Vou cuidar de você pra sempre escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo único - Vou cuidar de você pra sempre


Notas iniciais do capítulo

NOTA 1: Essa one-shot se passa após minha outra one-shot Starmora "Tudo que eu amo em mim", que foi inspirada em acontecimentos das HQs.

NOTA 2: Essa história surgiu de uma tentativa minha de diluir traumas passados pessoais através dos Guardiões, já que eles são meus amigos imaginários mais amados. E sempre me perguntei como Gamora e Nebulosa se sentiam sobre algumas das coisas que devem ter passado nas mãos de Thanos, mas que nunca são faladas, todas implícitas entre as informações que nos são entregues nas histórias. Estou lendo o livro "Gamora e Nebulosa - Irmãs Guerreiras", e é uma mina de ouro pra quem ama essas duas personagens e quer mais detalhes canônicos do passado delas. Esse livro faz parte de uma coleção que está diretamente conectada aos filmes. Ele se passa antes do livro "Guardiões da Galáxia - Rebelião Espacial", que se passa entre o 1º e o 2º filme, e é igualmente maravilhoso! Os considero leitura obrigatória pra fãs dos filmes!



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Vou cuidar de você pra sempre

De Dani Tsubasa

                - Pete! – Rocket chamou – Já acabaram com a gente. Vocês se importam de irmos na frente resolver as paradas burocráticas e nos encontramos daqui a pouco?

                O Senhor das Estrelas desviou seu olhar preocupado da namorada para Rocket.

                - Sim, Rock. Diga a Dey que nós dois vamos falar sobre a batalha assim que sairmos.

                - Certo – o guaxinim respondeu desconfiado, e manteve o olhar fixo para o amigo até que Peter entendesse e se aproximasse dele.

                Rocket saltou para cima do balcão da recepção para ficar mais perto.

                - Ei... A verdinha tá bem? Ela bateu a cabeça ou algo assim na hora que aquele maluco quase nos atingiu e tivemos todos que correr?

                - Não... É... – Peter olhou para onde Drax e Mantis se divertiam brincando com o bebê Groot – É algo meio... Pessoal.

                - Vocês brigaram?

                - Não – Peter falou com uma voz profunda, em dúvida se deveria falar mais ou não.

                Rocket ficou pensativo por um instante, e uma luz atingiu seus olhos.

                - Talvez eu saiba do que você tá falando – o guaxinim disse num tom triste e um pouco sombrio – Talvez não do mesmo jeito, mas... Sempre me perguntei se ela tinha mesmo aquelas modificações até ver quando a Tropa Nova nos prendeu naquele dia.

                - É algo ainda mais pesado do que isso, Rock.

                - Ela te contou a respeito?

                - Sim. Mas eu acho que tem mais.

                - Ninguém sente as coisas do mesmo jeito – Rocket falou.

Peter ficou pensativo sobre o passado do guaxinim. Havia muito que ele ainda não havia contado para ele ou os outros Guardiões, e certamente era uma dor tão profunda quanto as que Gamora sentia sobre seu passado.

                - Vai cuidar dela. Você é a única pessoa no universo em quem ela parece confiar suficiente pra isso. Nos dá um toque quando acabarem, diz se ela tá bem – Rocket pediu baixinho.

                Peter assentiu, e se despediu dos demais, voltando a sentar-se ao lado da namorada.

                - Rocket ficou preocupado com você – ele explicou, sabendo que a super audição de Gamora certamente lhe dera uma pista sobre a conversa.

                - Ele e os outros estão bem?

                Peter assentiu.

                - Só ferimentos leves. Mantis já está se curando, e os outros vão ficar bem.

                Gamora assentiu.

                - Mas o que todos e eu queremos saber é se você está.

                Ela permaneceu em silêncio.

                - A conversa que nós tivemos há alguns dias está te incomodando, querida? – O terráqueo perguntou com ternura, sabendo o quanto o assunto era delicado para ela.

