Doce Mistério escrita por Kah Nanda


Capítulo 4
Doce Curiosidade


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas. Segundou e com esse dia especial, chego com mais uma atualização do nosso conto docinho...
Quero agradecer imensamente ao feedback de vocês. Estou amando ler as reviews, receber as leitoras novas e me empolgar com todas as teorias, continuem assim. Pois a jornada será longa e mal vejo a hora de ir desvendando tudo em suas companhias. E garanto que a espera e o desenvolver compensarão bastante...
E a recomendação de hoje é quanto a longfic que trouxe do ano passado, com um enredo também fofo e especial, com meus jovens que começaram como enemies to lovers, mas agora estão somente desbravando as nuances do sentimento que descobriram e compartilham juntos, por isso, não deixem de acompanhar o terceiro conto que embalará esse ano.
Apreciem Sem Moderação.

Trying Not To Love You: https://fanfiction.com.br/historia/808798/Trying_Not_To_Love_You/

Capítulo Postado Em: 26/02/24



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Que ainda estou tentando assimilar o fato de dentre todas as pessoas do universo e especialmente, de Valentine.

O pai da Nessie ser justamente ele...

Não, não, não, não.

Como pode ser?

Não sei ao menos se voltei a piscar após me dar conta da conexão em meio à imagem a minha frente.

Pai e filha continuam a interagir diante dos meus olhos, porém apesar da minha cabeça ainda estar balançando com essa realidade presente, meu corpo foi mais rápido em compreender que preciso me afastar, sendo incapaz de lidar com isso agora.

Ao virar as costas, pensei sobre não me despedir da Nessie, apesar de há pouco ter prometido seguir com ela para conversar com a tia e me apresentar. E imagino que em sua cabecinha inocente, também fosse querer estender a apresentação ao pai, querendo introduzir-nos.

Porém mal sabe ela o quão bem nos conhecemos, ou melhor, como costumávamos nos conhecer...

E enquanto continuo a caminhar sentido a casa de Alice de acordo com as indicações que me passou, não pude deixar de pensar em outra ironia.

Pois de um modo bastante controverso, as peças se encaixaram para essa surpresa. Sendo que até poucos segundos atrás, nomes não haviam sido ditos.

Então, da mesma forma que desconhecia o nome ou a origem da Nessie, tão pouco tinha qualquer conhecimento quanto aos seus parentes.

E ainda por cima, apesar de Valentine ser uma cidade pequena, não teria porque pensar que uma moça loira e uma mulher mais velha, seriam excepcionalmente familiares dele...

Porém agora, a associação é clara, pois apesar de nunca ter visto fotos da sua família, lembro muito bem das descrições que fez dos pais e também da irmã mais velha. Que mesmo na época, já era casada com um rapaz que conheceu ao começar a trabalhar em uma loja.

E pelo visto, de acordo com os comentários que Nessie fez. Ambos continuam trabalhando lá.

Ao chegar à rua onde está localizada a casa da minha amiga, ao invés de acelerar o passo, acabei diminuindo-o. Ao passar a refletir sobre o fato de Alice nunca ter me alertado sobre essas novidades...

Contudo, logo trouxe a memória o combinado que fizemos sobre não falar mais sobre ele. E como deve ter sido para ela saber que de repente ele havia se tornado pai, mesmo com tudo que vivemos, ou ao menos achava ter vivido momentos bastante significativos.

E pouco antes de anunciar minha presença para o fatídico jantar, acertei comigo mesma que não tocarei no assunto. Desde sobre ter conhecido a Nessie e a descoberta do seu elo familiar e tão pouco sobre tê-lo visto novamente, pois conforme o pedido que fiz há muitos anos, Alice somente cumpriu com a palavra que me deu e realmente não vale a pena trazer quaisquer desses assuntos à tona.

O que não quer dizer que não estou intrigada querendo saber sobre um ponto bastante importante.

Quanto à origem da mãe da garotinha e se ele possui uma esposa...

Deixei qualquer divagação de lado ao bater na porta da frente da casa de aparência simpática e aconchegante. Ouvi barulhos indistintos provindos do interior e sorri somente com a percepção de lar que deve rondar a estrutura e mantive o sorriso ao observar a porta abrindo, mostrando não só a imagem da minha melhor amiga, mas também, a do seu marido bem posicionado ao seu lado.

— Oi Bella. – Alice saudou. – Que bom que chegou.

