Com amor, Juliet escrita por Mslewiis


Capítulo 2
Verdade ou Desafio — PART. 1




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Não existiam pessoas mais animadas que Juliet e Hana com a ideia de organizar uma festa de aniversário surpresa para Maru. Elas se juntaram em segredo e planejaram tudo nos mínimos detalhes: música, decoração, comidas e convidados. 

Maru e Juliet Louvain eram filhas dos famosos cirurgiões gêmeos do Hospital Louvain. Anthony, pai de Juliet e Henry, pai de Maru, eram herdeiros do lugar e do título da família. Levavam seus trabalhos a sério e prezavam muito por suas famílias. Anthony era casado com uma brasileira chamada Isabel, enquanto Henry era esposo de Stacie, uma talentosa stylist, que infelizmente passava por um severo processo de quimioterapia naquele momento.

Por outro lado, Hana era uma antiga e muito querida amiga das meninas Louvain. Eram vistas sempre juntas, desde muito jovens costumavam compartilhar todos os momentos juntas, e quem as observava de fora, poderiam até mesmo pensar que eram todas irmãs de tamanha cumplicidade.

Juliet estava cada dia mais preocupada, por saber que sua tia Stacie estava há tanto tempo afastada da cidade sem nenhuma notícia de melhora. Tanto Hana quanto Juliet vinham percebendo o semblante cansado e melancólico de Maru quando faziam chamada de vídeo para matar as saudades, mesmo que às vezes a prima tentasse não demonstrar. 

Por causa disso, as duas decidiram que precisavam fazer essa festa a todo custo. Juliet se encarregou de falar com o tio, sabia que ele sempre estava bastante ocupado no seu trabalho, mas precisava que o tio ficasse com a mulher para que Maru pudesse voltar para a cidade no final de semana sem preocupações. Mas para sua felicidade, Henry topou de imediato, afinal, também se preocupava com a filha e queria passar um tempo com a esposa. 

Por sua vez, Hana havia ficado com a escolha do cardápio, assumindo que ela mesma queria fazer o bolo da aniversariante. A empolgação dela era palpável quando se juntaram no quarto de Juliet para discutir o que fariam, tinham cadernos, folhas e canetas espalhados pelo chão, e Hana imediatamente levantou a mão como se estivesse na sala de aula, dizendo que faria o melhor bolo do mundo para aquele aniversário. E no mesmo instante, começou a rabiscar suas ideias no papel.

Com os bastidores encaminhados, haviam decidido que no dia seguinte começariam a chamar os convidados.

— Nath! — Chamou Juliet ao ver o representante caminhando em direção a porta do grêmio. A garota se espremeu entre Nathaniel e a porta, impedindo-o de entrar. — Oi! Olha, eu e Hana estamos organizando uma festa surpresa pra Maru, agora nesse final de semana. 

Nathaniel era um garoto esbelto, com cabelos loiros e levemente espetados. Sempre estava vestido de forma impecável com sua camisa social branca, gravata azul e calça cáqui. Era um aluno exemplar, e aparentemente tinha a confiança da diretora da escola Sweet Amoris, não era à toa que era o atual representante da turma.

— Certo…? — Ele arqueou uma sobrancelha ao ouvir a afirmação de Juliet, encorajando-a a continuar. 

— Queremos muito que você também participe dessa festa — Juliet deu ênfase na palavra, querendo a todo custo convencê-lo.  

— Mas eu nem sou tão próximo assim da Maru e…

— Por favorzinho! — Juliet agora estava com as mãos juntas, palma com palma, e tentava fazer a sua melhor versão de olhos de Gato de Botas, pedindo silenciosamente que funcionasse. — Você não quer ver a Maru triste quando eu disser que você recusou o convite, né?

Juliet sabia que era errado chantagear as pessoas, mas também sabia que a presença de Nathaniel alegraria a sua prima. O loiro havia salvado a noite dos quinze anos de Maru, dançando com ela quando Castiel a deixou na mão. Desde então, Juliet e Hana achavam que havia pintado um clima entre eles.

— Você não faria isso — O representante colocou a mão na cintura e inclinou a cabeça para o lado, desafiando-a. 

— Será que não? — Juliet mordeu o lábio inferior com a ansiedade e expectativa da resposta dele.

Nathaniel suspirou. 

