A Liga de Atena: A Ressurreição de Hades escrita por Aldemir94


Capítulo 1
Um Pedido de Ajuda


Notas iniciais do capítulo

Comecei a escrever essa história como algo mais descontraído, sem grandes pretensões, tendo como objetivo o puro divertimento e o resgate de uma série de obras antigas, que foram quase totalmente esquecidas nos dias de hoje.
Antes de começar, gostaria de dar algumas explicações breves, referentes a certas escolhas que fiz ao longo do manuscrito.
Primeiro, decidi preservar os nomes o mais originais quanto possível, com exceção de alguns personagens (como Paradoxo), no intuito de deixá-los mais facilmente identificáveis.
Segundo, o nome de Atena é, algumas vezes, escrito com “h” (“Athena”), porém, optei pela forma mais tradicional (“Atena”) por ser mais comum em português e para evitar que a personagem entrasse em conflito com a Athena da franquia The King of Fighters, da SNK (essa sim, escrita com a letra “h”).
Para deixar a história mais adequada para o público mais jovem, decidi adicionar camadas leves de humor e evitar o artifício do sangue e a violência, salvo em momentos específicos (que, apesar de tudo, ainda se manterão adequados), justificando a classificação indicativa da história.
Além disso, adicionarei ao longo dos capítulos notas finais, que ajudarão o público a pegar as referências, além de esclarecer ao leitor certos conceitos advindos das mais diferentes obras, que aqui serão trabalhados. Dessa forma, não será necessário ao leitor que esse tenha, necessariamente, algum conhecimento prévio, para poder entender a história por completo.
Por hora é apenas isso.
Espero que se divirtam.



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Em algum lugar, perto da acrópole de Atenas, encontra-se uma linda casa em estilo ocidental.

Ela é rodeada de jardins muito bonitos, possui uma linda varanda e, embora não possua mais do que o andar térreo, ainda é espaçosa e conta com uma sala ampla, com lareira e toda sorte de comodidades que o mundo moderno pode dispensar aos que desfrutam das facilidades ofertadas pelo vil metal.

Ela não se parece em nada com a casa de Vinicius de Moraes, que ainda estava em fase de construção e, como não deixou de dizer o poeta, “não tinha teto, não tinha nada”; não! Essa linda casa era mais um dos inúmeros exemplos de que Saori Kido, neta de 13 anos do falecido Mitsumasa Kido, não era meramente a dona da poderosa fundação GRAAD (cujas operações já haviam chegado ao Ocidente quase por completo), mas uma mestra na gestão de seus bens e negócios. Caso contrário, não teria como bancar uma casa como aquela.

Seja como for, Saori não estava passando seus dias ali como forma de relaxar e curtir a paisagem, mas para cuidar de um amigo ferido, Seiya (um pobre cavaleiro ferido, de apenas 14 anos).

Eu poderia descrever em detalhes como o pobre rapaz acabou se tornando bucha de canhão em uma guerra antiga, cujas origens remontavam a era mitológica, quando deuses e mortais conviviam em perfeita harmonia (até a linha 12 da página dois, que seria, mais ou menos, no parágrafo quinto); mas como já perdeu-se muito tempo discursando sobre essas coisas, vou deixar o leitor na curiosidade dos detalhes, por pura e simples maldade.

Para resumir, Saori era, literalmente, a reencarnação da deusa Atena na Terra. 

Durante milênios, Atena protegeu o mundo com a ajuda de uma elite de guerreiros, conhecidos como “cavaleiros de Atena”, que muita dor de cabeça deram a uma série de divindades problemáticas e suas tropas; Ares, Poseidon etc., todas acabaram caindo diante de Atena e seus aliados, até chegar ao inimigo supremo da deusa: Hades, imperador do submundo.

Na verdade, foi graças à vitória contra Hades que Seiya estava em um estado vegetativo; a triste consequência de ser ferido pela espada do imperador das trevas.

Sentindo-se culpada pela situação em que seu amigo se encontrava, Saori tomara por obrigação cuidar de Seiya e buscar, por todos os meios, uma maneira de tirá-lo de seu estado vegetativo.

Infelizmente, a situação do rapaz era mais complicada do que parecia, pois a espada de Hades ainda estava em Seiya, afundando, pouco a pouco, até chegar ao coração e matar o jovem. 