— Espero não tê-los feito esperar demais.

Justifiquei, visto não só o encontro inesperado, mas tudo que sucedeu em seguida.

— Imagina. – Pontuou. – Você chegou exatamente na hora.

— Que bom, do contrário, estaria desonrando tudo que aprendi no meu tempo na Suíça.

— Quanto a isso, não precisa se preocupar, pois caso tenha esquecido, também somos bastante pontuais.

— Eu sei. – Citei. – Justamente por isso, cheguei a me preocupar com um possível atraso.

— Pois não é necessário. – Afirmou. – Também acabamos de organizar tudo agora.

— Você quer dizer que acabou de mandar em mim nesse instante, não é meu amor?

Seu marido ponderou e ela redirecionou o olhar a ele.

— E para que servem os maridos, se não para conceder nossas vontades? – Destacou de brincadeira. – Ainda mais em uma noite tão especial.

— Espero não ter lhe proporcionado trabalho. – Informei consternada.

— De maneira nenhuma. – Negou com um sorriso. – Imagino que saiba como Alice é. E como gosta de qualquer desculpa para fazer uma organização.

— Eu sei bem.

— Já que estão começando a se unir contra mim, ao menos deixem que faça as devidas apresentações. – Alice comentou. – Jasper, essa é minha amiga de longa data, Bella. E Bella, esse é o meu marido, Jasper.

— É um imenso prazer finalmente conhecê-lo.

Indiquei ao esticar a mão para efetuar o cumprimento.

— Igualmente. – Ressaltou a finalização do toque. – Alice sempre falou muito sobre você.

— Posso dizer o mesmo.

— Pois pronto, agora que já estão devidamente apresentados, podemos relembrar o que disse de cada um. – Ela mencionou. – Somente coisas boas, posso garantir.

— Primeiro de tudo, acho que devemos deixar a convidada entrar, não é mesmo?

Jasper falou e ela rapidamente colocou a mão na testa.

— É claro. Onde estou com a cabeça? – Efetuou a pergunta retórica. – Acho que é a emoção por finalmente tê-la aqui.

— Agradeço a cortesia, mas espero que em breve não tenhamos em conta as vezes que os terei visitado. – Destaquei.

— Basta que permaneça pela cidade por bastante tempo.

— Alice...

— Mas Jasper tem razão. – Cortou rapidamente. – Entre, vou lhe mostrar a casa e então seguiremos para jantar, tudo bem? Ou está com muita fome?

— Não, não me importo em esperar. – Afirmei. – E afinal de contas, você é a grávida com prioridade. Então estou de acordo com a sua rotina.

— Não se preocupe, pois fiz questão de alimentá-la há pouco com algumas frutas. – Jasper explicou. – Então acredito que aguentará até a hora do jantar.

— Como eu disse. Prestativo.

Piscou em direção ao marido, enquanto adentrei o espaço privado.

— Estou vendo...

— Eu vou deixá-las um instante para que possam não só ficar a vontade, mas também, para verificar se continua tudo bem com o jantar.

Jasper informou e Alice de pronto concordou com ele.

— Está bem querido, até daqui a pouco.

— Até.

Queria não ter ficado olhando a interação do casal, mais foi impossível desviar o olhar diante do carinho que trocaram em forma de selinho, como também no leve toque que ele fez em sua barriga, efetuando a despedida breve com o bebê em seu ventre.

Ao ficarmos sozinhas e ainda mantendo o sorriso no rosto, Alice voltou a falar.

— Pois bem, essa é a minha sala.

— Muito bonita.

Elogiei contemplando não só a disposição de móveis, mas a escolha de cores e texturas.

— Contei com a ajuda da minha mãe para decorar a casa toda. – Contou. – Apesar de nenhuma de nós ter qualquer conhecimento prático sobre decoração.

— Pois acertaram em cheio, pois tudo está de muito bom gosto.

— Obrigada.

— E você não quis ou não pôde contar com a ajuda da mãe do Jasper?

— Não como ocorreu com a minha mãe. – Explicou. – Pois seus pais continuam morando em Lincoln.

— Ah, compreendo.

— Mas temos uma boa convivência. – Contou. – Eles costumam nos visitar bastante, como nós a eles. E com a chegada do bebê, sei que isso aumentará ainda mais.

— Imagino como será bom contar com o apoio de todos em meio à nova fase.

— Com certeza.

