A Liga de Atena: A Ressurreição de Hades escrita por Aldemir94


Capítulo 3
Forças Ocultas




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Em algum lugar, próximo da fronteira com a Alemanha, um antigo castelo se ergue, sinistro, em cima de um grande rochedo.

Trata-se de mais uma residência da nobre família Heinstein, cujas mortes misteriosas, alguns anos antes, havia chocado a elite da época.

Deixando isso de lado, aquele é um bom castelo, tão imponente quanto qualquer outro de sua qualidade.

Além disso, diziam que fora, originalmente, propriedade do próprio Vlad III da Valáquia, ainda que sua posição geográfica tornasse a afirmação improvável.

É claro que, àquela altura, ninguém morava mais na nobre residência (que já era ignorada pelos Heinsteins muito antes da tragédia que vitimou sua família).

Pelo menos, era assim que as coisas deveriam ser, já que, contrariando todas as possibilidades, sons de passos estão sendo ouvidos pelo grande salão de festas que, tantos anos antes, havia sido usado pela aristocracia local.

Dirigindo-se até uma sala de música, decorada segundo o estilo barroco, uma mulher senta-se em uma cadeira de carvalho negro, com veludo vermelho e braços de leão.

Ela é muito bonita, mas sua palidez transmite qualquer coisa melancólica. Não é em nada assustadora, mas qualquer um diria que a moça precisou de um abraço, muito tempo atrás, mas não o teve.

Deve ter por volta de 14 ou 15 anos, tem lindos olhos violetas, uma gargantilha negra e um colar de pérolas (uma provável herança de família).

A moça usa um vestido tão negro quanto a noite e está agora dedilhando uma pequena lira de metal, enquanto admira uma pintura acima da lareira.

Enquanto ela se distrai, um estranho se aproxima, pedindo-lhe audiência.

Ele traja um tipo de armadura negra, feita de algo próximo ao metal, mas que pouco lembra as ligas metálicas que aprendemos na escola. Ela lhe cobre todo o corpo, até mesmo a cabeça, graças ao sinistro elmo, que muito lembra a cabeça de um Wyvern, um tipo de dragão europeu; apesar disso, o rosto do homem é bastante visível, mas quem dera não o fosse!

A veste possui duas grandes asas, que brilham com a luz da lua, tornando a figura tal qual um emissário das profundezas, saído de um do contos de Allan Poe.

— Radamanthys… – diz a mulher, com uma voz tranquila – Ainda não partiu? Porquê?

— Minha senhorita Pandora – respondeu Radamanthys, com extrema reverência – os espectros do senhor Hades já estão preparados. Mas ainda não entendo porque confiar nossa missão a esses tolos reanimados que já foram derrotados.

— Se refere àqueles que o senhor Hades trouxe de volta do abismo… – disse Pandora – Nosso senhor deseja poupar seu exército sagrado, usando esses mortais. Como está o primeiro grupo?

— Pronto para o ataque, senhorita Pandora. E os escravos estão a caminho do primeiro ponto de busca. Logo, eles irão encontrar o que desejamos…

— E? – impacientou-se Pandora.

— Minha senhorita… – prosseguiu Radamanthys – o primeiro grupo não deveria atacar o santuário de Atena?

— Atena não está no santuário – respondeu Pandora – Ela está no palácio imperial ghalaryano, à espera de ajuda para nos combater nesta guerra.

— Sim. Onde fica isso?

— Em outro mundo, Radamanthys. O senhor Hades mostrará o caminho. 

— Mataremos Atena, senhorita Pandora – jurou Radamanthys – Assim como seus aliados! Irei junto do primeiro grupo e…

— Não. – respondeu a mulher – Você deve organizar os grupos de reanimados e enviá-los para combater nossos inimigos. Apenas isso; o senhor Hades proíbe que seus juízes participem dessas batalhas. Fui clara?

Após um silêncio sepulcral, Radamanthys baixou a cabeça e concordou, saindo em seguida.

Pandora deixou a lira de lado e caminhou até uma estante, onde pegou uma antiga edição de Utopia, toda empoeirada.

Enquanto lia, admirava a Lua cheia.