— Tá, tá… Eu vou — Disse, finalmente derrotado. — Mas não posso voltar tarde pra casa. 

— Não se preocupe, não vamos virar a noite! — Prometeu ela com um sorriso radiante no rosto.

Saindo, finalmente, do caminho de Nathaniel, Juliet pegou um papelzinho que tinha no seu bolso e riscou o nome do representante. Uma tarefa concluída. 

Durante o intervalo, foi sentar na mesa com seus amigos.

— E aí, gente? — Disse ela empurrando a sua bandeja na mesa do refeitório.

— Oi Ju! — Saudou Hana, após dar um gole no seu suco de pêssego. — Já conseguiu convidar todo mundo da Lista?

— Mais ou menos. Na verdade só convidei o Nath até agora — Ela deu de ombros. 

— Ei, e eu não conto? — Dessa vez quem falou foi Kentin, soando ofendido. O garoto havia voltado da escola militar há pouco tempo e passara a andar com elas novamente. Ele havia mudado bastante em aparência, em personalidade parecia um pouco mais confiante que antes, apesar de ainda ser o mesmo bobão de sempre.

— Mas você sabia desde o início, dã — Juliet revirou os olhos, fazendo Hana sorrir e Kentin ficar emburrado.

— Quem é o próximo da lista? — Perguntou Hana puxando a cadeira para perto de Juliet. Seus olhos vagaram no papel que a amiga tirou do bolso, parando os olhos no nome logo abaixo de Nathaniel. — Você vai chamar Castiel? — Hana encarou Juliet, seus olhos amendoados quase se fechando em uma expressão de dúvida.

— Tem certeza? — Questionou Kentin, também se aproximando mais das meninas.

Juliet sabia o motivo pelo qual Hana estava perguntando isso. Castiel e Maru haviam se desentendido feio no ano passado, por causa da festa de quinze anos. Como se não bastasse, Maru beijara Castiel e ele havia retribuído, mas no dia seguinte apareceu namorando a sua priranha Debrah. A prima insuportável de Maru, que nunca sabia o momento de parar. E apesar de naquele momento Maru não sentir romanticamente mais nada pelo amigo, ainda rolava uma faísca de ressentimento entre eles.

— Você acha que não é uma boa ideia? — Perguntou Juliet, juntando as sobrancelhas. 

— Hmn, acho que mesmo com tudo que aconteceu, a Maru ficaria feliz de ver ele lá — Concluiu Hana.

E você também. Juliet virou o rosto pra amiga e formulou a frase com os lábios, mas sem pronunciá-las em voz alta, para Kentin não ouvir. E logo após entender, as bochechas de Hana foram tomadas por um forte rubor. Juliet bateu o ombro no da amiga, em uma forma de dizer que estava brincando.

— Oi, alô — Kentin sacudiu as mãos em sua frente, como se estivesse limpando um vidro imaginário. — Eu também tô aqui, não me deixem fora da conversa.

— Desculpa, Tintin — Juliet levantou e sentou na cadeira no meio dos dois, abrindo o papel na mesa novamente. — O plano é o seguinte: o Lysandre é a nossa chave. Vamos pedir a ele pra tentar convencer o Castiel a participar da festa caso ele se recuse a ir.

— O Castiel tem mesmo que ir? — Kentin fez uma careta, nunca fora muito próximo do ruivo e até costumava ter medo dele no primeiro ano.

— Sim — Juliet e Hana respondem em uníssono. 

Kentin ergueu as mãos, como se estivesse se rendendo. 

— Então vamos fazer logo isso…

No final das contas, quando o trio foi falar com Lysandre a respeito da festa, Rosalya estava por perto e seu sexto sentido foi ativado quando ouvira a palavra “festa”. Ela não era uma das pessoas que estava na lista, mas não podiam simplesmente dizer que ela não poderia ir após a garota ter ouvido sobre. Então pediram que ela guardasse segredo a respeito daquilo, pois seria uma festa intimista e surpresa. Sabiam que estavam em uma roleta russa se tratando de Rosalya, pois ela não era jornalista, mas adorava uma fofoca. 

Dali em diante, os dias se passaram e juntas, Juliet e Hana conseguiram organizar todos os detalhes. Kentin as ajudava vez ou outra quando precisavam. E finalmente, o grande dia havia chegado. 

