A Dança de Segredos e Espadas escrita por AnjoMorgana


Capítulo 3
III: Pedras preciosas.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.

Lembre-se que comentários são sempre bem-vindos, e me ajudam a entender a sua impressão sobre a história.



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Dias se passaram desde a revelação do segredo de MeingLi, e uma mudança intrigante ocorreu na rotina de TianYi. O Príncipe WeiJun, que costumava convidar a melhor amiga para jantares como bons amigos antes de seu noivado com o general YiFeng, estranhamente enviou um mensageiro solicitando a presença dela para outra dessas reuniões informais.

 

Intrigada e um tanto apreensiva, TianYi aceitou o convite e preparou-se para o encontro. O palácio do Príncipe WeiJun era majestoso, com jardins exuberantes e corredores imponentes. A luz suave das lanternas de seda iluminava os caminhos de mármore, criando um cenário digno de admiração.

 

Ao atravessar os salões ricamente decorados, TianYi sentia o peso das tradições da família real. Pinturas ornamentadas nas paredes contavam histórias antigas, enquanto a tapeçaria nas colunas representava a grandiosidade do reino. Ela caminhava com graciosidade, mas sua mente estava agitada, tentando decifrar os motivos por trás desse convite inesperado.

 

Ela não pode deixar de pensar na conversa que ouviu, na noite do seu noivado. Tentou tirar isso da cabeça, pois talvez fosse uma suposição errada. Além disso, o príncipe tinha uma segurança melhor do imaginava. Quis confiar que a guarda real iria manter a integridade do princípe.

 

Ao entrar na sala de jantar, TianYi foi recebida pela magnificência do local. As paredes eram adornadas com seda bordada e intrincados painéis de marfim. A mesa estava meticulosamente preparada, com pratos de porcelana fina e talheres de prata cintilantes. O aroma delicado de incenso flutuava pelo ar, criando uma atmosfera de serenidade.

 

O Príncipe WeiJun estava elegantemente vestido, sua presença imponente acentuada pela riqueza do ambiente. Ele acolheu TianYi com um sorriso caloroso, gestando para que ela se acomodasse à mesa.

 

— TianYi, é um prazer tê-la aqui novamente, depois de tanto tempo... - disse WeiJun, sua voz suave ecoando pelo espaço requintado.

 

— Príncipe WeiJun, agradeço por me chamar. No entanto, devo admitir que estou surpresa com o convite. -  respondeu TianYi, mantendo uma postura respeitosa, mas curiosa.

 

WeiJun sorriu, mostrando os seus perfeitos dentes. Depois, ele se voltou para os empregados. Batendo uma palma, rapidamente todos os subordinados saíram do local.

 

— Agora não precisamos seguir protocolos, Yi - o jovem aproxima-se, e com gentileza abraça TianYi.

 

A moça sorri, ficando mais feliz do que gostaria de admitir. 

 

Tian Yi, ainda sorrindo, sentiu uma onda de contentamento, uma felicidade que não estava pronta para admitir completamente. O abraço era caloroso, carregado de uma cumplicidade silenciosa, como se os dois compartilhassem um entendimento mútuo que não poderia ser expresso em palavras. As mãos de WeiJun apoiavam as costas de TianYi com ternura, e ela, por sua vez, retribuía o gesto, experimentando uma sensação reconfortante na proximidade dele.

 

Sentir o calor dele era tão bom…

 

TianYi percebeu que não queria pensar de maneira desfavorável sobre o príncipe e, com um gesto rápido, porém gentil, afastou-se um pouco do amigo.

 

WeiJun pareceu não gostar do gesto, mas manteve um sorriso leve nos lábios. Embora algo o incomodasse, ele não soltou a mão de TianYi.

 

— Muita coisa se passou, TianYi. Preciso te falar tanta coisa. Não podia te mandar cartas, então eu...

 

O príncipe parou de falar imediatamente. Uma hesitação atravessou seus olhos, e ele respirou fundo antes de compartilhar a verdade com TianYi, sem saber que suas palavras seriam um peso para ambos.

 

— Não podia te enviar cartas porque minha mãe o proibiu, especialmente desde o dia do seu noivado com YiFeng. Ela acha que não seria bem visto, que mandar mensagens para uma mulher comprometida poderia causar más interpretações. — WeiJun confessou, sua expressão denunciando uma certa angústia.

 

TianYi, ignorante da razão por trás da proibição, olhou para ele com curiosidade e uma pitada de decepção, percebendo que havia mais complexidade em sua relação do que ela imaginava.

 

— Por que sua mãe pensa assim? — indagou.

 

O príncipe respirou fundo.

 

WeiJun suspirou, como se carregasse nos ombros não apenas a proibição materna, mas também o peso de sentimentos não expressos. Seu olhar encontrou o de TianYi, e por um momento, um vislumbre de vulnerabilidade atravessou seus olhos.