                Gamora olhou para as próprias mãos no colo, confirmando o que ele acabara de supor.

                - Eu não queria que você me contasse se não estava pronta. Se eu te pressionei sem perceber...

                - Não é isso.

                - Peter Quill! – Um médico da Tropa Nova o chamou da porta aberta de uma sala.

                - Pode nos dar um momento? – Peter pediu – É importante.

                O homem hesitou um pouco, mas concordou.

                - Sorte de vocês que não temos mais ninguém pra atender por enquanto, é bom não demorarem a ver isso – ele indicou os ferimentos manchados de sangue que ambos tinham pelo corpo – Podem vir até aqui quando estiverem prontos.

                Peter concordou.

                - Vá se cuidar, Peter – Gamora pediu, acariciando com o polegar um corte que ele tinha na mão.

                - Não. Eu não vou ficar bem com você aqui desse jeito.

                Dizendo isso, ele se levantou, segurando a mão da namorada e a convencendo a segui-lo. Peter a levou calmamente até a varanda do hospital no final do corredor, que dava para um dos jardins da Tropa Nova, raramente frequentado, a não ser pelo jardineiro, funcionários no turno de descanso ou visitantes, e felizmente nada disso estava acontecendo agora. Eles se sentaram num banco, sentindo a brisa suave do vento acariciar o rosto e fazer os ferimentos doerem um pouco, mas nada insuportável. O jardim colorido e fofo ilustrava maravilhosamente o lugar que podiam ver pela meia parede de proteção de vidro e aço xandariano.

                - O que está te incomodando? Eu sei que é muito difícil pra você falar sobre certas coisas, mas acho que é pior só guardá-las.

                Gamora o encarou, como se testasse mais uma vez sua própria capacidade de confiar no namorado, ainda que não tivesse nenhuma dúvida sobre as palavras dele para ela.

                - Eu não tive muito sucesso falando sobre isso com algumas pessoas no passado. Sempre faziam o que aconteceu parecer pequeno, e eu me sinto em dúvida do que realmente foi.

                - Querida... Se dói em você, não pode ter sido algo pequeno. Tudo que acontece importa, mesmo que só você sinta isso.

                - Não é algo pra uma assassina sentir.

                Peter sentiu o coração doer. Até quando as sequelas de Thanos e toda a tortura direta e indireta que ele infligira a ela pesariam em sua alma tão doce?

                - O que você acha que seria se nunca tivesse conhecido Thanos?

                Gamora o olhou surpresa.

                - Como eu vou saber?

                - Como você era antes dele? Consegue se lembrar?

                - Pouco... Faz décadas que não penso naquela garotinha.

                - Mas ela existiu. E tá aqui na minha frente precisando de apoio, mas sem entender direito como pedir. Me diga se eu estiver errado.

                Gamora suspirou.

                - Você guarda tanta dor desde pequena, Gam. Você pode deixa-la sair, e transformá-la em outra coisa, se você quiser.

                - Eu... Não gosto de médicos.

                Peter ficou inicialmente surpreso. Ele não pensou nisso em suas conversas anteriores, mas seria previsível, se ele estivesse um pouco mais atento.

                - Por isso você quis ficar por último hoje?

                - Sim.

                - Por isso teve pesadelos enquanto dormia quando estávamos voltando pra Xandar?

                Ela hesitou, mas lhe deu um aceno positivo.

                - É fácil deixar isso de lado às vezes, especialmente quando estamos todos juntos e nada grave aconteceu. Mas não quando tenho pesadelos.

                - Você quer me contar?

                Gamora desviou o olhar, e permaneceu em silêncio por algum tempo, antes de encarar as próprias mãos novamente, algo que ela fazia quando estava nervosa, sem nem perceber. Ficou pensativa por um momento, parecendo refletir se valia a pena ir em frente.

                - Eu estava numa sala médica.

                - No seu pesadelo?

