O astronauta escrita por Isabela Bernardino
O vazio da galáxia era aterrorizante. Nada além de alguns corpos celestiais. Nada além de pânico.
A respiração do astronauta começou a deixar o visor embaçado, e ele não tinha ideia do que aquilo significava. Naquele ponto, ele só rezava para a morte vir logo para que ele não sofresse. Ele iria morrer só no grande vazio e não havia nada mais que pudesse ser feito, a não ser que a sua base milagrosamente começasse a andar sozinha em sua direção e ele pudesse agarrar a corrente que se rompeu.
E como se rompeu? Ele se perguntava isso a todo momento enquanto observava os corpos celestiais. Era uma corrente feita para aquilo, não deveria ter se partido, mas se partiu.
Ele sabia desde o começo que uma missão sozinho não era uma boa ideia, ele questionou os seus superiores várias vezes, mas todos estavam crentes que era seguro, e deveria ser, mas não foi. Por conta de toda essa confiança ele estava à mercê da morte.
O astronauta fechou os olhos quando o sistema da sua roupa avisou que o oxigênio estava para acabar. Ele estava pronto. Estava se entregando. Ele não se lembra bem do que aconteceu em seguida, apenas da luz forte e cegante antes de tudo ficar escuro.
Quando o astronauta conseguiu abrir os olhos, ele enxergou o céu com tons de rosa que havia a quilômetros de distância acima dele, mas então ele notou que estava sem o seu capacete e entrou em desespero. Quando ele se sentou, imaginou que havia finalmente morrido, mas ao notar o chão arenoso onde estava deitado, percebeu que estava vivo.
Ele se levantou e olhou ao seu redor, sem reconhecer onde estava e voltou a se questionar se estava realmente vivo. Até que ele olhou para uma direção e viu a criatura.
A criatura não era humana, mas era majestosa, com um andar tão calmo e elegante que parecia estar flutuando. Ela era alta e esguia. A sua pele era furta cor e brilhava com o sol do lugar misterioso. A roupa da criatura não cobria todo o seu corpo, e se tratava apenas de um leve tecido que flutuava com o vento. Os cabelos da criatura eram longos e brancos, com alguns fios de furta cor que brilhavam assim como a sua pele. Os olhos pareciam um par de pérolas e eram hipnotizantes.
O astronauta não conseguia tirar os olhos da criatura que seguia em sua direção. Ele estava encantado.
A criatura parou diante do astronauta e não esboçou nenhuma reação, além de tocar com os seus longos dedos os lábios do homem. Eles seguiram em silêncio absoluto por alguns segundos, até que a criatura olhou para cima, se afastou do homem e começou a caminhar. Neste momento ele perguntou quem era ela, e se ela o havia salvado, mas a única reação da criatura foi olhar para trás e depois voltar para o seu caminho.
O homem ficou ali, parado, observando a majestosa criatura partir de sua vida da mesma maneira que havia entrado, até ela desaparecer de sua vista. Após a criatura ter sumido de vez, o astronauta ouviu um barulho vindo de trás dele e se virou, se deparando com uma tropa da Terra correndo em sua direção.
Os soldados começaram a fazer diversas perguntas e o levaram para a base para conferir as informações, mas ninguém soube responder sobre a criatura, apenas informaram que ouviram nos rádios sobre um homem perdido no deserto.
O astronauta seguiu a sua vida, entrou em diversas missões, mas nunca mais encontrou a misteriosa criatura que o tirou da morte solitária no espaço.
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