The Evil Within escrita por llRize San


Capítulo 5
O Amor Materno


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Esse capítulo contém temas sensíveis, como violência doméstica.



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… Alguns anos antes …

 

Hye Sung tinha o sonho de se tornar enfermeira, mas seu marido, Joon Gook, a proibia de trabalhar e estudar. Segundo ele, ela já tinha tudo o que precisava e vivia uma vida de luxo e conforto. Na verdade, ele não a deixava trabalhar porque temia que sua beleza atraísse a atenção de outros homens. Mas isso não era o pior. O passatempo favorito de Joon Gook era agredir física e verbalmente sua esposa. Hye Sung estava decidida a sair de casa, tendo suportado muitos anos de agressões por acreditar que era a culpada e que seu marido só queria seu bem. Joon Gook a machucava em lugares que não ficassem visíveis, mantendo a fachada de uma vida perfeita para todos ao redor. Eles aparentavam ser uma família tradicional e feliz, enquanto a realidade era marcada pelo sofrimento e abuso que Hye Sung suportava em silêncio.

A maior preocupação de Hye Sung eram seus dois filhos, os gêmeos. Amava demais aqueles dois meninos e faria tudo por eles, até mesmo dar sua própria vida, se fosse necessário.

Kim Taehyung e Kim Victor eram gêmeos idênticos, mas com personalidades distintas. Criados e amados igualmente por sua mãe, cada um desenvolveu uma personalidade única. Taehyung era doce e empático, sempre pronto para ajudar os outros e fazer amigos. Victor, por outro lado, era mais reservado e calculista, com uma inteligência afiada e uma ambição que o levava a querer dominar qualquer situação. A forma como cresceram refletia a dualidade da educação e do amor que receberam, moldando-os de maneiras surpreendentemente diferentes.

Nas inúmeras vezes em que Joon Gook agredia Hye Sung, Taehyung sempre tentava defendê-la, mesmo com apenas nove anos e sentindo um enorme medo de seu pai. Ele queria proteger sua mãe a qualquer custo e odiava-se por ser pequeno e fraco. Seu maior desejo era crescer e ficar forte para cuidar dela.

Victor, por outro lado, não sentia nada ao ver sua mãe sendo agredida. Ele achava-a fraca e patética e sua única vontade era rir. Victor ria ainda mais quando Taehyung apanhava junto com a mãe ao tentar ajudá-la.

No aniversário de dez anos dos gêmeos, Victor pediu um carro de presente, e seu pai prontamente atendeu ao pedido, mesmo sabendo que ele não poderia dirigir por alguns anos. Taehyung, por outro lado, pediu apenas um cachorrinho, algo que ele mais desejava.

Numa certa tarde, Taehyung brincava alegremente com seu cachorrinho, ensinando-o vários truques. Victor, odiando ver a felicidade de seu irmão com um presente que ele considerava idiota, correu até Taehyung e tomou o cachorrinho de seu colo. Taehyung tentou a todo custo pegar seu cachorrinho de volta, mas Victor correu para dentro da casa e trancou a porta, impedindo que Taehyung entrasse.

Taehyung bateu na porta desesperado. Victor, com um sorriso cruel, pegou o cachorrinho e colocou-o dentro do micro-ondas, ligando-o. O animalzinho se debatia em dor enquanto era queimado. Taehyung gritava e chorava, completamente desesperado, vendo tudo pela porta de vidro, sem poder fazer nada.

Hye Sung chegou à cozinha e, rapidamente, tirou o cachorro de dentro do micro-ondas. Pegou as chaves do carro e correu com Taehyung, Victor e o cachorro até o veterinário mais próximo, na tentativa de salvar a vida do animal. Infelizmente, não foi possível; as queimaduras eram muito profundas. Taehyung chorava descontroladamente, enquanto Victor, satisfeito, sorria. Hye Sung começava a se assustar com o próprio filho, sem saber ao certo como lidar com aquela situação.

Sua única reação foi abraçá-los. Queria proteger ambos da maldade do mundo, mas especialmente Victor, que parecia cada vez mais dominado por uma escuridão crescente em seu coração. Hye Sung desejava encontrar uma maneira de resgatar seu filho desse abismo sombrio, enquanto tentava manter a esperança viva para Taehyung.

— Filho, ele está descansando agora — Em um abraço caloroso, Hye Sung tentava confortar Taehyung — Eu sei que é difícil aceitar isso.

