Chamas e Brisas escrita por Michel


Capítulo 14
Capítulo 14 - Brisas Fortes




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— Aeris Aetheron, que surpresa a brisa me trouxe. – a mulher diz em meio suas gargalhadas. – Junto de você o pequeno príncipe de Atlantis, vejo que andas com uma companhia importante. – complementa com um sorriso debochado enquanto analisava Elian.

 - Isso parece um problema, você parece me conhecer e eu não sei quem é você. – argumenta ao levantar-se enquanto não desvia seu olhar.

 - Bem, não é difícil reconhece-lo. A tatuagem, espada. Tudo grita, eu sou o filho da Anciã. – ela explica com um sorriso cômico em seu rosto, mas a tensão no ar era muito grande. – Sou Valeria.

Ela é a líder do império Sagacia, conhecida por sua sabedoria e habilidade em unir as tribos sob sua bandeira. Valeria é também a mestra do dragão que Aeris e Elian avistaram cruzando os céus — uma criatura magnífica cuja lealdade ela conquistou através de um vínculo místico.

Valeria, com seu comando sobre o dragão e sua influência sobre o império, é uma figura de respeito e temor. Seu poder não deriva apenas de sua posição, mas também de sua conexão profunda com os elementos e as criaturas da terra.

 - Então o que fazem no meu território? – pergunta Valeria, mas ela sabia que era uma mentira, assim como Aeris.

Um sorriso enigmático se desenhou no rosto de Aeris, um sorriso que escondia mais do que revelava. Ele sabia, com uma certeza que lhe pesava no peito, que Valeria, a líder do império Sagacia, era sua inimiga. As peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar em sua mente: a presença dela ali, o acampamento dos invasores e dobradores, e o dragão que sobrevoava a região — tudo indicava que ela estava aliada ao grupo que haviam observado mais cedo.

A Floresta Esmeralda, lar de espíritos e segredos antigos, agora enfrentava uma ameaça que Aeris ainda não conseguia compreender totalmente. O que Valeria e seus aliados buscavam naquele local sagrado? Que desígnios os moviam a perturbar a paz da floresta?

Aeris manteve o sorriso, mas seus olhos refletiam a determinação de um Guardião. Ele sabia que precisava descobrir as intenções de Valeria e proteger a floresta de qualquer mal que pudesse advir da ambição do império Sagacia.

O ar na clareira estava carregado com a tensão de um céu prestes a desabar em tempestade. Valeria e Aeris se encaravam, seus olhares entrelaçados em um silencioso duelo de vontades. Aeris, com a mão firmemente envolvendo o cabo de sua espada, sentia o cristal pulsar em resposta à presença da líder do império Sagacia. Seus olhos azuis, normalmente tão calmos como o céu ao amanhecer, agora faiscavam com a intensidade de um relâmpago.

Valeria, por sua vez, mantinha um sorriso confiante, mas seus olhos não escondiam o cálculo frio de quem está acostumado a jogos de poder. Ela media Aeris, avaliando a ameaça que ele representava, enquanto sua mão descansava casualmente sobre a empunhadura de uma adaga oculta.

Nenhum dos dois se movia, mas a floresta ao redor parecia reter a respiração, antecipando o confronto. Era um momento de verdade, onde cada um reconhecia no outro um adversário digno, e sabia que o equilíbrio de forças na Floresta Esmeralda estava prestes a ser desafiado.

 - É melhor estar pronto para isso. – as palavras saem como uma ameaça da boca de Valeria, que cerrava seus olhos.

                Aeris, com a espada em mãos, iniciou o confronto. O elemento ar girava ao redor de sua lâmina, formando uma tempestade controlada que se lançava contra Valeria. A líder do império Sagacia, por sua vez, mostrava-se uma oponente formidável, defendendo-se com a maestria de quem domina todos os elementos. Fogo, água, terra e ar se curvavam à sua vontade, criando um espetáculo de defesa e poder.

A batalha entre eles era intensa, cada movimento carregado com a promessa de um desfecho épico. Aeris, guiado por seu treinamento e instinto, movia-se com a agilidade do vento, enquanto Valeria, com a força de uma tempestade, respondia com ataques que eram tanto belos quanto mortais. Era um embate de titãs, onde o destino da Floresta Esmeralda pendia na balança de cada golpe e contra-ataque.

