Chamas e Brisas escrita por Michel


Capítulo 6
Capítulo 6 - Reunião




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                A carruagem se encontrava para em meio a rua de Fortalium, pois havia um engarrafamento em um cruzamento que dava na rua do Conselho da cidade. Impaciente, Braz batia o pé enquanto observava os pedestres com os braços cruzados. O som de madeira sendo repetidamente se chocando com a sola de metal da bota entrava na mente de Lyra, que tentava ao máximo se distrair com o batuque em sua cabeça.

                Solara repousa uma de suas mãos na coxa de seu filho, o mesmo que logo percebe o pedido com apenas uma troca de olhares. A senhora um abre um tímido sorriso para fitar os olhos dourados de sua neta.

 - Chegou tarde ontem de noite. – balbucia num tom solto, uma indireta para tentar retirar alguma informação do rosto da princesa.

                As bochechas se coram levemente ao se lembrar do sorriso de Aeris, num ato para reprimir tal memoria ela solta um suspiro longo. Sua avó apenas gargalha ao ver sua neta que tenta sempre manter uma postura de durona, se quebrar.

 - Então por isso não foi treinar de manhã? – pergunta Braz com um tom negativo.

 - Pare com isso. – repreende Solara ao dar um tapa no ombro de seu filho.

                Ambos sentavam na mesma poltrona da carruagem, enquanto Lyra sentava na outra, mas na frente de sua avó.

 - Mãe, ela precisa de disciplina. Por isso mantenho ela num treinamento rígido, para um dia se tornar uma rainha importante.

                Solara bufa ao ouvir tais palavras de seu filho, que foi criado de uma maneira mais confortável, pois não queria que ele presenciasse as mesmas coisas que ela. Entretanto, isso causou um efeito contrario, que agora se reflete em sua neta que não sabe até onde é seu desejo, ou algo que faz para deixar seu pai orgulhoso.

 - Não se preocupe com isso. Ela provavelmente estava em boa companhia. – solta uma risada de avó ao terminar, o que deixa Lyra corada mais uma vez.

 - Boa companhia?

                Sua pergunta sai de seus lábios enquanto fitava os olhos de sua filha, esperando que ela respondesse.

 - Aeris. – ela responde com um tremor em sua voz, não gostava de bater de frente com seu pai.

 - O filho da Anciã? – a princesa assente com a cabeça. – Ele causou alguns problemas na fronteira de Soleria e na cidade. Não acho que ele...

 - Se “problema”, você quis dizer que o jovem ajudou nosso povo, quando nós não olhávamos. Então digo sim. – Solara corta seu filho com um sorriso ousado.

 - Mesmo assim ele não passa de um dobrador de ar. – balbucia Braz.

 - Não me importo com a opinião de um homem que se recusa a abrir sua mente. – Solara retruca com um sorriso, agora voltando seu olhar para a neta que se mantinha quieta. – Qual sua opinião sobre ele?    

                Lyra sentia o olhar fuzilante de seu pai, mas ao fitar os olhos carinhosos de Solara, uma calma invadia seu peito. Com um sorriso inesperado que surge ao lembrar de Aeris, ela indaga:

 - Ele é um homem interessante, bobo e de certa forma brincalhão. – essas características ficavam perfeitas em Aeris, pelo menos era o que a princesa pensava. – Mas ele tem algo que instiga querer estar ao seu lado. Além do fato dele ser um grande guerreiro.

 - Verdade? – um sorriso malandro quase se forma nos lábios de Solara, mas essa reprime. – Lembro das habilidades que ele demonstrou em seu aniversario naquela disputa.

 - Não acho que ela perderia novamente para aquele moleque. – Braz diz enquanto voltava seu olhar para a rua, por estar farto daquele assunto.

                Mas um sorriso desajeitado de Lyra a entrega aos olhos de sua avó, ela não precisa saber o contexto, mas sabia que eles haviam tido outra disputa e isso terminou com a vitória do dobrador de ar. Tal fato que bateria com os hematomas que sua neta se esforçava para esconder.

 - Vejo que tem um longo caminho pela frente, minha querida neta. – balbucia a avó enquanto apoiava sua mão no queixo para observar o céu aberto.

                A recepção do conselho se encontrava uma bagunça, com muitas pessoas tentando andar pelos salões. Mas o destino da Rainha do Fogo era certo, ela cruza os corredores com passos decididos, os quais eram seguidos pelo seu filho e neta.

                Lyra não usava o peitoral da armadura e nem as ombreiras, por não conseguir vesti-la sem sentir nenhuma dor. A seda do uniforme estava coberta por uma capa pelos negros em volta de seu pescoço até parte do ombro. Já sua Avó e seu pai usavam as mesmas armaduras, com diferença de que Solara carregava uma coroa presa em um espinho em sua ombreira.

