Dois meses.Só dois.Era o tempo que eu tinha que tolerar a escola.Principalmente quando se trata da minha escola.Um enorme aglomerado de pessoas socialmente intolerantes.(nota da autora:essa ultima frase foi em homenagem à isabela zani).

Com o pensamento otimista de que dois meses passariam rápido, levantei da minha cama e me olhei no espelho.Nunca me achei feia, sabe.Mas nunca me achei linda.Eu tinha cabelos pretos, longos, e a pele morena.Era magra e nem alta nem baixa.Era uma garota normal.Nunca fui uma menina popular.Nem nerd.Sempre tive um grupinho de amigos, me concentrava nas aulas e tinha notas altas.Eu saía, tinha meu próprio carro, e até estava no time de futebol da escola.Convidava minhas amigas pra dormir em casa, e sempre ia dormir na delas.Mas elas também não sabiam de nada sobre meu passado.Pra elas e pro resto da escola, minha mãe havia sido assassinada em um assalto e meu pai morava no exterior.E como não tinha parentes próximos, eu fora morar com a Sra.Fernifield, que era vizinha da minha mãe.Mas sempre evitava de ficar contando essa história.Simplesmente porque eu não sabia se era verdade.

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Estacionei meu carro na rua da frente do colégio.Era um absurdo, eu sei, mas o estacionamento dentro da escola era pago.

Peguei meu material, tranquei o carro e caminhei até o muro do colégio, que era onde todos se encontravam antes e depois das aulas.Fui em direção das únicas pessoas "socialmente tolerantes", minhas melhores amigas.Taylor o Olivia.Eram completamente opostas.Tay era chamativa, adorava falar alto e era muito sociável.Já Oli era a mais intelectual.Era realista e muito estudiosa.Sempre me apoiavam em tudo.Mas com certeza, elas não iriam me apoiar se eu contasse meus planos pós-formatura.Não pensem que sou uma amiga desnaturada! Só estou adiando um pouco essa conversa...

(Oli)----Vamos indo pra aula?

Eu e Tay concordamos e fomos as três.Peguei minha mochila e fomos pra sala de aula.Mesmo que você estudasse em todas as escolas do universo, voce nunca vai achar uma sala mais iluminada do que a minha.Sério mesmo.Das quatro paredes, as duas maiores eram de vidro, dadas para o jardim.Se voce estiver perguntando porque, é simples.Minha diretora era uma hippie naturalista que tentou mudar o mundo nos anos 70, mas falhou em sua importante missão e foi exilada em Portugal.Por isso, hoje ela aplica seus conhecimentos de fonte duvidosa sobre preservação do meio ambiente em uma escola pública em um município que nem no mapa está.

Enfim, sentamos cada uma em seu lugar de costume e esperamos a professora de História entrar na sala.Sabe, desde a quinta série, eu sempre pergunto para os professores de História quando nós vamos chegar na história atual.E todos respondem que já estamos quase lá.Só que a gente sempre acaba na revolução industrial e começa tudo de novo no próximo ano.

Bom, tivemos uma chata aula de História, como sempre.Só que o começo da próxima aula foi interrompido pelo alarme de incendio.Todo mundo entrou em pânico.

(Prof.)----Por favor gente, não entrem em pânico, pode ser só uma simulação...

Mais ela nao foi muito ouvida.Taylor naquele momento agarrou minha mão e a de Olivia e nos arrastou para fora da sala.Todos os outros fizeram o mesmo.Ao chegar no corredor, não conseguia ver mais nada.Havia muita fumaça em cada canto da escola.Eu só podia sentir milhares de pessoas correndo e esbarrando em mim, e ouvir elas gritando.Comecei a tossir muito forte.Nunca reagi muito bem a fumaça.Até que comecei a passar mal, a ter tonturas.

Precisava sair de lá.Precisava respirar.Como todo mundo, começei a entrar em desespero, e corri na mesma direção dos outros.Mais a fumaça estava aumentando, junto com minhas tonturas.Todo mundo estava fortemente se esbarrando.Até que, por muita falta de sorte, acabei caindo no chão.Já estava muito tonta e sem conseguir respirar.As pessoas corriam sem sequer notar minha presença.Comecei a ser pisoteada.Minha primeira ação foi colocar as mãos sobre meu rosto, em um gesto protetor.Estava sento chutada, e a fumaça, aumentando cada vez mais.Minha tontura virou náusea, e eu não tinha mais forças pra levantar.Comecei a duvidar se iria sair de lá com vida.

Não sabia o quanto ia demorar para o fogo chegar onde eu estava.Na verdade, não tinha idéia de onde o fogo estava e nem de onde havia começado.Até que o número de pessoas correndo foi diminuindo, pois a maioria já teria conseguido escapar, pensei eu.Mas ninguem havia reparado em mim, deitada naquele chão, com toda aquela confusão.E a fumaça aumentava.Minhas náuseas e tonturas aumentaram demais, e meus olhos começaram a ficar pesados.Ia desmaiar.Usava todas as forças que tinha para tentar manter meus olhos abertos e tentar me levantar.Mas não estava funcionando.Meus olhos iam se fechando, até que não consegui mais enxergar quase nada.Mas naquele momento, vi um vulto correndo em minha direção.E depois vi esse vulto em cima de mim.Era um homem, eu pelo menos achava.Mas não consegui abrir a boca para falar nada.Não tinha forças.

Esse vulto me pegou no colo com facilidade e correu.Deu pra perceber que correu muito rápido.Mas não sabia se ele teria conseguido me tirar dali.Não sabia mais nada.Havia perdido todos os sentidos.Havia apagado completamente.