— Minha memória não está muito boa… – respondeu Pandora – Como foi que a última guerra santa acabou mesmo? Me lembro que aquele tal de Andrômeda recusou a alma do senhor Hades. Me lembro que ele tinha um irmão, qual era o nome? Parece que uma borracha apagou isso da minha memória…

Pandora ainda vai ficar divagando durante alguns minutos, então não há porque ficarmos aqui, observando tudo isso; vamos seguir para além do véu, que separa tempo e espaço, para voltarmos ao palácio de Aethel, o grande imperador, onde os chefes estrangeiros estão entrando pelo grande salão de reuniões.

Reunir tantos reis e rainhas teria levado meses, mas com Merlin, Paradoxo (que havia sumido) e Abel (que preferiu não participar daquele encontro), não levou nem 24 horas.

Ver a realeza entrando, com toda a pompa do mundo, era a coisa mais bela que se poderia ver.

Claro que Aethel não sabia o nome de mais da metade daquelas pessoas, mas Arquimedes, seu corujão sábio, estava pousado no ombro esquerdo do jovem rei, lhe dando as devidas orientações.

— Veja bem, Aethel – disse o corujão – não pode errar, está me entendendo? A sua frente estão Kristoff e Anna, os monarcas de Arendelle, juntos da irmã da rainha, Elsa.

Aethel saudou a família real de Arendelle com uma leve reverência, segundo a boa etiqueta ghalaryana, dizendo em seguida:

— Salve, rei Kristoff, rainha Anna e princesa Elsa; salve Arendelle.

A família real se curvou, em grande respeito, logo seguindo seu caminho.

Se não perco tempo descrevendo a aparência de cada chefe de Estado é, simplesmente, porque nem o próprio Aethel lhes deu muito atenção; seus olhos estavam sempre colados nos de Mabel, que usava um lindo vestido branco, cheio de babados, um colar de diamantes e uma tiara digna de uma princesa imperial.

— Me escute, Aethel, aqueles são o príncipe Henry e sua esposa, a princesa Cinderela. – orientou Arquimedes – Eles vem de Chardon, um reino próximo da França. Casaram-se recentemente, quer dizer, mais ou menos um ano atrás, então lhes deve os parabéns, está me entendendo?

— Salve, príncipe Henry e princesa Cinderela – disse o garoto – salve Chardon. E parabenizo o casal pelo casamento.

O casal fez reverência e se retirou.

O evento seguiu assim, reino por reino:

Felipe e Aurora, de Cornish, Rapunzel e José, de Corona, Eric e Ariel, de Hanschrissen (e representando também Atlântida, cujo rei não pôde comparecer por viver na água), Tiana e Naveen, da Maldonia (representando os pais de Naveen, que não se fizeram presentes) e os reis Derek e Odette, que representavam o reino unificado de Giuri-Mordkin.

Aethel estava ficando rouco depois de tantas saudações, mas Ben filmava tudo com o celular, se divertindo com o tédio do imperador.

De repente, Mabel foi até Aethel e ficou boquiaberta, quando um novo casal chegou:

— Salve reis Florian e rainha Branca de Neve (de alguma forma, isso parece estranho), salve Erthal-Füssal. – disse o jovem rei.

O casal se curvou e partiu, mas Mabel seguiu a rainha e lhe pediu um autógrafo, sendo atendida com um sorriso dos monarcas.

Aethel sorriu, vendo a garota tão feliz, mas Arquimedes lhe bicou a cabeça:

— Preste atenção! – exigiu o corujão – Mais a frente há outros representantes!

— Certo, certo! Já vou atendê-los! Salve rai…

Nesse momento, Aethel ficou em silêncio. Diante dele, estava um casal de raposas, vestidos à moda inglesa do século XII e andando sobre duas patas, assim como os humanos (até sapatos elas usavam).

— Arquimedes… – sussurrou o imperador – isso é algum tipo de pegadinha?

Arquimedes bicou a cabeça de Aethel mais uma vez e pediu que ele não falasse mais asneiras; aqueles eram Robin Hood (não o homem que conhecemos das lendas, mas uma versão diferente, vinda de outra realidade) e sua esposa, a bela Marian. O casal estava representando o “leão da Inglaterra”, Ricardo.

— Ricardo era um leão? – perguntou Aethel, mas preferiu saudar o casal, antes que o corujão lhe fizesse a cabeça sangrar com todas aquelas bicadas.

— Meu Deus do céu… – disse Aethel, quando viu um casal de elefantes, vestido a rigor e usando coroas, se aproximarem.