Ninguém era capaz de ver a espada, mas ela estava lá; era tão verdadeira quanto o vírus da gripe, o qual não podemos ver, mas nos aflige tanto no inverno.

Ajeitando o vestido branco e os cabelos lilases, Saori movia a cadeira de rodas do amigo e conduzia-o para a varanda, na crença de que a luz solar lhe trouxesse algum conforto.

— Mesmo sendo a deusa da guerra, não consigo remover a espada. Me perdoe, Seiya – chorava Saori, fazendo seus olhos azuis brilharem ainda mais.

 A camisa vermelha surrada, a calça jeans que já vira dias melhores, os sapatos desgastados e uma velha corrente no pescoço; a própria indumentária de Seiya já denunciava seu péssimo estado de saúde. Os cabelos castanhos, os olhos castanhos vazios, a pele pálida e a ausência total de expressão complementavam a deprimente figura de Seiya.

Enquanto enxugava as lágrimas com os cabelos, Saori viu um homem imponente se aproximar, caminhando em meio a grama fresca.

Ele tinha em torno de 20 anos, possuía cabelos curtos e azuis, olhos que não se decidiam entre azul marinho e turquesa puro, pele alva e clara e porte distinto. Trajava uma bonita bata vermelha, com um cinturão branco que contava com o desenho de um Sol.

Sua capa era tão branca quanto as nuvens do céu e, ao redor do pescoço, o visitante trazia um magnífico colar inteiramente de ouro, que lhe cobria os ombros e possuía pontas longas, que imitavam os raios solares: era o antigo deus do Sol, Phoebus Abel (chamaremos de “Febo”, para facilitar, ok?), o divino filho de Zeus e Métis.

— Ainda aqui, minha irmãzinha? – perguntou, com voz tranquila e serena.

— Você é Abel, filho de Zeus – respondeu Saori, surpresa – Abel, você é meu irmão! – sorriu a garota.

— Atena – prosseguiu o deus – porque não aceita o destino desse mortal e o deixa seguir para o mundo das trevas? Agora que nosso tio, Hades, caiu por suas mãos, já não tem mais o que temer para seu querido Pégaso.

— Seiya não é só o cavaleiro de Pégaso – respondeu Saori – Ele é meu amigo e não o deixarei morrer assim. Seiya precisa reencontrar a irmã e…

— Atena… – disse Abel, tão sereno quanto antes – Você venceu nosso divino tio desta vez, mas isso custou-lhe quase a totalidade de seu exército. E não estou nem considerando o milagre nas doze casas e a quase aniquilação de seus cavaleiros de prata. Além disso, Hades ressurgirá mais uma vez, para se vingar de você e destruir a Terra.

Aproximando-se de uma mesa de chá próxima, Abel se sentou e pediu que Saori se aproximasse, trazendo consigo Seiya, ainda em sua cadeira de rodas.

Após beijar a mão direita da irmã, Abel prosseguiu:

— Como sabe, na era mitológica a ignorância e os pecados da humanidade cresceram a tal ponto, que os deuses se enfureceram como jamais o fizeram antes. Por isso, foi mandado uma inundação formidável para aniquilar a vida humana na Terra e destruir toda a blasfêmia: foi o dilúvio de Deucalião.

Após admirar a luz solar, o deus continuou suas observações:

— Agora que você derrotou Hades, o equilíbrio cósmico foi desfeito e, mais uma vez, as abominações e pecados do homem ameaçam o mundo. Como no passado, fui enviado pelos deuses para elevar meu cosmo até o infinito e destruir o mundo, para que a maldade mortal chegue ao fim… Era essa a minha missão. Mas, Atena, você ama demais os humanos e, por mais que eu não consiga entender, já arriscou sua preciosa vida inúmeras vezes, apenas para defendê-los. Por essa razão, decidi ignorar minha incubencia e lhe oferecer auxilio.

Com o olhar em Seiya e um sorriso humilde, Saori perguntou se o irmão a ajudaria nas próximas batalhas que se seguiriam, ao que ele negou, dizendo que nada tinha haver com os problemas da humanidade e que (como ela já podia perceber) sua opinião acerca dos humanos não era muito melhor do que a de Poseidon, Hades e tantos outros.

— Abel, vamos acelerar, sim? – alguém falou, interrompendo a conversa entre os dois deuses.

— Professor Paradoxo… – disse o deus, com tranquilidade – Você toma certas liberdades que não competem aos humanos.