Prontamente ela indicou o lavabo e explicou que a cozinha e sala de jantar possuem conceito aberto, então verei ambos daqui a pouco.

Porém antes disso, mostrou o quintal dos fundos, montado com cadeiras de descanso bastante aconchegantes, então seguimos ao andar superior, onde hoje eles dispõe de três quartos, além de um banheiro social.

Sendo a suíte do casal, um dormitório para hóspedes e agora em término de decoração, o quarto do futuro bebê, que foi o que mais chamou minha atenção. Apesar dos outros cômodos também terem decorações lindas e bastante elegantes, o quarto do primogênito do casal inspirou bons sentimentos desde o primeiro instante em que passei pela porta.

— Você ainda não comentou comigo sobre o nome do bebê.

Citei ao observar a letra J em destaque em meio à porta.

— É verdade, estava mesmo aguardando para fazê-lo pessoalmente.

A mirei concentrada, aguardando pela resposta.

— Não foi uma decisão fácil e levamos dias para chegar a um veredito concreto, mas nosso bebê se chamará Jackson. – Contou sorrindo. – Nosso pequeno Jack.

— É um nome lindo Alice.

— Obrigada.

— E acho que combinará com ele.

— Espero mesmo que sim, pois acabei não fugindo muito do clichê. – Continuei focada em si. – Não estou colocando o nome do nosso filho como do pai, mas ao menos, terá a primeira letra igual.

— É verdade. – Devolvi o sorriso. – Mas também não haveria problema em batizá-lo com o nome do Jasper.

— Eu amo meu marido e também seu nome, mas não queria lhe dar tanto poder assim. – Admitiu. – Afinal de contas, eu sou a pessoa que estou carregando o bebê pelos últimos meses e passarei pelo parto.

— Ai Alice, só você...

— Mas não é verdade?

Não respondi de pronto, continuando a observar os detalhes do quartinho.

— E se fosse você, não se importaria em colocar o nome do pai do bebê no seu primeiro filho?

A resposta parou na ponta da minha língua, mas a contive brevemente e contornei a situação rapidamente.

— Para pensar em algo assim, teria que primeiro estar comprometida com alguém, para analisar sobre amar o suficiente seu nome ou a ele, para vir a homenageá-lo dessa forma. – Declarei. – E como estou longe de qualquer circunstância semelhante, não há como ou porque pensar em situações do tipo.

Apesar de ter deixado o ponto claro, continuei falando para desviar o assunto ainda mais.

— E vocês já estão com tudo pronto? – Questionei. – Pois o parto está próximo, não é?

— Você sabe que segundo as previsões dos médicos, pode ocorrer até o fim de fevereiro. Mas conforme as coisas andam e os dias passam, cada vez sinto que está mais perto e não sei se já possuímos todo o necessário.

— Ao menos pelo que estou observando aqui, parecem ter bastantes coisas.

— Ah, amiga. – Emitiu em tom condescendente. – Quando passar por essa experiência, verá que até o último instante, estará montando as coisas do enxoval...

Apenas assenti e ela continuou detalhando por mais alguns instantes sobre as questões do quarto e o que já possui para o enxoval. Com isso, pude anotar mentalmente o que elencar como possíveis presentes para o seu bebê.

E de maneira ritmada como um reloginho. Apontou o momento em que a fome apertou e sem recusas, descemos ao primeiro andar para desfrutar do jantar.

E apesar de saber que eles não foram os chefes do cardápio dessa noite, não deixei de admirar a dedicação quanto à apresentação não só da mesa, mas dos pratos em si. Com todos bem dispostos em travessas e refratários para uma boa apresentação e apreciação.

— Senhoritas, sejam muito bem-vindas.

— Senhoritas?

— Eu não posso chamar sua amiga de senhora. – Jasper consentiu. – E você também sempre será a doce senhorita Brandon que conheci.

Galanteou ao puxar a cadeira para ela.

— Ah, amor.

Ela fez questão de falar algo em seu ouvido e ele apenas concordou.

— É claro querida.

Fingindo não perceber o comentário íntimo trocado entre eles, fiz menção de também tomar meu lugar à mesa, mas Jasper foi mais rápido em puxar a cadeira indicando para sentar.

— Muito obrigada.

— Não há de quê.

Comentou ao assumir o lugar ao centro da mesa.

— Não fomos nós quem preparamos o jantar, mas ainda assim, espero que aprecie a refeição.