Arquimedes ia falar, mas Aethel disse que não era necessário:

— Ele abastece o palácio de bananas, Arquimedes… salve rei Babar e rainha Celeste; salve Celesteville.

Os elefantes se curvaram e Celeste entregou a Aethel um um cesto de maçãs, mangas e bananas frescas.

— Salve príncipe Adam e princesa Bela; salve Rose-Rouge – disse Aethel para o novo casal real, enquanto comia uma banana de Celesteville (depois de tantas saudações, ele estava cansado e faminto).

De repente, um grupo de quatro soldados usando saiotes e portando tacapes feitos em madeira, estenderam um tapete vermelho, por onde passou um rapaz que tinha entre 18 e 20 anos.

Ele tinha cabelos negros, aparados até o pescoço, muito lembrando qualquer estilo indígena.

Tinha olhos negros, pele um pouco bronzeada (denotando a origem latina) e usava um manto vermelho, finamente trabalhado com fios de ouro, além de dois pares de brincos ovais feito de jade.

Por fim, uma coroa de ouro puro, com uma placa imitando o Sol e seus raios, adornava sua nobre cabeça.

Arquimedes disse a Aethel que esse era o imperador Kuzco, do império Inca.

— Merlin vai precisar olhar meus livros de história… Ai! Quer parar com isso?! – irritou-se Aethel, após levar uma bicada na cabeça.

— E aí, malandragem? Tá beleza a parada?

Aethel e Arquimedes ficaram mudos.

— Arquimedes, o que foi que ele disse?

— Não faço a menor ideia, Aethel…

— Me pareceu uma língua aparentada ao português, mas não tenho certeza… Desculpe, majestade, mas pode repetir? – pediu Aethel.

Kuzco sorriu, sem se sentir ofendido:

— Ah, já saquei. Cês dois ficaram meio grilados com a minha ginga, né não? Fica bolado não, mermão, vim aqui pra ser teu mano também. A gente vai arrepiar geral no que der vier… Então, tá numa boa, galera?

Aethel quase caiu para trás, mas Duncan Rosenblatt apareceu e deu assistência ao amigo.

— Tá beleza, cara – respondeu Duncan – Esquenta não que o lance aqui vai ficar sinistro.

— Falou e disse, mermão – disse Kuzco, batendo na mão de Duncan e saudando Aethel, que dizia quase que para si “salve Kuzco, Inca do império do Sol; salve o império Tahuantinsuyu”.

Após pedir um copo de suco de manga (pois, como se sabe, os ghalaryanos abominam o álcool), Aethel deixou o cesto de frutas de lado, em cima de uma mesa, para continuar com a formalidade.

Aethel ainda recebeu Roland II e sua esposa, Miranda (monarcas de Enchancia) e a jovem princesa Helena, que governava seu reino, Avalor, com uma junta de conselheiros.

Aethel saudou seu velho amigo Roland e presenteou Helena com uma caixinha de biscoitos, que ele pegou na mesa.

— Dia difícil, não é mesmo, Aethel? – perguntou Roland.

— Roland, estou saudando tanta gente que vou esquecer meu próprio nome!

Ajeitando seus cabelos castanhos e o traje formal azul, Roland riu para o amigo.

De repente, Aethel percebeu o sorriso espanhol de Miranda, com sua pele morena, olhos e cabelos castanhos, vestido rosa com babados brancos…

“Se eu tivesse uma tia, acho que seria assim” pensou Aethel, apenas para levar mais uma bicada na cabeça:

— Aí! O que foi agora, Arquimedes!?

— Acho que ele está vendo o casal na sua frente, garoto – disse a rainha, em risos.

— Tem mais?! – disse o imperador – Que bom que meu palácio é grande…

A próxima dupla era formada por um rapaz de óculos redondos, pele clara, cabelos e olhos castanhos, e uma mulher de pele bronzeada, típica de quem vive em reinos litorâneos.

Aethel, no entanto, prestou especial atenção aos cabelos brancos da moça e aos seus olhos azuis.

— Clã Ryu? – perguntou Aethel, em voz baixa.

O casal ajeitou seus trajes azuis, com faixas brancas, colares de pedras coloridas e coroa de penas, logo fazendo referência.

— Por favor, me perdoem – disse Arquimedes – Não tivemos tempo de registrar suas majestades. Por gentileza, podem se apresentar?