Depois abraçou Victor.

— Filho, eu te amo muito, por favor não faça mais essas coisas, isso é muito ruim. Precisamos amar e cuidar uns dos outros.

Hye Sung sentia-se perdida e desamparada, sem ninguém a quem recorrer, pois não tinha mais pais ou familiares próximos que pudessem ajudá-la. Ela sabia que seu filho Victor precisava de ajuda, principalmente de um psicólogo, mas Joon Gook sempre negava, insistindo que ele era uma criança perfeitamente normal. No fundo, Hye Sung tinha certeza de uma única coisa: um homem violento como Joon Gook não era uma boa influência para seus filhos.

Tomando coragem, Hye Sung decidiu agir. Enquanto Joon Gook estava trabalhando, fez as malas para ela e para seus meninos, colocando tudo no porta-malas do carro. Seu plano era fugir para o Texas, onde tinha parentes distantes que poderiam oferecer um refúgio.

— Meninos, vamos — Hye Sung pegou as chaves do carro.

Victor parou na porta, relutante. 

— V, vamos, temos que ir logo. Não temos muito tempo.

— Eu não vou — Disse V firmemente.

Hye Sung se ajoelhou no chão para ficar à sua altura.

— Meu amor, vamos embora com a mamãe, seremos muito mais felizes. Vou cuidar de você e de seu irmão. Precisamos ir antes que seu pai chegue — Hye Sung olhou no relógio, faltavam dez minutos para seu marido chegar — Crianças, vão para o carro. Agora!

— Já falei que não vou com você! — V alterou a voz.

— Você vai comigo sim. Você é meu filho, deve me obedecer, eu sei o que é melhor pra você.

Hye Sung suspirou tristemente, sentindo que havia perdido o controle sobre seu filho Victor. Perguntava-se o que tinha feito de errado na criação dele, revendo cada decisão e momento em que talvez tivesse falhado. Mesmo assim, sabia que precisava proteger Taehyung e tentar salvar Victor da escuridão que parecia envolvê-lo cada vez mais.

— V, por favor, não temos tempo, venha. Prometo que vai ficar tudo bem.

— Você é fraca. Não quero viver com você!

— Victor! Me respeite, sou sua mãe!

Victor a encarou com nojo e lhe deu um tapa, o som seco da agressão reverberando no ar. Hye Sung ficou paralisada, num misto de surpresa, decepção e tristeza, enquanto lágrimas silenciosas deslizavam por seu rosto. Sem hesitar, Taehyung avançou em cima do irmão, devolvendo o golpe com um soco bem direcionado, fazendo o nariz de Victor sangrar. A tensão no ar era palpável, com Victor gritando de raiva e Hye Sung tentando desesperadamente intervir, suas mãos trêmulas tentando separar os dois filhos que amava, mas que pareciam cada vez mais distantes um do outro.

— Nunca mais encoste na MINHA mãe — A voz de Taehyung revelava o ódio que sentia naquele momento.

Victor riu maleficamente, limpando o sangue no nariz.

— MENINOS, VÃO PARA O CARRO. AGORA!

Era tarde demais. O som do motor do carro de Joon Gook se aproximava, indicando que ele havia chegado.

— Meninos, fiquem atrás de mim. Você tem razão V, sou fraca, mas não vou mais permitir que ele faça mal a mim e a vocês — Hye Sung pegou a arma em sua bolsa e a carregou. Mirou na porta, esperando o marido entrar. Suas mãos tremiam, suas pernas estavam bambas, mas precisava ser corajosa para proteger seus filhos e sair daquele inferno.

Ao entrar na casa, Joon Gook foi surpreendido por Hye Sung apontando a arma em sua direção. Sua reação foi rir.

— O que acha que vai fazer com essa arma, meu amor?

— Afaste-se ou eu atiro!

Joon Gook percebeu suas mãos tremulas.

— Hye Sung, devolva a arma. Prometo pegar leve com você, mas sabe que merece uma boa surra, está sendo uma má esposa — Ele falava tranquilamente, mesmo com uma arma apontada para ele, não demonstrava um pingo de medo de Hye Sung, isso a abalou.

— Mamãe? — Taehyung acordou Hye Sung de seu transe em meio ao medo, fazendo ela recuperar a coragem.

— Tae e V, vão para o carro.

— Você está cometendo um erro, amor — Disse Joon Gook com um sorriso e as mãos em rendição. 

— PARE DE ME CHAMAR ASSIM! SEU MONSTRO!

