Terror Invernal escrita por BlueIndra


Capítulo 1
Capítulo 1




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Há um bar no meio das montanhas de gelo.
"Estranho" - penso, porém não posso reclamar ou questionar no momento, pelo roxo dos meus dedos e o enrijecer das minhas pernas é bem claro que não tenho muito tempo. Preciso de algo quente, uma bebida de preferencia. O bar que é feito de madeira com grandes troncos como parede parece que não se aguentará de pé por muito tempo igual a mim, algumas janelas estão quebradas e é possível ver buracos no telhado de longe.
Quanto mais me aproximo do bar mais violento fica o vento, sinto como se ele tivesse me perseguindo, como um predador persegue sua presa de forma incansável e impiedosamente, posso escutar o vento uivando por mim de forma assustadora, "que porra de lugar eu fui me meter?".
Chego na porta, ela praticamente se abre sozinha "deve estar quebrada", vejo diversos moribundos espalhados pelas mesas do bar, parece que vieram apenas para beber pela última vez, o mais novo parece estar pelos seus cinquenta anos. Não vejo ninguém atendendo, um senhor próximo a mim logo nota a minha confusão:
— Sirva-se, antes que ele chegue. - o senhor me aconselha numa voz áspera porém fraca. "Me servir antes que ele chegue? ou seja roubar?", ainda não me acostumei com a ideia de roubar para sobreviver, mas eu quero sobreviver. Me aproximo devagar do balcão enquanto olho ao redor por olhos julgadores, mas ninguém liga estão todos preocupados com suas bebidas e olhando para uma paisagem que não existe. Pego uma garrafa de vinho e viro o mais rápido possível fazendo com que parte da bebida caia sob as minhas botas. De repente uma senhora me nota e ri da minha bagunça.
— Aproveita, aproveita enquanto ele não chega - ela solta uma gargalhada que logo se transforma numa tosse descontrolada. Eu me aproximo dela:
— Pra onde foi o dono do bar? Ele não vai notar que as garrafas se foram?
Ela ri de novo, mais assustador que sua risada são os poucos dentes amarelos e esburacados que ela tem que combinam perfeitamente com seu olho esquerdo cego, e o cheiro, meu deus que cheiro horrível vindo da sua boca.
— O dono do bar está atrás do balcão.
Olho para o balcão confuso, por alguns segundos penso se ela é completamente insana ou se a bebida e a exaustão me deixaram meio cego.
— Você não vai conseguir enxergá-lo de onde está.
Estranho suas palavras, mas me aproximo do balcão novamente, dessa vez olho pra baixo, seguro um pulo e um grito, há um homem morto no chão cercado por cacos de vidro. "O que aconteceu aqui?" é a primeira coisa que eu penso, porém algo mais importante me vem em mente:
— O que vocês querem dizer com "antes que ele chegue" então? - a senhora ri novamente respondendo o meu questionamento anterior, sim, ela é completamente insana. Sua risada é interrompida por um estouro, outra janela se foi, ninguém reagiu.
— Parece que ele finalmente nos achou - a senhora fala agora com desânimo.
— Quem? Ele quem? Que merda ta acontecendo nesse maldito lugar? - falo sem paciência, estou ficando irritado com a situação.
— Você não é dessas partes né? - dessas partes? Não tinha parado para pensar, mas não sei, não sei da onde eu sou. - pobre garoto, irá morrer simplesmente por estar no lugar errado na hora errada.
A senhora nota minha confusão e minha impaciência.
— A muitos anos atrás essas montanhas eram belas florestas e campos cheios de flores antes dele chegar - ela tosse algumas vezes enquanto fala - uma terra atrás da outra foi conquistada, famílias destruidas, florestas congeladas no espaço e tempo, todo raio de esperança engolido pela sua ganância e brutalidade. Tudo que uma vez foi bonito aos poucos se transformou num inferno congelado.
Outro estouro, outra janela, o vento ficou mais forte, seu rugido mais furioso e impaciente do que antes... algo estava chegando.
— Ele está perto, o vento ecoa dos espaços de sua armadura negra e pesada, o rugido vem da sua espada sedenta por almas, as janelas quebrando são seus soldados procurando uma entrada - a senhora é interrompida com diversos estouros sendo que um deles é da porta caindo. - e parece que acharam.
— Q-quem?
— A morte em armadura, o Imperador Congelado e seu exército, Gael. O nosso fim.


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