More than words escrita por Blessed


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

More Than Words é uma música da banda Extreme.
Ouçam, é linda!
Aproveitem! ♥



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Ele admirava a morena que tinha o olhar fixo na TV. O misto de expressões o divertia ao mesmo tempo que o enchia de paz. Tê-la ali, ao seu lado, em uma situação cotidiana e até mesmo corriqueira, era tão incrível quanto ele pôde sonhar todos aqueles anos antes de se entregar ao que eles tinham.

Fora de um pedaço de papel, ele sempre foi péssimo com as palavras. Seu cérebro, como uma ferrari descontrolada, não conseguia transpor em palavras verbalizadas o que seu coração insistia em gritar, o que estava tão entranhado em seus poros a ponto de ser tão necessário quanto o ar.

Às vezes, sentia-se como se fosse explodir por tudo que sentia e não conseguia dizer. Tinha tanto dentro de si em relação àquele amor que cada vez que um sorriso dela lhe era direcionado, era como se seu corpo alertasse sobre um limite.

Limites? Por Deus, ele queria sempre mais!

Mais do amor. Mais do carinho. Do cuidado. Da atenção. Do lindo sorriso. Do corpo quente. Da paixão. Das conversas. Da conexão. A verdade é que ela havia transformado sua vida em algo lindo, prazeroso, cheio de energia e luz, bem diferente da escuridão que o engolia, antes dela.

E, ao contrário do que ele imaginava, ela sentia. Sentia todo o amor, entrega e transbordamento. Sentia também a dificuldade e, sempre que ele permitia, ela o ajudava, mas entendia que ele precisava de tato, como um delicado e fino vidro, que não pudesse ser pressionado. 

Todos nós tínhamos esse aspecto, onde o avanço era individual, intransferível e qualquer tentativa de ajuda externa, por mais bem intencionada que fosse, nos faria colapsar. 

Acima de tudo, ela o respeitava. Respeitava por tudo que era, inclusive as limitações.

Mas talvez ele não percebesse que as palavras não eram necessárias ali. Não quando aprendeu a ler suas atitudes e comportamento perante a ela, perante a eles. Não quando ele dava tudo de si a cada encontro, a cada surpresa, a cada gesto, a cada gentileza. Não quando ele fazia questão de cuidá-la, ouvi-la, amá-la. Com tanta devoção, com tanta dedicação. 

Ela podia lembrar as milhares de vezes que Gil a amou mais do que em palavras.

Quando cozinhava sua sopa de legumes preferida, mesmo após um turno puxado para ambos. Ela insistia em pedir comida pelo telefone, para evitar a fadiga e os dois descansarem por mais tempo, mas ele rebatia que ela precisava se alimentar bem. Em seguida, a puxava para o quarto, preparava o banho relaxante e quente, depois lhe beijava a testa dizendo que a esperaria na mesa para desfrutarem juntos da sopa.

Quando ele preparava um sanduíche vegetariano e entregava a ela durante o intervalo do turno. Ele até selava o pão da maneira que ela gosta e ela nem mesmo precisou ensinar, ele só observou. Na maioria das vezes, nem ela mesma se lembrava de preparar algo ou de se alimentar.

No seu primeiro aniversário de namoro, ele a presenteou com um urso gigante de pelúcia, idêntico ao urso da foto antiga que ela havia mostrado a ele e que fez parte de toda a parte boa da sua infância. Aquela sensibilidade a fez chorar. Aquele cuidado e atenção fez seu coração derreter de amor por aquele homem.

Diariamente era recebida com pequenas lembranças, com pequenas gentilezas, com seu doce preferido, com um livro novo que ela comentou distraidamente que estava interessada em ler. Com um passeio surpresa à fazenda de corpos mais próxima, quando ele sabia que ela nunca tinha ido e era um desejo macabro e puramente científico.

Com massagens surpresa após uma noite cansativa ou turnos duplos. 

Ele guardava seu cansaço no bolso para aliviar o dela. Como não enxergar tanto amor? 