— É claro que sim. – Afirmei. – E estou mais do que contente em compartilhar do jantar em suas companhias.

— Não precisamos de pormenores com a Bella, amor. – Alice citou. – Pois já deixei claro que não o faria dessa vez, por ser a primeira.

Destacou ao indicar para começarmos a nos servir e assim fizemos.

— Mas Bella não se admirará se a convidar futuramente não só para visitar-nos, mas também para cozinhar para nós.

— E eu aceitarei ambos os convites com satisfação.

Deixei claro e minha amiga sorriu em concordância.

— Alice comentou que apesar da carreira de modelo, você tem formação em culinária.

— Exatamente. – Respondi após saborear um pouco da refeição. – Porém sou especialista na arte confeiteira.

— Que interessante.

— E provavelmente delicioso. – Minha amiga ressaltou. – Lembro-me dos pratos que fez durante o tempo em que passamos na colônia. E isso que na época, somente estava aprendendo, então efetivamente não testei sua eficácia após as novas especializações.

— Prometo que compensaremos isso em breve. – Pisquei.

— E sempre foi seu desejo trabalhar com isso?

— Então, eu não trabalho efetivamente com o que estudei. – Esclareci a ele. – Mas tão pouco fui despertada a essa área por um sonho de infância.

— E de que maneira decidiu por esse caminho?

— Quando ainda morava nos Estados Unidos, cheguei há cursar um semestre em outra graduação, seguindo um pouco mais os passos dos meus pais. – Contei. – Porém ao mudar a Europa, iniciando ou retomando minha carreira como modelo, não conseguia parar de pensar em diversos aspectos referentes ao verão que passei aqui no Nebraska...

Por um milésimo de segundo, fui nublada por outros nichos de memórias, mas logo os guardei novamente.

— E ao recordar sobre o quão apaixonada fiquei pelas aulas de culinária, conclui que gostaria de me aperfeiçoar naquilo, ao contrário do que comecei a estudar previamente. – Informei prosseguindo com o relato. – Dessa forma, fiz um acordo com a minha tia sobre a escolha de curso e pude iniciar os novos estudos.

— Que acordo você fez? – Alice questionou.

— De que não deixaria a faculdade intervir na minha carreira. – Emiti a explicação. – Especialmente no que dizia respeito ao meu manequim.

— Mas como isso funcionou?

Notando a mudança de tom, tratei de tranquilizá-la.

— Não foi nada demais, somente não poderia deixar qualquer desejo pessoal ou prática efetiva do que estudava alterar meu peso ou medidas, para não intervir no meu trabalho de fato.

Notei a troca de olhares, porém somente efetuei a conclusão.

— E no fim das contas, deu tudo certo, pois pude me graduar com honras, sem nunca ter perdido um contrato como modelo. Que foi o que efetivamente me manteve durante esses anos, proporcionando a realização desse e de outros sonhos que tive ao longo dos últimos anos...

Ainda que não tenha problema algum com essas questões, não permiti que a pauta permanecesse muito tempo nesse viés, mudando logo o foco da conversa.

— E você Jasper, sempre quis ser policial?

— Também não. – Confessou. – Como você, também iniciei os estudos em outra formação acadêmica, mas um dia o chamado para essa causa me tomou e não pude contê-lo.

— Espero que não tenha ocorrido nada grave, para levá-lo a essa escolha. – Ponderei.

— Não houve. – Esclareceu. – Mas eu percebi que poderia fazer bem mais com a minha vida, do que estava praticando ou viria a efetuar na graduação em que estava. E a oportunidade de não só seguir uma nova carreira, mas de mudar de vida efetivamente me tomou e não me vi capaz de negar a ação.

— E foi ai que o destino também sorriu para mim. – Alice comentou. – Pois talvez não tivéssemos nos conhecido caso ele não tivesse mudado de profissão.

— É verdade, pois apesar de ser de Lincoln, vocês só se conheceram quando foi designado para trabalhar aqui, não é?

Relatei em referência as histórias que Alice contou.

— Exatamente. – Afirmou segurando a mão da esposa por sobre a mesa. – Pois acredito piamente que estava escrito que deveríamos nos encontrar. E o destino tem aspectos interessantes para guiar vidas ao seu entrelace.

— E apesar de nunca ter sonhando em continuar a minha própria vida aqui em Valentine, como poderia resistir a um homem de uniforme?

