublando seus olhos. Gehrman virou para trás, admirado. Não era um pedido se tivesse vindo da boca do próprio Vigário da Cura. Era uma ordem, que deveria ser obedecida sem questionamentos. Apesar de seu estatuto nobre, desafiar a Autoridade ainda era um risco impensável e tolo. Pessoas eram presas por menos. E ela não parecia se importar.

"Brador me trouxe informações terríveis." Laurence respondeu, ainda completamente indiferente. "Ele e seus batedores falam de feras. Homens com corpos de peixe, muitas pernas, cabeças de tubarão e vários olhos crescendo no interior de seus crânios. Eles se arrastam pela costa, despreocupados com o fedor da podridão e decomposição em que suas casas e entes queridos foram enterrados. Eles são amaldiçoados, Gehrman, assim como nós. Mas pior ainda. Ele me trouxe provas.

Laurence levantou-se da mesa, com o cabelo preto e sedoso oscilando sobre os ombros, e atravessou o escritório silencioso e iluminado por velas. Gehrman permaneceu sentado, seguindo seus passos graciosos com os olhos, enquanto o Vigário enfiava a mão em uma prateleira e tirava... deuses, o que o que era aquilo?!

"Esta é uma besta que Brador matou no vilarejo. Veja como o crânio humano está deformado, ao ser fundido em conchas marinhas. Ele tomou a forma de um peixe. Você pode imaginar a dor que esta pobre criatura deve ter sentido?"

Ele devolveu o crânio ao lugar e voltou para sua cadeira. De repente, o barulho de suas vestes prateadas era o único som na sala.

"Por que?" Foi tudo o que o velho caçador pôde dizer.

"Porque eles mataram um dos Grandes, Gehrman!" Laurence exclamou, inesperadamente furioso, batendo a mão na mesa. "Eles encontraram uma deusa, do mesmo tipo que procuramos e adoramos tão desesperadamente. E assim eles trouxeram sobre si uma maldição. Uma mais violenta do que qualquer coisa que vimos aqui. Não há uma alma naquela pobre aldeia que não é uma fera. Um pequeno preço a pagar pela magnitude de seu sacrilégio, na verdade. É nosso dever acabar com a dor deles.” Ele terminou, olhando profundamente nos olhos de Gehrman. Havia um fogo neles que abalou profundamente o caçador. "Corte a doença pela raiz, para que não se espalhe para a nossa Yharnam."

Olhos crescendo no interior do crânio. Gehrman trabalhara como o guarda-costas de Byrgenwerth durante anos. Ele conhecia bem as implicações da descrição de Laurence. Era incomum ouvir o termo ser usado literalmente, e como sinônimo de uma maldição. Talvez os antigos estudiosos tivessem finalmente mudado sua filosofia.

Maria permaneceu quieta, mas sua expressão mudou. Ela parecia mais calma, porém amarga.

"Nós o faremos." Gerhamn respondeu. "Maria. Nós precisamos."

Ela apenas assentiu. Seu professor tinha a razão.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!



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