The Evil Within escrita por llRize San


Capítulo 3
O Doce Policial




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Min Yoongi, um jovem policial de vinte e dois anos, usava orgulhosamente sua farda preta, que contrastava com sua pele alva. Seus cabelos, tão loiros que pareciam brancos, brilhavam sedosos sob a luz da lua. Com olhos castanhos e lábios rosados, Yoongi era a personificação de um anjo em forma humana. Isso, pelo menos, até ele abrir a boca.

— FILHO DA PUTA! — Yoongi esbravejou com raiva, segurava o volante da viatura com firmeza — EU VOU PEGAR ESSE CUZÃO E VOU ENFIAR UM FORMIGUEIRO NO CU DELE.

— Calma, Yoongi. Nós vamos pegá-lo — Disse o policial ao seu lado tentando acalmá-lo.

O parceiro de Yoongi, um jovem de apenas vinte anos, tinha olhos e cabelos pretos que combinavam perfeitamente com seu belo rosto. Recém-ingresso na polícia, ele foi designado para trabalhar justamente com o policial mais esquentado de Seul, Min Yoongi. Esse jovem policial se chamava Jeon Jungkook e tinha muito a aprender, mas uma coisa era certa: Jungkook possuía muito mais paciência e cautela do que Yoongi, cujo temperamento explosivo fazia seu sangue ferver com facilidade.

— Calma? Você tá mesmo me pedindo calma? 

— Yoon, respira. Eu estou com raiva desse homem tanto quanto você, mas precisamos ter paciência.

— Paciência é o meu cu — Yoongi rangeu os dentes.

O fato é que os dois já estavam cansados. Há quatro dias estavam no carro, de guarda, comendo porcaria e revezando para dormir. Tudo isso para pegar um possível estuprador, que abusava de meninas menores de idade no caminho da escola. Uma das vítimas estava desaparecida, Yoongi tinha fortes convicções de que a vítima estava na casa do possível suspeito que estavam espionando.

— Eu vou entrar — Disse Yoongi com convicção.

— Está louco? — Jungkook se apavorou — Não podemos entrar, não temos um mandado de busca.

— Mandado de busca é pros fracos, Jungkook. Aprenda isso.

— Acho melhor eu não aprender isso.

— Para de ser cuzão!

— Um bom policial não deveria falar palavrão. Precisamos ser o exemplo para as crianças e...

— “Um bom policial não deveria falar palavrão” — Yoongi fez uma voz fininha imitando Jungkook de forma debochada — Ah, vá se foder. Eu vou entrar e ponto final!

— Yoongi, pense melhor, você pode perder seu distintivo por quebrar as regras.

Yoongi sorriu de forma singela.

— Para salvar uma vida eu não me importo de perder meu emprego.

As palavras de Yoongi calaram fundo em Jungkook, ele não teve como contestar.

— Tudo bem, eu te ajudo — Disse Jungkook, mesmo com receio. 

— Não, você fica aqui, te chamarei pelo rádio caso eu precise de ajuda.

Jungkook assentiu.

— Yoon, tome cuidado.

— Relaxa, eu sou foda — Yoongi tentou convencer a si mesmo disso.

Yoongi saiu do carro e foi em direção à casa. Era madrugada, e o lugar estava escuro. A casa era imensa, parecendo uma daquelas mansões antigas e mal-assombradas dos filmes de terror. Estava com medo? Sim, mas seu orgulho era grande demais para admitir, até mesmo para si. Respirou fundo e seguiu em frente, sentindo-se corajoso ao pensar que a vítima ainda poderia estar viva.

Ele examinou o muro alto, estudando meticulosamente uma forma de conseguir pular. Na lateral do terreno, havia alguns tijolos quebrados, um lugar perfeito para escalar. Esticou os dedos, alongou-se e tomou impulso. Logo, Yoongi já estava do lado de dentro da casa.

Pegou sua arma e sua lanterna, usando ambos para iluminar o caminho e estar preparado para qualquer surpresa. Conseguiu abrir uma das janelas e entrou na casa, que estava silenciosa e escura. Yoongi examinou cuidadosamente cada cômodo, sempre atento a qualquer movimento. Sentia-se em um verdadeiro jogo de videogame, daqueles de terror onde o personagem só tem uma lanterna para iluminar o caminho.

Tentou acender as luzes, mas a casa estava sem energia. Subiu para os quartos de cima e examinou cada um deles, verificando os guarda-roupas, embaixo das camas, ou qualquer outro local onde alguém pudesse se esconder. Apesar de sua certeza inicial sobre o suspeito, não encontrou nada. Começou a duvidar de suas próprias suspeitas, sentindo a frustração crescer.

— OLÁ? ALGUÉM AI? — Não houve resposta, a casa continuava silenciosa.

