Cinderella - Depois do felizes para sempre escrita por Alina Black


Capítulo 14
Liza - O convite




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Minha primeira semana no Bruges School foi uma montanha-russa de emoções. Cheguei com o coração cheio de expectativas, mas também com um nó de nervosismo no estômago. Logo no primeiro dia, a recepção foi bem mais impactante do que eu esperava: um banho de tinta. Confesso que, naquele momento, senti vontade de sair correndo dali.

Mas, para minha surpresa, esse incidente acabou se transformando em uma oportunidade inesperada. Conheci Jacob Black, que se tornou meu padrinho escolar, ele apareceu com um sorriso tranquilizador e um olhar que transmitia uma segurança inexplicável. Em sua presença, senti uma proteção que nunca havia experimentado antes, algo quase indescritível.

Além de Jacob, ganhei um quarto novo, só meu, não precisaria dividir com Penélope embora eu estivesse acostumada a dividir o espaço com ela, ter um canto só meu era algo bom. O espaço rapidamente se tornou meu santuário pessoal. Assim que entrei, fiquei impressionada com a combinação de elegância e aconchego que ele oferecia. As paredes eram pintadas em um tom suave de azul claro, criando uma sensação de calma e tranquilidade.

Uma das primeiras coisas que notei foi a grande janela arqueada que domina uma parede inteira, deixando a luz natural inundar o ambiente durante o dia. De noite, as cortinas de linho branco, com delicadas bordas de renda, que podiam ser puxadas para garantir privacidade e um sono tranquilo. Do lado de fora, a vista era encantadora: campos verdes e bem cuidados que se estendem até onde a vista alcança, pontuados por árvores antigas e majestosas.

O chão era de madeira escura, polida e coberta parcialmente por um tapete persa em tons de vermelho e ouro, adicionando um toque de calor e cor ao espaço. No centro do quarto, uma cama de dossel em estilo vitoriano, com um colchão macio e lençóis de algodão branco, parece convidar ao descanso. O dossel era adornado com um tecido transparente e leve que podia ser fechado ao redor da cama, criando um ambiente de conto de fadas.

Ao lado da cama, havia uma mesa de cabeceira de madeira clara, onde coloquei um pequeno abajur com base de cerâmica azul e uma pilha de meus livros. Sobre a cama, pendurei um quadro de uma pintura bucólica, um presente que ganhei de Jacob Black.

No canto oposto, havia uma escrivaninha antiga, com detalhes esculpidos à mão, perfeita para meus estudos. Acima dela, prateleiras cheias de livros, cadernos e uma foto de Katy e Oliver. A cadeira estofada em veludo verde musgo combinava perfeitamente com o estilo da escrivaninha.

Uma poltrona confortável, colocada perto da janela, agora era o meu lugar favorito para ler e relaxar. Ao lado dela, uma pequena mesa redonda sustenta um vaso de flores frescas que Jacob me trouxe no primeiro dia, uma lembrança constante de sua gentileza e apoio.

Para completar o ambiente, havia um armário espaçoso com portas de madeira entalhadas, onde guardava minhas roupas e alguns itens pessoais. A atenção aos detalhes, desde as maçanetas de latão até os padrões delicados no tecido das cortinas e estofados, fazia com que o quarto exale um charme clássico e atemporal.

A escola, com seu ambiente vibrante e oportunidades inexploradas, começou a se revelar menos assustadora com o passar dos dias. Além de Laura, Matt, Mia e Antony, fiz novos amigos, como Emily e Theo, que tornaram os corredores mais familiares e as aulas mais divertidas. Eles me ajudaram a me integrar, me convidando para almoçar junto com eles e apresentando-me aos outros colegas. Apesar das dificuldades iniciais e dos momentos de dúvida, comecei a enxergar essa nova fase como uma chance de crescimento.

No entanto, à noite, quando me deitava no meu novo quarto, a saudade se fazia mais presente. As memórias de Katy e Oliver vinham à tona, trazendo uma mistura de tristeza e conforto. Eu sabia que essa distância era temporária, mas não podia evitar o desejo de compartilhar cada novidade e cada pequena conquista com eles.

Ainda assim, apesar da saudade e dos desafios, havia algo de profundamente positivo em cada experiência. Cada dia trazia uma nova lição, uma nova amizade e, especialmente, a constante sensação de que Jacob estava ali por mim. A proteção que ele me oferecia fazia toda a diferença, embora eu não soubesse explicar por que eu me sentia assim.

