A poesia em todos nós escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 12
Ode ao Rio de Janeiro


Notas iniciais do capítulo

Sempre me pedem para falar das minhas experiências e vivências.

Gosto muito de falar do meu Rio Grande do Norte, e falarei bastante dele em breve ao longo desta compilação e coletânea de poesias, canções e relatos que estou preparando para vocês.
Mas é preciso denotar que várias partes do Brasil me marcaram intensamente ao longos dos anos. Uma delas, em particular e talvez a mais especial, é o Rio de Janeiro. Este que já foi o centro e a capital do Brasil, este que já foi inclusive a sede regente do Império Português e da coroa do Reino Unido: Brasil-Portugal-Algarves.

Sempre senti um elo especial com o Rio de Janeiro. Desde o início do ano, este elo tem se tornado cada vez mais e mais forte. Um coração dentro de mim que pulsa intenso e forte, batendo na direção desse lugar. Coração quente, quentinho e aquecido pelo amor e pela paixão.



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Costumo dizer para algumas pessoas que tenho memória fotográfica.

É difícil eu me esquecer de algo que me foi dito ou de algo pelo qual passei, ou vivenciei.

Me inspirei um pouco no personagem Sheldon Cooper, de The Big Bang Theory - ainda que eu não conte com muitas das manias e idiossincrassias do personagem.

Mas o fato de ambos possuirmos certo grau de memória fotográfica (ou memória eidética, como Sheldon sempre corrige para os amigos e outras pessoas) me chamou a atenção, e também por ser algo que pode ser usado como um dom, para preservar memórias por um longo período de tempo. Evidentemente que a do Sheldon é provavelmente de um alcance maior do que a minha.

Quando digo que tenho memória eidética, sempre esclareço que o alcance da minha deve ser de uns 80% ou quiçá 70%, bem abaixo da do Sheldon.

Uma amiga minha próxima da igreja, que conheço desde a infância e hoje está num relacionamento incrível, ótimo e estável com um carinha bacana, costumava me dizer: "Se o Matt não se lembra de tal coisa, é por que tal coisa não aconteceu".

A mesma amiga uma vez também já fez piada com essa minha 'habilidade'. Em uma determinada ocasião com outros amigos (aproveito-me dessa oportunidade para mandar um abraço para alguns deles, Raffael, Millena, Cláudia, Beatriz, Sid, Bianca, Kalline, Gaby, Gustavo, Lauri, Beverson, Bárbara, Dinha, Cris, Kamilly entre outros do Encontro de Jovens com Cristo - SEGUE-ME, da Paróquia Santa Rita de Cássia dos Impossíveis no bairro de Ponta Negra - Natal, RN), essa amiga simplesmente disse em alto e bom som para todos ouvirem: "Matt se lembra de tudo, então, se algum dia ele disser para vocês que não se lembra de algo, podem ter certeza: é mentira kkkkkk". Um abraço para vc também minha amiga rs. Um dia te dou o troco, amigavelmente, por essa piadinha. Só talvez não faça nada porque tenho grande consideração pelo seu noivo... kkkkkkk.

O fato é que desde que minha amiga começou com essas pontuações acerca da minha memória, vários momentos da minha vida começaram a voltar com força total no meu imaginário, no meu emocional e na minha memória de longo prazo; provavelmente, eu comecei a perceber os encantos e prazeres de se ter uma "memória eidética" e estava simplesmente negligenciando, tomando isso como algo certo ou garantido, e sem dar o devido valor, apreço e reconhecimento a essa capacidade, dom ou o conceito que vocês considerarem mais apropriado quanto ao que esta minha memória consegue fazer.

Já disse inclusive para algumas pessoas, depois dessa constatação, que um dos meus maiores medos é o de perder a memória.

Uma memória em particular voltou a mim com força total nas últimas semanas ou mesmo últimos meses. Eu tinha 3 anos de idade, era o ano de 1998.

Foi a primeira vez em que estive no Rio de Janeiro.

Falarei bastante das minhas vivências por lá nessas próximas etapas dos meus relatos.

Mas essa ida em particular é muito marcante hoje, para mim. Não apenas foi a primeira vez em que pisei em solo carioca, como é uma viagem que me rende risadas até hoje.

Tem partes dessa viagem que eu sequer me recordo. Só sei porque me foi contado que tais coisas aconteceram. Minha tia, que reside, atualmente, no Rio de Janeiro há mais de 40 anos, conta que ela possuía um gato de nome Zé. Em determinado momento da nossa estadia em seu apartamento, ela narra que eu estava assistindo ao desenho do Piupiu e Frajola. Depois, ao desenho do Tom e Jerry. Como os dois vilões dos desenhos eram os gatos, segundo ela eu teria olhado para o Zé e dito:

"Tia, eu preciso matá o Zé."