                Ao chegar em seu destino, o Salão principal do conselho, o chão é coberto por um mapa-múndi do continente, com quatro tronos nas pontas do salão oval. Cada trono pertencia a um líder de nação, atrás havia um estandarte de cada família que reinava.  Uma mesa ao fundo da sala, ficava o conselho de Fortalium, onde os integrantes eram Natasha, Isabel, Orion e Thalia.

                Todos membros do conselho já estavam sentados em seu respectivo lugar. Natasha abre um sorriso ao ver o rosto de Solara, que acabara de entrar no salão. A Anciã trajava sua armadura usual, tendo apenas uma ombreira, a direita, feito de um metal fosco, que completava a braçadeira do mesmo material do mesmo braço. Seu outro braço continha apenas a manga dobrada até o cotovelo de seu casaco de couro marrom, o qual descia abaixo de sua cintura. Em sua cintura uma cinta feita pela sua tribo, que segurava o casaco fechado.

                Braz passa seus olhos por cima dos tronos vazios, do líder da nação do ar e da terra. Naquela reunião continha apenas a Nação do fogo e da Água. O rei de Atlantis, Atlon Rivério, trajava uma armadura que era a própria essência do oceano. Forjada nas fornalhas submersas, cada escama de dragão marinho refletia o azul profundo e o verde vibrante das águas atlantes. O peitoral, incrustado com o emblema do tridente, simbolizava seu domínio sobre as marés, enquanto pérolas e gemas bi luminescentes adornavam o conjunto, iluminando o caminho sob as ondas.

 - Vejo que estamos atrasados. – diz a rainha do fogo num tom brincalhão.

 - A senhora sempre chega no momento certo. – brinca Natasha ao levantar-se de seu assento, para ficar a frente da mesa do conselho.

                Enquanto Solara sentava em seu respectivo trono, Lyra se posicionava mais ao fundo da sala, tal ato que não passa despercebido pela Ancião.

 - Lyra fica ao lado de sua avó, assim como seu pai.

 - Sim senhora. – sua voz quase que falha ao responder a ruiva.

                Atlon bufa ao ver que a rainha do fogo estava acompanhada de sua família, indagando insatisfeito em seguida:

 - Se soubesse que era uma excursão, tinha trazido meus filhos e esposas. – diz num tom de desaprovação.

 - Podemos esperar caso queria busca-los. – retruca Natasha em defesa a sua velha amiga de guerra.

                Lyra segura seu riso ao ouvir o rei de Atlantis estralar a língua. Seus olhos baixam para sua avó, que mantinha um sorriso amigável em seu rosto, ela sabia como se comportar politicamente. Entretanto, Natasha agia na forma que queria, isso atiçou a curiosidade da princesa.

 - Ela é a Anciã, então sabe quando deve agir com politicagem, ou apenas ser ela mesma. – num tom sussurrante, Solara explica ao ver sua neta perdida em seus pensamentos.

 - Incrível. – ela diz com um sorriso em seu rosto enquanto via aquela mulher que exalava um ar de heroína.

                Natasha caminha para o centro do salão com passos fortes, tais que ecoam de forma forte. Suas mãos vão para a cintura enquanto fitava os olhos de um por um no salão, lideres e figuras de importância, prontos para tomarem um planejamento para tentar cessar a guerra civil em Solumia.

 - Alguns tem opiniões fortes sobre o que devemos ou não fazer, mas os que desejam uma guerra contra tais lideres de Sagacia, nunca estiveram em uma guerra. – ela diz enquanto fitava os olhos dourados de Braz. – Mas como é dito em nosso tratado da aliança, iremos tomar essa decisão juntos. Vamos para guerra, ou tentaremos cessar a guerra civil em Solumia?

 - Não vejo como poderemos decidir, o rei da nação do ar permanece no muro, não quer participar de nenhuma guerra. Enquanto o rei da nação da terra, a coroa está em disputa entre os irmãos, com boatos de um deles estar se associando com Sagacia para um maior poder de fogo. – Atlon um rei que participou de muitas batalhas em seu reino, para ter uma união absoluta em Atlantis, então seu conhecimento sobre as batalhas que estão ocorrendo e informações importantes chegam em seu ouvido.

 - Por isso devemos nos reunir com os príncipes para tomarmos uma decisão, onde escolheremos um rei. – Isabel argumenta com a voz firme, com ambas as mãos entrelaçadas.

 - Uma viagem para ver se podemos escolher um candidato? – pergunta Solara. – Não vejo como isso pode dar certo. Está pedindo para os lideres das nações entrem em território supostamente inimigo e tome partido de um dos lados?

                Isabel apenas não sabia como responder essa afirmação junto de uma pergunta, pois sabia que tinha falhas em sua ideia.

 - Eu vou. – diz Natasha. – Como Anciã devo ir para lá.

 - Não. Isso não é uma de suas aventuras de quando era jovem, não está derrubando uma guilda, ou um grupo de terrorista. Uma nação inteira está em jogo, e caso sua morte aconteça em batalha, isso se tornará uma guerra Santa. – o rei de Atlatis levanta-se para argumentar.

