Cinderella - Depois do felizes para sempre escrita por Alina Black


Capítulo 30
Jacob - Padrinho escolar




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— Bom dia — disse Liza, sua voz parecia um pouco hesitante ao me ver. — Sr. Black. — Ela me cumprimentou com um leve aceno de cabeça.

— Bom dia, Liza — respondi, tentando esconder a mistura de emoções que sempre surgia ao vê-la.

A Sra. Harper se recostou na cadeira, suas mãos cruzadas sobre a mesa. — Elizabeth, eu queria conversar com você sobre o ocorrido ontem e também sobre seus materiais de estudo.

Liza ficou alerta, visivelmente preocupada. — Sim, Sra. Harper?

— Sei que seus livros foram danificados — continuou a diretora — e entendo que, como bolsista, você não tem como substituí-los por conta própria.

Liza assentiu, sua expressão parecia carregada de preocupação. — Isso mesmo.

— Conversei com o Sr. Black sobre a situação — disse a diretora, lançando um olhar para mim.  De imediato compreendi que ela já tinha um plano elaborado em sua mente — Expliquei que, mesmo estando a poucos dias nesta instituição, você tem se destacado entre os demais alunos, e ele teve uma sugestão que gostaria de compartilhar com você.

Inclinei-me ligeiramente para frente, mantendo meu olhar fixo em Liza. Eu sabia que a escola tinha um sistema de padrinhos de bolsistas, eu já havia sido convidado pela direção para fazer parte desse grupo — Liza, como seu padrinho na escola, quero garantir que você tenha todas as ferramentas necessárias para ter sucesso aqui. Isso inclui materiais de estudo adequados. Vou providenciar novos livros para você.

Ela parecia surpresa e, por um momento, sem palavras. A generosidade inesperada a tocou profundamente. — Padrinho?

— Sim — explicou a diretora. — Todos os anos alguns de nossos colaboradores adotam um aluno que se destaca e se tornam seus padrinhos. Eles ficam responsáveis financeiramente por ele, e você foi contemplada.

Olhei para Liza e vi algo estranho em seus olhos, uma conexão silenciosa que ela talvez não compreendesse. Ela estava sem palavras, claramente tocada.

Sorri, tentando transmitir conforto e segurança. — É o mínimo que posso fazer. Quero que você se concentre em seus estudos e não se preocupe com essas dificuldades.

A Sra. Harper assentiu. — Além disso, Elizabeth, estamos tomando medidas para garantir que incidentes como o de ontem não se repitam. A investigação está em andamento, e os responsáveis serão devidamente punidos.

Vi um peso sair dos ombros de Liza ao ouvir isso. — Agradeço muito, Sra. Harper. E obrigada, Sr. Black. Vou fazer o meu melhor.

Olhei para ela com uma expressão séria, mas gentil. — Liza, a partir de agora, qualquer coisa que você precisar, deve falar diretamente comigo.

Coloquei a mão dentro do terno e retirei um envelope, entregando-o a ela com um gesto cuidadoso, dentro havia um cartão de crédito corporativo, o mesmo cartão que Antony usava para seus gastos pessoais onde os custos eram diretamente debitados de minha conta. Ela olhou para o envelope e parecia surpresa, mas o aceitou.

— Obrigada, Sr. Black — disse, a voz carregada de gratidão. Notei uma onda de emoção atravessar seu rosto, e então, sem pensar muito, ela perguntou: — Posso... posso te dar um abraço em agradecimento?

Fiquei surpreso, meus olhos se arregalando ligeiramente. Por um momento, permaneci em silêncio, processando o pedido. Então, um brilho de emoção suavizou minhas feições. — Claro, Liza — disse, minha voz mais suave. — Pode me abraçar.

Ela se aproximou e me abraçou, e naquele momento, senti uma estranha sensação de familiaridade e conforto. Era como se, de alguma forma, ela soubesse que podia confiar em mim.

Retribuí o abraço, meu toque ao mesmo tempo protetor e delicado. Podia sentir a emoção em meu gesto, uma conexão silenciosa que ia além das palavras. Quando nos separamos, meus olhos estavam um pouco úmidos, e sorri para ela com um calor que fez meu coração se sentir mais leve.

— Obrigada, Sr. Black — repetiu, suas palavras carregadas de uma gratidão profunda.

— De nada, Liza — respondi, ainda com aquele sorriso gentil. — Lembre-se, estou aqui para o que você precisar.

