Uma Gailariana Entre Nós escrita por Kaisaca1976
— Onde está Rita? – Perguntou Joe a Kito que conversava com outros conhecidos no bar. Ele viu que Rita saíra da mesa e estava demorando a retornar, pediu licença a Mariko e foi procurá-la. Ela era mais alta que as outras moças, não seria difícil vê-la.
— Não está na mesa com vocês?
— Ela saiu para ir ao banheiro e ainda não retornou? – Perguntou Saito.
— Não. Você não a viu depois disso? - Joe começou a ficar preocupado
— Não. Será que ela está na pista de dança? – Disse ele olhando para a pista, do local podiam ver a pista de dança que era num nível mais baixo. – Talvez ela ainda esteja no banheiro, pode ter passado mal.
— Vou pedir a Mariko para verificar se ela está lá.
Joe volta rapidamente à mesa e pede a Mariko para ir ao banheiro ver se Rita estava lá. Ela a contragosto vai, mas ao chegar ao local verificou que ela não estava lá, voltou e comunicou a Joe, ele e os outros começaram a procurar pela casa noturna.
— Não a vi em lugar nenhum? – Disse Kito
— Será que ela saiu? – Joe estava preocupado foi em direção a saída seguido pelo grupo. Na recepção descreveu Rita e claro que uma moça como ela não passou despercebida.
— Ela saiu já há algum tempo. Achei que ia voltar logo, pois não levou o casaco. - Disse o atendente
— Você tem certeza?
— Sim senhor.
— Viu para onde ela foi?
Ele apontou para um dos lados da rua movimentada.
— Droga. Por que ela saiu assim? Vamos procurá-la. Ela não conhece nada aqui.
Joe, Kito e os outros dois rapazes foram para a direção que lhe foi indicada, chegaram a um cruzamento olhando para todos os lados, nenhum sinal dela. Resolveram se dividir e cada um ir em direção diferente. O olhar de Joe estava ansioso, ele começou a andar apressado. Rita... Rita, onde você se meteu?
*****
— Nunca a vi por aqui. - Um dos rapazes chegou mais perto. – acho que podemos nos dar muito bem.
— Eu não preciso de companhia. Se me dão licença. – Disse ela tentando voltar para o caminho de onde viera, mas os três cercaram sua passagem.
— Ei gata, por que tanta pressa?. A gente nem se apresentou ainda.
— Desculpe, meus amigos estão me esperando. – Ela se arrependeu de ter saído sem avisar. Ninguém sabia onde ela estava. Tentou passar novamente pelo lado da parede do prédio, mas o rapaz que falava a cercou com o braço.
— Por favor, me deixe ir – Rita começou a ficar apavorada.
— Não sem antes a gente se conhecer melhor.
— Não ouviram a moça? Deixe-a ir. Ela não quer a companhia de vocês. - Falou um rapaz alto. Rita não conseguiu vê-lo muito bem.
— Ora, ora. Você quer se divertir sozinho?
— Eu não sou da laia de vocês. Parem de importunar a moça e vão embora.
Os três olharam desafiador para o rapaz, por um momento Rita pensou que iriam brigar, mas os três inoportunos afastaram-se deixando Rita amedrontada.
— Você está bem? – Disse ele se aproximando de vagar para não assustá-la ainda mais. O rapaz tinha feições muito agradáveis, como ela ficou em silêncio ele prosseguiu – Não tenha medo, não quero lhe fazer mal. - A voz era grave e falava devagar. - Eu vi que aqueles três estavam te seguindo e resolvi vir atrás. Você estava tão distraída que parecia não saber para onde ia. – Ele tirou o casaco e colocou sobre os ombros de Rita. – Não deveria andar neste frio sem casaco. Poderá ficar doente. – Ele se afastou um pouco para tranquilizá-la.
Rita estava paralisada pela atenção do rapaz um misto de alívio e apreensão.
— Obrigada.
— Não deveria vir para este lado sozinha. Você está acompanhada?
— Estou em uma casa noturna com uns amigos. Sai para respirar um pouco de ar.
— As casas noturnas não ficam nesta região. Sabe qual o nome?
Rita pensou não se lembrava – Não. Eu saí para caminhar um pouco, acho que me perdi.
— Quer que a acompanhe de volta para a rua das casas noturnas, lá você poderá identificar qual é?
Rita ficou receosa em aceitar a ajuda de um estranho.
— Eu me chamo Takeshi. E você? – ele percebeu a insegurança dela
— Rita. - Algo nela a fez confiar no rapaz
— Muito prazer em conhecê-la, Rita. Aqui não é um bom lugar para ficarmos - disse ele olhando em volta e Rita percebeu que a rua em que estavam era lateral e ali não passava quase ninguém. – E está muito frio.