                - Sim. Na nave mãe de Thanos. Eu estava... Usando nada além daquelas roupas hospitalares horrendas. E alguns dos meus irmãos e irmãs, inclusive alguns recém sequestrados, estavam me encarando, questionando porque eu estava ali, e me reconhecendo como a mulher mais perigosa da galáxia. Eu fiquei em silêncio, esperando que assim eles se calassem, parassem de apontar e fossem embora, mas eles não foram. Continuaram ali tentando me identificar, alguns em dúvida de quem eu era, outros não. Eu procurei por Nebulosa, mas não a vi. Também não vi Thanos, mas eu podia senti-lo por perto. Podia sentir a aura de maldade e deboche dele com o que eu estava passando. Eu senti um aperto enorme no peito e na cabeça, eu me senti horrível. E felizmente acordei antes que ficasse pior.

                - Ah, querida – Peter lamentou, puxando-a para um abraço longo e apertado, mas não o suficiente para que ela não conseguisse se afastar, caso quisesse, mas Gamora não o fez.

— Quando aquilo aconteceu...

Aquilo? Vida real agora?

— Sim. Não foi o único trauma que me marcou. Quando fui levada do meu planeta, ainda que tivesse uma proteção especial de Thanos pra ninguém encostar em mim, eu estava sempre com medo. Sempre havia curiosos espreitando na minha porta à noite, quando a nave mãe ficava mais quieta, alguns enviados pelo próprio Thanos, pra ver como eu reagiria e lutaria num ataque inesperado durante a noite. Ele sorria orgulhoso quando eu conseguia conter o invasor, e se divertia quando eu acabava matando algum no desespero de proteger minha vida. Ele falava disso orgulhosamente pra meus irmãos, e eu odiava isso. Odiava vê-lo se gabando de estar me transformando em algo que eu não era. E nunca tinha hora marcada. Eu podia estar indo dormir, já dormindo, treinando ou no banheiro do quarto. Foram muitas invasões de uma vez pra uma criança. Você quer continuar ouvindo...? – Gamora perguntou, se afastando para encarar o namorado diante de seu silêncio e seu olhar aterrorizado.

                - Sim! Eu só... Acho que nada do que eu diga pode diminuir uma dor tão grande. Se tudo que eu posso fazer agora é te ouvir, então me conte, Gam, por favor.

                A zehoberi fez algo inesperado. Tendo certeza que estavam sozinhos e fora de vista para a maioria das pessoas que passassem, ela se aproximou para se aconchegar no peito do terráqueo novamente, que não hesitou em abraça-la. Ela queria o conforto, apesar do quão chateada parecia com suas próprias palavras, e de estar tremendo levemente.

                - Ele fazia isso com todos os filhos e filhas dele na verdade. Me senti um pouco melhor ao saber que não era a única vivendo esse pesadelo, mas me senti duas vezes pior quando o ouvi falando na frente de todos como Nebulosa não havia conseguido evitar completamente alguns ataques e tinha se ferido. Isso foi antes de ele nos forçar a competir uma com a outra. Eu ia vê-la escondida na enfermaria da nave. Ela chorava de medo, raiva e vergonha, me pedia pra fugirmos. E tentamos várias vezes, mas Thanos sempre parecia estar um passo à frente. Quando ele percebeu que estávamos ficando de tocaia pra tentar proteger uns aos outros, ele começou a ordenar esses ataques surpresa todos ao mesmo tempo, pra que não pudéssemos nos ajudar. Alguns morreram na primeira semana. Então do nada ele parou. Nunca soubemos porque, talvez porque ainda não tinha sequestrado mais crianças pra substituir as que se foram.

— Que horror... – Peter sussurrou para si mesmo.

