Mais que amigos, escrita por wakareuta


Capítulo 1
para sempre.


Notas iniciais do capítulo

Parece meio mal feito, com pontas soltas demais e coisas estranhas (talvez, sorry sorry!!!) porque o hiperfoco bateu e quis aproveitar ao máximo. Sou péssima finalizando oneshots porque sempre acabam virando bíblias e eu acabo não dando conta. Essa é diferente porque é a primeira que desagua na história dos dois ships. Savoir par coeur (Yo-Ka e Kei) e Tomodachi (Tatsuya e Shoya) só pra me hypar e escrever um pouco mais. Vou continuar editando ela ate ficar satisfeita com o resultado e procurar não mudar tanto do que postei agora.
As perguntas que (isso se) surgiram, provavelmente vão ser respondidas mais pra frente. E isso é tudo, eu acho....

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Kei e Yo-ka se reuniram com Tatsuya e Shoya em um bar para comemorar o primeiro ano de namoro depois de um passeio no shopping e o lançamento de um filme que todos os quatro gostaram muito de assistir e que, inclusive, foi um tópico pouco discutido ao longo daquela noite. Depois de tudo o que passaram, estavam de acordo que apesar da ocasião comumente exigir um tempo para o casal, os outros dois, em especial Shoya, não só foram cruciais para que essa relação se provasse inviolável, como também os mais -se não os únicos- interessados em criar novas lembranças juntos, a fim de reparar todo o mal que causaram nesse meio tempo. E como Yo-ka teve seu voto contrário e solitário vencido, acabou aderindo o plano e se divertindo apesar de ainda preferir se encerrar no quarto deles, muito porque não se deixou contrariado e provocou o namorado de tempos em tempos, jurando que se vingaria quando chegassem em casa.

Fora isso, nada mais foi sobre eles e isso, de certa forma, apesar de estranho, foi de certa forma intrigante.

A princípio, Shoya foi quem mais se preocupou em agradá-los, procurando mil e uma formas de se desculpar, mesmo sob os protestos de Kei e Tatsuya que apesar de serem os únicos a terem pouca intimidade entre si estavam de acordo, mas Yo-ka, que julgava conhecer bem a figura, pediu que comprasse para ele uma bolsa nova e também ajuda para escolher as roupas mais provocantes que encontrou para provocar Kei, em uma loja que só para respirar lá dentro teriam de vender suas casas.

Certamente não levaram nenhuma delas, mas conversaram um pouco e tiveram um momento para alinhar as ideias e colocar o passado em seu devido lugar. A partir daí, tudo se tornou mais leve. Tatsuya e Shoya contaram as melhores histórias que o casal não se lembrava, incluíram também algumas que nunca tiveram conhecimento e Tatsuya, que parecia particularmente animado fazendo isso durante as compras, revelou que passaria aquela noite na casa de Shoya e foi nesse momento que os namorados ficaram um pouco mais atentos ao comportamento deles.

Eles eram realmente muito próximos.

Entre uma provocação e outra, o ruivo apontava cenas bastante fofas de intimidade entre eles, especialmente na sala escura do cinema. Tatsuya choramingando no pé do ouvido de Shoya para buscar mais pipoca, sussurrando coisas que deixaram o baixista corado, arrancando sorrisos e roubando eventualmente a atenção para si. E Shoya não ficou para trás, o que os deixou ainda mais surpresos. Deu na boca do maior colheradas de sorvete, mordidas do lanche mesmo tendo jurado que não o faria, o abraçava de repente e fazia piadinhas sobre uma suposta corrida que fariam mais tarde, deixando Tatsuya bastante embaraçado.