Com um suspiro suave, coloquei a última folha de papel cuidadosamente dobrada no envelope. Com um toque de carinho, selei a carta destinada a Oliver, imaginando o sorriso que ele teria ao recebê-la. Fiz o mesmo com a carta para Naty, ambas agora guardadas com esmero na pequena gaveta da minha escrivaninha. Essas cartas eram importantes, cheias de memórias e sentimentos que esperava compartilhar no fim de semana, quando as entregaria ao senhor Thorne.

Me levantei da cadeira, dei uma olhada rápida no quarto, certificando-me de que tudo estava no lugar. Era uma manhã livre, rara e preciosa, e eu pretendia aproveitá-la. Caminhei até a porta, sentindo a brisa leve que entrava pela janela aberta, e desci as escadas da casa com um sorriso tranquilo.

Lá fora, no pátio ensolarado, avistei um grupo de garotos do time de futebol. Entre risadas e conversas animadas, eles pareciam estar aproveitando tanto quanto eu aquela manhã sem compromissos. Um deles, Antony, se destacava no grupo. Alto e com um sorriso contagiante, ele sempre tinha uma palavra gentil para todos.

Quando me aproximei, um dos garotos, Thomas, notou minha presença e comentou em voz alta: -Ei, Liza! Você está linda hoje! Senti meu rosto esquentar levemente, surpresa e um pouco constrangida com o elogio repentino. Ri timidamente, acenando para eles.

Antony, percebendo meu desconforto, deu um passo à frente e com um olhar sério, mas gentil, disse: - Liza, podemos conversar um minuto?

Os outros garotos entenderam a deixa e se afastaram, continuando a conversa um pouco mais adiante.

Assenti, curiosa. Antony era sempre tão amigável, mas havia algo diferente em sua expressão hoje. Ele começou a falar com um tom mais baixo, quase íntimo. - Queria te convidar para um jantar em minha casa amanhã à noite. É o aniversário do meu pai, e ele gostaria muito de te ver lá. Você sabe como Jacob Black gosta de você.

Senti uma onda de alegria e surpresa. Jacob, o pai de Antony, estava sempre disposto a me ajudar, e eu apesar de conhece-lo pouco já tinha um carinho especial por ele. - Eu adoraria ir - Respondi, meu sorriso se alargando- Seu pai tem sido meu anjo da guarda.

Antony sorriu de volta, visivelmente aliviado e feliz com a resposta. - Então está combinado. O motorista virá buscar você as sete.

Uma mistura de felicidade e ansiedade começou a tomar conta de mim. Eu não conseguia explicar exatamente por que me sentia tão contente, especialmente considerando que mal conhecia Jacob. Ainda assim, havia algo em sua presença que me transmitia uma confiança e proteção difíceis de descrever.

Me despedi de Antony com um sorriso, tentando esconder o turbilhão de pensamentos que ocupava minha mente, e comecei a caminhar de volta para o meu quarto. Precisava pensar no que vestir na noite seguinte para a festa. A empolgação estava se misturando com uma leve preocupação. Ao abrir meu guarda-roupa, fiquei olhando para as roupas penduradas. Todas eram simples e despretensiosas, muitas delas presentes de Katy. Nenhuma parecia apropriada para um evento tão especial.

Me sentei na cama, olhando para o armário e pensando nas minhas opções limitadas. Foi então que lembrei do envelope que Jacob Black havia me dado alguns dias antes. Com um leve sorriso, levantei-me e fui até a gaveta do meu criado-mudo. Peguei o envelope e sentei novamente na cama, abrindo-o com cuidado.

Dentro, havia um cartão de crédito corporativo e um pequeno bilhete escrito à mão por Jacob. " Esse cartão é para seu uso pessoal,  para custear suas necessidades pessoais." Senti um calor no peito ao ler suas palavras. Jacob havia pensado em tudo.

Respirei fundo, segurando o cartão nas mãos. A ideia de usá-lo me deixava um pouco nervosa, mas ao mesmo tempo, sabia que era a solução para meu dilema. A generosidade de Jacob me tocava profundamente. Ele não apenas se importava comigo, mas estava disposto a me ajudar de maneiras que eu nunca esperaria.

Caminhei até o escritório da diretora para pedir autorização para sair da escola. Expliquei a situação, destacando a importância do evento e a minha necessidade de comprar um vestido apropriado. Para minha surpresa a diretora parecia ciente da situação e não colocou dificuldade alguma, de imediato me deu permissão sem hesitar.

Com a autorização em mãos, deixei o campus e me dirigi à cidade. A movimentada rua principal estava cheia de pessoas e lojas, cada uma mais atraente que a outra. Passei por algumas vitrines, tentando encontrar algo que chamasse minha atenção, mas nada parecia perfeito.