— Mas é claro – disse o rapaz – Meu nome é Milo James Thatch… e essa é minha esposa, a rainha Kida. Nós somos os reis de Atlântida.

— Atlântida? Já não passaram por aqui? – sussurrou Aethel, apenas para levar mais uma bicada na cabeça.

Aethel não pôde deixar de notar os cristais brancos que adornavam os pescoços do casal, mas como já havia cometido uma gafe ao não saber seus nomes, teve medo de ofender Milo e Kida mais uma vez, fazendo perguntas indevidas, por isso, apenas os saudou e deixou-os seguirem para a reunião.

Aethel ainda precisou receber Blair Willows, rainha de Gardênia, mas isso não foi nenhum incômodo.

A bela loira beijou a testa de Aethel, fazendo suas bochechas ficarem vermelhas:

— Oi, Blair, fico feliz que tenha vindo… Salve Blair, rainha de Gardênia. Salve Gardênia.

Ela sorriu, fazendo seus lindos olhos azuis brilharem, ajeitou o vestido rosa e seguiu para a sala principal, onde a grande reunião aconteceria.

— Adoro esse trabalho… – suspirou Aethel.

Porém, o sorriso desapareceu quando ele viu Mabel, olhando para ele com aquele olhar típico de quem está se remoendo de ciúmes.

Caminhada até ela, Aethel lhe beijou a mão e convidou-a a acompanhá-lo até o grande salão, onde os chefes estrangeiros e o senado ghalaryano já estavam reunidos.

Após todos se sentarem em cadeiras distribuídas por um anfiteatro interno, Aethel pediu a Saori Kido que se apresentasse e explicasse a crise de Hades, sendo prontamente atendido.

Enquanto a moça discursava, um nevoeiro tomou conta do salão, deixando os guardas preocupados.

De repente, um grupo de quatro homens de armaduras negras, portando foices, apareceu atrás de Saori.

Na frente da garota, um homem olhava a platéia, ajoelhado em posição de oração.

Ele usava uma capa negra, mas ainda era possível distinguir seus olhos castanhos e cabelos negros.

Tirando uma espingarda do manto, ele a apontou contra Bela e seu marido, Adam.

Antes, porém, que o disparo fatal fosse dado, Aethel saltou na frente e golpeou a arma com sua espada, a Excalibur.

— Escute aqui – disse o imperador – As pessoas não levam tiros no meu palácio.

— Ah é… ainda tem esse garoto. – riu o homem – Esqueletos, matem Atena. Eu cuido do “reizinho”.

Os “esqueletos” (assim se chamavam os homens de armadura) atacaram Saori, porém, as foices se estilhaçaram em mil pedaços, chocando os guerreiros.

De repente, Seiya de Pégaso surgiu atrás de Saori e a tirou do palco.

Ele estava usando uma armadura branca com algumas decorações em azul celeste, além de ter asas e uma tiara também com asas; era a armadura de Pégaso em sua forma divina.

Os esqueletos avançaram, mas Seiya adotou a posição de ataque:

— Meteoros de Pégasus! – gritou o cavaleiro, apontando seu punho direito para os adversários.

Numa fração de segundos, as armaduras negras ficaram em pedaços e os inimigos foram abatidos, como se aquilo não fosse nada.

Com seus meteoros de Pégasus, Seiya era capaz de golpear o ar milhares de vezes por segundo, gerando ondas de choque que, a depender da distância, poderiam despedaçar até o mais rígido aço.

Enquanto Seiya olhava ao redor, procurando mais inimigos, Aethel olhava para o homem de capa, esperando uma reação.

De repente, Bela saiu de sua cadeira e caminhou até aquele homem misterioso:

— Gaston? – perguntou ela, incrédula.

— Está muito bem, Bela – sorriu o homem – Isso vai ser interessante.

— Mas eu… eu pensei que estava morto… Eu vi você cair naquele abismo!

Gaston sorriu e se levantou, enquanto admirava os cabelos castanhos de Bela, seus olhos castanhos e aquele vestido amarelo, que Gaston precisava admitir, caía muito bem nela.

— Bela… – respondeu ele – Eu estava morto.

Gaston sacou um facão da cintura e atacou a mulher, mas sua mão ficou congelada, antes que a moça fosse ferida.

