Ao chegar à Holding, estacionei o carro e entrei no prédio imponente que era o coração dos negócios da nossa família. Cumprimentei os funcionários pelo caminho, minha mente já focada nas reuniões e decisões que o dia traria. Peguei o elevador executivo e segui para presidência, onde já era aguardado por Edward e Paul. Ao me ver, eles se levantaram e nos cumprimentamos com um aperto de mão firme.

— Bom dia, Jacob – disse Edward, com seu olhar sempre atento e perspicaz.

— Bom dia, Edward. Bom dia, Paul – respondi, indicando com um gesto que nos acomodássemos na sala de reuniões adjacente ao meu escritório.

Entramos na sala e nos sentamos ao redor da mesa. Edward e Paul colocaram diante de mim várias pastas, contendo os novos modelos de negócio que haviam desenvolvido.

— Aqui estão os planos que discutimos na semana passada – começou Paul, sempre direto ao ponto. – Fizemos algumas melhorias com base nas suas sugestões.

— Desculpem o atraso, mas tive um contratempo em casa – Falei ligando meu notebook – Precisamos revisar antes que Kallil chegue.

Edward sorriu – Meu neto aprontou o que dessa vez?

Torci os lábios- Nada que cartões bloqueados não resolvam dessa vez.

— Pelo jeito foi sério – Disse Paul.

— E Adam? – Questionei, notando sua ausência.

Quase imediatamente, a porta se abriu e Adam entrou, um pouco apressado - Desculpem o atraso – disse ele, fechando a porta atrás de si. – Bom dia, pai – acrescentou, dirigindo-se a mim com um sorriso.

Ele colocou uma pasta diante de mim, e não pude deixar de sentir um orgulho imenso pelo meu filho de criação. Apesar de ter apenas 20 anos, Adam sempre demonstrou uma dedicação e uma ética de trabalho que me impressionavam.

— Bom dia, Filho. Está tudo bem? – Perguntei, sorrindo de volta, mas com um tom de preocupação – Adam não era de se atrasar por isso eu havia achado um pouco estranho

— Tudo ótimo – respondeu ele, acomodando-se em uma das cadeiras – Eu fiquei até tarde terminando meu trabalho final da faculdade, desculpe.

— O que falta de responsabilidade em um filho, o outro tem de sobra – Disse Edward apertando o ombro de Adam que sorriu.

Adam era filho de Alan Haynes, o ex-presidente da Holding assassinado por Sam a alguns anos, quando Alan foi morto Adam tinha apenas quatro anos, e ficou sobre os cuidados de sua mãe, Kallil e eu demos todo apoio a viúva de Alan, porém ela faleceu três anos depois de câncer deixando Adam órfão, como não apareceram parentes que assumissem sua guarda ele foi colocado a adoção, Nessie e eu nos sentimos culpados e mesmo diante da dor do sequestro de nossa filha pedimos sua guarda e o juiz nos concedeu. Adam tinha sete anos quando passou a morar em nossa casa.

— Meu irmão aprontou? Disse Adam sorrindo – Onde está a novidade?

Edward e Paul riram.

Abri a pasta que ele trouxera e comecei a revisar os documentos que continham análises detalhadas e propostas estratégicas. Enquanto folheava as páginas, minha mente estava dividida entre o orgulho pelo crescimento profissional de Adam e a preocupação constante com Antony e Jassie.

— Muito bem, pessoal – disse, levantando a cabeça dos papéis. – Vamos começar. Quero ouvir suas opiniões e discutir as melhores estratégias para implementar esses novos modelos de negócio.

A reunião prosseguiu com cada um apresentando suas ideias e sugestões. Edward detalhou as projeções financeiras, enquanto Paul falou sobre as mudanças operacionais. Adam, por sua vez, apresentou uma análise de mercado meticulosa, mostrando sua habilidade em enxergar oportunidades e riscos com clareza. Sem sombra de dúvidas Adam havia herdado toda sua habilidade para os negócios de seu Pai Alan, ele falava e gesticulava como ele, era uma promessa para a empresa.

No final da reunião decidimos como mostrar tudo a Kallil, para que compreendesse melhor o que tínhamos em mente.

— Então vamos aguardar Kallil, que está atrasado – Disse Paul.

— Que tal um café? Sugeriu Edward.

— Eu já tomei com minha esposa, mas fiquem à vontade.

Enquanto os outros saíam da sala, Adam ficou um pouco mais, ajustando alguns documentos. Olhei para ele, sentindo uma onda de orgulho e carinho.

— Você está indo muito bem, Adam. Estou orgulhoso de você.

— Obrigado, pai. Aprendi com o melhor- Ele respondeu e sorriu, aquele sorriso que sempre iluminava o ambiente, mas depois se manteve sério – Antony aprontou novamente?

Suspirei - Chegou bêbado durante a madrugada, sua mãe não dormiu até que ele chegasse – Respondi.

— Quer que eu converse com ele?

Ergui as sobrancelhas – Eu cheguei ao limite, se seu irmão não tomar jeito dessa vez eu o coloco em regime interno no Bruges Scholl.

— Sabe que só vai transferir o problema não sabe? Eu vou conversar com ele novamente.

— Transfira um pouco da sua maturidade para seu irmão – Falei me levantando de minha cadeira o abraçando rapidamente, antes de pegar minha pasta e paletó – Melhor irmos para a sala de reuniões esperar por Kallil, tenho a leve impressão que seu atraso tem alguma ligação com seu irmão.

Adam riu – Logan e Antony atacam novamente.

Saímos juntos da sala da presidência e caminhamos até a sala de reuniões onde Edward e Paul já nos aguardavam, sentamos em nossos lugares e pegamos os documentos os revisando quando Kallil entrou na sala com uma expressão nada agradável.

— Perdão pelo atraso senhores, tive um pequeno problema familiar para resolver.

— Sem problemas – Brincou Edward dando uma leve risada e olhando para mim – Hoje é o dia dos problemas familiares.

Kallil puxou uma cadeira e sentou à mesa – Vou despachar Logan para França para morar com a mãe.

Ouvi o desabafo de Kallil em silêncio e olhei para os papéis em minhas mãos, eu tinha absoluta certeza que o episódio da madrugada e embriaguez de Antony tinha ligação com o problema de Kallil com o filho.

Eu precisava frear Antony antes que ele não me trouxesse somente problemas em casa, mas me trouxesse também problemas no trabalho, Kallil ao invés de tentar educar o filho caçula jogava o problema para a sua ex-mulher, mãe de Logan, se isentando da responsabilidade de ser pai.