Paradoxo era um homem de expressão simpática, com cabelos negros, olhos cinzas e pele clara. Usava camisa e gravata, um jaleco branco, típico de físicos e cientistas, calças sociais e sapatos negros. Sua figura era complementada por um par de óculos de proteção verdes, presos no pescoço por uma faixa.

— Perdoe-me por interromper dois deuses olimpianos – pediu o professor – Mas o tempo é curto e não podemos nos atrasar para o xadrez no palácio.

— Mas que palácio? – perguntou Saori – Se acham que vou deixar Seiya sozinho, estão muito enganados.

— Você precisa de ajuda – respondeu Abel – Então eu chamei Paradoxo para lhe prestar o auxílio necessário. Seus cavaleiros de bronze já estão à sua espera, querida irmã; foram reunidos por Merlin, o grande mago. Até Gael, o sombrio, aguarda sua chegada.

— Anda… – sorriu Paradoxo – Pode falar.

— Você e esses magos são petulantes demais – disse Abel – Acho que eu deveria destruir os três.

— Excelência, se me permite dizer – disse o professor – destruir as coisas é trabalho para os hakaishins; para Bills, o destruidor.

— Mais um que eu deveria erradicar, sem pena – suspirou o deus, sem elevar a voz ou mostrar irritação.

Após um silêncio, Paradoxo decidiu provocar Abel um pouco, perguntando quanto tempo mais ele levaria para “fazer a irmã sorrir”, ao que ele se levantou e olhou para Seiya, com um misto de desdenho e admiração.

— Pois muito bem. O que farei agora, somente o faço por amor a minha querida irmã e pela mais extrema necessidade de preservar a harmonia cósmica e celestial. Atena, há qualquer coisa suspeita nesse retorno de Hades, mas vou deixar os detalhes para você e seus aliados (até porque, Paradoxo e eu tivemos demasiado trabalho em reunir a todos).

Após suspirar, Abel estalou os dedos da mão direita, fazendo uma grande espada negra surgir, cravada no peito de Seiya. A lâmina emanava uma sinistra energia sombria, mas que pouco impressionou o filho de Zeus.

Com um toque de Febo, a espada de Hades foi removida, sem qualquer dificuldade. 

Após isso, Abel colocou no coração de Seiya uma marca dourada, que logo desapareceu, curando o ferimento do rapaz.

No entanto, Atena era por demais perspicaz para achar que o irmão curaria Seiya, sem legar ao cavaleiro algo próximo a um “presente de grego”.

— Você está certa, minha querida irmã – respondeu o deus – Depois que essa crise for resolvida, a espada de nosso tio voltará ao coração de Seiya, assim como o tormento que você tanto tem passado.

De repente, um rapaz de cabelos longos e verdes, igual um rockeiro dos anos 80, olhos azuis e rosto pálido apareceu, segurando uma tigela com massa de biscoitos.

— Saori, quer que eu coloque pedaços de chocolate no… – começou o rapaz, mas logo foi interrompido.

— Cavaleiro de Andrômeda – disse Abel – Eis o último que faltava, Paradoxo.

— Shun, não é isso? – disse o professor, estendendo a mão, sorridente – É uma honra conhecer mais um cavaleiro de Atena. E lhe dou os parabéns pelo milagre nas doze casas, no templo de Poseidon e no túmulo de Hades… Podemos ir agora?

— Muito prazer – respondeu Shun, ainda segurando a tigela – Ir para onde?

De repente, uma grande nuvem dourada cobriu os quatro, transportando-os para o interior de um grande salão de baile, decorado com pinturas clássicas de querubins, santos e paisagens naturais, grandes janelas que davam vista a jardins exuberantes, vitrais coloridos e lustres de ouro e cristal, mas cujas velas ainda não estava acesas.

— Por aqui, excelências… – pediu Paradoxo – e Shun. Sabem de uma coisa? isso vai ser muito divertido.

O professor conduziu o trio até um corredor, que os levou a uma pequena sala de estar, onde Merlin e Gael se divertiam, jogando xadrez e apostando moedas de chocolate.

— Merlin – pediu Gael – se continuar a usar seus truques no jogo, vou destruir esse país!

— Falou quem acaba de perder… – riu Merlin – pela quinta vez seguida!

Gael devia ter entre 30 e 30 anos. Era um homem que tinha barba aparada e negra, como seus cabelos, olhos cinzentos e expressão de frustração.

