Cinderella - Depois do felizes para sempre escrita por Alina Black


Capítulo 18
Liza- Jassie Black




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Corria pelos corredores do colégio, sentindo o peso do mundo desabar sobre mim. As lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto, borrando minha visão, mas eu não me importava. A notícia antiga do sequestro da filha de Jacob e Renesmee Black havia despedaçado algo dentro de mim. O pânico e a angústia se misturavam, criando uma tempestade de emoções que eu mal conseguia controlar. Cada passo que eu dava parecia me levar mais fundo na escuridão da minha própria dor e confusão.

Os olhares dos outros alunos me seguiam, mas eu os ignorava. Não conseguia pensar em nada além da necessidade urgente de encontrar Antony. Parei diante da porta da sala dele, mal conseguindo respirar. Lá estava Mia, olhando para mim com preocupação nos olhos.

— Mia, onde está o Antony? — Minha voz saiu embargada, quase um sussurro desesperado. Havia uma parte de mim que, naquele instante, soube que Mia entendia mais do que estava dizendo. Ela sabia. Ela sabia quem eu realmente era.

— Ele foi liberado para o treino de futebol. Tem um torneio nos próximos dias.

Sem esperar mais nada, virei e corri em direção ao campo de futebol. Cada passo parecia uma eternidade, cada batida do meu coração uma lembrança do que eu estava prestes a enfrentar. Ouvi Mia correndo atrás de mim, mas não consegui parar. O medo e a esperança se entrelaçavam, me empurrando para frente.

Ao chegar ao campo, avistei Antony treinando com o time. Meu coração parecia prestes a explodir. Ignorando os gritos do técnico e os olhares confusos dos jogadores, corri até ele. Antony me viu e parou, vindo na minha direção com uma expressão preocupada.

— Liza, o que aconteceu? Você está bem? — A preocupação na voz dele quase me fez desabar.

— Antony — comecei, tentando encontrar a voz entre as lágrimas. — Sou eu? Eu sou sua irmã? Eu sou Jassie Black?

Levantei o pulso, mostrando a pulseira de berloques com a pequena foto. Meu coração batia descontrolado, a angústia crescendo dentro de mim. Antony parou, a surpresa clara em seu rosto, era como se eu visse o próprio Jacob Black a minha frente, alguns anos mais jovem e de cabelos ruivos como os meus. Então, ele assentiu lentamente.

— Sim, Liza. Você é Jassie Black. Você foi sequestrada quando tinha apenas três anos.

As palavras dele me atingiram como um raio, trazendo uma onda de emoções que me fez cair de joelhos. A tristeza pelo tempo perdido, a dor do que havia sido roubado de mim, a angústia de não saber quem eu era. Mas, ao mesmo tempo, uma tênue chama de alívio e reconhecimento começou a brilhar. Antony se aproximou e me abraçou com força, e eu chorei em seu ombro, ele era meu irmão, eu tinha um irmão, uma família, senti o calor familiar que há tanto tempo me faltava.

— Ela precisa se acalmar – Disse Mia enquanto Antony acariciava suavemente meus cabelos.

— Está tudo bem aí, Black? Perguntou o técnico do time.

Antony afastou nossos corpos — Mia poderia cuidar dela uns minutos, preciso conversar com o senhor Peteers.

Mia assentiu me puxando pela mão— Vem Liza — Seu tom de voz era suave e tranquilizador, concordei com a cabeça e olhei para Antony enquanto era puxada para fora do campo.

— A quanto tempo sabe? Perguntei a Mia tropeçando em minhas palavras, ela sorriu e me abraçou tentando me acalmar.

— Desde que te vi pela primeira vez eu soube que você era a minha prima desaparecida — Respondeu ela —  Isso sempre esteve obvio demais.

— Prima? — Sussurrei entre meus soluços.

Mia sorriu — Minha mãe é irmã do seu pai então, somos primas.

Apesar das lagrimas, eu sorri. Olhei para Antony e ele conversava com o técnico e professor, eles concordaram com a cabeça e em seguida Antony pegou sua mochila, retirou de dentro seu aparelho celular e realizou uma ligação enquanto caminhava ao nosso encontro — Vamos para casa — Antony murmurou suavemente. —  Precisa conversar com nossos pais.

Apesar de toda a confusão eu concordei em ir com ele.

 Saímos do colégio, e ao entrar no carro de Antony, o silêncio se instalou entre nós. Eu o encarei, tentando processar a revelação que acabara de receber. Todos os anos que perdi longe dele, todos os momentos que poderiam ter sido nossos, agora pesavam no meu coração. Por que Maeve me sequestrou? A pergunta ecoava na minha mente, trazendo uma mistura de raiva e tristeza.

Enquanto seguíamos de carro pelas ruas de Bruges, olhei pela janela, observando a cidade que, de algum modo, sempre habitou meus sonhos. Cada rua, cada prédio parecia familiar, como se meu coração sempre tivesse pertencido a este lugar. Finalmente entendi porque sempre sonhei com Bruges. Minha família estava aqui, mesmo que eu não soubesse.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo som de Antony atendendo uma ligação. Ele falou em voz baixa, mas consegui ouvir as palavras que confirmavam o que eu mais temia e esperava ao mesmo tempo.

— Oi pai, sim ela está bem, ela está comigo. Estamos chegando.

Minutos depois, passamos pelos portões de uma mansão imponente. Meu nervosismo cresceu, meu coração batendo descompassado enquanto Antony estacionava o carro. Olhei pela janela, vendo a grande porta da frente e, diante dela, duas figuras paradas à nossa espera.

Respirei fundo, tentando controlar o turbilhão de emoções dentro de mim. Saí do carro e meus olhos encontraram os de Jacob e Renesmee. Eles estavam ali, parados, ansiosos, seus rostos uma mistura de esperança e dor.

Sem pensar, impulsivamente corri na direção deles. As lágrimas voltaram, mas desta vez eram de alívio e alegria. Quando alcancei meus pais, joguei-me em seus braços, sentindo o calor e o amor que emanavam deles. Abraçaram-me com força, e naquele momento, senti que todo o sofrimento e a confusão dos últimos anos estavam começando a desaparecer.

— Jassie... minha Jassie... — murmurou Renesmee, sua voz embargada pelo choro.

Jacob não disse nada, apenas me segurou firme, como se temesse que eu desaparecesse novamente. Eu chorei junto com eles, liberando toda a dor acumulada, mas também abraçando a felicidade de finalmente estar onde sempre deveria ter estado.

Antony se aproximou, colocando a mão em meu ombro, e eu soube que, apesar de tudo, estava finalmente em casa.


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