Tautologia do amor escrita por Naudima S A


Capítulo 1
Capítulo 1 - Do estupido contrato


Notas iniciais do capítulo

Olá! Me chamo Náudima e essa é uma história autoral que estou desenvolvendo para treinar temas que gosto e personagens que sempre tive vontade de criar. Será postado aos poucos, espero que gostem, boa leitura!



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Na cidade de Phoneix Reach, no décimo andar de prédio comercial se encontra o edifício Antropos, no centro de uma avenida. Phoneix Reach é uma cidade a alguns quilômetros de Nova York, igualmente comercial, porém mais calmo em relação ao fluxo de pessoas...

— Você vai ter que ficar de auxiliar com a secretária de Ming Zhao, precisarei viajar por algumas semanas para a China, resolver alguns assuntos com o fornecedor e depois preciso encontrar minha família na Coreia do Sul — disse o homem de cabelo longo dividido ao meio.

— Dong An, você está me deixando com alguém que eu nunca vi? Não era para ajudá-lo a coletar dados para sua nova pesquisa de marketing? — Disse uma mulher de estatura média de 1 metro e 60, cabelo liso preto e pele morena.

— Não precisa se preocupar, o presidente é uma pessoa normal como você e eu. Não terá que lidar com ele. Somos amigos, não é?

— Acho que sim, por quê? — Disse Elara com um mau pressentimento.

— Você sabe que eu não te colocaria em problemas, amigos não fazem isso —retrucou Dong An, recolhendo papéis e colocando dentro de sua pasta. Coletou mais objetos, pastas de documentação e se mandou para a porta.

— Sobre o que eu estava falando mesmo? — Dong An lançou seu sorriso mais simpático antes de sumir por completo.

— A... — Elara teve sua fala cortada.

— Boa sorte, minha querida veterana. Estarei de volta em 30 dias. Até mais ver— despediu-se com a maior pressa do mundo.

— 30 Dias, você não tinha dito que era 3 dias, espera 30 DIAS?? DONG AN. O QUE EU DEVO FAZER COM 30 DIAS??? — Elara abriu a porta correndo.

— FAÇA O QUE VOCÊ QUISER. SÓ NÃO O IRRITE— Dong An correu para a porta do elevador e fechou simultaneamente.

— DONG AN, DO QUE SE TRATA TUDO ISSO? — Elara esbugalhou os olhos ao perceber que estava por conta própria numa empresa em que não conhecia ninguém e mal sabia coisa alguma sobre cosméticos, ainda mais vegano.

— “Que tipo de situação é essa? Ele está maluco, será que devo pedir transferência de novo? Porque ele não me contou nada. O contrato, onde está o contrato?” — Mil Perguntas vieram à cabeça de Elara, porém, ela checou o contrato e constava que, enquanto Dong An viajava, ela deveria se submeter ao presidente em serviços gerais, já que ela é uma funcionária temporária.

 

 

*****

 

— Senhor, sou a nova auxiliar enviada pelo vice-presidente King Dong An, com a sua licença, me chamo Elara Emberwing a suas ordens — Elara se inclinou para frente e ficou com as duas mãos sobrepostas à frente do abdômen.

— Mais uma das garotas do Dong An... — Paralisou ao encarar a mulher de aparência comum, estatura média e roupas igualmente na média. O que o consternou, pois estava acostumado com mulheres mais voluptuosas, ou de pernas muito longas, magras e supermodelos, com roupas de grife e bolsas de edições limitadas. Não eram mulheres de classe média, mas namoradas ricas que ele arrumava em suas viagens. De onde você veio?

— Eu me pergunto o mesmo, digo, sou de uma cidade do interior aqui na região mesmo. O vice-presidente Dong An me instruiu que eu iria ser sua auxiliar, mas ele viajou para a China e no contrato consta que eu deveria prestar meus serviços ao presidente enquanto ele estiver fora — Elara deu seu melhor sorriso.

O sorriso mais parecia um sorriso de um assassino, mas Ming Zhao nem manteve os olhos nela mais do que 3 segundos, portanto não a viu.

