Chamas e Brisas escrita por Michel


Capítulo 20
Capítulo 20 - Baile




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O veleiro de Zara, com suas velas desfraldadas ao vento, desliza suavemente em direção ao porto de Eldoria. A cidade, já imbuída de um ar festivo, recebe o navio com uma mistura de curiosidade e excitação. As bandeiras coloridas tremulam ao longo do cais, e as luzes cintilantes começam a se acender, prenunciando a noite de celebração que está por vir.

Aeris está sentado à beira do cais, seus olhos percorrendo o grupo de amigos que se reuniu para a ocasião. Elian, com um brilho de entusiasmo nos olhos, mal pode conter sua alegria pela perspectiva do baile. Seu amor pela dança é evidente em cada gesto animado que faz enquanto fala sobre o evento.

Lyra, por outro lado, tem um desejo diferente em mente. Seu olhar, intenso e cheio de intenção, busca Aeris. Ela quer dançar, sim, mas com uma pessoa em particular. Seu olhar não deixa dúvidas sobre quem ela escolheu para ser seu par na dança, e Aeris, percebendo a profundidade daquele olhar dourado, sente uma antecipação crescente.

Luna, contudo, parece distante da empolgação que contagiou os outros. Ela permanece um pouco afastada, seu semblante tranquilo contrastando com a energia vibrante ao seu redor. Talvez ela prefira a quietude da noite estrelada à agitação do baile, ou talvez ela guarde suas próprias razões para a reserva.

                Aeris logo se desliza para perto de sua irmã, que abre um sorriso genuíno ao vê-lo. Então com a voz suave ele pergunta:

 - Pretende ir ao baile?

 - Vou deixar a tarefa de conversar com vocês, quero sentir a energia dessa cidade. – ainda com um sorriso ela responde seu irmão.

                Mas era uma mentira, pois seus olhos azuis cintilantes observavam Zara, ela estava quieta desde que ancoraram, então atiçou uma chama de curiosidade em Luna. O olhar sob Zara é percebido por seu irmão, que lhe da uma pequena jogada de ombro, indagando em seguida:

 - Tome cuidado. – ele não iria para-la, mas não conseguia evitar preocupação.

 - E você se divirta e convença o príncipe. – solta com um sorriso animada.

A noite de Eldoria está viva com o som de preparativos festivos, e Aeris, Elian e Lyra caminham lado a lado pelas ruas iluminadas que conduzem à residência do Príncipe Dorran. Aeris, com a leveza de sua natureza de dobrador de ar, move-se com um passo quase etéreo, enquanto Elian, com um sorriso que mal cabe no rosto, compartilha histórias de bailes passados. Lyra, com um brilho de expectativa nos olhos, acompanha-os, sua presença tão marcante quanto a chama que ela comanda.

Enquanto isso, Luna aproximasse com um sorriso curioso perto de Zara, que logo indaga ao ver a curiosidade estampada no olhar da moça:

 - Apesar desses lindo olhos, não posso permitir que me acompanhe.

 - Então não irei precisar pedir permissão. – retruca com um sorriso rebelde se formando em seus lábios.

 - Eu sei que é forte e tal, mas isso é assunto meu. Agradeço que tenham me ajudado a atracar, mas peço que mantenha uma distância. – complementa com um olhar sério. – Por favor. – suplica, pois não queria magoa-la.

 - Muito bem Capitã Zara. – o descontentamento estava evidente na voz de Luna. – Faça o que veio fazer. – dispara já voltando para o Veleiro, onde pretendia aproveitar o show de fogos.

Zara ajusta a bolsa sobre os ombros, lançando um último olhar para Luna. A brisa noturna brinca com os fios cor de mel do cabelo de Luna, fazendo as pontas loiras dançarem ao vento. Há um vislumbre de desejo em Zara, uma vontade de se demorar na companhia da dobradora de água, mas o peso da responsabilidade a chama. Com um suspiro quase imperceptível, ela aperta a alça da bolsa e se vira, seus passos a levando para o coração pulsante de Eldoria.