Juliet mal podia se conter de tanta ansiedade para que chegasse o horário dos convidados chegarem. Havia combinado com todos uma hora antes da chegada de Maru, pois queria que todos a recepcionasse assim que ela passasse pela porta. 

Como Henry ficaria com a esposa, resolveram fazer a festa na própria casa de Maru, pois não haveria ninguém além deles lá naquela noite. Como o tio passaria o dia com a família no campo, deixara a chave da casa com Anthony, seu irmão, para que Juliet e Hana pudessem ir organizar as decorações. 

— Ufa, mal posso acreditar que conseguimos terminar tudo — Hana se jogou no sofá e colocou o braço sobre a testa. 

Estava vestida com uma saia marrom que tinham lindos girassóis bordados nas laterais, sua camisa era branca com mangas verde musgo, combinando com seus longos cabelos negros, que contrastavam perfeitamente com sua pele clara e traços asiáticos.

— Eu tô tão ansiosa! — Juliet pulou no sofá ao lado da amiga — Tô louca pra ver a cara de Maru quando encontrar todo mundo aqui!

Juliet vestia uma saia reta branca e de cintura alta, acompanhada de um cropped de mangas compridas de lã azul pastel, além de um tênis branco com detalhes em marrom. Seu cabelo cheio e ondulado estava solto, antes eram originalmente loiros como os de sua mãe, mas agora havia platinado os fios, dando ainda mais destaque aos seus olhos azuis como os do seu pai.

— Ela vai ficar tão feliz! — Hana bateu palminhas, sendo contagiada pela euforia de Juliet. — Precisamos lembrar de gravar a reação dela quando abrir a porta, vai ser uma boa lembrança pra rever no futuro.

— Nossa, perfeito! Vamos deixar o celular… Ali! — Apontou para o aparador próximo a porta de entrada da casa.

Ambas riram em cumplicidade. 

De repente, ouviram a campainha tocar e correram ansiosamente para receber o primeiro convidado: Kentin. As meninas se apressaram em enviar mensagens para Nathaniel e Lysandre, pois Anthony havia ligado, avisando que estava a caminho de casa com Maru. O pai de Juliet foi buscar a sobrinha, para que o irmão passasse mais tempo com a esposa. 

Não precisou de muita espera para que Nathaniel chegasse exatamente no horário combinado, e Juliet não pôde deixar de perceber o quanto ele estava arrumado e cheiroso. Seu cabelo estava levemente úmido e penteado para o lado, ele trazia uma bebida de limão, que entregou às meninas mesmo sem elas terem pedido. 

Em seguida, Lysandre e Rosalya. 

Juliet não pôde deixar de contrair a boca ao ver a imagem de Lysandre ao lado de Rosalya quando Hana abrira a porta. Sabia que o garoto passara um período do primeiro ano gostando de Rosa, e vê-los ali juntos a fazia se sentir um pouco insegura. Já que recentemente percebera que tinha sentimentos por ele.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo vibrar do seu celular no bolso, e quando finalmente olhou para a tela, seu coração disparou. 

 

"Estamos a dois quarteirões."

 

Era o seu pai, informando que Maru estava quase chegando.

— Meu Deus, ela tá chegando! — Juliet anunciou nervosa. 

— Cadê Castiel? — Hana perguntou virando-se para Lysandre em busca de resposta. 

— Ele disse que estava vindo, pensei que já havia chegado — Lysandre disse, com uma calma inabalável que quase tirou Juliet do sério naquele momento. A ansiedade começou a tomar conta dela, com medo de que Castiel chegasse na mesma hora que Maru e estragasse a surpresa. 

Estava quase mandando mensagem pra ele quando alguém bateu na porta. 

— Que não seja Maru, que não seja Maru — Juliet foi repetindo como um mantra até abrir a porta e se deparar com Castiel parado diante dela. 

— Oi, eu… — Juliet não deixou ele terminar de falar, puxou o ruivo pelo braço e bateu a porta atrás de si. 

— Gente, é o seguinte: todo mundo em silêncio até acendermos as luzes, tá? — Instruiu Hana a todos.

Castiel passou resmungando pro fundo da sala. 

Juliet respirou fundo e chamou Hana para ficar ao seu lado na porta, afinal, as duas iriam recepcionar Maru. 