— Nesse ponto já tínhamos uma idade que ele considerava suficiente pra nos enviar em missões mais sérias por aí, e as competições começaram. Sempre que eu ou Nebulosa recebíamos modificações ou precisávamos consertar ou substituir alguma era um novo pesadelo. Éramos levadas à força pra ala hospitalar, sem prévio aviso, e obrigadas a nos despir e usar essas vestes horríveis de hospital, pra exames, invasivos ou não, e cirurgias. Além do tempo de recuperação, das dores da adaptação... – ela falou mais baixo a última revelação – Eu já tinha a maioria das minhas modificações, de quando aquilo aconteceu, então Nebulosa sofreu muito mais. Mas eu tinha pesadelos a cada vez que éramos forçadas a passar por isso, mesmo se fosse só ela. E quando eu notava alguma movimentação estranha na nave e achava que os médicos viriam nos buscar a qualquer momento, mesmo que nada acontecesse. Pesadelos com aquele dia, ou pesadelos com a ala hospitalar, os quais não tenho coragem de detalhar em voz alta. Toda vez que preciso ver algum médico, a depender da situação, tenho pesadelos, e me sinto estranha por dias no meu próprio corpo. É uma sensação horrível.

                Peter assentiu, a abraçando mais forte.

                - Eu sinto muito, querida – ele disse em seu ouvido – Eu sinto muito mesmo. Isso é importante, e nós vamos cuidar disso juntos. E por favor, quando você tiver pesadelos assim, me acorde. Eu me sinto muito pior sabendo depois que você ficou aguentando isso sozinha. Me promete? – Peter perguntou, afagando sua bochecha e olhando em seus olhos.

                - Prometo.

                Ele assentiu, beijando a cicatriz prateada em sua bochecha.

                - Obrigada.

                Peter a segurou no abraço até senti-la respirar fundo e relaxar.

                - Vamos acabar com isso agora.

                - Você está bem pra vermos os médicos agora?

                Ela concordou, depois beijando-o nos lábios, deixando-o saber mais uma vez de sua gratidão, e se levantando junto com ele. Os dois foram até a sala indicada, mas Peter a fez esperar antes de entrarem.

                - Você se sente mais confortável sendo atendida por uma mulher? – Ele perguntou baixinho.

                - Isso não fez muita diferença naquela época... Mas acho que sim. Você pode ficar por perto?

                Ele sorriu.

                - Ou eu fico com você ou procuramos outro jeito.

                O brilho das emoções nos olhos castanhos e o sorriso da guerreira foram suficientes para ele. Peter foi até a porta aberta do consultório, fazendo um gesto para chamar pela médica de plantão da Tropa Nova.

                - Estão prontos? – Ela perguntou alegremente – Como a responsável por sua saúde hoje, devo perguntar porque demoraram, se não se importam. Algum mal estar?

                - Não – Peter lhe disse – Estávamos só conversando. Nós podemos... Ser atendidos especificamente por você? Não temos nenhum problema com seu colega, é... Uma situação pessoal. Minha namorada vai se sentir mais confortável.

                A mulher olhou para Gamora, que a encarou de volta em silêncio.

                - Eu compreendo. Deixem comigo. Keefe, você pode adiantar o relatório médico da manhã? Eu vou atender eles dois, só tem alguns ferimentos superficiais, vai ser rápido. Envio meus dados depois.

                - Tá bom – o jovem médico sorriu, pegando alguns papeis e um tablet e saindo da sala após se despedir dos três.

                - Obrigado – Peter disse à mulher.

                Ela fechou a porta e as persianas automáticas das janelas, depois guiando-os até uma maca, onde os dois se sentaram. Uma placa luminosa na porta, que dizia ‘Em atendimento, aguarde’, se acendeu.

                - Muito bem. O quanto vocês dois se machucaram?

                - Só superficialmente – Gamora falou primeiro, tentando cooperar enquanto a médica assentia e pegava gazes e antisséptico.

                - Se não se importarem, tirem essas jaquetas. O corou tende a prevenir ferimentos, mas não totalmente.

                Peter tomou a iniciativa, encarando a namorada numa tentativa de lhe transmitir segurança. Os dois obedeceram e deixaram as peças de roupa de lado.