Quando chegaram no bar, as posições de todas as outras situações se mantiveram: Kei ao lado de Yo-ka, Shoya ao lado de Tatsuya, mas havia um detalhe que não passou despercebido apenas por Kei. Ao longo de toda aquela noite, nada e nem ninguém pareceu ser suficiente para impedir o contato físico em público da dupla, coisa que ele e o amado acertaram nunca mais repetir desde o dia que se reencontraram por razões bastante óbvias. As pessoas olhavam, julgavam, pensavam a respeito e poderiam reagir, e é claro que se preocupava com Shoya, na verdade, ser chato em questões como essa era um papel que desempenhava muito bem por ser o mais velho do grupo e se sentir um pouco responsável pela proteção de todos, incluindo Tatsuya por tabela. E naquele bar, onde aparentemente todas as pessoas mais velhas se reuniram, essa preocupação se traduziu numa pergunta simples, mas que achou ser o bastante para situá-los:


― Vocês sempre foram grudados um no outro assim?
E claro que estava errado. Shoya estava bem confortável no meio abraço, Tatsuya até aquele momento estava concentrado em defender o ponto de que Stitch era mil vezes mais interessante que todos os heróis da Marvel e DC juntos - e essa era o tipo de discussão que ele não media esforços para sair com a última palavra. Como estavam, permaneceram.
― Acho que sim. ― Shoya se prontificou a responder, pausando a explicação para beber sua cerveja. ― Desde que nós conhecemos, basicamente.
― Teve uma vez que eu quis ele morto, mas antes e depois disso, sim. ― Tatsuya acrescentou.
― E como se conheceram? ― Yo-ka indagou, curioso o bastante para se debruçar sobre a mesa e encará-los com expectativa. Àquelas alturas já estava bêbado o bastante para fazer perguntas invasivas demais e Kei se pôs atento para evitar constrangimentos maiores, segurando sua por debaixo da mesa.
― O Tatsu me defendeu de uns valentões no colégio uma vez e ficou no meu pé até nos tornarmos amigos.
― Ele diz isso, mas só estava garantindo que aqueles imbecis não o incomodariam de novo. ― Tatsuya corrigiu.
― E não vai admitir que isso foi por causa da Shiemi? ― Interpôs, apontando o indicador para o outro.
― Espera... Quem é Shiemi? ―  Yo-ka se intrometeu, rindo meio abobado da boa história que estava por vir.
― Shiemi era a minha vizinha e ouvi dizer que ele sempre foi apaixonado por ela. Nós estudávamos juntos.
― Até eu te conhecer, porque depois ganhei moral com praticamente todas as garotas do clube de xadrez.
― É, mas era pra ela que dava presentes no dia dos namorados.
― A Shishi fazia bolinhos de creme, estava subornando ela! ― Tatsuya resmungou, bagunçando o cabelo do mais novo. ―  Além disso, ela, assim como todo o resto do planeta, achava que você era meu namorado.
― E era? ― Dessa vez foi Kei quem os interrompeu. E por mais que por fora estivesse calmo, sóbrio de qualquer emoção como de hábito, por dentro a curiosidade o consumia quase o mesmo tanto que ao seu amado.
― Não! ― Os dois responderam ao mesmo tempo. E ao contrário do que seria de se esperar, nem isso fez com que se afastassem, muito pelo contrário. Tatsuya o abrigou e protegeu do que pareceu ser uma memória desagradável prestes a atacar e Shoya se encolheu e se permitiu acolher, olhando para o próprio copo com a bebida quase no fim, pensativo.
― Naquela época o rumor de que eu era gay se espalhou muito rápido e isso só não chegou a algo extremo porque nós sempre estávamos juntos. Eu não entendia o que ou pelo que exatamente estava passando, antes de entender a mim mesmo a minha vida escolar se tornou um inferno e o Tatsu foi o único a estar do meu lado, mais do que só de corpo presente... ― Nessa hora, Shoya se interrompeu por conta do embargo na voz, claramente estava nervoso e emocionado e por mais que Yo-ka e Kei tivessem alguma noção do tipo de coisas que ele poderia ter passado, Tatsuya não era uma personagem descontinuada naquela história, somente ele teria as palavras certas para arrancar um sorriso e expulsar sem qualquer movimento brusco toda a dor de uma só vez. E foi o que fez. O mais alto continuou acariciando seu braço direito, seus olhos se fecharam e seus lábios se aproximaram da orelha dele, sussurrando pela enésima vez naquela mesma noite, coisas capazes de fazer Shoya corar e rir bobo, arrancando uma lágrima que rapidamente Shoya secou antes de encarar o casal diante dele e prosseguir. ― O Tatsuya é e sempre vai ser muito mais do que só um amigo pra mim.
― Isso é tão bonito... Parece até enredo de dorama.