Após o primeiro embate com Valeria, Aeris percebe que a força bruta não será suficiente para vencer uma oponente tão poderosa. Ele recua brevemente, avaliando a situação com a calma e a perspicácia que são características de um Mestre do Ar. Com um olhar atento, ele busca no ambiente ao redor elementos que possam ser usados a seu favor.

Então, com um movimento sutil, Aeris levanta as mãos e começa a manipular as correntes de ar ao seu redor, criando um vórtice que suga as folhas secas e pequenos galhos, formando um turbilhão que obscurece a visão de Valeria. Ele usa esse momento de distração para se posicionar estrategicamente, preparando-se para lançar uma série de ataques rápidos e precisos, visando desarmar Valeria e desequilibrá-la, aproveitando-se da agilidade e da leveza que o elemento ar lhe proporciona.

Aeris sabe que a chave para vencer não está apenas na força, mas na habilidade de se adaptar e usar o ambiente a seu favor, transformando a batalha em uma dança onde cada passo é calculado e cada sopro de vento é um aliado.

Valeria, com a destreza de uma líder acostumada a batalhas, rapidamente se recompõe do ataque surpresa de Aeris. Ela se move com uma graça que desafia a violência do confronto, seus olhos brilhando com uma determinação feroz. Com um gesto amplo, ela convoca uma muralha de fogo para bloquear a visão de Aeris, enquanto com a outra mão, ela desenha do solo uma barreira de pedra para se proteger.

Elian, apesar do tremor visível em suas mãos, não hesita. Ele se posiciona ao lado de Aeris, concentrando-se na umidade do ar e na água das plantas ao redor. Com um grito que mistura medo e coragem, Elian libera um jato de água que se choca contra a barreira de pedra de Valeria, erodindo-a com a força de uma cachoeira.

Valeria, surpresa pela súbita ofensiva de Elian, é forçada a dividir sua atenção. Ela manipula o ar para dispersar a água, mas isso a deixa vulnerável aos ataques de Aeris. O Mestre do Ar aproveita a abertura, avançando com uma série de estocadas rápidas, cada uma acompanhada por uma lufada de vento que aumenta a força do golpe.

A batalha se intensifica, com Valeria defendendo-se com uma habilidade que honra seu título, mas Aeris e Elian, unidos pelo propósito comum de proteger a Floresta Esmeralda, mostram que mesmo o medo pode ser transformado em uma arma quando se luta por algo maior do que si mesmo.

 - Vejo que as histórias sobre seus feitos não eram brincadeira. – balbucia Valeria enquanto se defende.

 - Elian! Vá! – Aeris grita jogando para o príncipe a flauta, e com um olhar determinado lhe passava o que tinha em mente.

Elian, segurando a flauta que emergira da terra como um presente dos espíritos, sentiu o peso de sua responsabilidade. A música da flauta não era apenas uma melodia; era um chamado, uma súplica para que os espíritos da floresta se unissem a ele na luta contra os invasores. Com um aceno de cabeça para Aeris, ele partiu em direção ao acampamento, cada passo um eco da determinação em seu coração.

Aeris, agora sozinho, enfrentava Valeria, uma guerreira cuja força e habilidade rivalizavam com as da Anciã. O embate entre eles era como um furacão contra uma tempestade de fogo, uma batalha épica que seria cantada por gerações. Aeris girava e atacava com a graça de um mestre do ar, sua espada cortando o ar com a precisão de um falcão em voo.

Enquanto isso, Elian alcançava o acampamento. Com a flauta aos lábios, ele começou a tocar uma canção antiga, uma melodia que parecia brotar das profundezas da terra. As notas flutuavam pelo ar, penetrando cada canto da floresta, e uma a uma, as criaturas e os espíritos começaram a responder ao seu chamado. Eles emergiam das sombras e da luz, prontos para defender sua casa e seu guardião, prontos para a batalha que decidiria o destino da Floresta Esmeralda.

 - Vamos lá Mestre do ar, me mostre do que é capaz! – Valeria esbraveja lançando seu contra ataque. 

Valeria, com a fúria de uma tempestade selvagem, lançou-se contra Aeris. Ela era uma força da natureza, cada movimento seu carregado com o poder dos elementos que ela dominava. Com um grito que misturava raiva e triunfo, Valeria desencadeou uma onda de energia que varreu o chão sob os pés de Aeris, fazendo-o tropeçar e cair pesadamente contra as árvores.