Acabamos não contendo o riso diante da brincadeira que Alice fez.

— Quer dizer que esse é o único motivo que a fez se apaixonar por mim?

Ele a questionou e ela não titubeou em responder.

— Esse foi o primeiro motivo. – Acentuou. – Mas quando tive a oportunidade de conhecer para além da maravilhosa capa uniformizada, me vi completamente rendida de amor...

Eles trocaram uma nova carícia e me permiti apreciá-los, contemplando a felicidade da minha amiga, regozijando-me sobre suas conquistas pessoais e como me sinto bem em ver que ao menos ela encontrou não seu final feliz, mas sua história de amor completa...

***

O restante do jantar na sexta-feira continuou tão agradável quanto seu início e adorei passar aquele tempo com o casal tão aprazível em companhia.

E ainda tive a oportunidade de revê-los no domingo, quando Alice novamente fez questão de apresentar-me aos seus pais, que também somente conhecia por citações desde que nos encontramos pela primeira vez, ainda no fim da adolescência.

O senhor e a senhora Brandon não foram nada além de extremamente solícitos e gentis visto minha visita à cidade, sendo que o senhor Brandon até mesmo me proporcionou um tour especial por Valentine, para que conhecesse os maiores e mais diversos pontos da cidade tão agradável e aconchegante.

Então, em suma, somente ontem permaneci com a agenda mais livre, mas procurei continuar preenchendo o tempo com outras atividades que costumam tomar minha rotina até mesmo em casa, pois por estar acostumada a viajar países a fora, sempre deixo certas organizações programadas para fazer em meio às passagens.

Entretanto, desde segunda-feira, estabeleci outro parâmetro em meio ao hábito diário. Mesmo contra todos os pensamentos lógicos que ainda rondam minha cabeça, no primeiro dia útil da nova semana, fiz questão de ligar a televisão no horário programado da exibição do telejornal vespertino.

Para voltar a ver sua fisionomia diante de mim, mas de uma maneira segura e blindada, sem qualquer possibilidade de atingir-me, ao menos não de forma tão literal.

Porém não foi possível conter a curiosidade que continua a me rondar. Tanto durante o jantar, quanto depois no reencontro com os casais Brandon e Hale, nenhum deles chegou perto de citar qualquer coisa a vista da presença do apresentador de um dos jornais locais, nem mesmo o senhor Brandon em meio às conversas sobre a história da cidade.

O que a meu ver foi um feito e tanto, visto que continuo a concluir que ser âncora de um telejornal é um prestígio inenarrável. Mas talvez Alice tenha feito uma triagem prévia mediante a esse assunto ou somente minha cabeça esteja me levando além e de fato, não haja nada demais em sua presença televisa, sendo um trabalho comum a todos.

Só que sozinha em meu quarto de hotel, sem qualquer olhar de fora ou possível julgamento, não deixo de focar em si e no que tem apresentado. Continuando a procurar nuances conhecidas ou a compreensão mais efetiva de quem se tornou.

Contudo, existe um ponto que notei desde a primeira vez que o vi entre a caixa televisiva e com o passar dos últimos três dias, não para de martelar na minha mente.

O fato de não utilizar aliança...

Se de repente tivesse se tornado um ator ou até mesmo cantor, poderia compreender a escolha ou talvez obrigação, de não usar tal tipo de adorno em meio ao trabalho.

Mas nunca entrou em meu conhecimento que apresentadores de telejornais teriam que dispor de um item pessoal, de tamanha importância, somente para estar em frente às câmeras.

É claro que isso não quer dizer nada e que tão pouco me importa se está comprometido com alguém ou não. Todavia, a dúvida continua me rondando para saber mais sobre a adorável garotinha que descobri ser sua filha e quem deve ser a mulher sortuda que carrega o título de sua mãe.

Então minhas hipóteses têm se dividido entre o fato de talvez os adultos responsáveis pela pequena não serem casados formalmente ou que a mãe da Nessie seja somente uma namorada do seu pai.

Continuando a existir um milhão de possibilidades para a ligação entre as duas figuras. Só que não consigo esconder nem de mim mesma, o grande interesse em saber mais dessa situação em específico...

E parecendo existir algo no ar de Valentine, que faz com que certas coincidências e encontros ocorram, mediante minha caminhada rotineira, acabei indo parar pela primeira vez em frente ao colégio da cidade.

