Enceládo escrita por Mtheus Ludwig


Capítulo 1
Enceládo


Notas iniciais do capítulo

Caso gostem dessa história, digam nos comentários se querem que eu poste mais histórias originais, já que eu tenho milhares prontas e bem mais complexas que essa; o que significa, mais longas com mais capítulos!
Boa leitura!



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Ventos gélidos com torvelinhos de poeira sempre assobiaram por aqueles lados, a

escuridão sempre residiu por aqueles cantos, e lá havia uma tristeza profunda e dolorida

que nunca acabava, não tinha limites.

Era assim o local onde residia um ser pequeno, um ser opaco na escuridão, uma

sombra ele próprio entre poeiras, gelos e uma ou outra rocha vagante no espaço escuro

sem fim. Somente seus olhos brancos destacavam naquele lugar.

Sua rotina era vagar também e, depois que não aguentasse mais, simplesmente se

largar em qualquer lugar, sem nenhuma espécie de agasalho para se aquecer. Nada de

calor, somente um frio insidioso trazia tremores que anestesiava seus sentidos, até ser

vencido por uma letargia intranquila.

Mas um dia, enquanto prosseguia sem rumo, como sempre fazia, algo chamou a sua

atenção. E porque não chamaria, já que uma luz vagava entre as rochas? Era fraca, mas,

por ter certa luminosidade, chamava muita atenção, mesmo de longe.

A pequena e misteriosa Luz ia se afastando, instigando-o a buscá-la, com uma

grande curiosidade sobre o que poderia ser aquilo. Parecia que quanto mais a perseguia,

mais a pálida luminosidade se distanciava. A agonia dessa percepção era difícil de suportar,

não conseguia alcançá-la, mas tinha determinação em tentar se aproximar.

Duraram dois dias inteiros aquela busca intensa até que a luz se apagou e o fez

desorientar-se. Mesmo assim continuou em frente e, finalmente, a encontrou desfalecida,

talvez por fraqueza, mas conservando, ainda, uma fraca luminosidade.

Era uma criatura idêntica a ele, a não ser pela estatura menor e pelo diferencial de

possuir um brilho que irradiava claridade no entorno. Muito admirado, ou melhor dizendo,

maravilhado, ajudou a Luzinha a erguer-se.

Assim que a tocou, sentiu um arrepio que nunca sentira antes, nem em ocasiões de

ventos fortes. Paradoxalmente, era um arrepio que tinha algo que o aquecia, talvez por

causa de seu toque cálido ou, então, fosse proveniente da aura afetuosa que irradiava junto

com aquela claridade estranha.

O ser de Luz então relatou que estava por ali já havia um bom tempo, tinha se

perdido e não conseguia retornar para seu lugar desde então. Pediu que ele a ajudasse, um

fato inédito e que, por isso mesmo, o fez aceitar sem hesitar. E, assim, pela primeira vez em

sua existência, tinha conseguido algum propósito para si naquela imensidão de poeiras e

ventos gelados.

Enquanto caminhavam, ela contava sua história, um relato que soava fantástico

demais para seus sentidos que só conheciam escuridão sem fim. As palavras do ser recém

 

conhecido falavam de luzes irradiantes milhões de vezes mais fortes do que ela conseguiria

sozinha irradiar. E, ainda, que em seu lugar sempre batiam alegres os corações de seus

habitantes e ninguém chorava, pelo menos não o dia todo.

Ele fez muitas perguntas para tentar entender melhor um mundo tão diferente do

seu, mas suas respostas o deixavam ainda mais confuso. Assim o tempo foi se escoando

rápido e ele notou que a luz ia ficando cada vez mais débil, sendo consumida pela

escuridão, parecendo que as penumbras se infiltravam em sua alma e fazia com que a

esperança fosse se consumindo aos poucos.

Isso fez o pequeno ser-sombra ficar um pouco angustiado e, logo, oferecer-se para

ajudá-la, a todo custo, a achar o caminho de volta para o tal lugar das maravilhas.

Puseram-se, então, a procurar, insistiram em muitos caminhos, mas, por mais que

buscassem, a única luz que iluminava ali era a luzinha dela que ficava cada vez mais

consumida pela escuridão. E todo gemido de dor seu, causado pelo cansaço da longa

caminhada, fazia seu peito começar a pulsar de angústia.

E quando pensavam ter encontrado algo, era apenas o reflexo da pouca

luminescência dela ou um alarme falso. Nesse tempo ele fez de tudo para animá-la, nunca

a deixando ficar abatida, coisa que nunca conseguiu fazer consigo mesmo, pois sempre

esteve triste e sombrio antes dela aparecer. Seria por conta da solidão?

Com toda essa demora a esperança estava enfraquecendo e o tempo estava

acabando sem saberem o que fazer para parar a contagem. A esperança da luzinha não

poderia ter resistido a tamanho frio, dor e sofrimento, se não tivesse uma companhia que

conhecesse o lugar e que nunca desistiu de caminhar ao seu lado em busca de um mundo

que, para ele, parecia não existir.

E, realmente, quando tudo parecia estar perdido, foi encontrada uma fenda na

paisagem apocalíptica que os rodeava; era um buraco quadrangular que brilhava muito e

que tinha uma vista mais espetacular que o brilho, e que se abria para um espaço de luzes

dentro de mais luzes multifacetadas em mil cores da paleta de um mestre de pintura

impressionista. Luzes, brilhos e cores de céu azulado, mistura de platina e água, algo que

nunca havia visto antes.

A Luzinha já se sentia um pouco mais renovada ao enxergar sua casa ao longe.

Juntinhos eles se aproximaram da fenda e ficaram pertinho da borda, quase despencando.

Então a sombra se afastou um pouco para que ela pudesse ir.

Tinha que admitir que teve dias impressionantes em sua companhia e que deixá-la ir

seria uma dor que precisaria suportar, mas esperava receber, pelo menos, um abraço de

despedida, que não seria apertado, sabia ele, pela falta de forças da parceira de

caminhada. Mal sabia que ela queria isso e muito mais, já que ela não se afastou, muito

pelo contrário, se aproximou e convidou-o: -Venha comigo.

 

Era o que procurava, sentido, amor, companhia, afeto! Imagina saltar para aquele

lugar brilhante e... mas sentia que seu lugar não era outro senão aquele onde se formara e

que ali mesmo deveria construir a própria luz. Foi então que tudo ficou evidente, ele propôs

e ela aceitou: estreitarem-se em um abraço e fundirem-se em só corpo.

Depois ela se foi e ele ficou só, mas não solitário, pois sentia que dentro de seu ser

um calor começava a aumentar e logo extravasaria em luz que iluminaria mil mundos. Assim, em seu pequeno planetinha distópico e sombrio, aos poucos ele iria demonstrar a luz que faria seu mundo se parecer ou se igualar com o de sua amiga luz.

Quem sabe um dia, ele até encontrasse um outro planetinha sombrio, e trouxesse a luz á ele?


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Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que chegaram ao fim, eu realmente estou muito feliz por finalmente poder soltar isso!
Até a próxima!!



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