Cinderella - Depois do felizes para sempre escrita por Alina Black


Capítulo 23
Jacob - Elizabeth Dwyer




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Depois da reunião com Kallil, já passava das 23 horas quando finalmente cheguei em casa. A porta rangeu levemente ao ser aberta, um som familiar e acolhedor. O silêncio da noite preenchia o ar, exceto pelo suave som das páginas de um livro sendo viradas. Lá estava Nessie, deitada na nossa cama, a luz suave do abajur iluminando seu rosto e refletindo em seus cabelos. Ela levantou o olhar ao me ver entrar e me recebeu com um sorriso caloroso que fez todo o cansaço do dia desaparecer num instante.

Depois de um banho rápido, sentindo-me revigorado, caminhei até a cama e deitei ao lado dela. O toque dos seus dedos percorrendo meus cabelos enquanto eu a puxava gentilmente para os meus braços era tudo o que eu precisava naquele momento. A sensação de tê-la ali, tão próxima, era um bálsamo para minha alma.

— Como foi seu dia? Perguntei, a voz baixa e calma, enquanto acariciava suas costas. Nessie fechou o livro, marcando a página com - cuidado, e suspirou suavemente antes de responder.

— Hoje eu vi uma moça ruiva- Disse ela, os olhos brilhando com uma mistura de surpresa e esperança. Aquelas palavras me fizeram sorrir. Podia sentir a esperança em sua voz, uma esperança que ressoava dentro de mim. Era raro ver Nessie tão animada com algo assim, e saber que isso a tocava de forma tão profunda me encheu de um calor indescritível.

— É mesmo? E como ela era? Incentivei, querendo ouvir mais, querendo compartilhar daquela fagulha de esperança que ela carregava.

Ela começou a descrever a moça com detalhes, a maneira como seus cabelos ruivos brilhavam ao sol, a gentileza em seu olhar. Enquanto ela falava, pude sentir nossos corações batendo em uníssono, cada palavra sua era um elo que nos unia ainda mais.

Continuamos conversando por um bom tempo, sobre a moça ruiva, sobre nossos sonhos, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. A noite avançava, mas o tempo parecia não ter pressa de passar. O som das nossas vozes se entrelaçando era como uma canção de ninar, e aos poucos, o cansaço do dia finalmente nos venceu.

Com Nessie aconchegada em meus braços, seu calor e seu perfume me envolvendo, deixei meus olhos se fecharem. O último pensamento antes de adormecer foi a imagem de seu sorriso, a promessa de um amanhã com mais esperança, e a certeza de que, não importa o que aconteça, juntos podemos enfrentar qualquer coisa.

E assim, em meio ao conforto e à segurança do nosso amor, caímos no sono.

Acordei cedo na manhã seguinte, o sol ainda tímido no horizonte. O quarto estava tranquilo, apenas o som suave da respiração de Nessie ao meu lado. Olhei para ela, tão serena, e senti uma onda de gratidão e amor. Queria recompensá-la por ter esperado por mim na noite anterior, então decidi preparar o café da manhã para ela.

Saí da cama com cuidado para não a acordar e fui até a cozinha. Peguei os ingredientes necessários e comecei a preparar uma refeição especial. Panquecas fofinhas, ovos mexidos, torradas, suco de laranja fresco e café quente. Enquanto as panquecas douravam na frigideira, abri a janela da cozinha e colhi algumas rosas do nosso jardim. A manhã estava fresca e as flores, ainda com gotas de orvalho, exalavam um perfume doce.

Organizei tudo em uma bandeja, cuidando para que ficasse perfeito. Coloquei as rosas em um pequeno vaso e o posicionei ao lado da xícara de café. Satisfeito com o resultado, estava prestes a levar o café da manhã para o quarto quando ouvi passos leves atrás de mim.

Virei-me e vi Antony na porta da cozinha, já vestido com seu uniforme escolar. Seus olhos estavam sérios, e havia uma tensão em sua expressão que não era comum. - Bom dia, pai - Disse ele, a voz um pouco hesitante.

— Bom dia, filho - Respondi, me abaixando para lhe dar um beijo carinhoso na testa. - Está tudo bem?

Antony balançou a cabeça, indicando que não. - Pai, eu preciso conversar com você. Tem algo importante que preciso te mostrar.

Sua atitude me deixou intrigado. Antony geralmente era um garoto alegre e despreocupado, então algo devia estar realmente incomodando-o. Esperava que ele não tivesse se metido em encrencas. Olhei para a bandeja de café da manhã e depois para meu filho, percebendo que ele precisava de mim mais do que eu precisava entregar aquele café naquele exato momento.

— Claro, filho - Disse eu, tentando manter a calma. - Vamos para o meu escritório.

Caminhamos juntos pelo corredor silencioso até o escritório. Entrei primeiro, acendendo a luz suave do abajur na mesa. Antony fechou a porta atrás de si e eu me sentei na cadeira, indicando para ele sentar-se na outra.

— O que aconteceu, Antony?" Perguntei, tentando manter meu tom de voz tranquilo para não o alarmar mais do que ele já parecia estar.