 - Concordo com nosso rei tritão. – diz Solara.

 - Mas temos que nos meter nessa disputa, para evitar que mais pessoas morram na nação da terra. – Natasha tenta argumentar contra.

 - Sim temos, mas ao todo a ideia da conselheira não é ruim. – diz Thalia, a profetisa da igreja do fogo.

 - Como assim? – pergunta Solara. – Enviar mesmo que apenas um líder, pode ser um risco da nação dele.

 - Não digo para enviar um de vocês, mas um campeão, um representante que possa carregar o nome de sua família. E tenho alguém em mente para essa tarefa.

 - Quem? – dessa vez quem pergunta é Isabel, com um certo medo da resposta.

 - Aeris Aetheron. É dito que retornou a cidade, carregando em seu braço a tatuagem parecida com de sua mãe. – complementa apontando com seu olhar para a Natasha.

 - O dobrador de ar? – pergunta Atlon, pois não havia muitas informações dele.

 - Sim, ele se tornou um Guardião, escolhidos pelos espíritos da Floresta de Esmeralda. – Natasha não desejava arrastar seu filho para isso, mas ele mesmo não negaria ajuda quando preciso.

 - Um candidato perfeito de fato. – Orion argumenta com sua voz rouca enquanto coçava sua longa barba branca. – Se não me engano a Anciã não possui tal título, então ele é o representante perfeito para o conselho.

 - Então neste caso, eu me candidato como representante da Nação do Fogo. – a voz de Lyra surge, com uma certeza em seu olhar.

                Todos a sua volta a fitavam analisando-a, ela sentia como se seus olhos queimassem sua pele. O que passa ao ouvir a voz da Anciã:

 - Concordo. Não vejo outra pessoa que possa carregar o fogo de Solara. Ela possui meu voto, assim como meu filho como representante do conselho. – a ruiva diz com um sorriso em seu rosto.

 - Então não vejo como não candidatar meu filho mais velho para essa excursão. – Atlon diz ao voltar a se sentar em seu trono.

 - Filho mais velho? Ele não tem 15 anos? – pergunta Solara.

 - 17, mas ele sabe muito bem como se comportar numa disputa política. Não vejo como isso pode ser ruim.

                Todos no salão pareciam pensar na mesma coisa, o rei de Atlatis apenas não queria ficar de fora. Como se negligenciasse os acontecimentos de outras nações, que no caso ele não se importa muito.

 - Tem certeza disso Lyra? – Solara volta seus olhos para sua neta, a mesma apenas abre um sorriso destemido.

 - Sim, minha Rainha.

 - Devemos convoca-lo para o salão, para darmos a noticia. Não vejo como ele recusaria. – Thalia balbucia ao se referir ao Aeris.

                Isabel procura os olhos de sua esposa, a qual com certa incerteza aparente, abre um sorriso como um pedido para que ela se acalmasse.

 - Posso fazer o pedido a ele? Eu mesma. – pergunta a Anciã, não como uma líder do conselho, mas como uma mãe.

 - Como desejar, minha cara. Mas lembre-se, não temos muito tempo. – Solara levanta-se de seu trono ao assentir com o pedido de sua velha amiga.

                A reunião do conselho termina com um sentimento de medo de duas mães, que a pouco tempo se reencontraram com seu filho, para agora pedir para ele viajar onde está ocorrendo uma guerra civil.

                Lyra caminha ao lado de sua avó, mas o silencio vindo de seu pai a sufocava. Pois havia tomado a frente num assunto no qual ela nem deveria estar sabendo, mas ao ouvir que queriam Aeris na linha de frente, ela acabou agindo por impulso.

 - É um pedido difícil de se fazer para um filho, que acabou de voltar. – Solara fala num tom pensativo diminuindo um pouco seus passos.

 - Se refere a Aeris? – pergunta Lyra.

 - Sim. Pois querendo ou não, ele é o candidato perfeito. Já que andou pela região de Solumia, e pelos relatos que os espiões de seu pai, uma visita de um andarilho que dobrava o ar estava em vários lugares naquela região.

 - É incomum?

 - Sim. – responde Braz, cortando o silencio que fazia desde o salão. – Ele cruzou a fronteira por uma brecha, e não sabemos como. Pois muitos militares andam por lá, barrando visitantes de fora. Para evitar comunicação com outros e Nações que desejam usurpar o trono da terra.

 - Isso mesmo. Quando encontrar com ele, pergunte sobre. – complementa a rainha com um sorriso carinhoso.

 - Sim senhora.

                Lyra não faz ideia de como ele vai receber a proposta, e nem mesmo sabe se vai aceitar. Mas caso precise embarcar uma jornada dessa, a companhia dele seria fundamental, ou talvez fosse apenas um desejo da jovem princesa.


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