— Entendo, neste caso, está demitida — disse o homem de cabelo curto partido ao meio, usando óculos de grife de formato retangular, que a ignorou com um sorriso encantador.

— Senhor Wei, não pode me demitir sem justa causa—disse ela com a maior calma do mundo.

— O quê? Eu sou o atual presidente, o que eu falo é lei, então pode se retirar, a porta é logo ali— apontou o dedo para frente acima do monitor do computador que ocultava seu rosto.

— Senhor Wei, com todo o respeito, só preciso que me dê uma chance de poder trabalhar em alguma coisa, qualquer coisa— disse Elara, se inclinando novamente.

Wei Ming Zhao é um homem de presença marcante, típico CEO de empresa muito focado em resultados no trabalho, um extremo de workaholic e um galã de novela coreana. Apesar de ter personalidade forte, mandão e indiferente com a opinião de outros, ele subiu de cargo naturalmente como qualquer funcionário. Ele não era um boçal e rude, não o tempo todo, mas conseguia ser humano, às vezes.

— Qualquer coisa, mesmo? — Ming Zhao riu de escárnio, mas se divertiu com a estranha que estava sendo sincera e ao menos disposta.

— Sim, qualquer coisa que não seja contra meus princípios e dentro da legalidade das leis do trabalho, Senhor.

— Certo, certo. “Não posso mandá-la embora, lembro de ter assinado esse contrato. Se eu fizer algo sem o consentimento de Dong An, poderemos ter desentendimentos. É melhor pensar em alguma coisa”.

— Pode ser qualquer trabalho manual, posso fazer isso— disse Elara entusiasmada.

— Qualquer trabalho manual— a sobrancelha direita de Ming Zhao levantou e deu um sorriso de canto.

— Me acompanhe, tenho o trabalho perfeito para você.

O Presidente Ming Zhao se levantou de sua cadeira executiva cinza e desvendou sua altura de 1 metro e 92, terno italiano azul-escuro, um lencinho azul-claro bem dobrado no bolso esquerdo deste. Sapato social marrom escuro avermelhado e uma corrente dourada saindo do colete de seu terno até o bolso direito da calça. Cabelo arrepiado preto, partido ao meio e organizado para trás, óculos pretos que realçavam seus cílios longos e olhos bem puxados.

— “Ele é um gigante, se crescer mais vira um poste de luz” — olhou horrorizada como ficava parecendo uma anã perto do empresário.

— Vamos — apontou o Ming Zhao à sua frente.

— Claro, o Senhor Wei na frente para mostrar o caminho — disse Elara, tentando se lembrar como se comportar perto do presidente, quando há alguns dias Dong An havia a recomendado para o cargo de assistente.

 

*****

 

Há alguns dias, em uma convenção de beleza, várias empresas de cosméticos estavam participando de uma feira empreendedora para expor novos produtos do mercado. Linhas diversas desde temas florais, de frutas, cheiro adocicado ao mais amadeirado e refinado. Temas como cremes para rejuvenescer a pele, limpeza facial e corporal, loções, shampoos, condicionadores, maquiagens, batons e afins.

Havia stands diversos montados com materiais chamativos de modelos femininas em propagandas mais suaves até as mais apelativas com cores vermelhas e douradas. Havia um stand que lembrava uma tenda árabe com cores neutras e abóbodas douradas e alguns tecidos rosados transparentes tampava o limite de sua estrutura. Ali estava acontecendo um workshop sobre as novas tendências de fragrâncias de uma empresa libanesa, na frente das primeiras cadeiras estavam sentados os dois CEOs da empresa Be Yourself. Uma empresa multinacional e multicultural, de grande alcance em outros países. 