Quando Jassie saiu da sala, sentei-me novamente, tentando controlar a onda de emoções que se agitaram em meu peito. Sentir Liza, ou melhor, Jassie, nos meus braços depois de tantos anos trouxe à tona uma avalanche de lembranças. A última vez que a abracei foi no fatídico dia de seu sequestro, antes de sair para trabalhar. Aquela despedida rápida, inocente, jamais imaginei que seria a última por tanto tempo.

— Senhora Harper — Comecei tentando manter a voz firme —, se Liza pedir para sair na sexta-feira, poderia liberá-la? Gostaria de convidá-la para um jantar em minha casa.

A diretora sorriu compreensiva e assentiu. — Claro, Sr. Black. Tenho certeza de que isso será bom para ela.

Agradeci, levantando-me e apertando a mão dela uma última vez. — Agradeço por tudo, senhora Harper. Vamos fazer o nosso melhor para que ela se sinta segura e acolhida.

Saí da sala da diretora com o coração ainda pesado, mas agora com uma nova esperança. Caminhei pelos corredores da escola, absorto em pensamentos, até que, ao passar pelo jardim, avistei Jassie conversando com duas garotas. Ela parecia tão feliz e descontraída, rindo enquanto conversava. Uma sensação de orgulho e emoção me invadiu ao vê-la assim, um vislumbre de normalidade e alegria em sua vida.

Parei por um momento, apenas observando. Havia algo de extraordinário em vê-la ali, um lembrete de que, apesar de todo o sofrimento e perda, a vida ainda podia oferecer momentos de beleza e conexão. Sorri, emocionado, meu coração batendo mais rápido com a visão de minha filha.

Sabia que o caminho à frente seria desafiador. Contar a verdade para Jassie, ajudá-la a se ajustar, tudo isso exigiria paciência e amor. Mas vendo-a ali, rindo com suas amigas, senti uma nova determinação crescer dentro de mim. Estávamos juntos de novo, e isso era o que importava.

Com um último olhar para o jardim, saí da escola, o coração leve e cheio de esperança. O jantar de sexta-feira seria o primeiro passo para reconstruir nossa família, e eu faria de tudo para garantir que ela se sentisse amada e segura.

Ao retornar para casa, senti uma leveza no coração que há muito não experimentava. Ao abrir a porta da frente, o aroma suave de rosas me envolveu. Encontrei Lucy na sala de estar, arrumando alguns vasos com flores frescas.

— Olá, Lucy. Onde está Nessie? — Perguntei, sorrindo enquanto observava seu trabalho delicado.

— Ela está no escritório, filho — respondeu Lucy, sem desviar a atenção das flores.

Peguei uma das rosas do vaso, sentindo a suavidade das pétalas entre os dedos, e caminhei em direção ao escritório de Nessie. Ao entrar, fiquei um momento observando-a. Ela estava concentrada, mexendo em uma pequena maquete com a precisão e a paixão que sempre admirei.

Aproximei-me silenciosamente e a abracei por trás, segurando a rosa diante dela. Nessie olhou para cima, surpresa, e então sorriu, selando meus lábios com um beijo suave.

— E então, o novo projeto de decoração está pronto? — Perguntei, apreciando o brilho nos olhos dela.

— Quase — respondeu ela, ainda sorrindo. — A senhora que me contratou quer um ambiente em tons neutros. Estou ajustando os detalhes finais.

Afastei-me um pouco, mas continuei segurando a rosa, observando-a enquanto voltava à maquete. A tranquilidade daquele momento era preciosa, um raro instante de paz em meio às turbulências dos últimos tempos.

— Você viu nossa filha? — Perguntou Nessie de repente, deixando o trabalho de lado.

— Sim, vi — respondi, minha voz carregada de emoção. — E tenho uma surpresa para você. Na sexta-feira, durante o jantar de meu aniversário, ela estará aqui. Você finalmente verá nossa filha.

Nessie parou o que estava fazendo e se virou para me encarar, os olhos arregalados de surpresa e alegria. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, e ela rapidamente a enxugou, sorrindo.

— Oh, Jake... isso é maravilhoso. Não posso acreditar que finalmente vamos tê-la de volta.

Aproximei-me novamente, abraçando-a com força. A emoção daquele momento era quase esmagadora, mas no melhor sentido possível. Sentíamos que, finalmente, nossa família estava prestes a se reunir.

— Sim, amor. Vamos ter nossa filha de volta. E isso é só o começo de uma nova vida para todos nós.

Nessie me beijou novamente, desta vez com mais intensidade, como se quisesse transmitir toda a esperança e amor que sentia. E ali, no escritório dela, com a pequena maquete esquecida por um momento, sabíamos que o futuro nos reservava algo extraordinário.


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