— Mas o que está acontecendo? – perguntou ele.

De repente, Hyoga apareceu, usando uma armadura com asas, assim como Seiya, branca e com decorações douradas.

Gritando “pó de diamantes”, o cavaleiro gerou uma nevasca que congelou os demais esqueletos, que estavam se escondendo para fazer um ataque das sombras.

Antes, porém, que o grupo pudesse comemorar o ataque frustrado, uma grande energia negra se formou acima do anfiteatro, revelando a figura de Radamanthys de Wyvern.

Ao seu lado, mais cinco guerreiros surgiram: os quatro primeiros eram quase idênticos a Seiya, Hyoga, Shun e Shiryu, porém, suas armaduras eram inteiramente negras e não possuíam asas. Já o quinto, era um guerreiro de olhos castanhos, pele pálida e cabelos negros muito longos, que lhe chegavam quase ao calcanhar.

O homem usava uma armadura negra com grandes ombreiras, mas essa não lhe cobria todo o corpo, como as outras, além de ter botas estranhas, de um material desconhecido.

— Cavaleiros Negros – disse Radamanthys – peguem o báculo de Atena e matem quem ficar no caminho. Raditz, dê apoio e mate o imperador.

— Ouça aqui, Radamanthys – disse Raditz – matar vermes insignificantes não me agrada nem um pouco. Não tem diversão nenhuma nisso.

— Não perguntei o que você acha – respondeu Radamanthys – Se quiser a vida eterna, melhor cumprir com as minhas ordens.

Raditz ficou em silêncio e avançou contra Atena, mas essa ergueu seu precioso báculo e produziu uma luz tão intensa, que todos os presentes ficaram sem conseguir enxergar, até Radamanthys.

O báculo era composto por um grande bastão, com um disco dourado preso na parte de cima, decorado com duas pequenas hastes na parte de baixo do disco. No centro, havia uma espécie de barra com um disco menor, inteiramente dourado.

Mais do que o símbolo da divindade de Atena, o báculo era, literalmente, a personificação de Niké, a deusa da vitória.

O cavaleiro negro de cisne tentou criar paredes de gelo em cada porta do salão, no intuito de impedir qualquer fuga, porém, Kuzco pegou de seu manto um pequeno frasco e o jogou no inimigo.

Assim que tocou a armadura negra, o frasco explodiu, gerando uma grande fumaça vermelha.

A ombreira direita do Cisne Negro estava destruída, assim como uma das paredes de gelo.

— Ah muleque! – exclamou o Inca, enquanto fazia sinal para que todos evacuassem o salão.

— Não! Seus idiotas! – gritou Radamanthys – Peguem o báculo e matem Atena, já!

O cavaleiro negro de Andrômeda usou suas correntes para dar cobertura aos companheiros, porém, isso pouco adiantou quando Merlin apareceu, em um passe de mágica, no meio de toda aquela algazarra.

Com um movimento de sua varinha, o mago levou Radamanthys e seus aliados para fora do palácio, com exceção dos esqueletos nocauteados, para uma área onde não poderiam ferir os civis.

Aethel e seus amigos, Duncan, Ben, Rex (que ainda estava no salão de festas), Denny, Jake, Saori e Hiro, também foram teleportados pelo grande feiticeiro.

Aethel ficou feliz por não ver Mabel e Dipper, já que temia pela segurança deles. Porém, ficou surpreso em não ver os cavaleiros de Atena.

— Onde eles estão, Merlin? – perguntou o imperador.

— Ficaram no palácio, para proteger os civis – respondeu Merlin.

— E impedir que minha segunda leva de esqueletos acabe com eles… – completou Gaston – Até que esse velho maluco tem cuca.

— Como disse Elias, no monte Carmelo – disse Aethel para seus amigos – “que nenhum deles escape!”.

— Tá na hora do herói! – gritou Ben, se transformando em uma criatura vermelha de quatro braços, que tinha o dobro de seu tamanho.

Ben avançou para cima dos cavaleiros negros, enquanto Rex transformava o próprio braço em uma grande espada laranja e atacava Radamanthys.

Porém, Andrômeda Negro moveu suas correntes e imobilizou Benjamin.

— Fala sério, cara! – gritou Ben.