                - Com licença – a mulher tomou a mão esquerda de Gamora – Vê? Seria muito pior se você estivesse sem esse sobretudo, mas ainda te machucou um pouco – ela apontou um ponto onde a pele da zehoberi estava num tom mais escuro de verde, indicando um hematoma.

                Os três ficaram em silêncio pelos próximos minutos enquanto a mulher aplicava gel e medicamentos nos arranhões e pancadas que encontrou nos braços, mãos e rosto de ambos.

                - Você se importa de me deixar ver isso melhor? – Ela perguntou, indicando um ferimento no ombro de Gamora, que sumia no colarinho da camisa, em direção ao braço.

                Peter segurou sua mão, e sentiu o coração dela acelerado pulsando em seus dedos, e como seu corpo ficou um pouco tenso. Como ele queria que ela tivesse lhe contato tudo aquilo antes.

                - Não acho que você precisa de pontos – a médica voltou a falar, percebendo sua tensão e tentando deixa-la confortável - Mas ainda devia cuidar disso. E eu sempre gosto de dizer a todos os nossos pacientes aqui e de outros locais, que o que acontece no consultório, fica no consultório, ainda que estejamos tratando apenas arranhões. E que não há nada de errado em ter medo às vezes. Sabiam que tenho medo de dentista?

                - É sério? – Peter riu, realmente divertindo-se com a situação, e olhando para Gamora pelo canto dos olhos, feliz em ver que ela também esboçou um pequeno sorriso.

                - Eu tenho quarenta anos. Mas morro de medo de dentista desde sempre. Nem sei bem porque. Mas sempre que preciso ir a um fico adiando por dias – ela riu – Até minha consciência médica me obrigar a enfrentar.

                - Podemos perguntar por que? – Gamora questionou, incerta se podia fazê-lo, mas já era tarde.

                - Quando eu era pequena, minha mãe diz que fomos a um dentista. Primeiros dentes de leite caindo e toda aquela coisa de sempre. Esse dentista era famoso por conseguir atender pessoas de várias espécies, então ele tinha muito conhecimento. Antes de sermos atendidas, uma askavarilana que estava de visita na cidade entrou às pressas no consultório. Não dava pra entender direito o que ela falava, achamos que seu tradutor estivesse quebrado. Ela estava muito desesperada e parecia até gritar. Assustou tanto as pessoas que o consultório se esvaziou em segundos, todos os pacientes que fugiram tiveram que ser remarcados pro dia seguinte, inclusive eu, e claro que fiquei morrendo de medo de voltar. Mas fomos assim mesmo, e descobrimos que ela só estava com uma inflamação nas agulhas de seus dentes, e isso a deixou maluca – a médica riu – Mas eu era muito pequena, fiquei com medo mesmo assim.

                Peter, que estava se contendo, acabou gargalhando, fazendo Gamora rir junto com ele.

                - Você já viveu algo parecido?

                - Mais ou menos. Não foi bem assim. É uma piada interna.

                - Tudo bem. Ao menos minha história divertiu vocês. Se sentem mais leves? Posso continuar com os cuidados?

                Peter olhou para a amada, erguendo as sobrancelhas interrogativamente.

                - Ok – ela disse, abrindo os dois primeiros botões da camisa branca que usava por baixo do colete e afastando a roupa de seu ombro para deixar o ferimento visível.

                A mulher limpou o sangue rapidamente e aplicou um curativo.

                - Muito sangue pra um corte pequeno – ela estranhou.

                 - Eu me curo rápido – Gamora lhe disse.

                - Isso é ótimo! E você? Espero que esta não seja sua camisa favorita – ela brincou – Com licença.

                Peter ergueu a bainha da camiseta para deixa-la ver um arranhão em seu abdômen, do qual ela cuidou da mesma forma que fez com Gamora, que agora arrumava a roupa e vestia seu sobretudo de volta. Peter fez o mesmo e desceu da maca junto com ela.