Havia um terceiro CEO de nome Albert, um inglês que estava em viagem, porém fazia parte da equipe administrativa. Naquele momento encontravam se ali Wei Ming Zhao o presidente e King Dong An o vice-presidente, procurando por novas parcerias e principalmente para encontrar novas tendências de mercado para seu nicho de vendas. Homens de 25 anos, um chinês alto e um sul-coreano que tinha sua estatura média de 1 metro e 80 que chamavam muito a atenção das mulheres no geral sem distinção de nacionalidade. Convenções assim costumam ser internacional e para empresas com grande capital de giro, mesmo mulheres ricas costumavam procurar por novos produtos para aquisição de cuidados básicos a personalizados com sua beleza. Homens costumam ser a parte administrativa ou corporativa do evento, para acionistas no geral costuma ser uma excelente oportunidade para grande investimento de público-alvo abrangente.

Wei Ming Zhao e King Dong An são grandes amigos de convívio no mundo dos negócios, embora herdeiros, eram os filhos mais jovens de suas famílias que foram contra sua tentativa de abrir uma empresa desconhecida como a Be Yourself. A empresa tem pouco mais de 2 anos de vida e segue em ascensão as dificuldade e desafios.

Dong An havia marcado de se encontrar com uma amiga da época de faculdade de alguns anos para conversar sobre os velhos tempos. Trajando seu terno extravagante laranja de bolinhas brancas e camiseta preta, cabelo meio avermelhado, vinho longo e correntes de prata. Anéis nos dedos e usando óculos escuros, o homem exótico deixava alguns olhares de admiração e outros de curiosidade pelo conjunto um tanto chamativo. Não muito longe da tenda onde estava acontecendo o workshop, havia um foodtruck de sanduíches naturais, cookies de gotas de chocolate e variedades de sucos feitos na hora.

Sua amiga se chamava Elara Emberwind, uma filha de estadunidense com uma brasileira, de uma aparência bem comum de mulher brasileira, estatura média, pele morena, cabelo liso preto com franja. Trajava uma blusa branca longa e calça jeans azul bem folgada, seguido de um tênis branco, acompanhado de sua bolsa preta de couro sintético. Era uma mulher comum, não tinha traços tão diferentes, que os CEOs da Be Yourself estivessem desacostumados, apenas pelo fato de ter mais traços ocidentais exagerados no rosto ou no quadril.

Havia alguns detalhes que Elara não queria abordar com Dong An, devido às circunstâncias de ter saído de seu último emprego. Elara tinha uma aparência comum, porém o caminho da profissão que escolhera era um tanto diferente e, pelo caos que viveu há alguns meses, preferia manter para si informações sensíveis, o que a levou a pedir ajuda a seu amigo calouro. Ambos se davam muito bem, conversavam por horas sobre assuntos diversos, principalmente a falta de comprometimento de Dong An com suas namoradas, que lhe causava muitas situações constrangedoras.

Elara conhecia bem o caráter de Dong An, sabia muito bem que era um bom homem gentil com as pessoas no geral, porém era o famoso gado de mulher que seguia principalmente o perfil de mulheres ricas. Ela sempre falava para ele tomar cuidado com as moças que saía ou poderia se dar mal com alguma delas, pois sempre dava ênfase em como o caráter de alguém sobrepõe o dinheiro. E algum dia ele iria pagar pelas “diversões” da juventude, que não mais era tão necessária. Além desses detalhes. Elara gostava de ver como seu amigo contava empolgado sobre seus novos empreendimentos e de como queria muito poder contar a seus pais sobre as novas conquistas. Assim, muito inspirado com sua nova posição de vice-presidente, precisava de uma secretária ou auxiliar, como ela quisesse chamar...

— Precisa de uma secretária? — respondeu Elara, segurando uma xícara de café.

— Sim, bem, nossa empresa não é tão grande ainda, mas estamos expandindo e precisamos de pessoas confiáveis em nosso departamento. Como pode ver, nosso presidente não tem o melhor dos temperamentos e, se eu não estiver lá, as coisas podem ficar um pouco complicadas — disse Dong An com um sorriso forçado.

— Tem certeza de que quer minha ajuda num setor que mal conheço? Venho de outro ramo, se puder posso ser empacotadora ou fazer parte da limpeza. Não me importo.