Foi então que meus olhos pousaram na vitrine de uma loja chamada "Alices". Havia algo encantador e quase mágico no jeito que os vestidos estavam expostos, e decidi entrar, embora me sentisse um pouco receosa em usar o cartão de Jacob.

Assim que entrei, uma mulher elegante e de aparência etérea me recebeu. Ao me ver, ela pareceu surpresa, como se visse um fantasma diante dela - Olá, meu nome é Alice Cullen - Disse ela com um sorriso gentil. Antes que eu pudesse responder, outra mulher igualmente deslumbrante apareceu ao seu lado. - E eu sou Rosalie Hale- acrescentou a segunda mulher.

— Posso ajudar você a encontrar algo especial? Perguntou Alice, enquanto Rosalie me observava com um olhar avaliador. Expliquei que precisava de um vestido para uma festa importante e ambas pareceram mais do que dispostas a ajudar.

Enquanto me mostravam diferentes opções, Rosalie fez um comentário intrigante: - A história está se repetindo, fiquei confusa e perguntei o que ela queria dizer com aquilo. Alice trocou um olhar significativo com Rosalie antes de responder.

— Às vezes, o destino tem uma maneira peculiar de trazer pessoas - Disse Alice enigmaticamente. - Parece que certas coisas estão destinadas a acontecer, não importa quantas vezes a história se repita.

Tentei entender o que ela queria dizer, mas as palavras de Alice só aumentaram minha confusão. Rosalie, percebendo minha expressão, sorriu suavemente. - Não se preocupe com isso agora, Liza. Vamos nos concentrar em encontrar o vestido perfeito para você.

Passamos algum tempo escolhendo e experimentando vestidos. Cada peça que elas sugeriam parecia mais linda que a anterior. Por fim, encontrei um vestido que me fez sentir confiante e bonita, algo que parecia feito sob medida para a ocasião. Era um vestido formal estilo, vintage de cocktail , com mangas e balanço estilo anos 50 com detalhes sutis que lhe davam um toque único. Quando saí do provador, ambas sorriram de forma calorosa, suas expressões revelando uma mistura de emoção e felicidade.

— Você está deslumbrante, Liza - Disse Alice, seus olhos brilhando. - Esse vestido parece ter sido feito para você.

— Concordo - Acrescentou Rosalie se colocando atrás de mim enquanto eu me olhava no espelho - Ele realça sua beleza de uma maneira incrível.

Eu sorri, um pouco envergonhada, mas profundamente tocada pelos elogios sinceros. Alice então se aproximou, segurando um par de sapatos que combinavam perfeitamente com o vestido. - Experimente estes - Disse ela, entregando-me os sapatos.

Me sentei em um banquinho próximo e calcei os sapatos. Eles se ajustaram perfeitamente, completando o conjunto de forma impecável. Me levantei e novamente me olhei para o espelho, mal reconhecendo a garota refletida ali. Parecia uma versão mais confiante e elegante de mim mesma.

— Vou levar o vestido e os sapatos - Declarei, virando-me para as duas mulheres com um sorriso. Caminhei até o balcão para pagar, mas Alice balançou a cabeça gentilmente.

— Não é necessário, Liza. Considere isso um presente da loja - Disse ela com um sorriso misterioso.

Fiquei surpresa e um pouco desconfortável. - Eu... eu não posso aceitar isso- Respondi, tentando entregar o cartão de crédito.

Rosalie deu um passo à frente e colocou uma mão reconfortante no meu ombro. - Liza, por favor, aceite, esse vestido nunca coube em nenhuma garota antes, e como serviu em você temos que manter as regras.

— Quais regras? A olhei desconfiada.

— Quando o vestido escolher sua dona ele não deverá ser pago. – Explicou Alice.

Depois de uma breve hesitação, percebi a sinceridade nos olhos delas e finalmente cedi. – Muito obrigada – Agradeci.

Ambas sorriram novamente, e Alice me deu um abraço inesperado, mas reconfortante. - Aproveite a festa, Liza. E lembre-se, estamos aqui para você, sempre que precisar.

Após me despedir delas, saí da loja ainda confusa com o que havia acontecido. Havia algo quase mágico na maneira como Alice e Rosalie me trataram, como se soubessem mais sobre mim do que eu mesma. Enquanto caminhava de volta para a escola, carregando o vestido e os sapatos, não conseguia tirar da cabeça a sensação de que minha vida estava prestes a mudar de maneiras que eu ainda não compreendia.

Mas por agora, me concentrei na festa de aniversário de Jacob Black, não sei por qual razão eu tinha a sensação que seria inesquecível.


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