Richard Gansey III era como a luz do sol, brilhava e iluminava todos os cantos por onde passava.

Era atlético, inteligente, um perfeito cavalheiro que era admirado por todos. O mais querido dos professores, alunos e quem quer que o conhecesse. Ninguém o achava estranho, mesmo quando ele começava a falar sobre reis mortos e tesouros históricos.

O achavam culto, aceitavam bem as suas atividades extracurriculares, como diziam. Gansey se apresentava impecável na frente das pessoas, o uniforme bem cuidado, cabelos arrumados, perfumado. Um homem jovem que tinha a imagem da família para zelar.

Mas poucos o viam como Ronan Lynch o via. De cabelos desgrenhados, bafo de café pela manhã, com meias sujas nos pés, acordando com olheiras, babando em cima de livros sobre a mesa, comendo e lendo ao mesmo tempo.

Era como ver dois Ganseys, duas pessoas completamente diferentes. Um para o mundo ver, o outro para seus amigos conviverem. Ronan não negava que era divertido quando o encontrava com a cara amassada em cima dos livros, depois de passar a noite acordado, lendo e pesquisando. Era um tanto revigorante saber que alguém tão certinho como Gansey também tinha seus dias ruins.

Quando isso acontecia, Ronan costumava preparar o café e deixar pronto na cafeteira. Isso quando ele não acordava paralisado, o que acontecia praticamente todos os dias.

Naquela manhã não foi diferente, Ronan acordou paralisado e só depois de severos minutos que ele conseguiu se mexer. Levantou-se e caminhou até o banheiro onde fez xixi e jogou uma água no rosto.

Passou na frente do quarto de Gansey e lá estava ele, com os cabelos bagunçados, a cabeça apoiada sobre um livro e uma baba escorrendo sobre suas anotações.

Ronan crispou os lábios e se aproximou mais dele, sua mão se ergueu por um momento, e recuou em seguida, depois ele não resistiu e tocou os fios castanhos do cabelo de Gansey, colocando-os para trás, mas não adiantou nada porque os fios escorreram de volta para seus olhos.

Gansey se moveu e Ronan se afastou, olhando para a mão e pensando por que fizera aquilo. Ele se afastou e foi preparar o café, ouviu depois de alguns minutos passos pelo apartamento e então Gansey apareceu na porta, com um livro na mão, empolgado com alguma descoberta.

Ronan se virou com a xícara nas mãos, olhando para o colega de quarto e pensando que ele era mesmo como o sol. Um brilho único e incandescente que atraia qualquer um para perto de si.

Ronan sorriu fraco, com a xícara contra sua boca e depois suspirou, sem que Gansey percebesse que estava o atraindo com seu brilho intenso.

Gansey encheu a xícara de café e começou a beber, andando para lá e para cá, o olhar de Ronan o seguia, como a atração que ele exercia, como um imã.

“Estou cada vez mais perto” ele disse e sorriu amplamente, um sorriso de milhões de luzes que refletia na escuridão de Ronan. “Você vai me ajudar?”

“Porque não?” Ronan deixou a xícara de lado e pegou o livro para ler as anotações de Gansey. Suas mãos se tocaram e Gansey recuou, quando notou que Ronan não o fez. Ele sorriu, dessa vez um pouco tímido e ali estava uma nova faceta daquele ser divino e iluminado, uma faceta que fez Ronan Lynch achar adorável e perseguir por uma nova reação em breve.

“Obrigado” Gansey disse, saindo da cozinha, mas ainda parou na porta e deu uma última olhada para Ronan, sorriu novamente e levou consigo a sua luz.