Ficaram por alguns instantes com todos em silêncio. Tanto Hana quanto Juliet ficavam cada vez mais ansiosas, segurando a mão uma da outra em apoio. A morena apertou a mão da amiga quando ouviu o barulho de carro parando em frente a casa. 

Era ela, Maru finalmente havia chegado.

Ouviu a voz de Anthony conversando com Maru, enquanto provavelmente a ajudava a tirar a bolsa do carro. Naquele momento, Juliet desligou as luzes e esperou até que três toques na porta ressoasse pela sala silenciosa. 

— Oi? — Chamou a voz de Maru do outro lado da porta. — Parece que tá tudo escuro, tio. Tem certeza que as meninas já chegaram aqui?

— Elas me disseram que sim, deixa eu ver — Então Anthony bateu novamente, mas no meio da segunda batida Juliet abriu a porta. 

— Maru! — Disseram Juliet e Hana juntas. Ambas jogaram-se nos braços da amiga, dando-lhe um abraço carregado de saudade. 

— Hana! Ju! Que saudade que eu tava de vocês duas — Maru parecia estar num misto de emoções. Mas logo tentou espiar para dentro da casa, parecia desconfiada — Por que tá tudo escuro? Meu pai não pagou a conta de luz? 

Juliet e Hana riram. 

— Descemos correndo pra te receber — Começou Hana. 

— Nem nos atentamos em acender as luzes — Juliet completou. 

A ruiva arqueou uma sobrancelha, era muito esperta e parecia saber que havia alguma coisa errada. 

— Vamos entrar! Temos tantas coisas pra te contar — A prima colocou as mãos nas costas de Maru e foi empurrando-a levemente para dentro da casa. Quando já estavam totalmente dentro, Hana fez as honras de acender as luzes. 

— Surpresa! — Gritaram todos em uníssono, levantando as mãos como se estivessem descendo uma montanha-russa. 

Os olhos de Maru se arregalaram e ela parou por um momento. Seus olhos foram de cada rosto que estava presente naquela sala, até todas as decorações espalhadas pela casa. 

Haviam cordões de luzes pendurados por todo o cômodo, copos de plástico coloridos em cima da bancada, organizados perfeitamente em fileiras. Na mesa de centro da sala podia-se ver um Nintendo Switch, que pertencia a Kentin. Mas o que realmente pareceu chamar a sua atenção, foi a mesa do bolo. 

Uma mesa coberta com uma toalha colorida exibia um lindo bolo com glacê branco e várias estrelinhas de açúcar nas cores verde, rosa e azul. O glacê também decorava as bordas com pequenos gominhos cheios de glitter comestível. Além do bolo, também haviam docinhos espalhados pela mesa, sempre nas mesmas cores das estrelinhas. E somente depois de olhar para o painel, que ela provavelmente entendeu o motivo da escolha daquelas cores. 

O painel, feito de papel, era visivelmente desenhado à mão. O desenho representava três garotas vestidas com as roupas das meninas superpoderosas, e a que vestia a roupa de Florzinha era Maru. Ela estava no meio, enquanto Juliet, com as roupas de Lindinha, e Hana, com a de Docinho, segurava uma coroa na cabeça da ruiva. Ao redor da ilustração, haviam vários balões de festa também desenhados à mão, provavelmente porque balões de verdade poderiam estourar e causar incômodo a Hana, que era sensível a esse tipo sons.

Logo abaixo de tudo isso, estava colada a seguinte frase: 

 

Uma super festa para uma super amiga! 

Parabéns, Maru!

 

Então Juliet olhou para a prima, e finalmente percebeu que o rosto dela estava completamente molhado por lágrimas. E quase que ensaiado, Juliet e Hana abraçaram a amiga mais uma vez, que finalmente entregou-se e começou a chorar. 

— Vocês fizeram… Tudo isso por mim — Dizia Maru entre soluços. — Eu não sei como posso agradecer. Vocês são as melhores amigas que alguém poderia ter. 

Hana e Juliet não conseguiram se conter, e também se permitiram chorar. 

Juliet chorou porque sabia que aquele era um momento importante pra elas. Que queria trazer alegria para a prima que passava um por uma fase tão difícil, tão pesada, e ainda assim continuava de pé. Queria trazer ao menos um pouco de felicidade naquela noite, e queria que Maru se divertisse de verdade, queria que ela não precisasse ser forte naquele momento, que ela pudesse ser cuidada no lugar de precisar cuidar.