O sexo era surreal, transcendental. Cada vez que ela se encaixava intimamente a ele, sentia como se sua alma encontrasse a outra parte dela que habita nele. Era reconhecimento puro, prazer puro, êxtase puro. Etéreo e só não diria utópico, pois ela vivia aquilo, tão real e tão consciente que nada lhe convenceria do contrário. 

Quando ele, tão tímido e nervoso, a convidou para morar com ele. Deu uma cópia da sua chave em um chaveiro delicado com a sua inicial e se enrolou com as palavras, balbuciando algo incompreensível. Ela o silenciou com um beijo. Intenso, sincero e profundo, demonstrando toda a sua felicidade com aquele pedido atrapalhado. 

Ali começaram a dividir a vida de fato e a partir daquele dia ela foi descobrindo, das maneiras mais doces possíveis, que a linguagem de amor dele não eram as palavras. Ainda sim, não pode deixar de se encantar quando encontrou a carta direcionada a ela, escrita durante suas férias sabáticas. Aquele um mês longe dele havia lhe dado uma perspectiva diferente do que relacionamentos poderiam ser e de como o amor é curativo, paciente e bondoso.

Na carta, recitando o soneto 47, ele conseguiu habilmente expressar o seu sentir e, principalmente, ela conseguiu captar a profundidade do que ele quis expressar. Diferente da frase inicial, ele soube sim falar dos seus sentimentos, de uma maneira poética, lírica e completamente romântica. 

Há quem diga que Gilbert Grissom não é romântico.

A última viagem deles foi inteira e completamente organizada por ele. Com direito a olhos vendados, caminho de pétalas, velas, vestido e um jantar preparado por um dos melhores chefes culinários, apenas para os dois. Ela o taxou de maluco, em meio a um sorriso largo e olhos marejados e a resposta que recebeu foi o ápice para suas lágrimas rolarem.

Isso é muito pouco, querida. Muito pouco perto de tudo que você merece!

Ela o beijou como se sua vida dependesse disso. Aquele homem tinha todo seu amor, seu coração, sua alma e seu corpo. Nada podia prepará-la para um amor tão intenso e profundo quanto o que eles compartilhavam e naquela mesma noite ele a pediu em casamento.

Ela tirou os olhos da TV e encarou o homem ao seu lado. Ele parecia confuso, triste e automaticamente ela sentia-se assim também. Assim era dividir a vida com alguém de maneira tão íntima e profunda, há uma compreensão instantânea dos sentimentos do outro.

— O que houve, amor? - Ela perguntou vendo ele sair do transe em que se encontrava. 

— Eu não sei porque é tão difícil falar sobre meus sentimentos por você… - Ele suspirou, buscando internamente todas as evidências possíveis que pudessem explicar a sua “trava”. Era cada vez mais fácil falarem sobre suas limitações.

— Gil, não se preocupe, eu sigo as evidências. - Ela acariciou a barba rala e lhe dedicou o sorriso mais doce possível.

— As evidências? - Ele arqueou a sobrancelha, enquanto saboreava a sensação de prazer que o sorriso dela lhe causava. Era a sua coisa preferida quando pensava nela: o sorriso.

— Sim, querido. - Ela pegou o controle da TV e desligou o aparelho, voltando seu corpo todo em direção a ele. - Elas sempre dizem mais que as palavras. Todo dia, de diferentes maneiras, eu sinto o tamanho do seu amor por mim.

Ele sorriu, timidamente, enquanto acariciava a mão dela e contornava o anel solitário no dedo anelar esquerdo, resposta à pergunta feita há uma semana enquanto comemoravam seus dois anos em uma viagem especial. 

— Eu amo você, Sara. Amo como nunca amei ninguém, como jamais amarei outra pessoa. - Ele a encarava com uma profunda emoção, como se aqueles oceanos azuis transbordassem tudo que sentia por ela. - Sou completamente seu.

— Eu sou completamente sua, amor. - Ela o beijou com uma suavidade e uma gentileza quase angelical. - Amo você para todo o sempre.


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