Cinderella - Depois do felizes para sempre escrita por Alina Black


Capítulo 3
Liza - Sentimentos




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O sol já estava alto no céu quando Katy e eu nos sentamos na varanda, com uma brisa suave vindo do mar trazendo o aroma salgado e refrescante. Passamos a manhã inteira juntas, e cada momento foi preenchido com histórias fascinantes sobre Bruges. Katy tinha um talento especial para descrever lugares e experiências, e sua voz animada me envolveu completamente.

— Bruges é mágica, Liza- Disse Katy, seus olhos brilhando de entusiasmo. - As ruas são pavimentadas com pedras antigas, e os canais serpenteiam por toda a cidade. Tem cafés adoráveis em cada esquina, e a Bruges School é simplesmente deslumbrante. Os professores são alguns dos melhores do mundo, e os alunos vêm de todos os lugares. É um lugar onde você pode realmente crescer e descobrir quem você é.

Cada palavra que ela dizia fazia meu coração bater mais rápido. Eu podia quase me ver andando por aquelas ruas antigas, explorando os canais e me perdendo nas maravilhas daquela cidade encantadora. - Isso parece um sonho, Katy. Mal posso esperar para ir.

Katy sorriu, pegando minha mão. - Você vai amar, Liza. Eu sei que vai. E nós vamos fazer isso acontecer.

Quando o relógio marcou meio-dia, a senhora Thorne nos chamou para almoçar. Sentamos à mesa, e o senhor Thorne juntou-se a nós, trazendo uma atmosfera acolhedora e familiar. A comida estava deliciosa, com pratos caseiros que aqueciam a alma. Conversamos sobre muitas coisas, mas eventualmente o assunto voltou para minha situação em casa.

— Liza- Disse o senhor Thorne com uma expressão séria, mas gentil. - Você sabe que sempre pode contar conosco. Se precisar de ajuda com seu tio, podemos denunciar ele. Ninguém deveria viver com medo.

Eu senti um nó se formar na minha garganta. Eles estavam sendo tão gentis e compreensivos, mas a ideia de denunciar meu tio me aterrorizava. - Obrigada, senhor Thorne, senhora Thorne - Respondi, minha voz tremendo um pouco. - Mas eu tenho medo. Se eu fizer isso, posso acabar indo para um orfanato. Não sei o que aconteceria comigo.

A senhora Thorne estendeu a mão e tocou a minha com carinho. - Entendemos seu medo, querida. Só queremos que você saiba que não está sozinha. Queremos que você tenha a chance de viver livremente e buscar seus sonhos, como qualquer jovem deveria poder fazer.

Katy olhou para mim, seus olhos cheios de preocupação e apoio. - Liza, estamos aqui para você. Podemos encontrar uma solução juntos. Não importa o que aconteça, vamos encontrar uma maneira de te ajudar.

Eu assenti, tentando manter a compostura. - Eu sei, e agradeço muito por isso. Só preciso de um tempo para pensar. Isso tudo é muito para processar.

O almoço continuou com uma conversa mais leve, mas a preocupação de todos era evidente. No entanto, a amizade e o apoio que senti naquela mesa me deram forças. Katy continuou a me contar mais sobre Bruges durante a tarde, me enchendo de sonhos e esperanças. Cada detalhe sobre a cidade, a escola e as oportunidades que me aguardavam fazia meu coração vibrar.

Quando o relógio marcou o final da tarde, me despedi da família Thorne com um abraço caloroso. A senhora Thorne me apertou suavemente, sussurrando palavras de encorajamento, e o senhor Thorne me deu um sorriso reconfortante. Katy, como sempre, segurou minhas mãos e me olhou nos olhos. - Liza, vamos encontrar uma solução. Eu estarei aqui para você, sempre.

Ao sair da casa deles, me sentia mais leve, apesar das preocupações que ainda pairavam sobre mim. Decidi caminhar até o porto para comprar cerejas. Eu ainda precisaria fazer doces durante a noite para vender no dia seguinte. A brisa do mar era revigorante, e o som das gaivotas voando sobre as ondas acrescentava um toque de serenidade ao meu passeio.

Chegando ao porto, observei a movimentação dos pescadores e dos vendedores ambulantes. O cheiro de peixe fresco misturado com o aroma doce das frutas no mercado à beira do porto flutuava no ar. Me aproximei de uma barraca de cerejas, onde o senhor Arlen, um homem sempre sorridente, estava atendendo.

— Liza! Bom te ver!- Ele disse, empacotando um punhado das cerejas mais vermelhas e suculentas que eu já tinha visto, como era costume comprar cerejas ele já sabia o que eu queria. - Aqui está, especial para você.

Agradeci com um sorriso, e ao me virar, quase tropecei em alguém. - Desculpe, eu não vi você aí," murmurei, antes de perceber quem estava diante de mim.