— Isso não é nem uma gota do que você merece, Mah — Juliet disse fungando. 

— Estamos aqui por você, e sempre estaremos — Complementou Hana. 

Nesse momento, Rosalya e Kentin puxaram um coro de gritinhos de comemoração e aplausos, fazendo elas finalmente se soltarem.

Enquanto enxugava as lágrimas, Juliet se virou para falar com Anthony, percebendo que ele também limpava as lágrimas dos próprios olhos. 

— Pai? — Chamou ela, vendo-o virar o rosto. — Você tá bem?

— Oi, eu to bem — Disse ele, tentando se recompor.

— Tá chorando? 

— Não, claro que não. Caiu alguma coisa nos meus olhos, deve ser a poeira dessa casa que o Henry não se dá ao trabalho de limpar — Então ele pigarreou, finalmente voltando para encará-la. — Aqui, a bolsa da Maru, ela não trouxe muita coisa. 

— Tá bom, você quer alguma coisa da festa? Um suco, um doce? — Quis saber Juliet, segurando a mochila de Maru. 

— Não, sua mãe tá me esperando em casa pra jantar. 

— Okay — Ela disse, e pensou em fechar a porta e voltar pra festa, mas de repente pulou nos braços do pai em um abraço apertado — Obrigada. 

— Não há de quê, meu amor — Respondeu Anthony, correspondendo ao abraço.  — Se cuidem, viu? No que precisar, liguem pra mim. E nada de garotos dormindo aqui essa noite — O homem falou a última frase em um tom mais alto de propósito, para que todos que estivessem lá dentro pudessem ouvir.

Juliet revirou os olhos rindo e se despediu. 

E então, a festa finalmente começou. 

Todos cumprimentaram Maru, até mesmo o Castiel lhe saudou quando chegou a sua vez, e como Hana havia falado, a ruiva realmente parecia feliz por ter visto o amigo entre a turma. No começo, Castiel parecia recluso e até um pouco emburrado, mas ao passar do tempo ele já estava com um copo de refrigerante nas mãos enquanto conversava com Lysandre e Rosalya num canto da sala.

Uma das principais atrações da festa acabou se tornando o Just Dance. Juliet estava dançando com Maru naquele momento. Enquanto Kentin torcia por Juliet, Hana torcia por Maru. Ao dançar, Juliet percebia ocasionalmente Nathaniel olhando para a sua prima, parecia um tanto quanto admirado. Mas não soube dizer exatamente pelo quê, se pela habilidade dela com o jogo ou por sua beleza. Mas ela tinha um palpite bem óbvio sobre isso. 

Quando finalmente perdeu uma rodada, Juliet foi se sentar no sofá. 

— Não quer jogar, Nath? — Perguntou Juliet. 

— Não sei se é uma boa ideia, vocês não querem me ver dançando, acredite. 

— Mas a gente já te viu dançando — Pontuou Hana. E era verdade, quando Castiel não apareceu na festa de quinze anos de Maru, Nathaniel fora a pessoa que assumira o papel de príncipe dela naquela noite, e consequentemente, dançou a valsa principal.

— Não é exatamente a mesma coisa, era diferente — O representante tentou defender-se. 

— E então, quem é o próximo? — Maru virou-se pra encarar quem estava sentado nos sofás, repousava uma mão na cintura, segurando o pequeno controle do Nintendo Switch. Estava suada e com alguns fios soltos do cabelo. — Nath? Você quer jogar uma partidinha pra esquentar?

Juliet e Hana se entreolharam, segurando o riso. 

Nathaniel olhou para as meninas, em busca de socorro. Porém, Hana baixou os olhos e Juliet de repente parecia muito interessada em olhar suas unhas. Parecendo se sentir mais uma vez derrotado, ele se levantou. 

— Eu nunca joguei isso, como funciona? 

Então Maru se aproximou dele e lhe entregou o controle, explicando cada detalhe importante do jogo. Era simples, o jogador apenas precisava segurar o controle firmemente com uma das mãos e fazer os mesmos passos que apareciam na tela da televisão. Cada passo feito com a maior perfeição de tempo, lhe rendia mais pontos no final. 

