Com destemor, Jin atravessava a floresta em uma perseguição frenética atrás de sua presa. Sua habilidade excepcional permitia-lhe deslizar pelos tapetes verdes de folhas que cobriam o solo, como se seus pés flutuassem sobre a superfície da terra. Nenhum cipó ou galho conseguia deter sua velocidade impressionante; Jin desviava e saltava com graciosidade, superando cada obstáculo com facilidade.

Sua presa, apenas a alguns passos de distância, corria em uma velocidade equiparável à dele, deixando literalmente um rastro de fogo a cada passada. Cada pegada parecia incendiar o solo. Em alguns momentos, Jin tossia devido à fumaça estratégica liberada pelas mãos ágeis de sua presa, uma tentativa de desorientá-lo. No entanto, nada era capaz de deter o formidável Elfo da Floresta, SeokJin.

Em um movimento astuto, Jin utilizou cipós pendentes das árvores como armadilha, fazendo com que a presa ficasse com os pés emaranhados, resultando em um tombo abrupto. O domínio de Jin sobre a vegetação era absoluto, como se a própria floresta ganhasse vida e se curvasse à sua vontade.

— Isso não foi justo! — Sua presa choramingou.

— Você estava usando seus poderes para fugir de mim, querido irmãozinho cabeça de vento. Você que começou a jogar sujo!

— Jin, não valeu! — Hoseok resmungou com sua voz chorosa — Eu ia ganhar.

— Mas não ganhou. Aprenda a perder, Hobizinho — Jin o puxou e o encheu de beijos e abraços. 

— Me solta — Hoseok tentava se livrar do ataque de carinho de Jin — Não sou mais criança pra você ficar me tratando assim.

— E desde quando carinho é só pra criança? Vou encher meu irmãozinho lindo com muitos beijinhos — Jin falava com uma voz fininha como se Hoseok fosse de fato uma criança.

— Jin, me solta! Já tenho quase trezentos anos, já sou um adulto.

— Ainda é um bebê pra mim — Jin continuava o abraçando e distribuindo beijos pelo seu rosto, achava o irmão a criatura mais adorável do mundo.

Desde a trágica morte de seus pais, ocorrida há séculos durante uma antiga guerra contra criaturas sombrias e Orcs gigantes, Jin assumiu a responsabilidade de cuidar de Hoseok. Ele não apenas proporcionou orientação e ensinamentos fundamentais sobre a vida, o amor, as amizades e a guerra, mas também moldou Hoseok para enfrentar os desafios que o aguardavam.

Os pais de Jin foram ilustres guerreiros Elfos, corajosos e destemidos, que sacrificaram suas vidas para proteger toda a nação. Essa herança de bravura e abnegação inspirou Jin a compartilhar seu conhecimento e sabedoria com Hoseok, mesmo que este, por vezes, duvidasse de sua própria coragem. A insegurança de Hoseok o levava a questionar se realmente era filho de guerreiros tão heroicos, especialmente ao confrontar seus próprios medos, inclusive o temor por pequenas criaturas, como os insetos que Jin, de forma brincalhona, ousava lançar em sua direção para arrancar risos.

Independentemente de suas dúvidas iniciais, Hoseok cresceu de maneira notável, transformando-se em uma pessoa admirável. À medida que amadurecia, descobria e aprimorava suas habilidades extraordinárias. Como Elfo da Floresta, ele dominava a magia com facilidade, concentrando-se especialmente na manipulação do fogo. Embora alguns incidentes inesperados tenham ocorrido durante suas tentativas iniciais, Hoseok estava em constante aprendizado, determinado a aperfeiçoar seu controle.

A busca por aprimoramento o conduziu a uma ilha vulcânica ao norte de Amicitia, onde planejava treinar sob a tutela de um lendário Elfo da Luz, também mestre na arte de dominar o fogo. A ansiedade de Hoseok em relação a esse treinamento era palpável, alimentada pelo desejo de fortalecer-se e, mais importante ainda, aprender a utilizar sabiamente seus poderes.

Jin deixou Hoseok no esplêndido castelo do renomado Elfo da Luz, uma estrutura imaculadamente branca situada à beira-mar, oferecendo uma vista paradisíaca de qualquer quarto. Após dois dias de merecido descanso da jornada até lá, Jin partiu em direção a Somnium, movido por seu amor pela família Real e o desejo constante de protegê-los.