Era Oliver, filho de um dos pescadores. Seus olhos azuis brilhavam sob a luz do sol, e ele sorriu, revelando covinhas que faziam meu coração bater mais rápido. - Oi, Liza! Tudo bem? Disse ele, sua voz suave e amigável.

— Oi, Oliver! Estou bem, e você? Respondi, tentando não parecer muito nervosa.

— Estou ótimo. O que você está fazendo por aqui?" Perguntou ele, inclinando-se para olhar a sacola de cerejas que eu segurava.

— Eu vim comprar cerejas - Disse, rindo um pouco. – Tenho algumas entregas amanhã.

Ele sorriu, inclinando a cabeça. – O famoso doce de cereja da Liz – Ele sorriu -  Posso acompanhá-la? Talvez possamos passear um pouco.

Meu coração deu um salto de alegria. - Claro, adoraria! – Tentei disfarçar minha empolgação – Quer dizer, se você não for se ocupar.

Oliver sorriu – Eu estou convidando.

Começamos a caminhar pelo porto, conversando sobre coisas triviais. Oliver era fácil de conversar, e sua presença sempre me fazia sentir especial. Quando chegamos à praia, encontramos um lugar tranquilo para nos sentar na areia. A brisa do mar balançava suavemente nossos cabelos, e o som das ondas quebrando era um pano de fundo perfeito para nossa conversa.

— Então, você ouviu falar da Bruges School?- Perguntei, tentando manter a conversa leve enquanto mordiscava uma cereja.

— Sim, já ouvi. É uma escola incrível. Você está pensando em ir para lá?" Perguntou ele, olhando para mim com interesse.

— Sim, estou. Katy me contou sobre ela, e parece ser uma oportunidade única - Respondi, sentindo uma pontada de esperança.

Ele sorriu, seus olhos brilhando. - Isso é incrível, Liz. Eu realmente espero que você consiga ir. Tenho certeza de que vai se dar muito bem lá.

Dei um sorriso bobo e senti o corar em meu rosto, ele era o único que me chamava assim, Liz, como ele era lindo, era difícil de não olhar para ele e me sentir assim.

Conversamos por horas, compartilhando sonhos, medos e histórias de nossas vidas. Oliver era tão compreensivo e gentil, e cada momento com ele me fazia esquecer das preocupações que me aguardavam em casa. À medida que o sol começava a se pôr, pintando o céu com cores vibrantes, eu me sentia mais conectada a ele do que nunca.

Oliver me acompanhou até a porta de casa, e o sol poente pintava o céu com tons suaves demonstrando que estava se despedindo. O clima entre nós estava leve e agradável, mas havia uma tensão palpável no ar, uma espécie de eletricidade que fazia meu coração bater mais rápido. Paramos na frente da minha casa, onde as sombras das árvores balançavam suavemente com a brisa.

— Foi um dia incrível, Liz. Obrigado por compartilhar seu tempo comigo - Disse Oliver, sorrindo. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que me fazia perder o fôlego.

— Eu que agradeço, Oliver. Você tornou meu dia muito especial- Respondi, sentindo minhas bochechas corarem levemente.

Por um momento, ele ficou em silêncio, apenas me olhando, como se estivesse buscando as palavras certas. Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós. Meu coração começou a bater ainda mais rápido, e eu me perguntei se ele estava prestes a se declarar.

— Liz, eu...Começou ele, sua voz suave e cheia de carinho.

— Você? Eu sussurrei.

Antes que ele pudesse continuar, a porta da frente se abriu com um estrondo, e Mel, minha prima, apareceu. - Liza, até que enfim você chegou, está ficando tarde e eu estou com fome - Disse ela, sua voz grosseira e impaciente.

A interrupção foi como um balde de água fria. Oliver deu um passo para trás, um sorriso meio triste em seus lábios. - Bem, acho que é hora de eu ir - Disse ele, tentando manter a leveza na voz.

— Até logo, Oliver - Respondi, tentando disfarçar minha decepção.

Ele se inclinou e me deu um abraço rápido, seus braços fortes me envolvendo em um breve momento de conforto. - Nos vemos em breve, Liz - Sussurrou ele antes de se afastar lentamente.

Fiquei ali, observando-o caminhar de volta pelo caminho de pedras, cada passo dele parecia ecoar minha frustração crescente. Quando ele finalmente desapareceu de vista, suspirei e me virei para encarar Mel.

— Porque está me olhando? Esbravejou Mel.

Entrei em casa, sentindo uma mistura de frustração e tristeza. A oportunidade que senti que estava prestes a surgir tinha sido roubada por uma simples interrupção. Fechei a porta atrás de mim e encostei minha testa na madeira fria, tentando processar os sentimentos conflitantes dentro de mim.


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