Essa lembrança, por mais que venha da memória dela e da minha mãe e não da minha, me rende boas gargalhadas até hoje.

Na escola encenamos uma vez a peça baseada no musical Cats. Já fantasiei comigo mesmo reescrever o roteiro da peça, consultar ao meu professor por uma possível mudança e incluir no texto alguma fala relativa a isso, do tipo: meu personagem ser um dos gatos e dizer sobre um outro gato: "O Zé?? Eu preciso matar o Zé."

Brincadeiras à parte, essa lembrança trazida por minha tia sempre me traz boas recordações do Rio, em especial por ter sido a primeira de tantas viagens. Mas não é a essa memória em particular, à qual eu me apego quando me lembro dessa primeira viagem.

A minha primeira lembrança de banho de mar, que não sei se realmente foi o meu primeiro banho de mar ou se foi apenas a primeira de que tenho memória. Deu-se exatamente nessa jornada. Minha tia e minha mãe me levaram a uma praia cheia de pedras enormes (depois descobri que essa praia estava localizada em Ipanema, perto de onde minha tia morava na época). Minha tia morou muito tempo em Niterói, mas depois veio para Ipanema. Lembro-me que a praia era bem gelada. Quando voltei a Natal e passei a me lembrar dos banhos de mar por aqui, pude notar logo de cara a diferença; muito tempo depois aprendi que, pelo fato de o Rio estar mais ao sul, logo mais perto do círculo polar antártico e por outras razões, isso fazia com que suas águas fossem mais geladas do que as águas de Natal.

A água gelada não me fez desgostar do banho. Muito pelo contrário. Deve ter sido o primeiro dos meus encantos com o Rio. Quando voltei ao Rio tempos depois, fui tomar banho de novo, e novamente senti a mesma sensação. O Rio me tocou de tal forma que é muito difícil eu explicar ou sintetizar em poucas palavras. Conto mais das minhas andanças pelo Rio depois.

Uma amiga que começou a conversar comigo tem pouco tempo e tem nome de santa, uma vez se supreendeu com o fato de que eu me recordava de Cavaleiros do Zodíaco dos tempos da Rede Manchete (que faliu em 1999, um ano depois dessa minha viagem ao Rio). Novamente, a memória eidética entrava em ação. Pois é, amiga. Essa memória vai longe, e consegue guardar muita coisa.

Essa mesma amiga me disse uma vez que pelo jeito com que eu falava das minhas andanças pelo Rio, mesmo eu tendo nascido no Rio Grande do Norte, eu era um menino do Rio. Melhor ainda, um menino dos dois Rios. Um coração batendo em dois locais. Naquela época, hoje, e sempre.

Do mesmo modo, essa viagem ao Rio, a primeira de tantas, é tão especial. Minha primeira lembrança de banho de mar. A água geladinha. A areia fofinha. As pedras enormes que impressionavam a vista de um garotinho de 3 anos. A companhia da minha mãe, minha heroína de todas as horas (que me manda recado todo ano no meu aniversário ou em outras datas importantes, referindo-se à minha vocação como professor, dizendo "Ao Mestre, com carinho"), e da minha tia, a minha mãe do Rio, que veio a esse Estado maravilhoso para se casar, formar família, viver uma história de amor, ser educadora e foi tão bem acolhida nessas terras; minha tia, uma amiga de sempre e todos os momentos mesmo com a distância geográfica que às vezes fica entre nós. Minha tia que conversa comigo sobre história, sobre viagens, sobre cinema, sobre política, sobre literatura e tantas outras coisas, assim como minha mãe. Minha tia e minha mãe, que batalham por mim e sempre compram e entram nas minhas brigas, lutas e batalhas, comigo.

A lembrança de ter a companhia da minha mãe e da minha tia comigo nesse momento do meu banho de mar me deixa com os olhos lacrimejados, a pele arrepiada e a emoção toma conta forte de mim ao falar ou escrever sobre isso. A lembrança de ter elas duas junto comigo nesse momento me traz alento, conforto, e uma esperança por dias melhores.

Rio de Janeiro, meu Rio de Janeiro. Eu fui e voltei tantas vezes. Sei que ainda irei voltar novamente. Eu vou voltar. Um dia, não sei quando. Mas eu vou voltar.

Do seu menino. Do menino do Rio. O menino dos dois Rios.

 

P.S.: sobre Raffael, Gustavo, Lauri e alguns dos outros amigos citados acima. Espero que esta mensagem os encontre bem. Espero poder escrever poesias, relatos ou simplesmente mensagens recheadas e muito bem preenchidas com carinho para todos vocês.


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Notas finais do capítulo

Phoenix Matt Marques, Rio de Janeiro, 1998.



No próximo capítulo: Um salto no tempo, chegamos a 2006.





revisão mais recente: 09/05/2024



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