Enquanto isso, Radamanthys apenas levantou o braço para bloquear o ataque de Rex que, embora não tenha feito qualquer arranhão no juiz do submundo, ainda assim, teve forças para despedaçar a lâmina.

— Vocês, mortais, me dão nojo. – respondeu o juiz.

Cisne Negro gritou “pó de diamante” contra Saori, porém, como essa nem se movia, devido a proteção de seu báculo, Pégaso Negro ficou do lado de seu aliado.

— Meteoros das Trevas! – gritou Pégaso Negro, misturando seus meteoros com o pó de de gelo do cisne.

Saori conseguiu bloquear tudo com facilidade, gerando um escudo dourado com seu poder de Atena, no entanto, Aethel e seus amigos estavam com menos sorte; Gaston observava tudo e os cavaleiros negro estavam lutando em equipe (o que ainda não era tão ruim), porém, as coisas começaram a desabar, assim que Raditz iniciou seu ataque.

Ben voltou a forma humana e Duncan ficou de joelhos, gemendo de dor.

Aethel não entendia o que estava acontecendo com eles, até que Raditz apareceu na frente dele, como se fosse capaz de teleportar-se.

— É só lixo – riu o guerreiro, derrubando Aethel com um gancho de direita certeiro.

Aethel riu da situação:

— Entendo… Não é teleporte mágico. Você só é rápido. Rápido demais… – disse o imperador – Minha querida Mabel… eu prometi que nunca mais usaria isso, mas acho que não tenho muita escolha aqui…

Tendo dito isso, Aethel colocou a mão para dentro da camisa e segurou um objeto que, tempos antes, lhe trouxe toda sorte de infortúnios: o coracor.

Criado por Merlin, Gael e madame Min, o coracor era um amuleto que, teoricamente, deveria servir para proteger a Bretanha dos invasores saxões – nem é preciso dizer o quanto tudo deu errado.

— Acho que, se eu for com calma, ele não vai me desgastar tanto… – disse Aethel.

Raditz estendeu a mão direita contra o rapaz, criando uma esfera incandescente, rodeada por energia, aparentemente, instável:

— Vocês não tem graça – riu Raditz – Vou explodir toda essa área e depois levar o cadáver de Atena até o senhor Hades.

— Se destruir o báculo – advertiu Radamanthys – Você irá até o imperador Hades, dentro de uma urna funerária!

O guerreiro não gostou da reprimenda, mas atirou a esfera contra Aethel, esperando destruir também o escudo gerado por Saori.

Aethel, no entanto, apenas se posicionou à frente da moça, estendeu a mão direita e segurou o ataque, mandando-o em direção aos cavaleiros.

Andrômeda Negro rodeou os companheiros com suas correntes, mas o que elas poderiam fazer contra um ataque tão poderoso?

Uma explosão, gritos e depois pedaços de correntes escuras espalhadas pelo chão: o perfeito cenário da devastação.

Pégaso Negro e Cisne Negro também foram afetados, porém, apenas Andrômeda estava indo inconsciente.

Gaston aproveitou a distração geral e correu até o palácio:

— Bela e eu temos contas a acertar… – disse ele para si.

Merlin correu para junto de Saori e criou ao redor da garota um segundo escudo protetor, fazendo até Radamanthys desistir de qualquer investida.

Raditz atacou Aethel com um poderoso raio de coloração roxa, mas Danny (que estava quieto até o momento) atirou um raio azul e fantasmagórico contra o ataque do inimigo.

Os dois poderes colidiram, mas a superioridade de Raditz era inegável.

— Dragão na área! – gritou Jake, sendo rodeado por chamas que, em questão de segundos, o transformaram em um poderoso dragão vermelho.

Jake lançou suas chamas contra Raditz, mas esse apenas riu, embora o fogo ferisse sua pele:

— Seus idiotas! Acham que um guerreiro saiyajin seria vencido por lixo como vocês?!

O guerreiro caminhou, furioso, enquanto seu ataque avançava contra os dois amigos.

Duncan ergueu as duas mãos, ignorando a dor que sentia, e produziu dois discos de fogo, que logo atirou contra o inimigo saiyajin.

O Cisne Negro tentou golpear o rapaz com seu pó de diamante sombrio, mas Duncan apenas ignorou, já que sua pele era forte o bastante para fazê-lo suportar o ataque por algum tempo.

