Um jovem e seu amor pagão escrita por elda


Capítulo 1
único




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Enquanto eu o esperava, recordações tomavam minha mente. Estava apoiado na minha moto, olhava as estrelas brilhando no céu, escutava insetos cantando como também um rastejar de um lagarto. Fazia frio e os mosquitos do mato só não me mordiam porque usava minha jaqueta de couro. Tudo em volta proporcionava com que minha mente viajasse longe, mas tenho certeza que o maior motivo das minhas divagações foi porque estava sozinho.

Ali na estrada de chão pensava se Sanji viria e na possibilidade do nosso plano de fuga ir todo por água abaixo.

Mas sua demora era longa e meus pensamentos mudavam com o tempo, viver no ócio tinha disso. Há também aquele ditado “A água do café nunca ferve se ficar olhando” – algo assim, nunca fui bom em decorar coisas.

O nervosismo de sermos pegos ou não diminuiu quando passei a pensar no meu tempo com Sanji nessa cidade que estávamos deixando. No tempo que éramos crianças, eu lembro de quando disputávamos corrida no campo florido da dona Makino, ele tinha o hábito de se jogar em mim todas as vezes e nunca sabíamos o vencedor. Mas era bom o contato do seu corpo suado sobre o meu, da sua respiração quente e fora de ritmo batendo no meu rosto. De como nossos olhos se cruzavam e eu o observava mais rosa que o habitual, principalmente nas suas bochechas. Sanji era um tarado desde criança e que aproveitava esses momentos pra me tocar.

Apesar da sua falta de bom senso como qualquer criança entrando na puberdade, no olho em que não caía a franja loira, eu via algo puro me chamando e acabava lhe tocando também, afastava a franja para observar melhor o par de safiras diante de mim.

Eu fiquei duro uma vez com Sanji ainda no meu peito enquanto tocava seu rosto quente cheirando a sol. A infância havia acabado ali e corríamos no campo não só para vencer uma disputa, mas porque aproveitávamos que não havia ninguém para nos beijarmos, tocando o corpo do outro.

Ainda não falávamos que era errado o que fazíamos. Nos tocávamos porque era gostoso e quando estávamos com 16 anos fomos além da masturbação.

Uma vez enquanto caçávamos cigarras, Sanji me perguntou se não tinha medo de não ir pro céu - falou exatamente assim como se tivesse ainda 12 anos de idade.

Eu respondi que não fazia questão de ir pra um lugar que nos víamos como uma coisa que não era pertencente de lá.

E parecia que Deus ouviu meu praguejo e decidiu fazer da nossa vida um inferno: nossas famílias descobriram com nossos recentes 18 anos e por isso decidimos fugir.

Inspirei fundo o ar frio da noite, sentido o cheiro do orvalho e pensando que Sanji havia sido pego, mas ouvi alguém me chamar de “marimo” bem de longe.

Era o idiota vindo sem alguma discrição, chamando-me assim no tom alto; vestia um moletom e nas costas carregava uma mochila. Ele não parou de correr e, quando me afastei da moto, se jogou em mim. Perdi o equilíbrio e caímos juntos no chão. Filho da puta...

“Parece os velhos tempos.” Disse ele em meu peito e entendi que se referia ao salto que dava em mim no campo florido da dona Makino.

Minha raiva se esvaiu por ouvir isso e acabei dando um sorriso. Nos beijamos.


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