— Não quero incomodar. – disse ela percebendo que ele havia dado o casaco para ela e provavelmente estaria com frio já que ficou somente com uma camisa de manga longa clara não muito grossa.
— Não me perdoaria nunca em deixar uma moça sozinha e perdida.
— Está bem.
Eles começaram a caminhar de volta às ruas movimentadas. Caminharam por um tempo em silêncio.
— Você disse que estava com uns amigos, eles sabem que você saiu?
— Não. Eu pensei em respirar um pouco de ar fresco. – Ela falou com uma entonação triste o que não passou despercebido por Takeshi.
— Então eles devem estar preocupados.
— Imagino que não. Ele… - Ela engasgou um pouco - Eles estavam se divertindo e não repararam em mim.
Takeshi teve certeza que ela estava perambulando distraída por causa de alguém.
— Dificilmente alguém ignoraria uma moça como você.
Pararam por um momento. Apesar de tê-la visto andando sozinha à noite, algo lhe disse que aquela garota era diferente. Ele já a estava observando quando ela passou por ele com o olhar totalmente distante, ignorando as pessoas e o frio, pensou o que poderia ter feito uma garota como aquela estar com um olhar tão triste. Foi quando percebeu três rapazes que começaram a segui-la logo que passou por eles, por isso os acompanhou um pouco de longe. A moça havia parado junto com as pessoas antes de cruzar a rua e quando o sinal abriu, ficou parada até perceber que as pessoas se movimentavam, ela continuou andando e dobrou uma esquina que saía das vias principais e os três atrás, ele apressou o passo e chegou a tempo de vê-la sendo importunada pelos três desconhecidos.
— Será que depois que acharmos seus amigos eu teria o prazer de encontrá-la novamente?
Rita ficou surpresa e sorriu timidamente.
— Eu não sou daqui. Amanhã estarei deixando a cidade.
— É uma pena. De onde você é?
— Rita! – a voz de Joe a fez dar um sobressalto. Joe aproximou rapidamente com um olhar zangado. – Onde você se meteu? - Ele estava muito bravo. – Estava te procurando por toda parte.
Joe chegou perto dos dois e fuzilou Takeshi com olhar que permaneceu tranquilo diante do rompante de fúria de Joe.
— Eu saí para respirar um pouco de ar e acabei me perdendo.
— Você não deveria estar conversando com um estranho. – O tom de Joe era acusador.
— Ele estava tentando me ajudar a retornar. – Achou melhor não mencionar que fora salva por ele.
— E aceita a ajuda de qualquer um. Você não sabe que há pessoas por aí que poderiam lhe causar mal? Esse cara poderia estar querendo se aproveitar de você.
— Na verdade ele me salvou de uma situação difícil. – Disse ela por fim.
— O que está dizendo? O que aconteceu? – a voz de Joe mudou de furioso para preocupado e olhou para o rapaz que continuava completamente tranquilo e calado.
Os dois permaneceram calados. As pessoas que passavam olhavam de relance a cena.
— Rita, o que aconteceu? - Insistiu Joe visivelmente preocupado
Percebendo que Rita não queria falar do que acontecera, Takeshi tentou amenizar a situação.
— Está tudo bem. Eu a vi andando sozinha sem casaco neste frio e percebi que ela parecia perdida então ofereci meu casaco e ajudá-la a encontrar seus amigos. – disse ele com calma.
Só então Joe percebeu que ela estava usando um casaco escuro sobre os ombros. Imediatamente ele tira o casaco e joga para Takeshi.
— Agradeço sua preocupação, mas ela não precisa mais. – Disse ele tirando o próprio casaco e colocando sobre os ombros de Rita. Ele sabia que ela não sentia frio como ele, mas queria protegê-la. Tentou ignorar o vento gelado que passou quando tirou o casaco.
Rita olha para Takeshi agradecida. - Obrigada, Takeshi. Você foi muito gentil.
— Já estão íntimos assim? Tratando pelo nome! Vamos embora Rita. – Disse ele segurando-a firme pelo braço.
— Tem certeza que ficará bem com ele? – Perguntou Takeshi percebendo que Joe estava com ciúmes. Então porque a deixou sair sozinha?
— Sim. Está tudo bem. Obrigada. Joe é meu amigo.
— Se vocês são só amigos então poderia te ligar para saber se ficou bem?
Joe solta o braço de Rita e se dirige a Takeshi – Ora sujeitinho atrevido.
— Joe espere! Ele só está sendo gentil.
— Conheço gentilezas assim. Esqueça!
Joe retorna e segura novamente o braço de Rita, com mais firmeza ainda. – Vamos Rita!
Os dois vão embora deixando Takeshi parado, olhando-os se distanciar. Ainda pode ver Rita se virar e lhe dar um sorriso. Ele ficou decepcionado, gostaria de encontrar aquela garota novamente.
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Conituna na parte 3