Sendo conhecido por mim não somente pelas citações ouvidas há tantos anos, pelas duas pessoas que frequentaram essa mesma instituição, mas também mais recentemente, através do passeio proporcionado pelo prefeito da cidade.

E com a passagem ocorrendo no horário de encerramento das aulas, logo me atentei a imagem de centenas de alunos deixando o prédio principal, com todos os tipos de alunos se misturando em meio à saída.

E foi dessa maneira que meus olhos focaram na pequena criança tão linda e interessante. Que apesar de conhecer a tão poucos dias, já é capaz de despertar sorrisos sinceros e pensamentos felizes ao contemplar a silhueta pura e inocente.

Apesar de tudo, não tinha a intenção de me aproximar e efetivamente não o fiz, porém mesmo em meio à multidão de pessoas ao redor, ela também acabou me enxergando e efetuou o primeiro aceno em cumprimento.

Retribui de forma cortês, acreditando que não passaria disso, mas me surpreendi quando sem qualquer receio, ela atravessou a rua, acompanhada de outras pessoas, até chegar próxima a mim, já que estou centralizada na praça que fica em frente ao colégio.

— Oi Bella.

— Oi Nessie.

Ainda que queira somente seguir com um assunto normal, algo dentro de mim despertou para o que devo fazer.

— Você não deveria ter atravessado a rua sozinha. – Pontuei.

— Estava cheio de gente.

— Ainda assim, não é seguro. – Deixei claro. – E não só por conta de atravessar a rua, mas por fazê-lo sem um adulto ou responsável por perto.

— Mas eu te vi e queria falar com você.

— Fico feliz por também querer me rever, mas de verdade, não foi uma atitude correta.

— Desculpe.

Incapaz de resistir à carinha melancólica que fez, acabei mudando o tom.

— Tudo bem, como estava te observando e não houve nada, dessa vez deixarei passar.

— Obrigada Bella.

Ao notar o sorriso tomar seu rosto e tendo a compreensão mais clara dos fatos, foi impossível não pensar a quem puxou tal característica...

— Por que você foi embora sem se despedir aquele dia?

Sabendo que lhe devo explicações, tentei compensá-la de algum jeito.

— Quero me desculpar, mas você lembra que estava seguindo para um jantar com a minha amiga?

— Sim, a senhora Hale.

— Exato. – Destaquei. – Eu acabei percebendo que já estava atrasada e como ela está grávida, não seria de bom tom deixá-la esperando por mais tempo.

— Ah, entendi. – Comentou com um aceno. – Você não quis que ela ficasse com fome.

— Pois é, foi isso.

— Quando a minha tia Rose estava grávida, o meu tio Emm brincava que um dia ela ia acabar com a comida da casa.

Dessa vez, parecendo saber que não precisava se conter, elencou os nomes dos tios, que anteriormente poderiam ter me despertado algo, mas agora, somente continuam a confirmar a conexão familiar que possui.

— É porque as mulheres quando estão grávidas, costumam ter muito mais apetite. – Revelei. – Não só por conta de estarem gerando outra vida, mas também para que possam se manter nutridas em meio à gestação.

— Então não tem problema você ter ido embora, porque sua amiga não podia esperar.

Imediatamente me senti mal pela mentira contada, mas não posso evitar, não quando o motivo real é tão mais complexo.

— Sim, ela não podia...

— E hoje, você tem que ir a algum lugar?

— Não, hoje estou só passeando.

— Então podemos conversar mais um pouco?

— É claro.

antes de conseguir perguntar sobre seus responsáveis, ela tomou minha mão e nos guiou a um dos bancos dispostos na praça.

E tão logo sentamos, uma rajada de vento nos assolou e ela tocou meu cabelo antes de falar.

— Seu cabelo é tão bonito Bella.

— Olha só quem fala. – Retribui o gracejo.

— Você acha o meu cabelo bonito?

— É claro que sim. – Afirmei, também tocando as mexas. – Lembra-se que a elogiei desde a primeira vez que nos vimos?

— É. Você disse que eu parecia a Bela do filme.

— E você parece. Só que ainda mais bonita a sua própria maneira.

— Obrigada. – Ela sorriu e acompanhei. – Você também é muito linda e tem um cabelo lindo.

— Obrigada Nessie.

— Ele já era assim quando você era criança?

— Sabia que não? – Instiguei, continuando o assunto. – Eu não tinha cabelo grande na infância. O maior cumprimento que já tive foi no fim da adolescência e gostei muito da experiência...