Joon Gook suspirou pacientemente.

— Sei que não vai atirar, desista disso. Você não pode sobreviver sem mim, é uma inútil.

— Mamãe — Taehyung interrompeu —, você é minha heroína. É uma mulher forte. Nós vamos conseguir juntos, não ligue pro que ele fala.

Aquelas simples palavras deram forças para Hye Sung encarar o monstro à sua frente.

— Meninos, vão para o carro.

— Mamãe, não quero ir sem você.

— Tae, eu vou logo atrás. Vá!

Victor saiu de trás de sua mãe e ficou ao lado de seu pai.

— Já falei que não quero ir com você. Quero viver uma vida confortável com meu pai. Vou herdar a empresa dele e ser alguém. Com você eu serei um nada — Victor tinha um olhar vazio. 

Joon Gook riu.

— Viu? Ele quer ficar comigo, sabe que é mais seguro. Ao menos Victor nasceu com minha inteligência — Joon Gook olhou para Taehyung com nojo.

— Você fez a cabeça dele, ele é só uma criança. V, meu amor, vamos com a mamãe?

Victor cruzou os braços e a ignorou.

Hye Sung olhou para Taehyung, não queria perder nenhum de seus filhos, mas teria que abrir mão de um para proteger o outro. Sabia que se continuasse ali não sobreviveria aquela noite, e Taehyung sofreria ainda mais nas mãos do pai.

Retirou-se lentamente, em alerta, com a arma apontada para Joon Gook. Antes de sair pela porta, olhou para Victor uma última vez.

— Nunca se esqueça que eu sempre vou te amar, Victor.

E assim ela saiu daquela luxuosa casa, com apenas algumas peças de roupa e três passagens só de ida para o Texas. Gostaria de começar uma vida nova com seus dois filhos, mas conseguiu salvar apenas um.

 

… Atualmente …

 

Taehyung estava exausto. Tinha passado o dia inteiro estudando e trabalhando, saindo de casa às cinco da manhã e só voltando quase meia-noite. Essa era sua rotina estressante e corrida. Tudo o que ele queria era chegar em casa, tomar um banho, abraçar sua mãe e ir dormir. Estava preocupado, pois sua mãe havia apenas lhe mandado mensagens de texto, o que não era comum. Hye Sung costumava ligar para ele todos os dias durante o intervalo, mas naquele dia, ela enviou apenas mensagens curtas e vagas.

Ao chegar em casa, Taehyung procurou sua mãe em todos os cômodos, mas não a encontrou. Uma preocupação inevitável tomou conta de sua mente. Notou um celular sobre a mesa de centro, ao lado de um bilhete que dizia:

“Para meu querido irmãozinho. Ligue-me assim que chegar em casa. Te amo, irmãozinho.”

Taehyung sentiu o chão sumir sob seus pés. Fazia anos que não via seu irmão. Ligou o celular e viu que havia apenas um contato salvo como “Senhor V”. Com o corpo tremendo, num misto de medo e raiva, ele ligou para o número e esperou ser atendido. Quando a chamada foi atendida, Taehyung não conseguiu se conter.

— CADÊ A MINHA MÃE? — berrou.

— Calma irmãozinho, não vai nem dizer um “Oi”? Faz tanto tempo que nos falamos, deveria ser mais amoroso com seu irmão gêmeo.

— O que você quer, Victor?

— Quero fazer uma proposta. Tenho algo que te interessa, e você tem algo que me interessa, é assim que funciona no mundo dos negócios.

— Tô me lixando pros seus negócios. Cadê minha mãe? Se você encostar um dedo nela eu juro que eu te mato.

— Não sabia que meu irmãozinho era tão impaciente. Pois bem, sua mãe está aqui comigo, não se preocupe, ela está bem, por enquanto. Faça tudo o que eu mandar e eu a liberto.

— Não tenho nada que você queira.

— Ah, tem sim!

— Victor, vá direto ao ponto, o que você quer?

— Seu rosto!

— Meu rosto?

— Sim irmãozinho. Você teve a honra de nascer lindo como eu. Somos gêmeos idênticos, por isso quero seu rosto. 

— É sério, diga logo o que quer. Seja claro.

— Tive um pequeno contratempo e não poderei comparecer à empresa. Preciso que você fique no meu lugar por alguns meses até eu me recuperar.

— Você tá louco?