Yo-ka, depois de passar tanto tempo em silêncio, acabou chamando a atenção dos outros, pois ele estava chorando e não só, também era assumidamente o mais fraco para bebidas daquele bando. Todos, exceto ele, acabaram rindo alto enquanto ele se perguntava o motivo das gargalhadas, todo perdido.
― Desde quando assiste doramas, Kaede? ― Shoya estreitou o olhar, desafiando o amigo.
― Desde a semana passada. Pra entender esses galãs de novela idiotas que fazem as donzelas lindas e maravilhosas como eu sofrer tanto. ― Se explicou, todo embaralhado pelos efeitos do álcool, segurando com força a mão de seu amado como forma de repreensão, e houve um certo esforço dos três para engolir aquela declaração sem rir, eles realmente tentaram muito, mas não foram tão bem como gostariam nesse intento. ― É, vocês não têm coração mesmo. Todos vocês são esses galãs idiotas.
― Eu concordo. ― Kei assentiu, levemente, acariciando sua mão com o polegar.

Depois disso, continuaram a beber e jogar conversa fora por mais algumas horas, por muito pouco não foram os últimos a sair daquele bar, já que Yo-ka disse querer ir embora. Shoya implicou com o ruivo, mas assim que chegaram no carro, ele simplesmente dormiu no banco de trás, abraçado ao amigo, Kei e Tatsuya se acomodaram na frente, no banco do carona e do motorista, respectivamente.
― O Shoya deve estar mais feliz do que vocês por estarem bem de novo. ― Tatsuya comentou depois de alguns minutos, percebendo que havia um trajeto considerável pela frente e só havia restado eles dois. Não passavam de dois homens com amigos em comum que se esbarraram algumas vezes e apesar de terem conversado a noite inteira, sem o intermédio dos outros dois era pedir demais que mantivessem o mesmo ânimo de instantes atrás. Era quase impossível para Tatsuya relevar a culpa do moreno sobre o desenrolar da trama.
― Eu não duvido disso. Kaede sempre falou muito bem dele e me parece ser um bom rapaz.
― Ele é.

O baterista, que costumava ser alguém bastante espontâneo e divertido, carregava a tensão no olhar fixo nas ruas movimentadas, uma fúria que de certo justificavam o desconforto imenso que sentia ao lado de quem chegou a fazer Shoya chorar. Ele entendia muito bem que Kei não foi o único culpado, que muitos fatores levaram ao episódio triste que os quatro enfrentaram, inclusive que ele propio passava longe de ser afetado diretamente, mas por qualquer razão seu coração exigia que manifestasse sua real posição. Kei, por sua vez, era observador demais, cauteloso demais para deixar passar despercebido a expressão raivosa e os punhos massacrando o volante. Kaede comentou algumas vezes também que Tatsuya era quase um guarda-costas, disposto a matar e morrer pelo mais novo e a verdade era que compreendia a sua posição melhor do que qualquer um.

Depois do que viu ao longo daquela noite, em especial no final dela e naquele momento, só chegou a conclusão de que tudo isso era sobre amor. No seu lugar, diante de qualquer coisa que abalasse, mesmo que minimamente, os sentimentos de Yo-ka, ele seria capaz de se comportar assim, talvez até pior, e o entendia muito bem.
― Eu te prometo, as coisas vão ser diferentes daqui pra frente. Do que depender de mim, Shoya ficará bem.

A garantia, por mais simples e cheia de convicção que tivesse sido, rendeu apenas em um olhar de relance um severo e mais um tempo em silêncio. Menos do que Kei esperava.
― É bom mesmo.

