Aliança Improvável escrita por Hana


Capítulo 4
Crescer dói, e dói muito


Notas iniciais do capítulo

Ai gente, esse capítulo foi triste ein! Espero que chorem junto comigo ;-;
Boa leitura ♥



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Aquela era a primeira vez que viam o cientista além das fotos. Dr. Chaos era um homem intimidante de estatura baixa. Sua calvície era evidente, exceto por alguns fios de cabelo teimosamente agarrados ao couro cabeludo. Um bigode espesso adornava seu lábio superior, enquanto seus lábios se curvavam em um sorriso cínico, revelando uma fileira de dentes amarelados e irregulares.                                     

— Vejo que finalmente decidiram me visitar. E que sorte a minha, trouxeram uma boa quantidade de armas para minha coleção. — continuou Dr. Chaos, sorrindo.

Ele acenou para um de seus capangas, que começou a ativar os instrumentos de tortura. Alex tentava se soltar, mas as amarras eram firmes demais.

— Com qual dos meus brinquedinhos devemos começar? Este? — indicou Dr. Chaos para uma algema de eletrochoque cujas descargas atingiam até 50.000 volts. — ou quem sabe este? — desta vez, apontando para um chicote que seu capanga lhe entregara.

Segurando o chicote nas mãos, o cabo de couro trançado brilhando sob a luz fria da caverna, Dr. Chaos se aproximou de Alex, que estava amarrado à cadeira de metal e com os pulsos presos por algemas, e estalou o chicote no ar. O som ecoou pelas paredes. Com um movimento rápido e cruel, o cientista golpeou o chicote contra o peito de Alex. O agente arqueou o corpo em resposta à dor, mas não gritou.

— Você é osso duro de roer, não é? — comentou Dr. Chaos, balançando a cabeça como se estivesse desapontado. Ele deu outro golpe, desta vez atingindo o abdômen de Alex. — Não se preocupe, agente. Todos quebram eventualmente.

O som do chicote se chocando contra a carne ecoava pela caverna, cada estalo era seguido por um suspiro de dor de Alex. 

— Por que você não facilita as coisas para você mesmo e coopera comigo? — perguntou Chaos, inclinando-se para perto do rosto de Alex. — Quem sabe, eu possa ser misericordioso.

Alex respirava pesadamente, cada respiração um esforço. Ele levantou a cabeça, olhando diretamente nos olhos de Chaos.

— Vá para o inferno — murmurou Alex, sua voz rouca, mas firme.

— Deixe-o em paz, seu monstro! — Jade gritou de repente, sua voz aterrorizada.

Dr. Chaos se virou para ela, seu sorriso ampliando-se.

— Ora, ora, muito bem. Vamos ver até onde vai sua coragem, mocinha.

O cientista levantou novamente o chicote, pronto para mais uma rodada de tortura. Os gritos de Jade encheram a sala. Alex fechou os olhos, tentando bloquear o som, mas era inútil. A dor e a visão de Jade sofrendo eram quase insuportáveis.

Após o que pareceu uma eternidade, os capangas de Dr. Chaos e o próprio cientista deixaram os dois agentes sozinhos, trancados na cela fria e úmida. Alex se virou para Jade, que estava ofegante, mas consciente.

— Jade... sinto muito. — Alex disse, sua voz baixa e cheia de culpa.

— Não... não foi sua culpa. — Jade respondeu, tentando forçar um sorriso através da dor. — Ele... não conseguiu nada. Mas Alex... precisamos tirar as algemas, ok?

Alex assentiu e Jade imediatamente flexionou suas articulações e se soltou das algemas, explicando à Alex para que ele pudesse fazer o mesmo. Com sucesso, tentou encontrar uma posição mais confortável, mas a cadeira era apertada e cada movimento provocava uma onda de dor. 

— Você sempre é tão forte, tão... independente. — Alex disse, tentando distraí-la da dor. — Como você consegue?

Jade suspirou, fechando os olhos por um momento.

— Crescer na rua não é fácil. — ela começou. — Quando criança, perdi meus pais em um acidente. Fui de orfanato em orfanato até fugir. Sobrevivi aprendendo a lutar, a me defender. Kung fu foi a minha salvação, me deu um propósito, algo em que acreditar. Mas a dor... a dor sempre esteve presente. Aprendi a usá-la, a transformá-la em força. Quando finalmente encontrei estabilidade, fui recrutada pela Agência. Foi a primeira vez que senti que pertencia a algum lugar, que minha dor poderia ser usada para algo maior.

Alex escutava com atenção, absorvendo cada palavra. Ele nunca imaginou a extensão das cicatrizes que Jade carregava, e sentiu um respeito crescente por sua parceira. 

— Você passou por tanto… ​​se tornou uma fortaleza. Estou honrado por ter você como parceira nesta missão. — ele sorriu. 

Alex refletiu por mais um momento, e continuou:

— Jade, talvez seja hora de eu compartilhar um pouco mais sobre mim também. — Alex começou, hesitando. — Eu…bom, também tenho minhas cicatrizes. Meu pai era militar, rígido e implacável. Queria que eu seguisse seus passos, mas nunca me senti à altura. Quando ele morreu, prometi a mim que seria o melhor, que nunca falharia. Mas isso... me tornou metódico, obcecado pelos detalhes. A dor de perder alguém que nunca pude agradar me moldou, assim como a sua moldou você.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, compartilhando a dor silenciosa que os conectava de maneiras nunca antes percebidas.

— Talvez... talvez crescer seja isso. — Jade disse. — Aprender a lidar com a dor, a usá-la. Isso nos faz ser quem somos.

Alex assentiu, sentindo uma nova determinação surgir dentro dele.

— Vamos sair daqui, Jade. Vamos acabar com isso. Juntos.

Jade sorriu, um brilho de esperança em seus olhos.

— Juntos.

Jade olhou ao redor em busca de algo que pudesse ajudá-los a soltar as amarras para libertá-los das cadeiras. Seus olhos encontraram um pedaço de metal solto no chão. Com um rápido movimento, ela alcançou o objeto e começou a trabalhar nas amarras que a prendiam, enquanto Alex procurava por uma maneira de soltar suas pernas.

Enquanto tentavam freneticamente se libertar, ouviram passos se aproximando. Jade redobrou seus esforços, sentindo o suor escorrer pela testa e a dor lancinante que a atravessava, enquanto tentava acelerar o processo de libertação. 

Ao completarem a tarefa e se verem livres das cadeiras, a porta da cela se abriu com um estrondo, revelando a figura de Dr. Chaos. Seus olhos faiscavam de malícia enquanto ele observava os agentes em pé.

— Parece que meus convidados estão tentando fugir — ele disse com um sorriso cruel. — Que divertido.


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