Aquela era definitivamente a coisa mais diferente que tinha acontecido em toda a minha vida... E olha que eu sou meio demônio, meu pai já tentou me matar, meu avô já tentou me matar e já estive envolvido em uma guerra mundial de escala absurda. Mas tudo tem seu lado bom, né?

Lucy: Vem, Demon, larga de ser careta! (Dizia ela, revirando os olhos)

Demon: O que você não me pede rindo que eu não faço chorando? (Comentei, resmungando e me levantando junto com minha ruiva)

~ ~ ~

Essa viagem para o Havaí tinha sido ideia dela desde o começo, para nos desvincularmos um pouco dos problemas de trabalho e aproveitar mais tempo juntos. Maya e Jin também haviam sido chamados, mas alguém tinha que ficar pra cuidar dos negócios da família, sem contar que nenhum dos dois queria arrastar a pequena Ariel em uma viagem longa.

Lucinda estava radiante, seu cabelo ruivo longo rodopiando com a brisa leve e os olhos verdes vibrando em harmonia. Minha garota estava toda contente porque eu (finalmente) havia topado dançar aquela dança esquisita (ula, eu acho) junto com ela e mais uma galera que estava ali.

Eu detesto dançar em público... E ela sabe disso...

Lucy: Vem, não é tão difícil e nem tão ruim. (Comentou ela, me puxando pela mão em direção à massa de pessoas ali)

Revirei os olhos, mas soltei um suspiro mais tranquilo quando percebi que outros casais estavam na mesma situação, com um animado demais e o outro lutando pra não pisar no pé de ninguém. Pelo menos esse problema eu não tinha mais... Lucinda tinha me ensinado a dançar nos últimos meses e, modéstia à parte, eu tinha o dom pra coisa!

Demon: Só porque é você pedindo! (Comentei, enquanto tentava acompanhar os passos da ruiva)

A dança parecia extremamente simples à primeira vista, bastava ondular as mãos indo para lá e para cá. O problema real era sincronizar a ondinha pra lá com o passinho pra cá... Na verdade era o contrário, não? Me perdi e voltei ao início uma boa quantidade de vezes, enquanto tentava entender como fazer meu corpo obedecer a lógica do meu cérebro.

Então ouvi uma risadinha baixa vir do meu lado.

Lucy: Relaxa e sente a música, Kazama... (Disse minha ratinha, toda risonha)

Parei por um instante para olhá-la, com os cabelos de fogo rodopiando conforme ela girava, a pele macia reluzindo sob a luz do entardecer e suas curvas acompanhando o ritmo da música ao fundo. Era uma visão de tirar o fôlego...

Quem iria imaginar que eu estaria tentando dançar ula com Lucinda Creagh?

Demon: Como eu faço pra sentir? Minhas mãos não obedecem minha cabeça... (Resmunguei, enquanto tentava mais uma vez dançar a tal "ula")

Ela riu baixinho mais uma vez, sua risada era como o cantar de um passarinho, e toda vez que eu a ouvia sentia como se fosse minha missão de vida fazê-la rir novamente. Então ela virou-se de frente para mim, sorridente, com seus olhos verdes travessos me fitando de forma desafiadora, como se fosse um convite para uma luta.

Lucy: Fecha os olhos e sente a música... (Disse ela, sorrindo, enquanto fechava seus próprios olhos e dançava imersa)

Pisquei algumas vezes, tentando processar a informação e, mesmo que à contragosto, fechei meus olhos também, tentando me concentrar no ritmo da música. Foi quando percebi que minha ratinha cantarolava baixinho, seguindo o mesmo tom da melodia... Me deixei guiar pela voz dela e, como se estivesse sob algum encanto místico da ruiva, meu corpo começou a obedecer, sincronizando os movimentos conforme ditava a música.

Lucy: Tá melhorando, meu anjo... (Disse ela, num tom quase sussurrado)

Demon: Mas você nem tá me vendo, ratinha... (Retruquei, rindo baixo)

Lucy: Eu não preciso... (Respondeu ela, deixando a frase solta no ar por um instante)

Então senti um ventinho passando pela minha frente, provavelmente Lucinda rodopiando, em seguida pude sentir suas mãos finas e cautelosas sobre meus ombros. Não resisti e abri os olhos, vendo que minha ruiva ainda estava de olhos fechados, concentrada em seus demais sentidos, enquanto eu... Eu só precisava vê-la por um instante para que o mundo fizesse sentido...

Lucy: Eu sinto você, Demon... (Completou Lucy, abrindo um olho como se me espiasse)

Ri baixo com sua reação e, aproveitando que a música tinha acabado, coloquei minhas mãos em sua cintura e puxei minha Lucinda para mais perto de mim, fazendo com que nossos corpos colidissem de encontro um ao outro. Ela riu baixo com minha atitude, e não pude evitar de rir em resposta, sentindo as infames "borboletas no estômago" me afetando forte.

Demon: Eu prefiro sentir você assim, bem de perto, ratinha... (Sussurrei em resposta) Você é meu amuleto da sorte... Te deixar longe seria um erro da minha parte.

Ela revirou os olhos, porque sabia que era verdade. Então, num gesto espontâneo, Lucinda selou a distância entre nós com um beijo doce e suave.

No fim, valeu a pena tentar dançar... Só pra ver o sorriso dela...