O Chofer do Apocalipse: Corrida Mortal escrita por Max Lake
A próxima parada de Bone seria a Cidade dos Fantasmas para resgatar o Orgulho. O visual arenoso de outrora dava lugar a uma tempestade que deixava a estrada praticamente invisível aos olhos do motorista. O chofer do apocalipse até estava com sorte, pois não era época de chuva de granizo. Um mar revolto se agitava em algum lugar à esquerda.
A distância para a Cidade dos Fantasmas — uma cidade que ‘não existe’ no plano terrestre — era suficiente para Bone refletir sobre sua relação com as quatro Cavaleiras do Apocalipse.
Morte e Guerra eram mais afetuosas — à sua maneira — ao chofer do apocalipse. Os anos de serviço e convivência com a Madame Morte foram suficientes para ele se tornar a opção número um para qualquer situação de transporte, enquanto que Madame Guerra, por viajar em cavalos alados e ter um exército de arcanjos à disposição, não precisa de Bone para fazer entregas ou se deslocar para algum lugar — mas confia nele o suficiente para transportar a esposa.
Já Peste e Fome possuem uma relação mais distante, fria e profissional. Bone suspeitava que fosse por causa de seus métodos sorrateiros e silenciosos durante a queda da civilização refletindo também em suas personalidades — Peste gosta da solidão de sua terra e do som do silêncio enquanto a Fome só precisa da companhia de seus zumbis famintos para se sentir agradável. Raramente requisitam um serviço para Bone.
Então, veio à cabeça de Bone o que Peste havia lhe dito: Lealdade à Madame Morte. Se o chofer tinha uma certeza era que não havia qualquer dívida com a sua ex-chefa. Mas lealdade? Sua lealdade era consigo mesmo. E conhecia a Morte o suficiente para saber que a suposta lealdade não era recíproca. Por outro lado, e se ela estiver certa? E se Bone não quiser correr porque sente que há lealdade por parte dele à Madame Morte?
Os pensamentos de Bone voltaram à realidade quando percebeu que o mar revolto de antes estava se aproximando, a chuva estava mais apertada e algumas pedras caíam do céu. Granizo, para o seu azar.
— Malditas estações do ano! — resmungou Bone, ativando os protetores para granizo.
Com essa chuva e o mar revolto se aproximando, o chofer do apocalipse levaria pelo menos 2 dias para chegar à Cidade dos Fantasmas. E ainda teria a questão da volta, pois não imaginava que o clima fosse melhorar. Ainda tinha tempo até a Corrida Mortal, poderia recusar com gentileza a oferta da Luxúria e pegar a recompensa pelos três outros trabalhos. Mas também poderia aceitar. O que ele poderia perder se aceitasse? Jamais deixaria de ser o melhor chofer do plano terrestre.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado! =)
Hoje o capítulo foi curtinho pra mostrar que a Peste alugou um triplex na mente do Bone quanto à questão da lealdade à Morte.