Ao longo dos anos, os laços entre os dois irmãos e a família Park tornaram-se inquebráveis. Seus pais haviam lutado ao lado dos tataravós do atual Rei Park, e Jin tinha uma ligação especial com o filho do Rei, a quem viu crescer desde o nascimento. No entanto, havia uma exceção na relação harmoniosa: Etham, o filho mais novo do Rei Park. Com apenas dezessete anos, o jovem demonstrava um profundo ódio pelo irmão mais velho, alimentando o desejo de se tornar o Rei de Amicitia. Apesar de sua juventude, suas atitudes revelavam uma ambição desmedida. Entretanto, estava claro que o destino reservava o papel de líder do reino para o filho mais velho do Rei.

Jin ansiava por retornar rapidamente, pois o Príncipe Park estava prestes a se casar. Além de desejar estar presente na cerimônia, Jin queria oferecer apoio ao amigo, consciente de que ele estaria nervoso e ansioso. A noiva do Príncipe Park era a donzela mais deslumbrante de toda Amicitia, seus cabelos acinzentados pareciam tingidos pela luz da lua, emanando um tom quase prateado. Sua pele era alva, e seus lábios exibiam um vermelho encantador. Apesar de sua gentileza e doçura, ela emanava coragem, bravura e determinação, características que a prometiam como uma futura grande rainha.

Jin gostava de brincar com a estatura pequena tanto do Príncipe quanto da princesa. Entre risos, ele afirmava que o filho deles nasceria do tamanho de um amendoim, enquanto teria a estatura de uma pequena fada quando crescesse. O príncipe e a princesa, discordavam, afirmando que seu filho ou filha seria bem maior que uma pequena fada, talvez ele seria do tamanho de um Gnomo. 

A expectativa de Jin para chegar à cidade real e reencontrar seus amigos era grande. A agilidade dos elfos permitia-lhe viajar rapidamente, sem o cansaço que afligia os humanos em jornadas longas. Jin fazia apenas breves pausas para descansar e se alimentar ao longo do caminho.

Num momento de pausa, enquanto repousava em cima de uma árvore, Jin foi despertado por um grito agudo e angustiado. Suas orelhas pontiagudas captavam cada nuance sonora, identificando a aflição de uma mulher que parecia clamar por socorro.

Rapidamente descendo da árvore, Jin seguiu o som agudo que cortava o silêncio da floresta. Ao chegar ao local, deparou-se com uma jovem deitada no chão, contorcendo-se de dor. Era evidente que ela estava grávida e havia entrado em trabalho de parto, pois a bolsa já havia se rompido, deixando o solo encharcado com um líquido viscoso. Jin prontamente se ajoelhou ao lado da moça para prestar assistência, reconhecendo a urgência do momento.

— Eu estou com você e vai dar tudo certo, vou te ajudar.

Com as pernas da moça abertas, Jin percebeu que a cabeça da criança começava a coroar. Orientava incansavelmente a moça a fazer força, insistindo para que mantivesse o controle da respiração. Entre gritos e intensas dores, finalmente, a moça conseguiu dar à luz, e o chorinho do pequeno bebê reverberava por toda a floresta.

Com cuidado, Jin colocou a criança nos braços da mãe, que se encontrava extremamente fraca e pálida. Apesar de ter a capacidade de oferecer algum elixir para melhorar sua saúde, Jin compreendia que a moça não resistiria por muito tempo. Mesmo diante desse inevitável desfecho, ela olhou carinhosamente para o bebê, seus olhos se encheram de lágrimas, e ela o abraçou, entregando-se a um momento de emoção e conexão que transcendia as dores físicas e a fragilidade da vida.

— Ao menos eu pude vê-lo — Disse ela com a voz fraca – Muito obrigada. Como é o seu nome Senhor Elfo?

Jin se sentiu mal por aquele “Obrigado”, pois não iria conseguir salvá-la.

— Meu nome é Kim SeokJin. 

— Kim Seokjin? Que nome lindo... Sr.Kim... Eu já estou vendo eles — Disse ela olhando para trás de Jin.

Jin olhou para trás, sentindo um arrepio ao perceber que não havia mais ninguém por perto. A moça, apesar da fragilidade evidente, entregou o recém-nascido para Jin, que prontamente cortou o cordão umbilical com destreza. Enquanto Jin realizava os procedimentos necessários, a moça não desviava o olhar do bebê, seus olhos refletindo uma tristeza profunda. Era como se ela soubesse, de alguma maneira, que esse encontro efêmero representava um capítulo final em sua própria jornada. 

— Ele será um grande homem — Disse Jin. 

— Sim, eu tenho certeza disso.

— Como será o nome dele?

Com seu último fôlego de vida, a moça respondeu:

— Namjoon... Kim Namjoon.