Aethel correu até Raditz, deu um salto e, como se possuído por algum instinto selvagem, acertou a testa do guerreiro, fazendo-o se desconcentrar e receber o ataque de Danny diretamente.

Sua armadura negra ficou bastante avariada, mas o saiyajin não cairia por tão pouco.

Sem esperar mais tempo, correu em direção a Aethel, mas seus olhos arregalaram quando o rapaz lhe acertou um soco violento no ombro direito.

Não foi suficiente para deslocar, mas isso não significa que Raditz não sentiu uma dor terrível.

— Não faço ideia de quem você é – disse Aethel – Mas hoje é o seu último dia de vida.

Pégaso Negro tentou lançar seus meteoros sombrios, porém, Ben já havia tido tempo suficiente para recuperar as forças, de forma que pode se transformar no XLR8 e golpear o cavaleiro em alta velocidade, nocauteando-o.

Essa transformação fazia Ben adquirir uma aparência próxima a de um dinossauro, com cauda, pernas finas e cabeça pontuda, mas o destaque estava em seus pés: um perfeito par de rodas alienígenas, que lhe permitiam alcançar velocidades extraordinárias!

Aproveitando sua forma, Benjamin avançou em direção ao caído Andrômeda, pegou uma de suas correntes quebradas e voltou a atenção para o Cisne.

Tão rápido quanto o próprio vento, Ben amarrou o cavaleiro com as correntes e depois o golpeou na cara, deixando-o inconsciente.

— Por isso conversei com a senhorita Pandora – resmungou Radamanthys – Esses mortais reanimados não passam de um peso morto.

Raditz já estava cansado de tudo aquilo, então estendeu os braços, abriu as duas mãos e lançou uma enxurrada de raios e esferas de energia, destruindo boa parte da paisagem; árvores, morros e jardins: tudo estava em ruínas!

O sangue de Aethel ferveu:

— Chega de destruir meu reino! – gritou o rapaz, que começou a flutuar, graças ao poder do coracor.

Sem se intimidar, Raditz mostrou que também podia vencer a gravidade, avançando contra o imperador.

Aethel bloqueou um gancho de direita vindo de Raditz, cobriu sua mão e disparou um assustador raio dourado, que atravessou o flanco do saiyajin.

Enquanto o inimigo estava ajoelhado, Aethel estendeu a mão para o rosto do guerreiro; claramente o objetivo era desintegrar Raditz.

De repente, uma mão fantasma atravessou a barriga de Aethel e retirou o coracor do rapaz: era Danny Phantom (ainda transformado em fantasma), que temia o que poderia acontecer se Aethel continuasse tomado pelo poder do coracor.

— Já é o bastante – disse Radamanthys.

Com uma velocidade surpreendente, o juiz de Hades pegou o ferido Raditz e ambos desapareceram, rodeados por uma energia sombria.

Ben, Rex, Duncan, Danny e Jake; todos caíram no chão, esgotados.

Merlin e Saori desativaram seus escudos e foram ajudar os amigos.

Hiro lamentou ter sido tão inútil, mas teve esperanças de se destacar no futuro.

De repente, o Dragão Negro, cuja presença fora imprudentemente ignorada, agarrou Saori e a desacordou com seu cosmo.

Acontece que o guerreiro havia aproveitado a distração geral para se esconder no meio das árvores caídas.

— Vi o que fizeram no grande salão – disse Dragão Negro – Eu já imaginava que meus amigos seriam derrotados. Agora, vocês vão se afastar e me deixar fugir, ou vou matar a deusa Atena.

— Primeiro: Você não sai daqui – disse Aethel – Segundo: essa garota não é Atena! É Saori Kido, uma charlatã!

Embora cansado, Aethel sacou a Excalibur com a mão esquerda e avançou contra o inimigo, que ergueu a mão para se defender.

Com essa distração, Ben usou o XLR8 para tirar Atena (quer dizer, Saori Kido) das mãos do Dragão Negro.

— Não acredito nisso! – berrou o cavaleiro – Garoto, você estragou tudo! Faz ideia do que fez?! Cólera do Dragão Negro! – gritou o inimigo, cerrando os punhos e disparando um poderoso soco, rodeado por seu cosmo sombrio.

Antes, porém, que Aethel fosse ferido, Saori usou seu cosmo para criar um escudo protetor ao redor do jovem.