— Esta tudo bem. Você me ajudou muito durante a faculdade de administração e é o mínimo que posso fazer por você — disse Dong An, brindando com seu copo de suco na xícara de café de Elara.

— Mas o que você exatamente faz nessa empresa? – Perguntou curiosa.

— Faço parte da gestão do marketing da marca. Fazemos divulgações, eventos promocionais e lançamos campanhas de nossas novas linhas — terminou de engolir todo o suco de limão num gole só.

— Interessante, posso tentar te ajudar com pesquisas, sou boa nisso, sabe — disse Elara, abrindo um largo sorriso.

— Então está decidido, Você está contratada. Sinto muito, agora preciso retornar ao meu workshop. Continue por aí que nos encontramos mais tarde para o Happy hour — disse Dong An, se retirando sem se despedir corretamente.

— “Ele está sempre com pressa, deveria comer mais devagar” Melhor eu ir também—Elara colocou um óculos de sol e um boné preto com aba quadrada.

Elara pagou a conta no foodtruck, sentiu o celular tremer dentro da bolsa. Era alguma notificação e seguiu em direção à feira para circular um pouco. Dentre um stand e outro, continuou a ficar de olho na tela do celular, parecia estar conversando com alguém no aplicativo de conversa. O reflexo no celular batia no óculo escuro, fazendo-a soar desatenta a quem estava passando ao redor.

Absorta em seu próprio mundo, sua bolsa esbarrou em alguém derrubando dois copos de chá gelado preto em alguém.  Ela se virou sem olhar diretamente no rosto da pessoa...

— Me desculpe, não tive a intenção. Você está bem? — disse Elara, guardando o celular dentro da bolsa, pegando os copos caídos no chão, até encontrar o rosto irado de um homem asiático à sua frente.

— Deveria prestar mais atenção onde está andando, não acha? — Disse o homem que parecia um poste de grande.

— Perdão, eu limpo, só preciso achar alguém da limpeza — Elara tentou visualizar o rosto do homem, porém o boné delimitava o óculos de conseguir vê-lo.

— Limpar? Como? Um terno importado da Itália de modelo único? Conseguira limpar a tempo da minha reunião com um fornecedor importante? Usando uma bolsa de quinta categoria, como poderia pagar pelo meu tempo perdido? — disse com voz austera o homem desconhecido, tentando tirar as gotas que restaram em seu abdome.

— É melhor que não apareça na minha frente de novo, ratinha perdida — o homem parou de costas para ela e se retirou.

Elara ficou sem entender o que havia acontecido, pois o homem mal deu tempo de ela se explicar ou de ajudá-lo a se limpar. Mas ela certamente não se esqueceria daquelas palavras, por que nos próximos dias as coisas azedariam ainda mais para o lado dela.

 

*****

 

O presidente Wei e Elara chegaram a um depósito de documentos antigos. Elara sentiu algo nostálgico e, ao mesmo tempo, um frio passou pelas suas costas, as luzes se acenderam e longas prateleiras de metal com caixas e mais caixas empilhadas de papéis, propagandas e produtos vencidos. Uma enorme bagunça, cheia de embalagens jogadas no chão, teia de aranha e poeira, que começou a fazer o nariz de Elara coçar.

— Acredito que deva se lembrar da dívida que tem comigo desde aquele dia na feira de cosméticos, não é mesmo, Senhorita Emberwing? — disse Ming Zhao com um sorriso sombrio encostado na parede do depósito.

— O que? “Dong Na, no que foi que você me meteu?” — Elara encarou o homem à sua frente, um pouco atordoada.

Numa situação estranha, Elara encontrou um inimigo pior do que seu emprego anterior. Um sem noção que mal a conhecia e já queria cobrar uma dívida que ela mal pode se retratar. De como seu melhor amigo a deixou por conta própria com um homem maluco. Será que ela vai conseguir suportar o novo emprego nos próximos 30 dias? Será que Ming Zhao a aceitara em sua empresa?


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