 Ele usava uma bata cinzenta, manto negro e uma aliança de ouro (pois esse era casado).

Quanto a Merlin, esse tinha um par de óculos redondos, barba longa e branca, olhos azuis e um grande manto azul, com cinturão de ouro e chapéu azul e pontudo(como se vê, El adorava a cor azul); ao contrário de Gael, sua expressão era alegre.

— Ele não está aqui – disse Gael ao professor, sem olhar para a porta – A esta hora, está no acampamento, fazendo média com aqueles ridículos franco-armanianos… e recebendo aquela piada, que a URSI chama de presidente.

— Perdendo de novo, Gael? – riu Paradoxo – Se quer um conselho, evite a próxima partida. Merlin vai derrotá-lo em sete jogadas e esvaziar seus bolsos.

Sorridente, Merlin se levantou e deu um abraço em Shun e Saori, enquanto saudava Abel e dividia suas moedas de chocolate com Paradoxo.

De repente, três rapazes, mais ou menos da idade de Seiya, surgiram, vindos de uma porta ao lado da sala.

— Pronto, Paradoxo – disse Gael – Eis os seus preciosos cavaleiros, Atena: Ikki de Fênix, Hyoga de Cisne e Shiryu de dragão… Agora sumam, por favor.

Talvez valha a pena dizer o seguinte sobre Shun, Seiya e os três cavaleiros que haviam chegado: todos eram irmãos!

Tanto Hyoga quanto Shiryu e Ikki tinham olhos azuis, no entanto, enquanto o primeiro era loiro, o segundo tinha cabelos azuis escuros e o terceiro, esverdeados. Além do mais, enquanto Hyoga tendia a ser mais sereno, Ikki era mais reservado (com tendências a bancar o durão) e Shiryu era, de todos, o mais disciplinado.

Sem perder tempo, Merlin transportou o grupo até uma área no campo, onde militares se divertiam, festejando alegres com representantes de estados estrangeiros (que, por não terem relevância nessa história, vamos apenas ignorar, ok?).

Caminhando até um lago próximo e se escondendo no meio de arbustos, o grupo de Paradoxo, incluindo Merlin e Gael, viram um rapaz fazendo um piquenique reservado, ao lado de uma garota sorridente.

O rapaz tinha treze anos, pele clara, cabelos e olhos tão castanhos quanto a última noz do outono e mantinha uma expressão alegre no rosto. Ele usava um traje formal negro, com dragonas e alamares de ouro, além de algumas medalhas e uma faixa azul, ao redor do peito; ele era um rei.

Quanto a garota, ela também tinha treze anos, cabelos e olhos castanhos e expressão alegre. Além do mais, ela também tinha aparelho nos dentes e usava saia, um suéter rosa com o desenho de um unicórnio (vai entender…) e meias coloridas; ela era uma civil comum.

— Isso vai ser ainda

mais engraçado – sorriu Paradoxo, enquanto o grupo admirava o casal…


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Notas finais do capítulo

Vinícius de Moraes:
Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes (1913 - 1980) mais conhecido como Vinicius de Moraes, foi um poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata, cantor e compositor brasileiro. A citação feita no capítulo é da canção "A Casa", de Vinícius.

Métis:
Métis (que significa, "habilidades"), na mitologia grega, é a deusa da saúde, proteção, astúcia, prudência e virtudes. Foi a primeira esposa de Zeus, sem a qual não teria conseguido ascender ao poder e se tornar o rei dos deuses.

Deucalião:
Filho de Prometeu e Clímene (ou de Prometeu e Pronoea), foi o marido de Pirra. Ao lado da esposa, sobreviveu ao grande dilúvio, mandado pelos deuses para destruir a humanidade pelos seus pecados. Posteriormente, o casal visitou um oráculo, que lhes deu instruções que lhes ajudaram a restaurar a humanidade.

Cosmo:
A cosmo-energia é um tipo de energia primária universal, usada pelos personagens da franquia "Saint Seiya" para realizar suas técnicas e habilidades.

Hakaishin:
Na franquia de Dragon Ball, o hakaishin (ou "deus da destruição", no Brasil) é um deus responsável pela destruição de mundos e civilizações, no intuito de manter a harmonia no universo. Bills é o hakaishin responsável pelo universo 7, onde as aventuras de Goku e seus amigos (protagonistas da franquia) se desenrolam.



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