Antony tirou o celular do bolso e me entregou, o olhar fixo no chão. Peguei o aparelho e vi que ele havia aberto a galeria de fotos. Uma imagem estava em destaque na tela. Quando meus olhos se fixaram na foto, senti meu coração pular uma batida.

Era uma garota ruiva, ainda muito jovem. Mas o que mais me chocou foi a semelhança impressionante com Renesmee. Ela não era apenas parecida; ela era praticamente idêntica à minha esposa quando jovem. A única diferença era o tom ruivo da cor dos cabelos.

— Antony, onde você conseguiu isso? Perguntei, a voz mais rouca do que eu gostaria.

— Lembra que ontem eu disse a você que tinha visto uma garota igual a mamãe na boate? Eu acreditei por um momento que eu estava bêbado – Explicou ele – Mas ontem quando fui ao treino do time na escola eu a vi, eu a abordei e ela se apresentou como Elizabeth Dwyer – Respondeu ele – O mesmo sobrenome da vovó Bela, aproveitei sua distração e tirei essa foto.

O choque inicial ao ver a foto no celular de Antony me deixou momentaneamente sem palavras. A imagem da garota ruiva, tão parecida com Renesmee, trouxe uma enxurrada de emoções que variavam entre surpresa, incredulidade e um crescente temor. Como isso era possível? A semelhança era perturbadora, como se eu estivesse olhando para uma versão mais jovem da minha esposa, apenas com cabelos de uma cor diferente.

Meu coração acelerou quando Antony mencionou o nome dela: Elizabeth Dwyer. O mesmo nome da avó de Nessie, mãe de Edward. Algo se iluminou na minha mente. Por mais maluca que aquela história pudesse parecer, algo dentro de mim dizia que não era uma coincidência.

— Filho, ela estuda na mesma escola que você?

— Parece que foi fazer o teste para uma bolsa – Ele respondeu.

— Antony - Comecei, tentando me tranquilizar- Essa garota... Elizabeth Dwyer, você disse? Acha que ela pode ser... Jassie?" As palavras saíram com dificuldade, a ideia de que isso pudesse ser verdade me assustando e me intrigando ao mesmo tempo.

Antony assentiu lentamente, os olhos grandes e cheios de perguntas. – Eu tenho certeza disso, mas, ela não faz a menor ideia de quem é.

Precisava processar tudo isso, entender o que estava acontecendo antes de envolver Nessie. Se Elizabeth Dwyer realmente fosse Jassie, haveria explicações necessárias, respostas que eu ainda não tinha. Precisava investigar mais antes de compartilhar isso com minha esposa e preocupá-la desnecessariamente.

— Antony, escute - Disse, segurando seus ombros e olhando diretamente em seus olhos. - Não comente nada disso com sua mãe, por enquanto. Preciso descobrir mais sobre essa garota antes de envolver a Nessie. Hoje mesmo, vou até a escola para investigar.

Antony hesitou, mas acabou assentindo novamente, compreendendo a gravidade da situação. - Tudo bem, pai. Eu confio em você.

Respirei fundo, sentindo a pressão do momento. Beijei a testa do meu filho novamente, tentando lhe passar a confiança que eu mesmo estava lutando para manter. – Vou descobrir quem é essa garota.

Com uma última olhada na foto no celular o devolvendo a Antony e pedi que ele me passasse a foto por mensagem, ele concordou. Saí do escritório, levando Antony comigo. Ele se dirigiu para a cozinha para tomar seu café da manhã, enquanto eu preparava minha mente para o que estava por vir. Precisava de respostas, e hoje mesmo iria encontrá-las.

Subi as escadas com cuidado, o café da manhã ainda esperando para ser entregue. Entrei no quarto, onde Nessie ainda dormia serenamente. Coloquei a bandeja ao lado da cama e me sentei ao seu lado, observando-a por um momento, tentando acalmar meus pensamentos. Quando ela começou a acordar, seus olhos se abriram lentamente e um sorriso surgiu em seu rosto ao me ver.

— Bom dia meu amor - Murmurei, tentando esconder a tempestade de pensamentos que se agitava dentro de mim.

— Bom dia Jake- Respondeu ela, espreguiçando-se preguiçosamente. - Isso tudo é para mim?

— Sim, você merece- Disse, beijando-a suavemente nos lábios. - Desculpe por ter chegado tarde ontem. Queria fazer algo especial para você.

Enquanto ela começava a comer, conversamos sobre coisas leves e cotidianas. O sorriso em seu rosto me dava forças, e embora eu ainda estivesse perturbado pela foto no celular de Antony, sabia que enfrentaria o que viesse pela frente, assim como sempre fizemos: juntos.

Quando finalmente saí de casa para ir à escola de Antony, tentei me manter sereno com relação a Elizabeth, mas embora eu precisasse de provas concretas de que ela era nossa filha desaparecida meu coração de pai já tinha certeza que era ela.

Jassie havia encontrado o caminho de volta para casa.


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