 

— Minha mãe é uma mulher tradicional e zelosa pela reputação da nossa família. Ela acredita que qualquer gesto inadequado poderia comprometer não apenas minha posição, mas também a sua, TianYi. Desde o noivado de YiFeng, ela estabeleceu essas regras rígidas. Disse também que não é legal o príncipe real sair para cima e para baixo com a noiva do general do rei, que YiFeng precisa ter uma boa reputação, e blá blá…

 

TianYi absorveu as palavras com uma compreensão crescente, mas ainda havia uma chama de desafio em seus olhos.

 

— Mas WeiJun, nós somos amigos. Isso não deveria ser um problema — ela argumentou, buscando amenizar as barreiras que a mãe dele erguera.

 

WeiJun concordou, mas seu semblante refletia uma batalha interna.

 

— Eu sei, TianYi. Mas a minha mãe é inflexível quanto a isso. Eu tive que escolher entre desafiá-la ou aceitar as limitações. Não foi uma decisão fácil.

 

— E aqui está você, a desafiando! Como sempre!

 

O príncipe sorriu tristemente. Sua voz ficou rouca, e ele continuou:

 

— Sabe o que me fez desobedecer, Yi? É saber que a cada dia que passa, isso vai piorar, e vai chegar um dia que nem poderei olhar para você. O dia que você, bem... Se casar. Então, não poderei lhe escrever, nem jantar com você, ou andar pelo jardim… Terei que somente lhe cumprimentar quando vier com YiFeng no castelo, quando ele sentir que tem que vir à presença do príncipe. E raramente isso acontece. Então, não vou lhe ver mais.

 

Os olhos de WeiJun refletiam uma melancolia profunda, como se carregassem o peso de uma inevitabilidade dolorosa. TianYi captou a sinceridade nas palavras dele, e uma pontada de compaixão surgiu em seu coração.

 

— TianYi, eu…

 

Limpou a garganta.

 

— TianYi, eu... — WeiJun limpou a garganta, seu tom de voz carregado de significado. — TianYi, eu comprei um presente para você. Especialmente feito para você.

 

Ainda com a mão segura na da jovem, ele a conduziu até uma câmara ricamente decorada. O chão de madeira polida ecoava os passos deles, enquanto tapeçarias elaboradas retratavam cenas de batalhas e paisagens deslumbrantes.

 

Ao centro da sala, uma mesa de ébano segurava uma caixa ornamental. WeiJun abriu a caixa com uma reverência, revelando a espada cuidadosamente disposta em seu interior. A lâmina reluzia sob a luz suave, sua superfície adornada com entalhes intrincados que contavam uma história de habilidade artesanal e dedicação.

 

As pedras especiais incrustadas no punho e na guarda da espada brilhavam com uma luz própria, lançando um brilho sutil. A empunhadura, envolta em couro trabalhado, proporcionava uma sensação firme e confortável. Cada detalhe da espada era uma obra de arte, uma expressão tangível do cuidado e consideração de WeiJun.

 

— Esta espada foi forjada por um dos mestres artífices mais renomados de Xianthria. As pedras são raras e foram escolhidas pensando em você, TianYi. Que ela seja uma extensão de ti — disse WeiJun, seu olhar refletindo um misto de orgulho e anseio pela aprovação dela.

 

TianYi, admirada com a beleza da espada, sentiu a profundidade do gesto. 

 

— WeiJun, é linda… Mas meu marido nunca deixaria eu levá-la comigo. Você sabe como YiFeng é.

 

— Sei. E sei muito mais como você é. Sei que ainda não contou para ele que ama sair escondido por aí, empunhando uma espada, e treinando escondido. Também sei que o casamento não vai te manter longe disso, então aceite meu sincero presente, Yi. Considere até um presente de casamento, para que, se necessário, você arrancar a cabeça de YiFeng quando ele te irritar.

 

O príncipe fez um movimento, como se estivesse estocando no ar. TianYi deu uma risadinha, e de forma inconsciente, deu um tapinha em seu ombro. Se estivesse em público, ela seria punida severamente pelo ato.

 

— WeiJun… - disse preguiçosamente - Você me paga.

 

— Não! É você quem me paga. Nunca vou te perdoar por ter que me abandonar! Jamais.

 

Os dois riram, uma risada leve e cheia de cumplicidade que ecoou pelas paredes da sala luxuosa. O peso das conversas sérias foi temporariamente substituído pela descontração, e a amizade entre eles brilhou como uma luz constante em meio às incertezas.

 

Finalmente, os dois encontraram um lugar confortável para se sentar. Entre risadas e histórias compartilhadas, WeiJun e TianYi mergulharam em um momento mais sereno.

 

Terminaram esse dia conversando, rindo e recitando poesias, enchendo o coração do príncipe de alegria. O que TianYi não sabia, era que ele se pegava pensando que um dia desses nunca mais se repetiria, e isso o entristecia.

 

 

 


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