— Creio que sim, já que quero colocar alguém tão tolo como você no meu lugar. Mas, é a única opção, preciso proteger minha empresa. Aliás, não estou te fazendo um pedido, você não tem outra saída. Se realmente ama essa mulher, terá que fazer tudo que eu mandar.

— Quero falar com ela — Taehyung transpirava. Seu punho fechado e seu corpo tenso. 

— Sem problemas, irmãozinho.

Victor passou o telefone para Hye Sung.

— Tae? — Ela atendeu, sua voz estava fraca.

— Mamãe? — Taehyung chorou ao ouvir sua voz — Mamãe, você está bem?

— Sim, meu amor. Estou bem. Por favor não faça o que ele está mandando, não se deixe ser ameaçado por ele. Não se preocupe comigo, Tae. Não quero que estrague sua vida por minha causa...

Victor puxou o telefone de sua mão.

— Então irmãozinho, o que me diz? Temos um acordo?

— Você vai pagar por tudo o que está fazendo, Victor. Pode ter certeza disso.

— Blá blá blá blá... não respondeu minha pergunta, temos um acordo ou não?

Taehyung ferveu de ódio, mas estava preocupado demais com sua mãe. 

— Sim, Victor. Temos um acordo — Respondeu rangendo os dentes.

— Isso, é assim que se fala, irmãozinho.

— O que eu tenho que fazer?

— Na cabeceira de sua cama deixei uma passagem de avião para a Coreia. Olha que emocionante, você estará de volta ao lar, irmãozinho. O melhor de tudo isso é que estará mais perto de sua adorável mãe.

— Você a levou para Coreia?

— Pelo visto você não é muito esperto. Enfim, contratei um assistente que irá ajudá-lo no que precisar, ele ficará dia e noite com você, será seu motorista, secretário, mordomo... O que você quiser e precisar... até mesmo para outros fins.

— Que horror! Eu jamais faria isso com um desconhecido, não sou como você.

Victor riu.

— Tanto faz. Caso precise de alguma coisa ele será seu braço direito. Estarei conversando com você diariamente para orientá-lo sobre o que deverá falar nas reuniões. E irmãozinho — Victor fez uma breve pausa —, não se esqueça que não pode envolver a polícia nisso em hipótese alguma. Lembre-se que estou com sua preciosa mãe.

— Não vou chamar a polícia, nem vou ter o mínimo de contato com eles, não se preocupe — Taehyung rangeu os dentes. Tentava na medida do possível se controlar. 

— Ótimo! Mais uma coisa... tenha uma boa viagem, irmãozinho.

...

Yoongi abriu a porta da sala do delegado Namjoon com um certo receio. Estava acostumado a levar broncas rotineiras e tentou rapidamente lembrar de todas as infrações que tinha cometido naquela semana. Não sabia ao certo por qual motivo seria chamado a atenção desta vez.

— Por que me chamou aqui, Senhor Nam?

— Tenho uma missão para você, Yoongi.

— Pra mim? — Yoongi se empolgou.

— Sim, apesar das dores de cabeça que me dá, você é um dos meus melhores policiais. Escolhi você pois sei que não vai se envolver emocionalmente nessa missão — Namjoon fez uma pausa e o encarou por cima dos óculos — Quero que você entre disfarçado na casa de Victor Kim. Você será o assistente dele.

Yoongi arqueou as sobrancelhas.

— O Senhor V? O famoso CEO? Por que?

— Desconfio de que Victor anda fazendo algumas coisas ilegais. Preciso que você entre lá e descubra qualquer coisa.

Yoongi colocou a mão no queixo, pensativo. 

— Acha que sou capaz disso?

— Sim Yoongi, sem dúvida nenhuma. Confio em você e sei que é capaz, por isso estou te escolhendo.

— Obrigado pela confiança — Yoongi tinha suas incertezas mas estava feliz por ser reconhecido. Respirou fundo e arrumou sua postura para ficar mais ereto e confiante — Não vou te decepcionar. Vou descobrir qualquer coisa suja que esse Victor esteja escondendo, e o mais importante: sem me envolver emocionalmente. Escolheu a pessoa certa pra missão. Meu coração é de gelo. 


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Notas finais do capítulo

Yoongi não se envolver emocionalmente nessa missão? Pobre Namjoon, sabe de nada.

E como será o Yoon, que na verdade é um policial disfarçado, convivendo com o Tae, que irá se passar pelo irmão cruel? Veremos nos próximos capítulos :)



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