O clima tenso prevaleceu por mais alguns minutos, mas amenizou quando Shoya acordou e pediu para colocar  música, fazendo cafuné em Yo-ka e mexendo no celular. Kei se sentiu um pouco mais a vontade e por consequência engajou em um tópico que, francamente, ainda estava bastante curioso.
― Se me permitem a pergunta, em que momento o quis morto? ― Se dirigiu a Tatsuya, trazendo sua declaração de volta para debate.
― Eu presenteei a irmã mais nova dele. No aniversário dela. Me diz se não é estupidez ele me desejar morto por uma coisa banal como essa. ― Shoya resmungou ainda um pouco sonolento e Kei conteve o riso.
― Eu sou ciumento e ele sabe disso. ― Tatsuya se defendeu, revirando os olhos.
― Preciso concordar com o resto do mundo... vocês realmente parecem se namorar...
― Até eu concordo, não consigo pensar em um jeito de contrapor isso e olha que venho pensando nisso praticamente a minha vida inteira. ― Dito por Shoya, aquilo fez Tatsuya sorrir levemente constrangido.
― Então vocês namoram hoje em dia? É isso?
― Não exatamente... É um pouco difícil de explicar e-
― Somos mais que amigos. Isso é tudo o que ele precisa saber, boo. ― E como se todos os acontecimentos da ocasião tivessem sido redigidos por um escritor desequilibrado e sem criatividade para desenvolver uma nova discussão sobre Shoya estar prestes a revelar mais do que o necessário, Tatsuya estacionou o carro em frente a casa de Kaede, dando a conversa por encerrada. ― Estão entregues.

Kei agradeceu por tudo em vez de só por aquela noite, se despediu devidamente dos dois, recolheu nos braços seu futuro marido e foi embora, deixando-os para trás. Tatsuya retomou a estrada, agora com um novo destino. O retorno para casa não poderia ter sido mais tenso para Tatsuya, pois se sentiu culpado por não ter discorrido sobre como era a sua relação com Shoya, imaginou que ele pensaria que tinha alguma vergonha e durante todo o trajeto buscou as palavras que melhor traduzissem sua atitude, mas não encontrou uma sequer e isso simplesmente estava acabando com ele. Mas quando chegaram em casa, como num passe de mágica, estar lado a lado com o menor o tranquilizou como sempre.
― Não tem problema ele saber. ― Shoya declarou, destrancando a porta e enquanto adentravam a casa Tatsuya meneou a cabeça em sinal negativo. ― Ele não é o culpado de tudo, Tatsu.
― Eu sei. ― Disse simplista, mas assim que Shoya tomou a frente e pisou no primeiro degrau da escada sem ter dito nada, complementou. ― Kaede já teria dito pra ele se confiasse o bastante.
― Ele já disse.
― E precisa dizer de novo. As circunstâncias mudaram, boo.
― É... ― Chegando no quarto, o mais novo se rendeu, assumindo a derrota daquele embate com um olhar singular, que deixava nítido compreender as motivações. ― Eu sei que contaria.

A afirmação foi deixada no ar, Tatsuya já nem estranhava o fato de ter a compreensão dele a ponto de não precisar dizer nada, mas isso nunca deixava de fazê-lo um pouco mais feliz sempre que acontecia. O moreno tirou o casaco e se jogou na cama de qualquer jeito, sendo assistido por olhos atentos.
― Você está velho...
― Já vai me avacalhar assim, do nada?
― Você já dormiu, então eu ganhei.
― Dormir mais tarde não te faz mais jovem que eu, seu horroroso.
― Faz sim. E você me deve uma massagem nas costas.
― Tsc. Não sei porque ainda aposto contigo...
― Porque sabe que eu sou o melhor amigo do mundo, só falta admitir. ― Tatsuya revidou, indo escovar os dentes tão rápido quanto pôde. ― Vai ser agora?
― Vem dormir, besta!
― Só depois que admitir.
― É muito mais que o melhor amigo do mundo. E sabe disso.
― Pra sempre?
― Pra todo sempre. E depois também.
Todo felizinho, Tatsuya saiu correndo do banheiro e se arremessando sobre o outro, o enchendo de beijos por todo o rosto e o abraçando apertado.
― O Shohei vai adorar saber disso.
― Tatsuya!!

 


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