Aeris, com um gesto de desconforto, descarta o casaco do smoking preto, optando por um visual mais despojado e confortável. A camisa branca, agora acompanhada apenas de um colete preto e uma gravata da mesma cor, confere-lhe um ar de elegância casual. As mangas dobradas revelam a tatuagem tribal que adorna seu antebraço direito.

Na entrada da grandiosa residência de Dorran, Aeris encontra Elian. O contraste entre eles é notável: enquanto Aeris exibe um estilo mais relaxado, Elian está impecável em seu terno azul marinho. O tecido fino cai perfeitamente sobre seu corpo esguio, realçando sua postura e a seriedade de sua presença.

Ao adentrar a residência do Príncipe Dorran, Aeris e Elian são imediatamente envolvidos pela grandiosidade do lugar. O hall de entrada é um espetáculo à parte, com tetos altos sustentados por colunas majestosas que se erguem como sentinelas de pedra. Lustres opulentos pendem do alto, espalhando uma luz dourada que reflete nos mosaicos intrincados do chão de mármore.

O baile ocorre em um salão vasto, onde a nobreza e os heróis da Terra Solumia se misturam em harmonia. Músicos posicionados em uma galeria elevada tocam melodias que evocam tanto a alegria da vitória quanto a doçura da paz. Casais giram pelo salão em danças elegantes, suas roupas de gala um turbilhão de cores e tecidos finos.

A voz de Lyra corta o burburinho do salão, e Aeris se vira para encontrá-la. Ele fica momentaneamente sem fôlego, surpreso e encantado com a visão diante dele. Lyra está deslumbrante em um vestido vermelho que abraça cada curva de seu corpo atlético, um contraste ardente com a suavidade da festa ao redor. O tecido parece capturar a essência do fogo que ela domina, vibrante e cheio de vida.

Seus olhos dourados encontram os dele, e há um brilho neles que reflete mais do que as luzes do salão — é o reflexo de uma chama interna, uma paixão que compartilham. Aeris, com seus próprios olhos azuis tão profundos quanto o céu ao entardecer, responde ao chamado silencioso dela. Há uma conexão inegável que os une, uma promessa de dança e proximidade que a noite ainda reserva.

 - Você está deslumbrante. - Aeris murmura, sua voz baixa misturando-se à música que preenche o salão. Lyra, com a pele branca contrastando com o vestido vermelho e os cabelos negros e longos caindo em ondas pelas costas, estende a mão e o convida para dançar. Com um sorriso que ilumina seu rosto, ela o guia pelo salão com confiança, seus braços firmes, mas gentis. Aeris se deixa levar, seu riso sincero ecoando o contentamento que sente.

Elian, testemunha dessa troca calorosa, sente suas bochechas aquecerem com um rubor involuntário. A cena diante dele é doce e tocante, mas sua atenção logo é capturada pelo aroma tentador que vem do buffet. Com um sorriso que reflete tanto seu apetite quanto sua alegria, ele se dirige ao banquete, pronto para se deliciar com as iguarias que aguardam.

Na pista de dança, Lyra e Aeris estão em seu próprio mundo. Cada movimento é uma conversa silenciosa, cada toque de pele um verso de uma poesia não escrita. A música os envolve, um ritmo que parece feito apenas para eles, enquanto dançam com uma paixão que transcende as notas e os compassos.

Os olhares se encontram e se prendem, uma troca tão intensa que poderia acender as próprias estrelas. Eles giram, se aproximam e se afastam, mas mesmo quando separados por um passo, a conexão entre eles é palpável.

Ao redor, a multidão começa a notar o casal, a intensidade de sua dança se tornando um espetáculo à parte. Há murmúrios de admiração e sorrisos compartilhados, pois todos reconhecem a beleza do momento que Lyra e Aeris estão criando, um momento de amor puro expresso em cada movimento sincronizado.

Enquanto os aplausos ecoam pelo salão e os olhares de admiração se voltam para eles, Aeris está completamente absorto na contemplação do rosto de Lyra. Ele estuda cada detalhe, desde o brilho de seus olhos dourados até o sorriso que ela lhe oferece — um sorriso que carrega uma promessa de desafios e aventuras futuras.