Após uma breve explicação, Nathaniel e Maru deram start e começaram a jogar. De fato, o loiro era um pouco desajeitado nos passos, errava bastante. Mas à medida que Maru lhe instruía e se divertia, ele também parecia estar começando a se divertir.

— O que você acha? — De repente Kentin chamou a atenção de Juliet, sentado ao seu lado. — Acha que eles se gostam?

— Quem? — Perguntou Juliet, tentando se fazer de desentendida. Mas Kentin a fuzilou com os olhos, a conhecia bem o suficiente pra saber que ela entendeu do que ele estava falando. — Ah, a Maru e o Nath? Nada a ver. 

— Pois eu acho que pode tá rolando um clima — Disse ele convencido. — E sei também que você sabe de alguma coisa e não quer me contar. 

— Eu não sei de…

— Juliet. — Repreendeu ele. 

— São só suposições, tá bom? Não quero dizer nada até confirmar umas coisas. 

 — E enquanto a sua situação? — Ele aproximou o rosto do dela pra sussurrar a pergunta.

Juliet sentiu o rubor chegando quente nas suas bochechas, não pela proximidade do amigo, mas porque sabia de quem ele estava falando. 

— Também não quero falar sobre isso! — Retrucou ela cruzando os braços, fazendo birra. 

— Vamos, Jubs… Não seja assim, me conta alguma coisa — Kentin começou a cutucá-la na lateral da barriga. E logo, estava lhe fazendo cócegas.

Os dois estavam rindo muito quando sentiram um peso a mais no sofá. Lysandre havia sentado ao lado de Juliet. Ambos pararam de repente e olharam pro garoto que acabara de chegar. 

— Ah, desculpe. Estou atrapalhando algo? — Perguntou, alternando o olhar entre Kentin e Juliet. 

— Não, não — Ela se apressou em dizer. — Pode ficar à vontade. 

Kentin soltou um riso pelo nariz e Juliet o bateu com o cotovelo.

— Então, Lys, tá curtindo a festa? Comeu algo? — Juliet tentou puxar assunto, embora Lysandre parecesse estar mais quieto que o de costume. 

— Tomei alguns copos de suco e comi um salgado de legumes, que tava muito bom por sinal, então me sinto satisfeito. E você? — Ele se virou no sofá, ficando mais de frente para ela. 

— Parando pra pensar, eu ainda não comi nada — Refletiu. — Acho que eu tava tão ansiosa com a surpresa que a fome simplesmente evaporou.

— Quer que eu te busque alguma coisa? Vou pegar alguns salgados e um copo de suco — Lysandre estava levantando, mas Juliet imediatamente segurou o braço dele, impedindo-o de ir embora. 

— Não! Digo, não precisa, daqui a pouco eu vou lá, não estou com tanta fome assim, consigo esperar — Não queria desperdiçar aquele momento de conversa com ele, queria que ele passasse mais tempo ao seu lado. 

— Tem certeza?

— Absoluta — Juliet sorriu timidamente, até perceber que ainda estava segurando o braço dele. — Ah, desculpa! 

Lysandre sentou-se novamente. 

Conversaram por um longo tempo, compartilhando gostos e vontades bobas que queriam fazer ainda naquele ano. Juliet estava feliz por conseguir passar aquele tempo com ele, pois na escola quase não tinham tanto tempo a sós para conversar, e gostava de como a conversa fluía naturalmente quando estavam juntos. Ela sempre queria saber cada vez mais dele, e ele sempre parecia querer saber mais dela também. 

Lysandre a ouvia com atenção e demonstrava interesse pelos seus gostos. Vez ou outra, ele a elogiava por sua coragem em enfrentar um novo mundo, ainda que não tivesse sido por sua escolha. E algo que sempre aquecia o coração de Juliet, é o quanto ele parecia interessado na língua e na cultura de seu país natal. Ela até mesmo o ensinara algumas palavras em português, como uma saudação, que às vezes ele usava ao encontrá-la pelos corredores da escola.

— Uma vez, lá no Brasil, eu estava brincando com meus amigos na rua durante o Carnaval, e a gente decidiu fazer um bloco de fantasia improvisado — Contava Juliet com os olhos brilhando ao lembrar — Todo mundo se vestiu com o que tinha em casa, no final acabamos simplesmente roubando as panelas das nossas mães para se vestir como O Menino Maluquinho.