Desceu as escadas, desanimado e sem esperanças. Ao chegar na porta de entrada para ir embora, lembrou-se do sótão. Deu meia volta e se dirigiu ao local, nutrindo uma última esperança de encontrar a moça. A porta do sótão estava trancada; sem pensar duas vezes, ele deu um tiro no cadeado, fazendo um grande barulho ecoar pela casa silenciosa. Olhou para as escadas, e lá embaixo só conseguia ver onde sua lanterna iluminava. Sentiu um arrepio na espinha, mas manteve a coragem e entrou no sótão.

— Olá, tem alguém aí? — Suas mãos suavam e ele tentou controlar o medo.

Ouviu um murmúrio, o que fez seu medo sumir, dando lugar ao foco no novo som que ouvia. Desceu as escadas, e com sua lanterna e sua arma mirando o caminho estudou rapidamente o cômodo, e lá no chão estava a moça, amarrada e amordaçada, chorando em desespero.

— Ei, calma, eu vim te ajudar, sou um policial. Você está a salvo agora — Yoongi se agachou e soltou as cordas que prendiam a moça. A primeira reação da moça foi abraçá-lo, as únicas palavras que ela conseguia dizer em meio às lágrimas era “Obrigada”.

Yoongi pegou o rádio e ligou para Jungkook.

— Achei ela. Traga a equipe para varrer essa casa em busca de algo, temos que encontrar e prender aquele homem. 

Não demorou muito para que vários policiais começassem a entrar e sair da casa, vasculhando todo o local. Improvisaram luz na casa, e várias viaturas e carros particulares estavam estacionados nas imediações. Afinal, estavam lidando com um dos sujeitos mais procurados pela polícia.

Yoongi estava sentado na ambulância, com a adolescente resgatada deitada em seu ombro. Ele acariciava seus cabelos para confortá-la. Então, Namjoon apareceu à sua frente, com uma expressão nada amigável.

— Merda! — Yoongi tentou falar em um tom de voz baixo, mas Namjoon escutou. 

— O que foi que disse, Sr. Min?

— Nada, senhor. Eu não disse nada.

Namjoon colocou a mão na testa e respirou fundo, tentando manter a paciência. Mesmo com seus trinta e seis anos, sentia-se como se tivesse sessenta, tamanha era a sua exaustão devido ao estresse de ser o delegado de uma cidade tão caótica.

— Você não tem jeito mesmo, não é Yoongi?

Yoongi olhou para o chão.

— Não me arrependo. Pode me repreender por ter desacatado sua ordem — Yoongi olhou para a moça, que agora dormia profundamente encostada em seu ombro — Eu definitivamente não me arrependo.

Namjoon suspirou.

— Amanhã conversaremos melhor, por hora cuide da moça. Ela será internada para alguns exames e encaminhada a um psicólogo — Namjoon se virou para ir embora, deu alguns passos e olhou para Yoongi — Yoongi… Parabéns, você fez um bom trabalho.

Namjoon saiu rapidamente, sem graça. Fazer elogios não era o seu forte e, quando o fazia, ficava totalmente desconcertado. Yoongi sorriu, contente com o raro elogio do "carrancudo" delegado.

...

Uma semana depois do ocorrido, Yoongi e Jungkook treinavam a mira, atirando nos alvos na sala de treinamento.

— Olha Kook, você só tem que fazer assim… — Yoongi explicou para Jungkook como conseguir atirar no alvo. Ajeitou os fones e o óculos e deu um tiro, acertando o peito do indivíduo na imagem. Jungkook o olhava atento e com os olhos arregalados, tinha uma enorme admiração por Yoongi — No começo vai ser meio difícil, mas com o tempo você pega o jeito. Sua vez, Kook. Tente atirar no alvo.

— Sim Hyung, vou tentar.

Jungkook se ajeitou, mirou e atirou. Aproximaram o alvo e Yoongi se espantou ao ver que o tiro de Jungkook acertou perfeitamente o centro da cabeça do indivíduo na imagem. Yoongi ficou sem palavras.

— Caralho, você é um filho da puta! — Disse Yoongi, boquiaberto.

— Por que está me xingando?

— Só estou dizendo que você é foda, é um elogio. Eu aqui te ensinando e você vai lá e me humilha.

— Me desculpe, Hyung. Não foi minha intenção.

— Pare de ser idiota, não se desculpe por ser bom no que faz. Eu fico feliz que você tenha talento e boas habilidades.

— Mas você também é muito bom, Hyung.

— Obrigado Kook, eu tento — Yoongi sorriu, logo em seguida deu um soquinho na barriga de Jungkook — Além de mais habilidoso, você é mais alto e mais forte do que eu, isso não é justo!

Jungkook o olhou choroso

— Desculpe, Hyung.

Yoongi deu risada. 

— Já falei que não precisa se desculpar, só estou brincando. Mas tem duas coisas que sou melhor que você… Nos games e no volante, você parece um babacão dirigindo. 

— Hyung, eu só respeito as leis de trânsito.

— Kook, meu jovem amigo, você tem muito o que aprender comigo.