Lyra, percebendo a atenção intensa de Aeris, responde com uma provocação brincalhona, um convite silencioso para continuar a dança de outra forma, talvez mais tarde, longe dos olhares curiosos. E Aeris, reconhecendo o jogo, aceita o desafio com um aceno de cabeça e um sorriso cúmplice.

A música recomeça, mas desta vez, não há troca de parceiros. Aeris e Lyra continuam dançando juntos, cada movimento um reflexo do outro. Eles se movem em perfeita harmonia, como se a música fosse composta apenas para eles. Os risos de Lyra são acompanhados pelo toque suave de Aeris, que observa cada detalhe dela com admiração e carinho.

Enquanto a música os envolve, o casal permanece no centro das atenções, sua dança apaixonada capturando a admiração de todos ao redor. E quando a música finalmente se encerra, os aplausos e olhares de admiração são para eles, mas Aeris só tem olhos para Lyra, cujo sorriso provocante promete mais do que apenas dança.

Após a exaustão da dança, Lyra e Aeris se encontram sentados à mesa, recuperando o fôlego e desfrutando de um momento de descanso. Eles observam Elian se aproximar, um sorriso contido em seus lábios fechados, denunciando que ele está saboreando alguma das delícias do banquete. A cena é leve e cômica, um interlúdio perfeito após a intensidade da dança.

Elian, com as mãos provavelmente cheias de petiscos, se junta a eles, compartilhando silenciosamente a alegria do momento. O trio, unido pela amizade e pelas memórias recém-criadas, compartilha olhares e sorrisos, cada um expressando sua felicidade de maneira única.

 - Me da um pouco. – pede Aeris sorridente.

 - Podia negar, pois foi uma luta para conseguir isso. – diz com um sorriso orgulhoso após engolir a comida que estava mastigando.

                O jovem príncipe coloca sobre a mesa pequenas bruschettas cobertas com tomate fresco, manjericão e um fio de azeite de oliva extra virgem. Ao lado delas, espetinhos de frutas tropicais, com pedaços de manga, abacaxi e kiwi, oferecem um contraste doce e refrescante.

 - Parece ter uma cara ótima. – argumenta Lyra, ao pegar um dos petiscos.

 - E são realmente bons. – solta Aeris com um sorriso após provar.

Elian percebe os olhares curiosos e os murmúrios discretos que vêm de outras mesas. As pessoas estão claramente fascinadas por Aeris e Lyra, o casal que capturou a atenção de todos com sua dança apaixonada. Há um ar de admiração e talvez um toque de inveja, pois a conexão entre os dois é palpável, mesmo agora enquanto descansam.

 - Vejo que conquistaram novos admiradores. – murmura ao voltar a saborear a comida.

 - Nem mesmo sei o motivo. – solta Lyra. Aeris por sua vez solta uma risada, vendo através da atuação de Lyra.

 - Você realmente não sabe? - ele pergunta, ainda rindo. - Nós somos o centro das atenções desde a nossa dança. Você brilhou na pista de dança como uma verdadeira princesa do fogo.

Lyra apenas sorri, aceitando a verdade nas palavras de Aeris. Ela sabia que tinham capturado os corações e a imaginação dos presentes com sua performance apaixonada, mas fingir inocência era parte de seu charme.

Elian, observando a troca entre eles, não pode deixar de sorrir também, compartilhando a leveza do momento. O trio, cercado por olhares e sussurros, encontra conforto e diversão na companhia um do outro, desfrutando da noite que ainda promete muitas memórias.

O soldado se aproxima com uma postura formal, interrompendo o momento de descontração entre os amigos.

 - Com licença. - ele começa, capturando a atenção de Aeris, Lyra e Elian. - O Príncipe Dorran solicita a presença de vocês em sua sala para dar continuidade à discussão de mais cedo.

Os três trocam olhares, a leveza do momento dando lugar a uma expectativa séria. Eles acenam em compreensão e se levantam, preparando-se para seguir o soldado até a sala do príncipe, onde assuntos importantes os aguardam.

E assim, deixando para trás a festa e os aperitivos, o trio segue o soldado através dos corredores iluminados da residência, prontos para retomar os deveres que os chamam.


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