— O que é o meni.. Meni... — Lysandre tentou pronunciar a palavra, e só então Juliet se deu conta de que havia falado o título em português. 

— Ah, seria algo como "Le Garçon Foufou", era um desenho animado que passava na TV brasileira, vou te mostrar qualquer dia desses.

— Mas como as panelas lhe serviriam? 

— O garoto desse desenho animado usava uma panela na cabeça, é um visual icônico! — Juliet falava com total empolgação, lembrar das suas aventuras com seus amigos de infância lhe causava uma imensa nostalgia.

— Panela na cabeça? — Lysandre perguntou, parecia surpreso e encantado ao mesmo tempo, um sorriso começando a se formar no rosto.

— Sim! — Juliet riu, lembrando-se da cena. — A gente achou que ficaria incrível, sabe? As panelas faziam um barulho enorme quando batiam umas nas outras, parecia uma verdadeira orquestra de Carnaval. A gente saiu pelas ruas, dançando e cantando, fazendo a maior bagunça. As pessoas nas calçadas riam e nos incentivavam, jogando confetes e serpentina.

— Isso soa tão divertido e diferente de qualquer coisa que eu já experimentei — Lysandre comentou, com um brilho de admiração nos olhos. Ele estava inclinado em direção a Juliet, como se nada mais importasse além do que ela estava falando naquele momento. Ela até mesmo poderia sentir uma espécie de... Carinho nos olhos dele, enquanto a ouvia falar. — E me parece muito autêntico, algo que só poderia acontecer no Brasil. Deve ter sido uma experiência inesquecível.

— Com certeza foi — Juliet assentiu, sorrindo de volta, seu coração estava acelerado por estar tão próxima a ele. Então ela baixou os olhos por alguns segundos, remexendo na barra da sua saia — No Brasil, a gente sempre encontra uma maneira de celebrar e se divertir, mesmo nas situações mais inusitadas e difíceis. A cultura é tão rica e vibrante, e eu sinto muita saudade disso... Não que aqui não seja bom, é claro.

— Eu adoraria vivenciar isso algum dia — disse Lysandre, com um tom de voz sonhador — O Carnaval, as festas, a alegria. Parece um lugar cheio de vida, assim como você parece irradiar luz quando fala de lá.

— Quem sabe um dia a gente não faz uma viagem pra lá juntos? — Juliet sugeriu, mas no mesmo instante se deu conta da intimidade daquele frase, e seu coração doeu de tão forte que bateu. Ela se endireitou no sofá e pigarreou — Quero dizer, você sabe, não precisa ser só nós dois e — Ela bufou, rindo de nervoso. — O que eu quis dizer é- 

— Eu adoraria — Lysandre respondeu, o sorriso ampliando-se no rosto. — E até lá, vou continuar aprendendo mais sobre o Brasil com você.

Ambos compartilharam um sorriso sincero e cheio de compreensão. E então continuaram a conversa, trocando ideias e experiências.

Enquanto a festa continuava a todo vapor. Maru estava em meio a uma partida de Mario Party com Hana e Castiel formando uma dupla e ela e Nathaniel outra. Castiel parecia curiosamente empenhado em vencer, enquanto Maru demonstrava o mesmo espírito de competitividade. No final das contas, Maru e Nathaniel ganharam, deixando Castiel indignado e resmungando que nunca mais jogaria aquela droga de jogo.

— Ai, gente! Acho que jogamos todos os jogos multiplayer possíveis — Pontuou Maru, deitando-se no tapete. — O que vamos fazer agora?

— Querem ver um filme? — Perguntou Nathaniel. 

— Eu tenho um muito bom pra indicar! — Exclamou Rosalya. 

— Eu tenho uma ideia melhor — Juliet levantou a mão, finalmente era o seu momento. — E se a gente brincasse de Verdade ou Desafio?

— Okay, isso vai ser interessante — Disse Rosalya, batendo palminhas, empolgada. 

Em seguida, todos foram dizendo “eu topo” um atrás do outro. 

— Já to aqui mesmo, né? — Castiel sentou-se no tapete, juntando-se ao círculo que estava se formando, de repente parecendo muito interessado.


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Notas finais do capítulo

Por favor, não esqueçam de dizer o que acharam do capítulo! ♥



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