                - Usem esses medicamentos conforme está indicado até as lesões sumirem, e voltem se precisarem. Foi um prazer – ela sorriu, e entregou uma sacola com os remédios e instruções para os dois.

                - Obrigado – Peter agradeceu.

                - Obrigada – Gamora também lhe disse, trocando um sorriso com a mulher antes dos dois saírem da sala.

                - Você está bem? – Peter perguntou, sentindo que a namorada ainda tremia um pouco, não sabendo se pelo frio do ar condicionado da sala ou por tensão.

                - Sim. Eu só...

                - Eu sei – ele disse carinhosamente, beijando o topo de sua cabeça enquanto a envolvia pelos ombros.

                - Você quer me contar mais sobre isso? – Ele perguntou baixinho – Você disse que sente mal em seu próprio corpo. Quero entender isso melhor.

                A zehoberi desviou momentaneamente o olhar, buscando as palavras certas para tentar explicar.

                - É como se... Um alerta ficasse ligado no meu cérebro o tempo inteiro. Cada vez que me encontro com alguém que não é família ou amigo próximo, meu coração fica descompassado, como se houvesse perigo por perto, mesmo não havendo sinal disso. Sinto como se uma corrente elétrica corresse constantemente por dentro do meu corpo. É quase agonizante às vezes.

                - Eu acho que senti algo assim quando Yondu me levou. Durou quase um ano, principalmente quando ele dizia que eu ia virar jantar.

                Gamora riu, agora que Peter e Yondu já tinham esclarecido essa situação.

                - Nós vamos cuidar disso. No seu ritmo, e como você achar melhor.

                - Eu não quero que isso me enfraqueça de alguma forma, ou que nuble meus instintos de luta e autoproteção a longo prazo.

                Outra vez, a voz de Thanos na cabeça dela.

                - Não vai. Vai te ajudar a lidar melhor consigo mesma, pra você se sentir mais livre e em paz. Vamos encontrar o caminho, e não esqueça que estou aqui pra ouvir você a qualquer momento que você precisar. E acho que Nova Prime sabe indicar bons profissionais que podem te ajudar também, se você quiser.

                - Não tenho certeza sobre nada disso agora.

                - E nem precisa. Eu só disse pra você pensar sobre isso.

                Ela assentiu.

                - Eu sei que é difícil fazermos promessas com a vida que temos, mas eu vou cuidar de você. Eu vou cuidar de você pra sempre. My life, my love, my lady...— Peter começou a cantar, sendo interrompido por um beijo da amada.

                - Obrigada.

                - It’s not the sea...— Peter continuou, fazendo-a rir e abraça-lo pelo pescoço.

                Ele a segurou pela cintura.

                - Quando dermos nosso relatório sobre a batalha, você quer... Dar um passeio pela cidade? Só nós dois, ou podemos ir todos juntos.

                - Vamos chamar todo mundo. Eu amo sair sozinha com você, mas... Acho que todos gostariam de se divertir juntos hoje, especialmente Groot. E acho que isso pode tirar minha cabeça de tudo que conversamos um pouco.

                Peter abriu um grande sorriso.

                - Como a mulher mais linda da galáxia quiser – ele sussurrou antes de beijá-la com tanto carinho que a fez suspirar em seus lábios e demorar no contato.

                - Tô vendo que tá todo mundo bem. Nem mandaram notícias! Vão se agarrar no quarto de vocês ao invés do meio do corredor!

                O casal se afastou do beijo, olhando para Rocket, que vinha até eles com um Groot adormecido nos braços e Drax e Mantis em seu encalço.

                - Nós acabamos de sair de lá, seu projeto de Panda!

                - Não começa, Senhor das Asneiras!

                Gamora trocou um olhar com Mantis e Drax e os três riram baixinho enquanto ela puxava o namorado pela mão e seguiam juntos para longe da ala hospitalar, e Peter e Rocket discutiam, amigavelmente, ainda que nunca fossem admitir.


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