O choro ecoou pelos corredores do casarão, fazendo aqueles que aguardavam sorrirem com ternura, sabendo que tudo havia dado certo dentro daquele quarto, onde Kang Lia estava prestes a dar à luz ao seu primogênito, nesse caso, primogênita, já que era uma menina.

Jimin surgiu na sala, enquanto trazia o bebê em seus braços, todos se aproximaram com cuidado, apenas para ver a pequena.

— Conheçam Park Kang Yuna – Jimin fala tranquilo, deixando que cada uma das irmãs de Lia vissem a pequena recém-nascida.

— Ela é tão linda – Lalisa diz emocionada, enquanto alisava o rostinho pequeno com seu indicador – estou tão ansiosa para ver o rostinho do Haeyoon.

Lalisa estava grávida de cinco meses, e não podia estar mais feliz em toda sua vida.

— Como está a Lia? – Jisoo pergunta olhando para Jimin que apenas sorriu fraco.

— Está descansando, ela só teve tempo de ver a Yu e acabou dormindo – ele suspira e olha para sua filha, sua mulher havia a trazido ao mundo, e ele se sentia tão grato – vou voltar ao quarto.

As mulheres apenas se despediram da pequena, dando um cheirinho carinhoso em sua cabeça, e logo deixando Jimin retornar ao quarto. Assim que abriu a porta viu que as parteiras e o médico já não estavam mais ali. A cama estava com lençóis trocados, Lia estava limpa e já estava de fato dormindo.

— Senhor – a dama de companhia entrou no quarto, se curvando e olhando para a bebê nos braços dele – devo levar a senhorita Yuna?

— Não Nayeon, obrigada, mas vou deixá-la no berço aqui mesmo – ele sorri gentil e ela apenas se curva, deixando o quarto.

Jimin de fato colocou a pequena em seu berço, ela já estava adormecida, e ele também desejava descansar um pouco, era madrugada, o parto havia começado as seis da noite e Yuna só nasceu as uma e trinta e dois da madrugada.

O loiro se deitou ao lado de Lia e suspirou, não podia estar mais feliz, Lilases estava prosperando, todos os outros reinos da Dinastia de Ouro estavam seguros e seu povo saudável. Sua família agora estava completa e ele não desejava mais nada, já tinha tudo que um Rei, um Esposo, um Pai queria.

— Ji? – Lia sussurrou, chamando a atenção dele para ela, que estava deitava virada para cima, mas com os olhos ainda fechados, talvez de cansaço.

— Estou aqui meu amor – ele segura a mão dela e se aproxima, deixando um carinho sobre sua barriga, ainda demoraria alguns dias para seu corpo voltar ao normal, mas aquilo de forma alguma era um incomodo para nenhum deles dois.

— Cadê a Yu? – ela pergunta, abrindo os olhos e piscando lentamente.

— No bercinho, está dormindo, descanse meu amor – ele sussurra, agora alisando o rosto dela, demonstrando todo seu cuidado, não porque achava que ela fosse frágil, mas sim porque desejava ser cuidadoso com a mulher.

— Ela precisa se alimentar – Lia murmurou cansada, mas ao invés de insistir, apenas fechou os olhos tranquila.

— Quando ela tiver fome, eu te acordo, agora descanse – Jimin apenas suspirou, mas Lia não lhe ouviu, ela já havia voltado ao sono.

Jimin se ajeitou e olhou para o berço onde a filha estava, no momento em que ela nasceu, a primeira coisa que foi checada pelo médico fora a marca em sua nuca, era a mesma marca de Lia, aquilo significava que ela havia transcendido, significava que se criasse Yuna da mesma forma que Lia havia sido criada, ela seria uma Rainha tão boa e digna quanto a mãe.

...

A garota corria pelos corredores do centro real, balbuciando desculpas para as pessoas em quem ela se esbarrava, estava atrasada para seu compromisso, e sabia que sua mãe a repreenderia por aquilo, já podia ouvir os sermões.

Assim que chegou nas portas duplas da sala do trono, ela cessou a corrida e ajeitou o vestido, respirando fundo e adentrando o recinto com um sorriso.

— Está atrasada – Lia reclama, vendo-a se curvar.

— Perdoe-me minha Rainha, não tenho uma desculpa – ela diz, na verdade tinha sim, mas sua mãe não precisava saber – boa tarde vossas altezas.