— Atena… – disse o cavaleiro – Você é um incômodo grande demais…

O guerreiro se preparava para dar um golpe mortal, porém, algo chamou a atenção de Hiro:

— Que estranho. Os amigos dele foram embora e o grande ataque dele fracassou… – ponderou o garoto – Além disso, estamos cansados demais para persegui-lo. Mas então, porque ele não tenta fugir? Ele não tentou usar a Saori como refém? … A menos que…

Hiro correu em direção a Aethel o derrubou no chão.

— Abaixem! Todo mundo abaixado! – gritou ele.

O Dragão Negro não gostou nada a interferência de Hiro.

De repente, passos foram ouvidos, saídos do meio das árvores, acompanhados por um riso sinistro:

— Parabéns, garoto, você descobriu. – disse a voz misteriosa.

Hiro colocou a mão direita no bolso e depois tirou, logo pedindo que a voz se identificasse.

Todos os heróis ficaram chocados quando viram a aparência do novo inimigo: era idêntico ao Dragão Negro, porém, seus olhos estavam fechados.

— Sou o irmão gêmeo do Dragão Negro – respondeu ele – Antes que pensem qualquer bobagem, saibam que não entrei na batalha por um motivo simples…

— É que você é cego… – deduziu Hiro.

— Isso mesmo, garoto. Eu nasci sem visão. Meu irmão foi meus olhos a vida toda. Por favor, não machuquem ele. Mesmo daqui, posso sentir a cosmo-energia dele diminuindo.

Atena (quer dizer, Saori Kido) caminhou até o Dragão Negro:

— O que você escolhe? Viver ou morrer? – perguntou ela, com voz doce.

— Meu dever é matar todos vocês; não vou mais fugir. Vou lutar até a morte.

Saori sorriu e respondeu:

— Por isso você precisa do seu irmão; ele usa os seus olhos, e você o coração dele. Podem ir. Hades não os fará mal.

O gêmeo cego caminhou até seu irmão, guiado pelo som de seus suspiros e colocou-o nos ombros:

— Vamos embora, irmão. Vamos para casa.

— E onde fica isso? – perguntou o Dragão Negro.

— Em qualquer lugar, longe de Hades – respondeu o gêmeo cego.

Aethel viu os dois caminhando, lentamente, enquanto Merlin usava sua magia para consertar o campo destruído.

O imperador sentou-se na grama e olhou para o céu, com suas nuvens, pássaros voando e depois fitou seus amigos.

— Galera, tô acabado! – disse Ben – preciso tomar um sorvete. Que que se acha, Aethel?

Ben não teve resposta, pois Aethel havia acabado de pegar no sono.

Alguns minutos depois, Baymax (o robô de Hiro) chegou ao campo de batalha, pronto para ajudar os feridos e levar o imperador de volta para a cama.


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Notas finais do capítulo

Vlad III da Valáquia:
Vlad III da Valáquia (1432 – 1476), às vezes chamado de “o empalador” , foi príncipe herdeiro da Valáquia até a sua morte, em uma batalha contra os otomanos. Diz-se que foi a figura chave que serviu de inspiração para o Conde “Drácula”, do romance homônimo de Bram Stoker.

Inca:
Embora usemos a palavra “Inca” para nos referirmos a civilização mesoamericana conquistada por Pizarro, na verdade, essa palavra era usada por eles (os incas) para se referir aos seus reis (por isso Aethel diz que Kuzco é o “Inca”; a palavra “inka” significa “governante” ou também “senhor”, em quechua). Por curiosidade, essa antiga civilização chamava seu império de “Tahuantinsuyu”(algo como “os quatro suyu (zonas)”).

Edgar Allan Poe:
Edgar Allan Poe (1809 – 1849) foi um autor, poeta, editor e crítico literário estadunidense, integrante do movimento romântico em seu país. É famoso por seus contos e pelo poema “O Corvo” (1845). Sua morte é, até hoje, envolta em mistério.

Elias:
Elias (cujo nome significa “Deus é conosco”) foi profeta do Reino do Norte (pois o reino unificado de Israel fora dividido entre Reino do Norte (que passou a ser chamado Israel) e Reino do Sul (chamado de Reino de Judá) por volta de 870 a.C.
Elias fez seu ministério durante os reinados de Acabe e seu filho, Acazias. A passagem que Aethel citou está em 1 Reis 18:40.



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