Aeris sentiu o gosto metálico do sangue em sua boca, uma lembrança amarga da brutalidade do golpe. Ele se apoiou em um tronco, tentando recuperar o fôlego, enquanto Valeria se aproximava, sua silhueta recortada contra o céu que escurecia. A líder do império Sagacia estava pronta para acabar com a luta, sua presença imponente como a de uma guerreira antiga, inabalável e implacável.

Mas Aeris não era um homem que se rendia facilmente. Com a determinação de um verdadeiro Guardião, ele limpou o sangue dos lábios e se levantou, a espada ainda firme em sua mão. Ele sabia que a batalha estava longe de terminar, e que cada golpe, cada ferida, era um testemunho de sua vontade de proteger a Floresta Esmeralda e tudo o que ela representava.

 - Você é um mestre do ar mesmo, mas não passa de uma formiga que irei esmagar. – sua voz se mostrava irritada, ela queria terminar com a luta logo.

 - Para uma pessoa que parece ter o mesmo poder que minha mãe, não acho que possa vencer com apenas isso. – com um sorriso ousado em seus lábios, ele fita a mulher com um olhar determinado.

Valeria, percebendo que Aeris ainda se mantinha de pé apesar de seus poderosos ataques, concentrou-se para um novo assalto. Com uma expressão de intensa concentração, ela ergueu as mãos para o céu, e as nuvens acima começaram a girar, formando um vórtice escuro. Ela canalizou a energia dos elementos, e com um movimento descendente, lançou uma coluna de fogo em direção a Aeris.

Aeris, com reflexos aguçados pelo treinamento como Mestre do Ar, desviou por um triz, sentindo o calor da chama passar perigosamente perto de sua pele. Ele rolou pelo chão, levantando-se em um movimento fluido, pronto para continuar a luta.

Foi então que Valeria, com um olhar triunfante, soltou um rugido poderoso e primal, um som que Aeris nunca ouvira antes. O rugido reverberou pela floresta, e o céu respondeu com um trovão ensurdecedor. De repente, a silhueta imponente do dragão surgiu entre as nuvens, descendo em espirais controladas até pousar ao lado de Valeria. O dragão, com escamas que brilhavam como brasas e olhos que ardiam com uma inteligência antiga, era uma força da natureza personificada, pronto para entrar na batalha ao lado de sua mestra.

 - Sua mãe chorará por usa morte? – Valeria repousa uma de suas mãos sobre as escamas do Dragão, sentindo o calor que ele emanava. – Pena que perderei tal cena, mas pense pelo lado bom, você a encontrará no além. – com um sorriso maléfico, ela fitava o dobrador do ar ofegante, com os olhos azuis brilhando intensamente procurando uma saída. – Eu soube que poucos tem informação de minha dobra, assim como do dragão. Então você e seu amigo de Atlantis vão ter que morrer essa noite.

Valeria, com um comando silencioso, incitou seu dragão a atacar. A criatura alçou voo, suas asas batendo com força, criando um vendaval que ameaçava derrubar as árvores ao redor. Juntos, mestra e dragão lançaram uma ofensiva devastadora: Valeria com uma torrente de chamas mágicas e o dragão com um sopro de fogo que transformava o ar em brasas.

Aeris, no entanto, não se deixou intimidar. Com a agilidade de um Mestre do Ar, ele se moveu com a leveza do vento, utilizando a floresta como seu escudo e aliado. Ele saltou entre as árvores, usando os troncos como barreiras contra o fogo e as copas das árvores como cobertura. A floresta, respondendo ao seu chamado, parecia se mover com ele, as árvores balançando e desviando as chamas, protegendo Aeris com sua vida verdejante.

O ataque conjunto de Valeria e seu dragão, embora poderoso, foi frustrado pela conexão profunda de Aeris com a floresta e sua habilidade de dobrar o ar a seu favor. Cada movimento seu era um passo na dança da sobrevivência, cada desvio uma nota na sinfonia da resistência. E assim, a batalha continuava, com Aeris provando ser um adversário digno, mesmo diante do poder combinado de Valeria e sua fera lendária.

Na penumbra da Floresta Esmeralda, Aeris, com a respiração ofegante e o coração pulsando ao ritmo da batalha, fincou sua espada no solo sagrado. Ele ergueu os olhos para o céu estrelado que se abria por entre as copas das árvores e fez um apelo silencioso aos espíritos do ar.