Um outro policial entrou na sala, interrompendo suas conversas.

— Namjoon quer fazer uma reunião com todos. Venham, vamos logo, que hoje o homem tá puto.

Yoongi e Jungkook se olharam e suspiraram.

Namjoon estava mais estressado que o normal, suas respostas eram curtas e grossas, muitas vezes até ríspidas. Ele estava tenso. Havia meses que tentava descobrir algo sobre Victor Kim, mas este sempre escapava ileso, usando seu dinheiro para se safar de qualquer situação. Isso irritava Namjoon profundamente. Seu instinto dizia que V escondia algo muito ruim, mas só o instinto não era suficiente; precisava de provas.

O clima na delegacia estava carregado. Yoongi preenchia alguns documentos, enquanto Jungkook o observava atentamente, tentando aprender como fazer.

— Cheguei, meus amores! — Disse uma voz animada entrando na delegacia.

— JIN! — Todos gritaram em uníssono, correndo em sua direção para abraçá-lo.

Jin era um jovem adulto de trinta e quatro anos com uma aparência de dezoito. Com seus cabelos escuros, pele clara e lábios vermelhos, ele sem dúvida tinha uma aparência muito bela e uma personalidade acolhedora. Vestia seu jaleco branco com alguns ursinhos bordados no bolso, era pediatra. As crianças o amavam, assim como os policiais daquela delegacia.

— O que houve? Ele está de mau humor? — Perguntou Jin para um dos policiais.

— Sim — O policial respondeu, choroso.

— Eu já dou um jeitinho nisso, não se preocupem. Trouxe café e rosquinhas para vocês, devem estar com fome, precisam se alimentar certinho para prender as pessoas más.

Jin colocou a cestinha de rosquinhas na mesa e voltou para a porta de entrada, procurando por alguém.

— Mas... Cadê esse menino? — Jin olhou pelo corredor.

— Relaxa pai, eu estou aqui — Um rapazinho ruivo veio de encontro com ele.

— Hoseok, onde você estava?

— Eu só fui no banheiro e, meu deus, eu já tenho dezesseis anos, não fale comigo como se eu fosse criança.

— Pra mim você ainda é. Vem cá — Jin umedeceu o dedo e passou no rosto de Hoseok, que tentou se afastar.

— Pai! O que você tá fazendo? 

— Tinha uma sujeirinha. Já tirei, seu chato. Vou falar com seu pai, me espere aqui, ainda tenho que te levar pra escola antes de ir pra clínica.

Hoseok assentiu e se sentou no sofá, enquanto via Jin entrar na sala de seu outro pai, Namjoon.

— Olá, amor da minha vida! — Jin apareceu na porta de Namjoon com seu típico sorriso contagiante. 

— JIN! — Namjoon deu um pulo da cadeira, eufórico por ver seu amado marido — Como você sabia que eu precisava te ver? — As feições de Namjoon suavizaram, Jin parecia tirar seu estresse somente com sua presença.

— Sentiu minha falta? — Perguntou Jin, em meio ao abraço apertado de Namjoon. 

— Muita — Namjoon o abraçava ainda mais forte — Você não tem ideia. 

— Mas acabamos de nos ver — Jin deu risada. 

— Mesmo assim, tem sido uma semana difícil. Minha vontade é de fugir com você pra bem longe daqui.

Jin acariciou seus cabelos. 

— Tenha paciência, meu amor. Vai dar tudo certo, sente-se, vou fazer uma massagem nos seus ombros, isso vai te ajudar.

Namjoon o beijou.

— Obrigado, Jin. Eu te amo tanto.

— Também te amo, Joonnie — Jin começou a massagear os ombros de Namjoon — Podíamos despachar o Hobi pra casa de algum amiguinho, pra podermos ficar a sós a noite inteira.

Namjoon o puxou para que ele caísse em seu colo.

— Seria uma ótima ideia.

...

Victor estava em sua casa, deliciando-se com seu café enquanto lia algo no tablet. Alguém bateu na porta, tirando sua atenção da notícia aleatória que estava lendo. Ele franziu a testa, levemente irritado pela interrupção, mas pediu que entrasse. 

— Senhor V — Seu secretário entrou, visivelmente tenso.

— Fale.

— Tenho más notícias, Senhor — Victor o encarou, já imaginando do que se tratava e tentando conter seus verdadeiros sentimentos diante da notícia que receberia. — Seu pai faleceu no hospital. Ao que tudo indica, foi um ataque cardíaco. Meus pêsames, Senhor.

A reação de Victor foi apenas erguer uma das sobrancelhas. Controlava-se na medida do possível para não transparecer sua satisfação.

— Pode se retirar — Disse Victor, friamente.

Deu um gole no café e sorriu quando o secretário saiu de sua sala.

— O cargo de presidente combina muito mais comigo.


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Notas finais do capítulo

Adoro o Yoongi marrentinho rsrsrs Coitado do Tae.

Senhor V... Sem comentários.



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