Relatei, deixando as memórias exatas da época em que meu cabelo chegou ao cumprimento mais longo, inundarem minha mente por um instante.

— E ai?

— Depois daquilo, voltei a somente usar o cabelo de curto a médio, pois é mais fácil de cuidar e mudar.

Expliquei de maneira sucinta, sem querer me aprofundar demais.

— Mas e o seu? Você tem ajuda para deixar assim tão bonito?

— Eu tenho. – Relatou firme. – Meu pai até tenta ajudar também, só que quem cuida mais comigo é a tia Rose e minha avó.

Em qualquer outro sentido, já teria ficado intrigada com tal comentário.

Mas diante do desconhecido quanto a sua origem e inundada de curiosidade por saber mais, acabei não me contendo.

— E a sua mãe? Ela não costuma te ajudar também?

Ela desviou o olhar e percebi suas mãos se contendo juntas.

— É que eu não tenho mãe.

O que?

Como assim?

Como ela pode não ter mãe?

Então a compreensão me tomou...

Parabéns Bella.

Você acabou de magoar uma criança inocente.

— Ah, Nessie. Perdoe-me. – Pedi encarecidamente. – Eu não poderia imaginar e não perguntei por mal...

Comecei a tentar remendar o estrago, por ter questionado a uma criança órfã de mãe, sobre a origem da figura materna.

Contudo, se minha situação já não estivesse complicada o suficiente, fomos surpreendidas por uma presença bastante impactante.

— Nessie...

Apesar da comunicação direta com a garota, senti todo meu corpo arrepiar ao ouvir a voz que não toma meus ouvidos há tanto tempo.

Preenchendo meus sentidos somente através de lembranças e sonhos...

Ela prontamente virou para encontrar a figura paterna, contudo, não consegui imitar o ato com a mesma velocidade.

— Oi papai.

— O que você está fazendo aqui?

— Eu estou conversando com a Bella.

Só então, parecendo notar minha presença, seu olhar encontrou o meu, porém nenhum de nós fez menção alguma de efetuar qualquer contato direto.

— Papai, essa é a minha amiga Bella. – Contou, mantendo o tom alegre. — E Bella, esse é o meu pai. Ele se chama Edward.

Como bem previ que aconteceria naquele dia, Nessie não perdeu tempo em efetuar as apresentações.

Só que tanto seu pai, quanto eu, não conseguimos emitir nada além da continuação da troca de olhar firme e bastante efetiva.

Contemplando uma profusão de sentimentos guardados desde a última vez que ficamos frente a frente, ainda que na época, bem mais próximos do que estamos agora e com os corações cheios de sentimentos inebriantes.

Ao menos sei que o meu estava...

CONTINUA.


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Notas finais do capítulo

N/A: Esses personagens ainda me farão ter um siricotico e a vocês? Hahaha.
A Bella até conseguiu escapar naquela primeira noite. Então apesar dos pensamentos conflitantes sobre o que tinha acabado de presenciar, ainda conseguiu aproveitar a noite com Alisper. E foi realmente divertida, não concordam? A Alice encontrou sua alma-gêmea e está vivendo o melhor da vida, então a pergunta que não quer calar. Por que a Bella não pôde viver o mesmo...?
E sendo um pouco stalker, antes disso efetivamente existir, ela tem acompanhado o jornal somente para ver o Edward. E a pequena parece não resistir nenhum pouco a sua presença, não é? E elas juntas são tão fofas, conversam e se entendem como amigas.
E que mistérios ainda descobriremos daqui para frente? Pois o Edward não usa aliança e agora sabemos que a Nessie não tem mãe, porém o que mais guarda a história dos dois? E será que ela é órfã de mãe mesmo? Ou somente foi abandonada pela genitora? Podendo também simplesmente não ter a mãe por perto. São inúmeras possibilidades e vocês já têm levantado algumas nos comentários, mas espero que continuem deixando as opiniões e palpites em todo o desenvolver.
Por isso, comentem bastante, pois o ciclo todo está bem no começo. Tanto que essa foi de fato a primeira interação real e física de Beward no presente. E ainda há tanto a acompanharmos do passado. Então não percam nada. Como também, sigam-me no twitter: @KNRobsten. Mantenham-se em dia com as outras fanfics. Até a próxima.
~Kiss K Nanda.



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