 - Espíritos ancestrais. - sussurrou ele. - Concedam-me a força para proteger sua terra.

O vento começou a soprar mais forte, as folhas tremulavam em resposta, e uma energia invisível começou a se concentrar ao redor de Aeris. Os espíritos do ar, ouvindo o chamado de seu Guardião, uniram-se a ele, tecendo uma corrente de poder que fluía através de sua espada e invadia seu ser.

Com a energia dos espíritos do ar pulsando em suas veias, Aeris retirou a espada da terra e se colocou de pé, sua silhueta iluminada por um brilho etéreo. Ele avançou em direção a Valeria e ao dragão, cada passo um desafio ao destino. Com um grito que unia a voz dos espíritos à sua, Aeris liberou o último ataque, uma onda de ar puro e cortante que se dirigiu aos seus adversários com a promessa de um final épico para a batalha.

O dragão, sentindo o perigo iminente para sua mestra, curvou-se protetoramente sobre Valeria, suas escamas brilhando como um escudo contra a força do ataque de Aeris. A criatura rugiu, um som que reverberava pela floresta, desafiando o poder dos espíritos do ar.

Valeria, abrigada sob a vasta envergadura do dragão, olhou para o céu com uma expressão de frustração crescente. Seus olhos se estreitaram ao ouvir os gritos distantes vindos de seu acampamento. O som era inconfundível — o caos havia se instalado, e ela sabia que apenas uma coisa poderia ter causado tal perturbação: a Flauta dos Espíritos.

Elian, com a flauta em mãos, havia convocado os espíritos da floresta, e agora eles respondiam ao seu chamado, unindo-se a ele na defesa de seu lar. O acampamento de Valeria, uma vez um símbolo de poder e conquista, estava sendo desfeito, cada tenda e cada estrutura caindo perante a fúria da natureza.

Valeria, percebendo que a batalha estava se voltando contra ela, sentiu a ira borbulhar dentro de si. Com um gesto furioso, ela ordenou ao dragão que levantasse voo. Era hora de reagrupar, de planejar uma nova estratégia. A luta pela Floresta Esmeralda estava longe de terminar, e Valeria não era do tipo que se rendia facilmente. Com um último olhar desafiador para Aeris, ela partiu em direção ao horizonte e sumindo em meio as nuvens da noite.

Exausto, Aeris caiu sobre o chão da floresta, o sabor do sangue tingindo seus lábios de uma realidade amarga. Ele lutou para recuperar o fôlego, cada inspiração uma batalha contra o cansaço que ameaçava dominá-lo. Seus olhos, no entanto, encontraram um motivo para sorrir quando ele viu Elian se aproximando.

Elian corria em sua direção, um sorriso triunfante iluminando seu rosto apesar dos ferimentos e da ausência de sua armadura. A vitória era evidente em sua expressão, mesmo com o corpo marcado pela luta. Aeris sentiu um alívio profundo ao ver seu companheiro, sabendo que juntos haviam enfrentado mais do que apenas inimigos; eles haviam enfrentado seus próprios medos e incertezas.

Com a ajuda dos espíritos da floresta, Elian havia conseguido o impossível, e agora, mesmo ferido e desprotegido, ele era a imagem da resiliência e da coragem. Aeris se permitiu um momento para apreciar a força do vínculo que compartilhavam, um vínculo forjado na confiança e na luta compartilhada por um mundo protegido e em paz.

Aeris se permitiu um momento de reflexão enquanto a poeira da batalha se assentava ao redor dele. A Floresta Esmeralda, com seus mistérios e espíritos, havia sido apenas o começo de uma jornada que os levaria através da temida Floresta Vermelha, em direção à Nação da Terra, Solumia, onde o estrondo dos tambores de guerra já ecoava.

A guerra em Solumia não era apenas uma disputa pelo trono; era um conflito que poderia alterar o equilíbrio do mundo. E agora, com a revelação de Valeria, a rainha de Sagacia, uma nova peça havia sido adicionada ao tabuleiro. Diziam que ela controlava um dos príncipes que disputava o trono de Solumia, uma marionete em um jogo de poder e influência.

Aeris sabia que os desafios que enfrentavam não eram apenas físicos, mas também políticos e espirituais. A luta contra Valeria e seu dragão havia sido um teste de suas habilidades, mas também um vislumbre das batalhas que estavam por vir.


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