— É assim que cria sua filha Lia? – a imperatriz retruca, erguendo uma sobrancelha para a ruiva.

— Cala a boca Safira – Lia debocha, revirando os olhos e Safira riu – já que você nos agraciou com vossa presença real, deixe-me lhes dar as boas novas – Lia diz sorrindo, sabia que a filha odiaria, mas ainda assim faria questão de envolvê-la naquilo – iniciaremos a temporada de bailes, e deve escolher o seu futuro marido.

Sua filha arregalou os olhos e quase retrucou em voz alta, mas lembrou que não estava sozinha, então apenas engoliu em seco e suspirou.

— Sim mamãe – ela murmura abaixando a cabeça.

— Ah Yu, vamos lá, teremos os melhores convidados – Yerin diz animada, aquela era a filha da Rainha Jade e do Rei Taehyung.

— Eu não quero os melhores convidados – Yuna revira os olhos emburrada, sabia que devia concertar sua postura, mas estava chateada, ela não gostava dos garotos da corte, eram todos idiotas com títulos.

— O baile será aberto Yuna, teremos plebeus, nobres, estrangeiros, poderá se casar com quem quiser – Lia diz para a filha que apenas deu de ombros, fazendo a mãe semicerrar os olhos, não gostava daquelas atitudes, mas não reclamaria – Chaeyoung, você irá organizá-lo com a Rainha Ametista?

— Sim minha rainha, nós já temos todos os preparativos selecionados – Chaeyoung responde animada, adorava bailes e havia adorado ainda mais a ideia de criar bailes para os jovens nobres e plebeus se conhecerem.

— Estão dispensados – Lia diz e todos apenas se despedem.

Yuna saiu daquela sala frustrada, não se sentia pronta para casar-se, como poderia? Odiava todos os garotos da corte, eram todos bobos, imaturos e sem conteúdo.

— O que minha borboletinha tem? – Jimin pergunta quando Yuna passa por ele, o loiro estava brincando no jardim com as gêmeas, ambas tinham dez anos.

— A mamãe e a invenção dela com aquele maldito baile casamenteiro – Yuna cruza os braços emburrada.

— Ah querida, sua mãe só quer que encontre alguém bom.

— Ela não precisou ser forçada a se casar – Yuna retruca.

— Na verdade, foi sim, ela deveria se casar para tornar-se Rainha – ele suspira e estende a mão para a filha, que se senta ao lado dele na toalha estendida – sua mãe aboliu muitas regras e essa foi uma delas, ela não quer lhe forçar a nada, mas você já tem 22 anos Yuna, logo será você a assumir o trono.

— Mas e o Haeyoon?

Jimin suspirou, como poderia explicar a Yuna que apenas a linhagem de Kang Lia poderia assumir o Trono de Diamante, sem tocar no passado? Era tão difícil ser pai e era naqueles momentos que ele mais tinha que se esforçar. Yuna era questionadora, e não aceitava meias verdades.

— Haeyoon não nasceu com a marca real Yuna, essa marca que você possui em seu pescoço, é o que lhe garante o Trono, claro e unicamente se for merecedora dele – Jimin conta e alisa o rosto de sua filha – se dê uma chance.

— Yuna vai se casar com um menino feio e mal educado – Yuri diz, fazendo Yuna semicerrar os olhos, e tentar avançar contra a irmã, mas a irmã se levantou e saiu correndo.

— Peste – Yuna retruca e sai andando pisando firme.

...

Era o dia do baile, todos estavam usando máscara e assim que Lia autorizou a remoção das máscaras dos seus pares, Yuna arregalou os olhos ao ver aquele garoto em sua frente, ela se lembrava dele, era o rapaz que entregava leite em sua residência.

— Oh, senhorita – o rapaz se curva, em respeito ao título dela, mas ela não se importava com aquilo – é um prazer conhece-la vossa alteza.

— Por favor, me chame de Lia – ela pede com um sorriso nos lábios.

De longe Lia viu os dois interagindo e sorriu, sendo acompanhada do marido.

— Ela é digna – Jimin diz, fazendo sua mulher olhar para ele e suspirar.

— Sim ela é – Lia apenas sorri terna – e enquanto essa marca existir, ela garantirá que Lilases sobreviva com dignidade.

Os dois apenas assentiram, haviam feito o trabalho deles e a nova geração não cometeria os mesmos erros que ela e suas irmãs cometeram, seriam diferentes.

FIM.